Na Telinha - Anne with an "E" (1ª Temporada)

7 de fevereiro de 2020

Título: Anne with an "E"
Temporada: 1 | Episódios: 7
Elenco: Amybeth McNulty, R.H. Thomson, Geraldine James, Dalila Bela, Lucas Jade Zumann, Aymeric Jett Montaz
Gênero: Drama/Romance
Ano: 2017
Duração: 50min
Classificação: +12
Nota:★★★★★
Sinopse: Depois de treze anos sofrendo no sistema de assistência social, a orfã Anne é mandada para morar com uma solteirona e seu irmão. Munida de sua imaginação e de seu intelecto, a pequena Anne vai transformar a vida de sua família adotiva e da cidade que lhe abrigou, lutando pela sua aceitação e pelo seu lugar no mundo.

Baseada no romance Anne of Green Gables, de Lucy Maud Montgomery, a série se passa na vila fictícia de Avonlea, situada na Ilha de Príncipe Eduardo, uma província no Canadá, no final do século XIX, e acompanha a vida da orfã Anne Shirley, uma garotinha sonhadora, muito falante, e dona de um vocabulário invejável pra idade que tem.


No século XIX, era comum as crianças trabalharem desde bem pequenas, e muitas delas, principalmente as de famílias mais pobres, eram vistas pelos pais como um verdadeiro fardo do qual tinham que se livrar o quanto antes, e para quem era órfão, a situação era ainda pior. Numa sociedade onde homens e mulheres têm papéis definidos desde o nascimento, qualquer tentativa de fugir desses padrões é vista com preconceito e desdém.

Nesse cenário, várias famílias já adotaram a pobre Anne, mas em vez dela ser recebida com amor e tratada com carinho, tinha que trabalhar duro para "agradecer" o favor de ter sido adotada, e por ser órfã, o desprezo com que sempre foi tratada acabou lhe causando alguns traumas, e fazendo com que ela aprendesse e tivesse contato com algumas coisas que uma criança jamais deveria saber. Diante disso, Anne escolheu usar a imaginação como válvula de escape para lidar com essa dura realidade, então ela sempre se imagina sendo uma mulher forte e corajosa que, embora passe por vários obstáculos, consegue vencer as adversidades para se tornar uma grande heroína. Ela inclusive adora ler, e seu livro favorito de onde tira várias citações memoráveis é Jane Eyre, de Charlotte Brontë.


Tudo começa quando os irmãos Marilla e Matthew Cuthbert, já idosos, decidem adotar um menino para ajudar com os afazeres da fazenda, mas quando Matthew vai buscar a criança, se depara com Anne na estação de trem e a leva para Green Gable. Porém, por estar esperando um menino, Marilla, decepcionada, não tem outra reação a não ser querer resolver esse equívoco devolvendo a menina para o orfanato. Tendo sido rejeitada outra vez, Anne desaba e perde as esperanças de ter um família acolhedora onde ela pudesse ser feliz, mas Marilla não tem intenção de deixá-la na mesma situação de antes e acaba lhe dando uma chance, mas ela teria que provar ser merecedora de ficar.
Embora Matthew já tivesse a aceitado e ficado encantado com seu jeito peculiar de ser, não seria uma tarefa fácil pra Anne conquistar Marilla, que sempre demonstra ser uma fortaleza de gelo. Anne não é perfeita. Ela é irritante, não para de falar um minuto, suas falas e atitudes são exageradas e floreadas a ponto de serem cafonas, e ela parece ser incapaz de cativar as pessoas, mas tudo é proposital e compreensível.


Os episódios trazem algumas cenas com flashbacks do passado de Anne, mostrando o quanto sua vida foi difícil ao trabalhar para algumas famílias, ou o que acontecia em sua estadia no orfanato, contextualizando, assim, algumas de suas reações frente a atitudes preconceituosas, humilhantes, lamentáveis e revoltantes com que adultos e crianças a tratam com frequência. Apesar de tristes e impactantes, esses flashbacks não destoam da série e nem tiram sua leveza, só colaboram ainda mais pra nos deixar emocionados.


Quando Anne começa a ir pra escola, ela percebe que seu comportamento não é aceito pelos colegas e pelo professor, um homem odioso que parece existir somente pra descontar suas frustrações nas crianças. Ela sofre bullying por ser órfã, por ser ruiva e ter sardas, e constantemente ela fala que se sente feia e seu maior sonho é ser bonita. Mesmo que ela consiga fazer amizade com Diana, que mora na fazenda vizinha e vive tentando amenizar as ofensas das outras meninas contra Anne, ela se sente excluída, deslocada, e não sabe o que fazer pra se aproximar das outras crianças que vivem rindo ou debochando dela. Quando ela conhece Gilbert, um garoto da escola que a defende de várias humilhações, ela começa a se afastar dele porque uma das meninas da escola sonha em se casar com ele um dia (???). Anne passa a evitar o garoto para não ter problemas com as outras meninas, mas por aí a gente já sabe que eles vão se aproximar mais cedo ou mais tarde... Gilbert é fofo, não trata ninguém mal e nem gosta de injustiças. Onde os outros enxergam uma garota feia e sem modos, ele enxerga uma menina inteligente e adorável.


Seu apoio seria os Cuthbert, sua família, mas Marilla, sempre tão dura, não tem paciência para as "ladainhas" da garota. E medida que Marilla vai conhecendo Anne mais a fundo, ela vai amolecendo e o amor pela garota fica evidente a ponto de ela passar a questionar seu papel como mulher na sociedade. Se antes ela era conhecida como a solteirona que dedica a vida a casa e ao irmão, agora ela é mãe e tem alguém a quem proteger e servir de exemplo.
Matthew é mais paciente e tolerante com os dilemas de Anne, o problema com ele é a questão dele já estar velho, aparentando ter alguma doença grave, e sua preocupação é não dar conta de ajudar a manter a família.

Talvez o único ponto estranho da série é a forma como ela acaba. Por passar de uma forma tão sensível e lúdica temas tão pesados, o esperado para o final é uma cena bonita em família ou coisa do tipo, mas o gancho negativo representando alguma ameaça e causando a "necessidade" de uma continuação, não combinou muito bem.


Apesar da vida de Anne não ter sido fácil e ela ainda passar por várias provações com uma sociedade cujo preconceito é enraizado e a visão de mundo é tão limitada, a série tem um clima mágico e consegue abordar com sensibilidade temas como identidade, aceitação e esperança de uma forma leve, emocionante e gostosa de assistir. Anne with an E é uma série sensível, com um cenário inspirador e com uma linguagem bastante rica. Se você gosta de histórias de época que abordam os desafios que uma garotinha tem que enfrentar na vida para encontrar seu lugar no mundo, recomendo muito.

Wishlist #85 - Funko Pop - Ralph Breaks the Internet

6 de fevereiro de 2020

Já faz um tempinho que estão no mercado, mas com o lançamento no início de 2019 da animação WiFi Ralph: Quebrando a Internet, a sequência do nostálgico Detona Ralph, é claro que a Funko não ia deixar de reproduzir novos modelos. Os pops da primeira wave já estão na minha lista, principalmente dos vilões, mas confesso que nunca achei o trio principal bonito. Mas depois que a dona Funko fez personagens a altura, eu vou ter que ser sincera em dizer que, embora eu ainda queira ter os pops do Rei Doce (que custa os olhos da própria cara) e do Turbo, os outros já ficaram de fora da lista pra serem substituídos por esses fofildos mais recentes, que convenhamos, são muito mais bonitos. Personagens secundários não vão fazer parte dos pops que quero ter na coleção, nem os exclusivos, mas vou deixar na foto pra mostrar quais são os pops desse set. Quem me interessa mesmo é a Vanellope, o Ralph e o Conserta Félix (e a Taffyta, que também é uma gracinha).


Crepúsculo - Meg Cabot

5 de fevereiro de 2020

Título: Crepúsculo - A Mediadora #6
Autora: Meg Cabot
Editora: Galera Record
Gênero: Fantasia/Jovem adulto
Ano: 2006
Páginas: 240
Nota:★★★☆☆
Sinopse: Desta vez é vida ou morte. Suzannah já se acostumou com os fantasmas em sua vida e é muito aterrorizante ter o destino dos fantasmas em mãos, podendo alterar o curso da história. E tudo ficou pior depois que ela descobriu que Paul também sabe como fazer isso. E ele adoraria evitar o assassinato de Jesse, impedindo-o de virar fantasma e lhe garantindo uma vida tranquila, finalmente... Isso significaria que Jesse e Suzannah jamais se conheceriam. A mediadora está diante da decisão mais importante da sua vida: deixar o único cara que já amou voltar para seu próprio tempo, impedindo assim sua morte... ou ser egoísta e mantê-lo a seu lado como um fantasma. O que Jesse escolheria: viver sem Suzannah ou morrer para amá-la?

Resenha: Nesse sexto volume da série A Mediadora, Suzannah Simon descobriu que seu dom vai além de somente ser capaz de ver fantasmas e ajuda-los a irem para a luz, e a ideia de que os mediadores, de forma limitada, podem se deslocar pelo espaço e tempo para controlarem alguns acontecimentos passados a fim de alterarem o futuro é assustadora. E não só pelo fato de que essa viagem pode ser prejudicial para o destino das pessoas, mas para os próprios mediadores que ficam com a saúde em risco. No caso de Suze, isso é um poder que a deixa apavorada, não por ela, pois ela jamais faria nada pra prejudicar ninguém, mas por Paul que, obcecado por Suze e inflado de ciúmes de Jesse, não desistiu e continua disposto a fazer qualquer coisa pra ter Suzannah ao seu lado (mesmo contra a vontade dela???), incluindo mudar os fatos do passado para impedir o assassinato de Jesse, evitando assim que ele vire fantasma e deixe de existir na realidade atual, trazendo consequências desastrosas. Se Jesse tivesse vivido sua vida tranquila, ele não teria morrido daquela forma e nem ficado preso alí, logo não iria conhecer Suze...
Suze fica num embate bastante dificil: ela ama Jesse de todo o coração, mas diante da possibilidade dele ter de volta sua vida plena e feliz, ela perderia seu amor... E agora? Manter Jesse como fantasma ao seu lado, ou deixá-lo voltar 150 anos atrás e perdê-lo de vez?

Narrado em primeira pessoa, o livro mantém o padrão de bom humor de sempre mas, dessa vez, ele traz uma Suzannah mais madura por conta de tudo o que viveu e aprendeu, mas principalmente pelo problema que ela tem em mãos. É impossível não sentir empatia por ela e pelo sofrimento pelo qual ela está passando por conta do seu amor por Jesse. Dessa forma, o foco fica sobre sua escolha, de deixar Jesse partir ou de impedir Paul de seguir com seu plano maquiavélico. Paul é o típico mauricinho mimado que sempre teve tudo o que quis, e por não saber lidar com a rejeição de Suze, ele começa a fazer de tudo pra atrapalhar esse amor sem considerar que ele é a última pessoa que ela escolheria pra ficar. A gente sabe que Paul é um enorme obstáculo como o "vilão" da série, e sabe que nesse tipo de história gente que nem ele tem exatamente o que merece guardado pro final (não exatamente como eu imaginei, mas valeu a pena), mas chega a ser meio assustador saber que caras como Paul vão além da fantasia e da ficção e são um verdadeiro perigo para as garotas. Nunca se sabe do que são capazes e até onde vão para conseguirem o que querem, e azar o que a outra pessoa quer.

Enfim, eu gostei muito de ter acompanhado a série num geral, ri horrores das maluquices de Suze e da forma "carinhosa" como ela trata os fantasmas, os amigos de Suze e o padre Dom são ótimos, a família de Suze é impagável e única, me emocionei muito com o relacionamento impossível com Jesse e o quanto ele é um sonho de rapaz, mas justamente por ser impossível, eu esperava outro final, qualquer um que não fosse tão previsível e descarado. Não me entra na cabeça a autora ter feito o que fez e eu juro que esperava por um desfecho digno, mesmo que fosse algo a la Titanic, triste e trágico. E justamente por ter acontecido o óbvio, tão emocionante, bonitinho e fofo, com direito a participação especial do pai de Suze, eu vou contrariar todas as expectativas e dizer que não curti.

Sei que a maioria das fãs da série torciam pela união de Suze e Jesse, sei que quem lê os livros da Meg Cabot espera por finais tipicamente felizes que aquecem o coração, mas sabe quando a gente tem certeza como vai acabar mas espera que aconteça o contrário pra surpresa ser real? Pois é... Era o que eu esperava aqui. Continuo sendo fã da série, é uma das melhores da autora, sem dúvidas, e tenho certeza que a maioria das apaixonadas por Jesse vai adorar o destino super conveniente dado aos dois.


Serotonina - Michel Houellebecq

4 de fevereiro de 2020

Título: Serotonina
Autor: Michel Houellebecq
Editora: Alfaguara
Gênero: Romance
Ano: 2019
Páginas: 240
Nota:★★★★★
Sinopse: Florent-Claude Labrouste tem 46 anos, detesta seu nome e toma antidepressivos que liberam serotonina e causam três efeitos colaterais: náusea, falta de libido e impotência.
Seu périplo começa em Almeria (Espanha), segue por Paris e depois pela Normandia, onde os agricultores estão em luta. A França está afundando, a União Europeia está afundando, a vida de Florent-Claude está afundando. O sexo é uma catástrofe. A cultura não é mais uma tabua de salvação – nem mesmo Proust ou Thomas Mann são capazes de salvá-lo.
Nesse contexto, Florent-Claude descobre vídeos pornográficos assombrosos em que sua atual companheira aparece, e isso é a gota d'água para que ele deixe o trabalho e passe a viver em um hotel. Perambula pela cidade, visita bares, restaurantes e supermercados. Repassa suas relações amorosas, marcadas sempre pelo desastre, que transitam entre o cômico e o patético. Ao se reencontrar com um velho amigo aristocrata, que parecia ter uma vida perfeita, mas que foi abandonado pela esposa e se vê falido, Florent-Claude aprende a manejar uma arma de fogo – que vai mudar sua vida para sempre.
Em um espiral de problemas, Florent-Claude se torna um hábil analista da contemporaneidade, de seus anseios, inseguranças e problemas. Sua vida, um reflexo do desinteresse pelo mundo, será o espelho das mais cruéis agruras da vida.

Resenha: A Serotonina é um o hormônio que atua no cérebro regulando o humor, apetite, sono, frequência cardíaca, temperatura corporal, libido, sensibilidade, funções intelectuais, e também tem papel na coagulação sanguínea e na saúde óssea. O baixo nível desse hormônio no organismo pode desencadear não só irritabilidade, insônia e algumas compulsões alimentares e emocionais, mas também ansiedade e depressão de forma que, de acordo com a gravidade do caso, é necessário a introdução de medicamentos para que o corpo volte a funcionar em equilíbrio.

Dito isto, Serotonina foi o título do mais recente livro escrito pelo autor francês Michel Houellebecq, publicado pelo selo Alfaguara da Editora Cia das Letras, que conta a história de Florent-Claude Labrouste, um homem que odeia seu nome de quarenta e seis anos que após descobrir estar sendo traído pela namorada, embora não tenha ficado totalmente surpreso, talvez por saber que seu relacionamento falido beirava o fracasso, decide sumir sem dar satisfações pra ninguém. Sem amigos e sem família, ele pede demissão no trabalho inventando que recebeu alguma proposta de emprego melhor, e vai embora levando consigo apenas uma única mala, mas, mesmo que ele pudesse viver confortavelmente com a herança deixada pelos falecidos pais, as coisas não acontecem da forma como deveria ser, pois Florent está num abismo de depressão pela falta da bendita serotonina, que fez com que ele tenha perdido o interesse pela vida.

Narrado em primeira pessoa, cheio de ironia, acidez e sem pudor algum, Serotonina faz uma análise sobre a existência do ser e da sociedade, mas não uma existência repleta de alegria e plenitude, mas uma existência a beira de um colapso. Florent não é um exemplo de cidadão politicamente correto. Ele se preocupa com status social, gosta de aparecer com coisas caras, faz julgamentos alheios como se fosse o dono da razão e não sabe lidar com relacionamentos amorosos. Seus pensamentos subversivos não causam somente a reflexão nos leitores sobre quem ele é ou como se sente, mas sobre a própria ruína da sociedade moderna que cada vez mais parece estar se afundando e dependendo de comprimidos a perder de vista para ajudá-los a empurrarem suas vidas quando a desgraça parece cercar a todos. Desemprego, caos econômico, a qualidade de vida despencando, e outros inúmeros fatores que desestabilizam o ser humano, que busca sobreviver antes de desistir, enquanto a vida está em ruínas.

A medida que a leitura avança, as vidas cheias de frustrações de outros personagens, e a própria vida de Florent, começam a ser mais aprofundadas, o que agrava a situação do personagem que está cercado de desgraças. Depender de antidepressivos que aumentam os níveis de serotonina no organismo, o "Captorix" (acredito que o verdadeiro protagonista da história), o deixa prisioneiro. A ideia de esperança, de luz no fim do túnel pra tirá-lo dessa situação parece muito distante, e é impossível não sentir aquela angústia pela trama ser desprovida de alegria, por saber que a depressão levou Florent a desistir, e que ter partido era só um meio dele reconhecer e constatar que a vida já não reservava mais nada pra ele. Carregado de arrependimentos, colecionando fracassos, frustrado amorosa e sexualmente, e totalmente deprimido, Florent é um retrato ácido, caótico e real do homem contemporâneo numa sociedade à deriva, que com certeza vai fazer com que vários leitores se identifiquem.

Serotonina é uma leitura insana, mas tão desconfortável quanto necessária sobre as consequências desencadeadas pela falta desse hormônio, e sobre a dependência da "pílula da felicidade".

Assombrado - Meg Cabot

3 de fevereiro de 2020

Título: Assombrado - A Mediadora #5
Autora: Meg Cabot
Editora: Galera Record
Gênero: Fantasia/Jovem adulto
Ano: 2001
Páginas: 240
Nota:★★★★☆
Sinopse: Suzannah passou o último verão no Pebble Beach Hotel and Golf Resort. Não, ela não estava hospedada com os ricaços. Em vez disso, tomava conta dos filhos deles. Foi assim que ela conheceu Paul Slater. Suzannah era a babá do irmãozinho dele, Jack, e Paul se encantou por ela. Mas é claro que quando um garoto bonitão se interessa por ela as coisas não podem simplesmente dar certo.

Resenha: Depois dos acontecimentos do quarto volume, A Hora Mais Sombria, vai ficar meio difícil falar deste sem soltar uns spoilers... Dito isto, leia a resenha por sua conta e risco.

Em Assombrado, quinto livro da série mirabolante hilária A Mediadora, finalmente parece que Suzannah e Jesse se entenderam depois que ele a beijou. Tudo era flores e amores, se não fosse por Paul Slater, o irmão mais velho e arrogante de Jack, o garotinho de quem Suze foi babá quando trabalhou no hotel no último verão. Paul é como uma pedra pontuda do sapato. Ele sabe disso, mas não se importa, desde que consiga o que quer. Ter tentado mandar Jesse pro além pra se livrar dele foi um exemplo do que o canalha é capaz, assim como bolar outros planos maquiavélicos que só deixam Suze desvairada. A gota foi ter aparecido na escola onde ela estuda como se nada tivesse acontecido, com um sorriso maníaco na boca, demonstrando estar com alguma carta na manga pra seja lá o que for. Porém, Suzannah não pode simplesmente meter-lhe a bicuda e enxotá-lo de sua vida como faz com os fantasmas irritantes e teimosos que se recusam a ir pra luz, pois, de tantas pessoas no mundo, Paul é o mais próximo que tem conhecimentos úteis sobre viagens no tempo a partir de teorias criadas pelo avô dele, assim como sabe sobre se deslocar para a entrada do purgatório, pra onde os fantasmas vão, e isso é algo de muito interesse da garota.
E como não podia faltar, Craig, um fantasma cheio de raiva, começa a causar em busca de vingança achando que outro garoto devia ter morrido em seu lugar, e Suze tem problemas com isso porque o irmão do defunto estudava com Soneca, o meio-irmão dela.

Mantendo o padrão narrativo em primeira pessoa, a história continua hilária e bastante divertida, e com vários toques de mistério. Diferente dos anteriores, este tem um ritmo mais lento por não ter tantas questões a serem resolvidas, mas sim coisas novas desse universo sobrenatural a serem exploradas. O foco maior fica sobre Suze aprendendo a conhecer mais sobre si mesma e seu dom de mediadora, mas Paul, por mais embuste que seja, acaba sendo uma peça fundamental para esse desenvolvimento. Jesse não teve tanto espaço nesse volume, mas por causa das ações de Paul, percebemos que o relacionamento impossível que ele tem com Suzannah acabou ganhando forças por causa da interferência de Paul. Se antes Suze não entendia muito bem ou tinha dúvidas sobre os sentimentos de Jesse por ela, agora ela vai ver que esse sentimento vai além do que qualquer um pode imaginar...

Suze continua firme em suas convicções, contando com o apoio dos seus amigos queridos e do padre Dom, mas sem querer dar o braço a torcer quando tenta resolver tudo sozinha.
Acho que o que não me agradou neste volume, foi a falta dos problemas que os fantasmas causam pra Suze e como ela lida com eles. Embora a autora tenha inserido o fantasma de Craig na história, a sensação que dá é a de encheção de linguiça, e que a mesma história poderia ter sido contada se ele não existisse, afinal, o drama aqui fica sobre o relacionamento com Jesse e os mistérios acerca das informações em posse de Paul, e isso vai sendo desenrolado de uma forma gradual, sutil, e até um pouco cansativa devido ao ritmo. Em vez de Suze precisar enfrentar ameaças fantasmas, o perigo está alí na frente dela, bonito, em carne, osso e insolência.

No mais, embora tenha fugido um pouco daquela coisa toda de fantasmas sendo chutados na bunda, Assombrado é um bom acréscimo a série pelas informações que abriram novas possibilidades pra um futuro questionável, mas um tanto promissor.

Resumo do Mês - Janeiro

1 de fevereiro de 2020


Apesar de janeiro ter deixado a sensação de ter durado 723623 dias, e a chuva ter arrasado MG e ter deixado o Brasil em choque, esse mês, pelo menos pra mim, foi um grande avanço. Sinto que o que estou fazendo por mim mesma, pra me ajudar a sair dessa depressão horrível, está dando algum resultado. Sinto que ando mais disposta, mais otimista e mais bem humorada, menos reclamona e menos estressada, já não tô com cara de doida, tenho mais paciência com as crianças, e foram pequenas coisas que parecem ser tão bobas que estão me ajudando nesse processo.

Participar de alguns workshops na internet já foram suficientes pra eu aprender um monte de coisas novas e legais, praticar a gratidão já anda fazendo minha vida melhorar bastante em todos os aspectos, e acreditar que as coisas já melhoraram é o maior responsável por me fazer levantar da cama de manhã.

Sei que ainda tenho um bom pedaço de chão pra percorrer, mas se isso não for uma pequena vitória, não sei o que é. Consigo me dedicar e me concentrar mais às minhas leituras (coisa que antes eu fazia mais por obrigação do que tudo), e tudo o que faço parece render muito mais. Claro que de vez em quando aparecem umas pedras e uns tocos no meio do caminho, mas estou sabendo lidar melhor com esses problemas em vez de querer desistir de tudo e de todos. Já é um grande avanço, né?

Enfim, bora ver o que teve no blog:

♥ Resenhas
- Frank e o Amor - David Yoon
O Golpe - Christopher Reich
O Último Desejo - Andrzej Sapkowski *
IT - Stephen King
1984 - George Orwell (Edição Especial)
Reunião - Meg Cabot
A Hora Mais Sombria - Meg Cabot

♥ Na Telinha
- Frozen: Uma Aventura Congelante
- Frozen II: O Reino do Gelo

♥ Wishlist
Funkos de The Witcher
- Funkos de Frozen 2
- Funkos de To All the Boys I've Loved Before

♥ Desafio Literário 2020
- Especial The Witcher

♥ Top 10
- Melhores Leituras de 2019

Caixa de Correio de Janeiro
Cheia de popinhos e livrinhos lindos ♥♥♥