Moriarty - Anthony Horowitz

16 de dezembro de 2015

Título: Moriarty
Autor: Anthony Horowitz
Editora: Record
Gênero: Policial/Mistério
Ano: 2015
Páginas: 350
Nota: ★★★★★
Onde comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Sherlock Holmes está morto, e as trevas avançam.
Dias após Holmes e seu arqui-inimigo Moriarty encontrarem seu fim nas cataratas de Reichenbach, Frederick Chase, um detetive da Agência Pinkerton, chega à Europa vindo de Nova York. A morte do professor Moriarty deixou um vazio no poder que logo foi preenchido por um novo gênio do crime, que ascendeu para tomar o lugar do rival de Holmes. Auxiliado pelo inspetor da Scotland Yard Athelney Jones, um devoto estudioso dos métodos de investigação e de dedução de Holmes, Frederick Chase precisa trilhar um caminho através dos cantos mais escuros da capital inglesa para lançar uma luz sobre essa figura sombria, um homem temido, mas raramente visto, determinado a dominar Londres em uma onda de ameaças e assassinatos.
Chase é auxiliado pelo Inspector Athelney Jones, um detetive da Scotland Yard e estudante devoto do métodos de dedução de Holmes, a quem Conan Doyle introduziu em O signo dos quatro. Os dois homens unem forças para abrir um caminho através das ruas sinuosas de Londres vitoriana – das praças elegantes de Mayfair para os cais e becos sombrios das Docks em busca dessa figura sinistra, um homem muito temido, mas raramente visto, que é determinado a estabelecer seu nome como sucessor de Moriarty.

Resenha: Anthony Horowitz é um autor inglês que obteve reconhecimento e autorização da entidade que protege e administra as obras originais de Sherlock Holmes que Arthur Conan Doyle escreveu no fim do século XIX. A Casa de Seda foi o primeiro caso de Sherlock escrito por Horowitz onde ele traz o famoso detetive de volta através das memórias de seu fiel companheiro Dr. Watson, que narra um caso que investigaram nas gélidas ruas da Inglaterra vitoriana. Este livro foi publicado no Brasil pela Editora Zahar.
Moriarty, lançado pela Record, se trata de uma leitura bastante independente embora seja o segundo livro.

A história começa com uma pequena nota de abril de 1891 retirada do jornal Times de Londres, que traz a informação sobre uma morte de um homem que a polícia ainda não foi capaz de explicar.

As cataratas de Reichenbach foi o local onde o detetive Sherlock Holmes e seu arqui-inimigo, professor James Moriarty, tiveram o seu fim num último confronto. O detetive Frederick Chase, da Agência Pinkerton, ainda tem suas dúvidas quanto aos fatos e alguns dias depois do ocorrido a Scotland Yard envia o Inspetor Athelney Jones, um dedicado estudioso dos métodos que Holmes usava para fazer suas investigações e deduções, para ajudar no novo caso que surgiu, pois tudo indica que o lugar que Moriarty deixou ao morrer foi preenchido por um novo gênio do crime, um homem raramente visto mas determinado a dominar Londres através de ameaças e assassinatos. Será que a dupla terá sucesso ou será que a morte de Sherlock fará com que o crime ascenda em Londres?

Frederick Chase narra e descreve os acontecimentos desta trama ao mesmo tempo em que faz observações sobre suas impressões do caso, indagações e questionamentos sobre alguns pontos ou sobre o que aconteceu com Holmes enquanto era vivo. Gostei da narrativa pois é como se o protagonista estivesse conversando com o leitor. Embora o livro se refira a Holmes, há muito pouco sobre ele! Pode até parecer estranho, mas este livro leva o mundo deste detetive para um nível totalmente novo. Chase e Athelney serão capazes de preencher os lugares que Sherlock e Watson deixaram?

Confesso não ter lido outros livros sobre as aventuras de Sherlock Holmes, mas posso afirmar que minha experiência com este livro superou minhas expectativas. Primeiramente fui fisgada pela capa. O que ela tem de simples, tem de bonita. O azul escuro dá um ar sombrio e misterioso, a água é um elemento bastante sugestivo e as letras rebuscadas dão o toque final. A diagramação é simples, os capítulos são numerados seguidos de um título, as páginas são amarelas e a fonte é grande.
Acho que livros do gênero policial, ao trazerem mistérios que envolvem o leitor ao protagonista, deve fazer com que a maioria dos demais personagens seja um possível suspeito, assim como seus atos sejam questionados para, através dessas pequenas análises, aos poucos, podermos desvendar o mistério que move a trama. Acredito que o autor fez um excelente trabalho pois cada personagem que passou a ingressar a história poderia ser um suspeito.
A história se desenvolve de forma rápida, a cada final de capítulo ficamos ansiosos por novas informações e acontecimentos o que acaba tornando a leitura empolgante. É praticamente impossível largar!

Os personagens de Frederick Chase e Athelney Jones foram muito bem construídos e desenvolvidos ao longo da história. Athelney Jones, que tem acompanhado de perto os métodos de Sherlock Holmes, traz um pouco do famoso detetive para a história. Frederick, por outro lado, traz um ritmo diferente quando perseguições e investigações são feitas. Juntos, eles formam uma dupla admirável. Confesso que a maioria dos meus palpites sobre o culpado foram falhos, logo posso afirmar que Moriarty é um livro com um grande misterio, que leva o leitor a não só participar das investigações, mas também a fazer uma incrível viagem pela Londres vitoriana que o autor descreve com tanta maestria.

O final é bastante estarrecedor e chocante. As pistas estão lá o tempo todo, mas o autor usa de sutilezas para não evidência-las de forma descarada, mantendo a incógnita no ar. Mesmo que o leitor suspeite de algo, não há bases para que as evidências tenham fundamento, pelo menos não inicialmente pois o autor consegue nos enganar direitinho!
Para os fãs de Sherlock Holmes, Moriarty é um prato cheio. E para os fãs de mistérios e romances policiais em geral, também! A história é intrigante e inteligente e vai envolver o leitor do início ao fim!

Difamação - Renée Knight

15 de dezembro de 2015

Título: Difamação
Autora: Renée Knight
Editora: Suma de Letras
Gênero: Suspense/Mistério/Thriller
Ano: 2015
Páginas: 336
Nota: ★★★★☆
Onde comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Imagine que você encontre um livro sobre a sua vida, que revele um segredo que você manteve escondido da sua família por vinte anos e que você achava que ninguém mais soubesse. Um segredo devastador.
Catherine Ravenscroft chegou à meia-idade levando uma vida perfeitamente normal: é casada, tem um filho, ama o emprego, gosta de ler nas horas vagas. Agora que o filho cresceu e seguiu seu próprio rumo, ela e o marido decidiram se mudar para uma casa menor. Em meio ao caos da mudança, Catherine encontra O completo estranho, um livro que não se lembra de ter comprado.
Intrigada, ela inicia a leitura, mas logo se dá conta de algo terrível. O que está ali não é ficção. A narrativa traz, com riqueza de detalhes, o dia em que Catherine se tornou refém de um segredo sombrio. Até então, ela achava que ninguém mais sabia o que havia acontecido naquele verão, vinte anos antes. Pelo menos ninguém ainda vivo.
Agora o mundo perfeito de Catherine está desmoronando, e sua única esperança é encarar o que realmente aconteceu naquele dia fatídico. Mesmo que a verdade possa destruí-la.

Resenha: Difamação é o livro de estreia da autora britânica Renée Knight publicado pela Suma de Letras no Brasil.

Catherine e Robert vivem em Londres e a vida e o casamento estável que levam, aparentemente, os tornam um casal feliz. Eles se mudaram pra uma casa menor agora que o filho saiu de casa a estudos mas tudo muda quando Catherine encontra um livro entitulado "O Completo Estranho" que ela nunca ouvira falar. O livro não era dela e ela não sabe como ele foi parar em suas mãos. Ao começar a ler o misterioso livro, Catherine percebe que se trata de sua história sendo revelada nas páginas, um segredo terrível de vinte anos atrás, que aconteceu em outro país e que ela guardou durante todos esses anos,agora está descrito nos mínimos detalhes. Se seu marido e seu filho, Nicholas, descobrirem, ela estaria arruinada. Catherine, que sempre foi independente e forte, teme que alguém esteja a chantageando e vê sua vida desmoronar diante de seus olhos, com medo de que o livro chegue aos seus familiares. Quem será essa pessoa que quer fazer com que Catherine pague por algo que aconteceu em 1993? Catherine acreditava que a única pessoa a saber do seu segredo havia morrido há muitos anos. Mas será que Catherine é o tipo de pessoa que fará qualquer coisa para manter sua integridade?

Entrelaçada com a narrativa da protagonista, conhecemos Stephen, um ex-professor viúvo que quer descobrir a verdade sobre a morte de seu filho. Ele ainda não superou essa perda, e dia após dia vive nutrindo muita raiva dentro de si, descontando em pessoas que nada tem a ver com sua situação.

Difamação é um thriller psicológico que traz questionamentos ao leitor sobre os segredos que as pessoas guardam e que fazem com que elas não sejam exatamente quem imaginamos. Será que conhecemos bem nossos familiares? Podemos ter certeza de que eles não mentem ou estão livres de segredos? E quanto aos nossos segredos? Somos totalmente sinceros ao expormos nossas vidas a quem amamos?

O livro é narrado em terceira pessoa quando o foco está em Catherine, e em primeira pessoa pelo ponto de vista de Stephen, e a trama foi magistralmente bem delineada e escrita. A história começa de forma lenta, mas a autora consegue manter o leitor por dentro dos fatos, que vão sendo construídos aos poucos. A cada detalhe revelado percebemos o quanto a história foi bem arquitetada, e percebemos isso quando pensamos que temos certeza sobre algo até que uma nova informação vem a tona e descobrimos que não sabíamos de nada. A autora deixa várias pistas falsas e o segredo acaba se tornando um jogo não só para os personagens, mas para o próprio leitor.

A história é instigante, engenhosa, perturbadora e o enredo e os personagens convencem por serem bem reais. O suspense se mantém através de várias reviravoltas inesperadas e a cada capítulo nos pegamos na expectativa do próximo acontecimento.
Para aqueles que gostam de thrillers psicológicos (ou que querem se aventurar iniciando nesse gênero) que envolvem segredos de pessoas que falham por serem extremamente humanas mas ao fim lhes restam a redenção, Difamação é uma ótima pedida.

O Gigante Enterrado - Kazuo Ishiguro

14 de dezembro de 2015

Título: O Gigante Enterrado
Autor: Kazuo Ishiguro
Editora: Companhia das Letras
Gênero: Romance/Fantasia/Parábola
Ano: 2015
Páginas: 396
Nota: ★★★★★
Onde comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Uma terra marcada por guerras recentes e amaldiçoada por uma misteriosa névoa do esquecimento. Uma população desnorteada diante de ameaças múltiplas. Um casal que parte numa jornada em busca do filho e no caminho terá seu amor posto à prova - será nosso sentimento forte o bastante quando já não há reminiscências da história que nos une?
Épico arturiano, o primeiro romance de Kazuo Ishiguro em uma década envereda pela fantasia e se aproxima do universo de George R. R. Martin e Tolkien, comprovando a capacidade do autor de se reinventar a cada obra. Entre a aventura fantástica e o lirismo, "O gigante enterrado" fala de alguns dos temas mais caros à humanidade: o amor, a guerra e a memória.
Resenha: O Gigante Enterrado, romance escrito pelo autor japonês Kazuo Ishiguro e publicado no Brasil pela Companhia das Letras é um livro que, resumidamente, se concentra em memórias, amor e guerra, motivando os personagens a um propósito.
O livro se trata de uma parábola que integra fantasia como elemento numa civilização antiga da Grâ-Bretanha pós arturiana, uma terra marcada por guerras devastadoras e acometida por uma misteriosa névoa capaz de fazer com que os moradores da ilha esqueçam elementos do passado.

Em meio a este cenário, vamos acompanhar uma viagem insólita cheia de aventuras e descobertas feita por Axl e Beatrice, um casal de idosos que partem da vila onde moram a procura do filho após anos sem se encontrarem a fim de viverem com ele pois, na vila, são tratados com descaso por serem mais velhos. Eles irão lutar para não perderem as poucas lembranças que lhes restam pois o passado fora esquecido por todos. Não há memórias claras e precisas, seja de fatos ou pessoas, e para que não esqueçam um do outro precisam contar com a própria reciprocidade. Axl e Beatrice não se lembram onde o filho mora e nem das feições dele, assim, acreditando que são esperados, embora não tenham certeza do que irá acontecer quando chegarem ao destino, o casal parte nessa jornada onde irão se deparar com um universo fantástico em que seres míticos vagam pela terra e Cavaleiros da Távola Redonda ainda existem, além de descobrirem o que há por trás da névoa que amaldiçoou as aldeias.

A narrativa é feita em terceira pessoa e é bastante lírica, e acredito que a forma como tudo foi descrito faz com que a história seja subjetiva, fazendo com que possa, inclusive, ser interpretada de maneiras diferentes de acordo com a concepção do leitor.
Os personagens são bem construídos e emocionam. O casal Axl e Beatrice mostram que o tempo transforma sentimentos, e que a ausência de lembranças é responsável por moldar relações, seja de forma positiva ou não.

Não acredito que quem tiver o prazer de aproveitar desta leitura saíra dela sem entrar numa grande ressaca pois as mensagens nas entrelinhas são cheias de significados e lições, e os personagens, através de suas percepções, são a prova disto. Axl e Beatrice mostram que o tempo não só traz respostas, mas faz com que o amor cresça e se fortaleça.

Há outros personagens notáveis que têm papel fundamental na jornada do casal trazendo as próprias mensagens, e cada um que aparece faz com que o leitor repense a própria vida ou reflita sobre a importância de nossas lembranças, afinal, se somos feitos do que vivemos, o que seria de nós se não pudéssemos nos lembrar do que passamos até aqui?

Não acho que é o tipo de livro pra qualquer um, mas posso dizer que a mensagem que ele passa serve pra todos. É um livro complexo, que se desenvolve lentamente para que o leitor absorva e reflita cada palavra lida. Acredito que a lentidão é proposital para que a curiosidade pelo desenrolar dos fatos seja mantida até que os mistérios sejam, enfim, revelados. Somando isso a escrita poética e não tão fluída, pode soar monótono para aqueles que não estão a procura ou no clima de algo que remeta a tanta sensibilidade e profundidade e que deve ser lido sem pressa.

O trabalho gráfico é maravilhoso, com detalhes dourados que se destacam sobre o azul. A capa é áspera, lembrando uma lixa e a lateral das páginas é azul, do mesmo tom da capa. A diagramação é simples, os diálogos são em forma de aspas em vez de travessão e não encontrei erros na revisão.

O Gigante Enterrado é um livro que faz referência a várias outras histórias clássicas, mostra a ligação entre nossas lembranças e nossos sentimentos, mas também aborda as consequências daqueles que agem sem pensar, seja por orgulho ou egoísmo, a fim de imporem algo a força aos outros. É um livro que pode ser lido desconsiderando as metáforas, de forma literal, mas assim como o próprio título sugere, o significado é algo bem maior e que está sob a superfície propriamente dita.
Se você não é fã de fantasia, não se preocupe... A fantasia não passa de um elemento usado para contar uma história de vida, amor e perda, um meio para atingir um fim, porém, desenvolvida de forma diferente, colocando questões pessoais para nos fazer questionar se nossas lembranças afetam quem somos e a forma como percebemos o que está a nossa frente.
Pra quem gosta de livros profundos, que emocionam e trazem grandes lições de vida, é leitura obrigatória.

Encruzilhada - Kasie West

13 de dezembro de 2015

Título: Encruzilhada - Pivot Point #1
Autora: Kasie West
Editora: Seguinte
Gênero: YA
Ano: 2015
Páginas: 288
Nota: ★★★★★
Onde comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Conhecer o futuro nem sempre torna a escolha mais fácil.
A vida de Addison Coleman é um grande “e se…?”, graças à sua habilidade especial: Investigar Destinos. Addie é capaz de prever duas possibilidades de seu futuro toda vez que precisa tomar uma decisão.
Quando os pais dela anunciam o divórcio, a garota deve escolher se vai morar com o pai entre os Normais ou se prefere ficar com a mãe no Complexo Paranormal. Para ter certeza do que a espera, Addie resolve Investigar.
Em uma alternativa, ela conhece Trevor, um Normal sensível com quem logo sente uma conexão. Na outra, se envolve com Duke, o garoto mais popular da escola Paranormal. Mas aos poucos ela percebe que esses dois destinos aparentemente maravilhosos podem causar muitos estragos e sofrimento. Isso porque nos dois cenários o pai de Addie se torna consultor da polícia num caso de assassinato no Complexo, e a garota acaba envolvida em um jogo perigoso que ameaça tudo o que mais importa para ela.
Addie encontra amor e perdas nas duas versões do futuro, mas só pode viver em uma dessas realidades.

Resenha: Encruzilhada é o primeiro livro da duologia Pivot Point escrita pela autora Kasie West e publicado pela Seguinte no Brasil.
Addie Coleman é uma adolescente que vive em um Complexo secreto onde as pessoas possuem poderes psíquicos/paranormais por terem aprendido a aumentar suas capacidades cerebrais. Em meio a pessoas cujas habilidades mentais lhes permitem criar ilusões visuais, detectar mentiras, apagar memórias, terem poder de persuasão, manipular humor e até mover objetos com o poder da mente, Addie é uma Investigadora de Destinos. Ao se ver diante de uma situação que envolve uma escolha, ela tem o poder de Investigar seu próprio futuro e escolher qual caminho é o melhor, mais seguro ou mais vantajoso a se seguir, sem se arriscar no desconhecido e a tornando alguém bastante cuidadosa.
Ela não usa seu dom com muita frequência por não achar necessário, mas quando seus pais decidem se divorciar, Addie fica entre continuar morando com a mãe no Complexo Paranormal, ou ir morar com o pai em Dallas, no mundo Normal, onde as pessoas são comuns, não tem poderes e não sabem da existência das pessoas com esses dons. Addie, então, decide Investigar algumas semanas dos futuros alternativos que poderá escolher. Do lado paranormal ela se vê diante de Duke, o garoto mais popular da escola a quem ela "odeia", e do lado Normal, ela tenta se ajustar a vida sem as tecnologias que ela tem costume e conhece Trevor, um garoto sensível por quem tem grande afeição. A medida que a investigação ganha continuidade, ela acaba se deparando com dois futuros que se tornam perturbadores e que podem causar complicações que ela não esperava já que seu pai passou a trabalhar num caso envolvendo um assassinato e isso já é um assunto delicado e perigoso. Cabe a Addie fazer sua escolha e decidir em qual futuro viver.

Com uma escrita simples, direta e fluida, o livro é narrado em primeira pessoa pelo ponto de vista de Addie, e tem um dos conceitos mais originais e bem desenvolvidos que já tive oportunidade de me deparar em meio as minhas leituras infinitas.
Addie está diante de duas situações que ainda não aconteceram, em lugares diferentes e com pessoas diferentes, logo não há um triângulo amoroso (thank's Lord) pois ela não tem dois relacionamentos simultâneos e nem gosta dos dois ao mesmo tempo. Confesso ser um pouco frustrante saber que a história está somente na visão da protagonista e que uma delas terá que ser descartada quando ela fizer sua escolha, por mais que ela tenha sentimentos verdadeiros nas duas alternativas, mas a forma como tudo é desenvolvido supera todas as expectativas. Assim, a proposta do livro é bastante inovadora pois a autora consegue contar as duas histórias para Addie de modo alternado fazendo com que o enredo tenha duas versões super empolgantes. É genial!

Acredito que o livro pode ser considerado uma fantasia juvenil, tanto pela forma como foi escrito quanto pelos diálogos e situações que os personagens vivem, então não espere por uma história complexa com milhões de reflexões pois o foco não é esse. Há o toque sobrenatural que aponta os poderes dos Paranormais, mas isso pra mim foi só o detalhe que permitiu com que Addie pudesse ter a oportunidade de investigar seu futuro, sendo a base pro desenvolvimento mas não o fator principal. A história em si não é cheia de personagens usando seus poderes por aí como um X-Men, por exemplo. O que ganha maior espaço são os dilemas adolescentes tão comuns da idade e o questionamento do "e se?" quando há opções diferentes a seguir.

Ouvi algumas pessoas falando que o livro é uma distopia, mas até agora estou procurando o fator ditópico nessa história visto que não existe opressão, ditadura ou totalitarismo algum por parte de líderes ou governos, longe disso. As pessoas paranormais, embora vivam isoladas a fim de preservar e manter em segredo o dom que têm, são livres para ir e vir como bem entendem.

Com relação aos personagens, eu gostei da construção dos principais mas, em alguns pontos, senti que alguns dos secundários, que têm grande importância no desenrolar dos acontecimentos, não foram tão explorados quanto eu esperei.
Addie é o tipo de personagem que sempre procura ser certinha para evitar confusões, mas muitas vezes se mostra indecisa e imatura, tomando algumas atitudes que não condizem com quem ela é de verdade. Mas pra mim foi até compreensível pois a garota não ficou nada feliz com a separação dos pais e obviamente sua cabeça ficou bastante confusa com a nova situação.

No complexo ela, inicialmente, evita Duke pois como ele é popular e joga futebol, além de ter o dom da telecinesia, ela logo deduz que não gosta dele pois ele é tudo o que ela não quer em alguém, mesmo sem ter um motivo realmente plausível pra isso. Quando sua melhor amiga, Laila, incentiva e apoia Addie a dar uma chance para o garoto se aproximar, ela acaba percebendo que ele pode ser muito mais legal do que parece e sua resistência contra o garoto começa a se desfazer.
Eu só achei que o envolvimento deles foi um tanto forçado e acho que por Duke fazer aquele estilo "jogador popular que se acha e é rodeado por todas as garotas", tomei uma certa antipatia dele, assim como a própria Addie tinha no começo.

Laila é a melhor amiga que todo mundo devia ter, principalmente se levarmos em consideração que o poder dela é apagar lembranças. Ao mesmo tempo em que ela é maluca, extrovertida e impulsiva, conseguindo se meter em roubadas e levar Addie junto, ela também consegue ser sensata e bem inteligente em alguns momentos. Imaginem fazer uma besteira qualquer e sua amiga simplesmente te faz esquecer aquilo como se nunca tivesse acontecido?
Trevor é um doce de garoto e através da companhia dele Addie passa a conhecer melhor o mundo Normal. Sua história envolve um mistério sobre uma lesão que ele sofreu no jogo ter ou não sido proposital. Acho que o envolvimento de Addie com Trevor foi muito mais verdadeiro e bonito, logo, sou #TeamTrevor.

Sobre a parte gráfica, só tenho elgios, pois a capa condiz bastante com a ideia do livro e é muito bonita. A diagramação é simples e ão há erros na revisão. Os capítulos são curtos e iniciados com alguma palavra seguida por seu significado, ou pelo menos o significado dado pela protagonista.

Enfim, eu gostei da ideia que a autora passou sobre o poder das escolhas que temos para cada oportunidade que a vida nos dá mesmo que o livro tenha essa pegada voltada ao público mais juvenil. Faz com que pensemos no "se". Se pudéssemos conhecer o futuro, faríamos escolhas diferentes? O que acontece se formos pelo caminho que julgamos certos? Mas e se formos pelo errado? E quais as consequências disso? No final, só podemos trilhar por um único caminho, gostando ou não.

Pra quem gosta de uma trama original, com toques de mistério e um final de tirar o fôlego, leia!

Twist - Tom Grass

12 de dezembro de 2015

Título: Twist
Autor: Tom Grass
Editora: Agir Now
Gênero: YA/Thriller
Ano: 2015
Páginas: 288
Nota: ★★★★☆
Onde comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Como seria a vida de Oliver Twist se ele fosse um menino órfão em pleno século XXI? Recém-fugido de uma instituição para jovens criminosos aos 18 anos, Oliver é apaixonado por arte. Dotado de uma memória incrível, passa seus dias recriando de cabeça quadros famosos nos muros de Londres enquanto sonha em estudar artes plásticas. Porém, seus talentos chamam a atenção de Fagin e sua gangue de ladrões, que possuem outros planos para Twist...

Resenha: Baseado na famosa obra "Oliver Twist" escrita por Charles Dickens em 1837, o autor Tom Grass criou Twist, seu primeiro livro que trata de uma releitura moderna desse clássico adaptada à atualidade do século XXI. Em Twist, Oliver é um jovem de 18 anos que possui uma incrível memória fotográfica e é um verdadeiro artista quando o assunto é grafitagem, mas diferente do Oliver original de Dickens, não é tão inocente assim e acaba adentrando o submundo do crime.

A história se passa em Londres e começa com a fuga de um jovem ladrão, Harry (também conhecido como H-Bomb), após ter sido capturado em uma emboscada. Sua ideia era retornar para a gangue de Cornelius Fagin, ou FBoss, um colecionador de artes fora da lei, mas fora traído pelos próprios comparsas e passou a ser alvo de um atirador que queria matá-lo. Harry queria encontrar Dodge, seu contato, para conseguir dinheiro e sumir mas, por ter escapado, a gangue ficou desfalcada de um "artista".

Red é uma garota que acabou em apuros quando se envolveu por acidente com a máfia russa, mas conseguiu sair dessa vida devido a um acordo feito por Bill Sikes, outro bandido que trabalha para FBoss. Red se sentia segura sendo protegida por Sikes mas isso faria com que ela tivesse uma dívida eterna com ele e, por isso, Sikes a enxergava como sua garota. Ela é um tipo de peça chave para encontros e roubos arquitetados pela gangue de FBoss.
A especialidade da gangue é roubar grandes obras de arte e eles vivem escondidos a fim de não serem encontrados pela polícia. Os assaltos que eles comentem são ousados e muito bem planejados e os russos, aproveitando do acordo com Sikes, encomendaram um roubo de uma série de obras de arte avaliadas em milhões, caso contrário Red pagaria o preço.
Mas um roubo desse porte não poderia ser executado se um artista que pudesse recriar as obras não fosse encontrado...

Partindo desta premissa conhecemos Twist, de dezoito anos. Ele é órfão, não tem um lugar pra morar, não tem amigos e é um completo solitário. Ele conseguiu fugir de uma instituição para jovens criminosos há pouco, o que fez com que fosse perseguido pela polícia. Mas quando Dodge descobre o garoto, ele resolve resgatá-lo e apresentá-lo a Fagin, que possui grande interesse no dom artístico do rapaz e precisa dele para executar o próximo roubo.
Red é incubida de treinar Twist como seu parceiro no crime e, obviamente, um interesse que vai além do profissional começa a surgir, mas se envolver com a garota de alguém tão perigoso e violento não é uma boa ideia...

Narrado em terceira pessoa, Twist é o tipo de livro com vários acontecimentos, logo, embora seja um livro curto, não é tão rápido de ser lido, ou pelo menos não pra quem quer captar os detalhes, que é o que faz a diferença na história. Tais detalhes acabaram por tornar a narrativa um pouco lenta e complexa, mas não deixa de ser empolgante e bastante inteligente. Os pontos de vista se intercalam entre os personagens e não fica focado somente em Twist, então o leitor não fica limitado a ter somente a visão do rapaz. A história segue e se desenvolve como num filme, com tem várias cenas de ação, todas bastante dinâmicas e intensas envolvendo perseguições de tirar o fôlego e que deixam o leitor ansioso pelo próximo acontecimento.

A capa é bem sugestiva com o borrão de spray e por ser minimalista acaba sendo chamativa e bonita. A diagramação é simples e os capítulos possuem a mesma mancha quando iniciados. As paginas são amarelas e não lembro de ter me deparado com erros na revisão.

Achei que a releitura foi bastante original e apesar da história demorar um pouco pra engatar é possível pescar várias características do livro clássico. Os personagens ganharam vida e ficamos torcendo por Twist e Red a todo custo. É bacana percebemos de forma gradual como ambos têm sonhos que vão muito além da vida no crime que eles vivem.
Twist é um bom rapaz, de boa índole e que precisa seguir seu caminho contando com sua imaginação e bom senso, e claro, com Red.

Gostei da forma como os personagens foram desenvolvidos, pois todos possuem um carisma próprio e particularidades que os tornam únicos.
O cenário também tem seu espaço a parte, pois Londres ganha vida ao mostrar um lado obscuro cheio de oportunismo que parte de ladrões tão astutos e habilidosos e que têm interesse em obras de arte raras e valiosas, o que acaba tornando a história fascinante de se acompanhar.
Twist é um livro que prende o leitor do início ao fim e pra quem gosta de uma história cheia de ação e reviravoltas, além de planejamentos e execuções geniais, é uma boa pedida.

Mil Pedaços de Você - Claudia Gray

11 de dezembro de 2015

Título: Mil Pedaços de Você - Firebird #1
Autora: Claudia Gray
Editora: Agir Now
Gênero: Romance/YA/Sci-Fi
Ano: 2015
Páginas: 288
Nota: ★★☆☆☆
Onde comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Os pais de Marguerite Caine são físicos conhecidos por suas conquistas científicas radicais. A invenção mais surpreendente deles é o Firebird, que permite que seus usuários pulem para universos paralelos, alguns completamente diferentes do nosso. Mas quando o pai de Marguerite é assassinado, o assassino, – Paul, o enigmático e belo assistente – escapa para outra dimensão antes que possa ser julgado.
Marguerite não pode deixar que o homem que destruiu sua família fica livre, então ela corre atrás de Paul através de diferentes universos, nos quais suas vidas se entrelaçam de formas familiares. A cada encontro ela começa a questionar a culpa de Paul – e seu próprio coração. Logo ela irá descobrir que a verdade sobre a morte de seu pai é mais sinistra do que ela pode imaginar.
"Mil pedaços de você" explora uma realidade onde testemunhamos as incontáveis outras vidas que podemos levar em um universo incrivelmente intrincado e nos perguntar se no meio de infinitas possibilidades o amor pode durar.

Resenha: Mil Pedaços de Você, escrito pela autora americana Claudia Gray (pseudônimo de Amy Vincent) e publicado no Brasil pela Agir Now conta a história de Marguerite Caine, ou Meg, uma garota de dezesseis anos filha de dois geniais e renomados físicos de Londres. Ao inventarem o Firebird, um dispositivo que possibilita viagens entre dimensões, eles concretizam a teoria de que existem universos paralelos e outras dimensões com várias realidades diferentes daquelas que todos conhecem. Mas o inesperado acontece... O Firebird é roubado e o pai de Meg, Henry, é assassinado. Paul Markov, um dos brilhantes assistentes de seu pai, é o principal suspeito do assassinato, mas, antes que possa ser julgado, ele consegue escapar para outra dimensão usando o dispositivo.
Marguerite quer vingança e com ajuda de Theo, o segundo assistente de seu pai, ela usa o protótipo do Firebird para ir atrás de Paul com intenção de matá-lo.
Porém, as coisas não saem como planejado. Meg acaba encontrando versões de si mesma a cada mundo que vai, assim como versões diferentes de Paul, o que a faz pensar que ele jamais poderia ter culpa no assassinato de alguém que o apoiou e o incentivou com tanta convicção como Henry fez. A verdade sobre a morte de seu pai pode ter mais segredos do que Meg imaginou...

O livro é narrado em primeira pessoa sob o ponto de vista de Marguerite e embora a escrita seja fácil e fluída, tive algumas ressalvas devido ao desenvolvimento da trama e pela própria protagonista. Meg não é nenhum gênio como seus pais, logo o leitor fica limitado à percepção e aos conhecimentos dela nas situações em que se encontra e acredito que isso tenha sido um ponto nada favorável à história, deixando alguns buracos e a impressão de que a ignorância da garota seja a responsável pelo pouco aprofundamento e pela falta de explicações sobre o funcionamento da Firebird. Eu particularmente gosto de saber o motivo das coisas pois são os detalhes que fazem a diferença, principalmente num livro que aborda viagens entre dimensões e universos paralelos e as coisas deveriam ter explicações plausíveis a fim de que a história se torne crível.
Através das viagens que Meg faz, a história passa por uma Londres cuja tecnologia está bastante avançada, até a Rússia onde a monarquia ainda imperava, mas ainda que esses mundos soem interessantes, e de fato a Rússia é, eles foram pouco trabalhados e o foco fica no relacionamento complicado entre os personagens.
Ao longo da história é possível nos depararmos com clichês, entre eles o famoso triângulo amoroso que não costuma me agradar, fora a previsibilidade da história. Fiquei com a sensação desde o início de que eu já sabia exatamente o que iria acontecer, só restava saber como.

Eu fiquei super incomodada com o nome da protagonista pois a única coisa que me vinha à cabeça era a bebida "margarita", então preferi ignorar seu nome ridículo e chamá-la apenas de Meg.
Meg faz o estilo "garota decidida", principalmente quando começa focada em matar o assassino do pai. Ela usa seu conhecimento sobre cultura pop para suas tiradas em diálogos mornos, mas as burradas que ela faz me fizeram revirar os olhos de preguiça. Achei que o desenvolvimento dela foi bastante fraco pois desde o começo já sabemos que a ideia dela nunca seria executada já que a premissa se torna previsível e se perde quando o romance exagerado, enrolado e sem profundidade toma conta da história no meio do caminho.
Eu senti falta de personagens que realmente fizessem alguma diferença na história. Muitos que apareceram foram irrelevantes, como a irmã e a tia de Meg e, pelo menos neste primeiro volume, não tiveram nada a acrescentar. Os pais foram pouco trabalhados e serviram apenas como inventores do Firebird, tanto que a mãe de Meg mal aparece. Os que tiveram um papel maior poderiam ter aparecido mais, como o vilão que acabou sendo bem apático, se não tivessem sido ofuscados pelo romance entre o triângulo amoroso.

A capa é maravilhosa e consegue retratar a ambientação da história sem revelar o enredo, os detalhes em aquarela deram um charme a mais que deixaram o visual bem agradável. A diagramação também é super bacana pois a cada início de capítulo há a ilustração no topo da página sobre o local em que os acontecimentos estão se desenrolando. As páginas são amarelas e não percebi erros na revisão.

Mil Pedaços de Você é o tipo de história que poderia agradar mais se a ideia fosse melhor executada no que diz respeito a detalhes e explicações. O final traz uma reviravolta interessante e que deixa o leitor ansioso pelo que há por vir. Acredito até que outras dimensões além das quatro que aparecem aqui serão abordadas e, quem sabe, talvez, a falta de explicações seja algo proposital pelo livro ser introdutório, como se Meg fosse descobrir mais coisas futuramente e as explicações venham de outra maneira para que o leitor não fique apenas com a ideia de que "as coisas acontecem porque sim e pronto". Tem que ter algo além...