Caixa de Correio #34 - A última do ano!

31 de dezembro de 2014

Ei, gente!
Esse mês foi tudo tãããão corrido que achei que não ia dar conta nem de viver. E como o tempo ainda tá curto, não vou me alongar e vou logo ao que interessa: O que chegou pra mim!
Teve cortesia, teve meus lindos que comprei na Black Friday, teve presente de amigo oculto, teve troca no skoob! #saltitante
Bora espiar!

Legado - Nancy Holder e Debbie Viguié

27 de dezembro de 2014

Lido em: Dezembro de 2014
Título: Legado - Wicked #3
Autoras: Nancy Holder e Debbie Viguié
Editora: Jovens Leitores/Rocco
Tradutora: Priscila Catão
Gênero: Fantasia/Sobrenatural
Ano: 2014
Páginas: 304
Nota: ★★★☆☆
Sinopse: Desde que se conheceram, Holly e Jer são atraídos um para o outro, assim como ocorreu séculos antes com Isabeau Cahors e Jean Deveraux, aumentando ainda mais o ódio entre as famílias, representantes de duas linhagens diferentes de bruxos. Depois de Bruxaria e Maldição, a jovem Holly Cathers – que levava uma vida normal até perder os pais e a melhor amiga num acidente e descobrir que é a mais nova descendente da antiga Confraria das Cahors – passará por provações cada vez mais complexas em Legado, terceiro volume da série de mistério e magia Wicked. 

Resenha: Legado é o terceiro volume da série Wicked escrita pelas autoras Nancy Holder e Debbie Viguié. O livro foi publicado no Brasil pelo selo Jovens Leitores da Editora Rocco.
Esta resenha poe ter spoiler dos livros anteriores!

Dando continuidade à história iniciada em Bruxaria e seguindo por Maldição, em Legado, Holly vai à Inglaterra para tentar libertar sua prima Nicole, aprisionada por ordem da Suprema Confraria, mas o que ela quer na verdade é encontrar Jer, seu namorado que está desaparecido. Mas Holly já não é a mesma... Depois que descobriu que tem uma enorme ligação com a Confraria, a única coisa que lhe restou foi aceitar seu destino... No passado, Isabeau (ancestral de Holly) e Jean (marido de Isabeau), foram amaldiçoados e condenados a vagarem pelo mundo dos espíritos até que a promessa que Isabeau teria feito a sua mãe fosse cumprida: Ela teria que matar o marido, e ele queria vingança pela família Deveraux ter sido queimada viva graças a falsidade da esposa! Então, a cada nova geração, após centenas de anos do ocorrido, os espíritos dos dois tentam possuir membros de suas famílias, numa relação de amor e ódio, e eles agiam através de Holly e Jer... Determinada a acabar com essa maldição e ciente de seu legado, Holly se vê em meio a uma guerra mágica onde deverá encarar desafios e perigos que nunca imaginou, onde muitas vidas serão perdidas e muitos sacrifícios serão realizados... Cabe a Holly tentar salvar as pessoas que ama e voltar para casa, mas será que vai conseguir este feito?

Narrado em terceira pessoa, desta vez senti que a história foi contada com um pouco mais de clareza se comparado aos dois primeiros volumes e fluiu de forma muito mais satisfatória. Não vou negar que alguns trechos são confusos, algumas coisas parecem acontecer do nada e sem explicações para que se saiba de onde aquilo veio e como se foi, mas acho que já me acostumei com essa característica "marcante" nessa série. Só lendo para entender... A história continua tendo seu lado negro, sombrio e escuro, as pontas soltas que ficaram nos livros anteriores foram amarradas e acabou por mostrar que existe algo muito maior do que se imaginava.

As autoras conseguiram expandir a história e o cenário, incluindo novas cidades para dar novos ares, mas, por mais que a leitura flua bem, elas trabalharam em demasia com personagens a se perder de vista, cada um com suas particularidades e é difícil memorizar quem é quem, o que cada um faz, de onde surgiu, como, quando... Já são muitos os que existiam e ainda aparecem mais. Cheguei até a considerar que a trama que envolve Isabeau e Jean é mais interessante do que o que se passa na atualidade com Holly e toda a turma infinita.

Um ponto interessante é que não há muita distinção entre bem e mal, o que deixa o leitor numa posição de nunca saber o que esperar, qual será o próximo passo, ou quais são as reais intenções dos outros. As autoras não tem a menor piedade quando o assunto é morte, por mais apavorantes que sejam, e o leitor fica em constante agonia quando o assunto é Jer, pois nunca se sabe se o pobre coitado está vivo ou morto. Há um misto de batalhas, tanto as mágicas quanto as não-mágicas, há romance, e o que mais me agradou é que apesar de tudo, Legado teve aprofundamentos em alguns personagens, mostrando que alguns que pareciam não ter tanta relevância assim estão mais complexos e importantes na trama, enquanto Holly dá seus vacilos...

Os mistérios não acabam por aí, o final só deixa ansiedade e curiosidade no ar e acredito que a série como um todo mostra um lado negro, cruel e aterrorizante sobre magia e bruxaria que não se encontra tão facilmente por aí... Legado foi o melhor livro da série até o momento e espero a continuação, Spellbound.

Reconstruindo Amelia - Kimberly McCreight

26 de dezembro de 2014

Lido em: Dezembro de 2014
Título: Reconstruindo Amelia
Autora: Kimberly McCreight
Editora: Arqueiro
Gênero: Thriller
Ano: 2014
Páginas: 352
Nota: ★★★☆☆
Sinopse: Kate Baron, uma bem-sucedida advo­gada, está no meio de uma das reuniões mais importantes de sua carreira quando recebe um telefonema. Sua filha, Amelia, foi suspensa por três dias do Grace Hall, o exclusivo colégio particular onde estuda. Como isso foi acontecer? O que sua sensata e inteligente filha de 15 anos poderia ter feito de errado para merecer a punição?
Sua incredulidade, no entanto, vai aos poucos se transformando em pavor ao deparar, no caminho para o colégio, com um carro de bombeiros, uma dúzia de policiais e uma ambulância com as luzes desligadas e portas fechadas.
Amelia está morta.
Aparentemente incapaz de lidar com a suspensão, a garota subiu no telhado e se jogou. O atraso de Kate para chegar a Grace Hall foi tempo suficiente para o suicídio. Pelo menos essa é a versão do colégio e da polícia.
Em choque, Kate tenta compreender por que Amelia decidiu pôr fim à própria vida. Por tantos anos, as duas sempre estiveram unidas para enfrentar qualquer problema. Por que aquele ato impulsivo agora?
Suas convicções sobre a tragédia e a pró­pria filha estão prestes a mudar quan­do, pouco tempo depois do funeral, ela recebe uma mensagem de texto no celular:
Amelia não pulou.
Alternando a história de Kate com registros do blog, e-mails e posts no Fa­cebook da filha, Reconstruindo Amelia é um thriller empolgante que vai surpreender o leitor até a última página.

Resenha: Reconstruindo Amelia é um thriller escrito pela autora Kimberly McCreight e publicado no Brasil pela Editora Arqueiro.
Amelia Baron é uma adolescente de 15 anos, muito esperta, aluna modelo que estuda no Grace Hall, um dos melhores colégios de Nova York e uma amiga leal. Ela mora com a mãe, Kate, uma advogada bem sucedida, viciada em trabalho e mãe solteira que esconde detalhes sobre o pai da garota.

Enquanto Kate estava em uma reunião, recebe uma ligação com a informação de que Amelia teria sido suspensa. Acreditando se tratar de um enorme mal entendido, afinal, Amelia é um exemplo de dedicação aos estudos, Kate segue para o colégio, mas, ao chegar lá, é surpreendida com a pior notícia de sua vida: Amelia havia se jogado do telhado e está morta. A explicação era de que Amelia não aceitou a suspensão e não soube lidar com isso, se suicidando. Kate não se convenceu, nada fazia sentido, jamais poderia imaginar que tal coisa pudesse levar Amelia a cometer tal atrocidade... Ela e a filha eram tão próximas, tão ligadas, se conheciam tão bem... Como Amelia pôde? Mas um tempo depois, Kate recebe uma mensagem anônima em seu celular com o aviso de que Amelia não teria pulado...

Partindo desta premissa, a história é narrada alternadamente entre Kate (no presente) e Amelia (no passado), e também com postagens num blog, publicações no Facebook, mensagens de texto e afins que Kate começa a investigar conhecendo, assim, um outro lado de Amelia que ela desconhecia até então, uma menina complexada, envolvida em relacionamentos conturbados e com várias dúvidas sobre si mesma e sobre seu pai. Kate descobre que sua filha escondia vários segredos e não era nem de longe quem ela pensava. Ela mal conhecia a filha...

A narrativa flui bem e realmente é envolvente, e mostra um mundo obscuro e muito cruel, que mesmo sendo "virtual" está ao alcance de todos e afeta nossas vidas de alguma forma. É um avanço que tráz consigo várias consequências, e esse é um pensamento bem assustador.
Uma coisa que não me agradou muito foi a comparação com Garota Exemplar, da autora Gyllian Flynn. Por mais que a história seja envolvente, alguns pontos, pelo menos pra mim, não foram tão coerentes assim. Estranhei o fato de Kate ser uma workaholic mas conseguir a proeza de ser uma boa mãe, presente, dedicada, disponível e que supostamente conhece tão bem sua filha. Digo isso porque eu trabalho em casa e não consigo dar a devida atenção aos meus próprios e fiquei me perguntando que tipo de superpoder é esse. O fato de que Kate esconde informações sobre o pai de Amelia me incomodou por saber que sempre podia esperar que alguma coisa relacionada a isso fosse acontecer a qualquer momento.

Reconstruindo Amelia é um mistério intenso e emocionante, que aborda amor, amizade e sexualidade de forma crua sem poupar o leitor dos conflitos psicológicos presentes e que nos faz refletir sobre se realmente conhecemos as pessoas com quem convivemos.

Sete Anos - Fernanda Torres

25 de dezembro de 2014

Lido em: Dezembro de 2014
Título: Sete Anos
Autora: Fernanda Torres
Editora: Companhia das Letras
Gênero: Crônicas
Ano: 2014
Páginas: 192
Nota: ★★★★☆
Sinopse: A entrada em cena de Fernanda Torres no mundo das letras foi apoteótica. Seu primeiro romance, Fim, lançado em novembro de 2013, cativou centenas de milhares de leitores pelo Brasil, atraiu a atenção e diversas editoras ao redor do mundo e ainda foi elogiado pelos críticos mais prestigiados do país. Era de esperar que suas crônicas não demorassem a sair. Desde 2007, Fernanda tem mantido assídua relação com a imprensa. Estreou na revista piauí, assumi uma página quinzenal na Veja Rio e em seguida uma coluna mensal na Folha de S.Paulo. Sete anos reúne parte dessa contribuição. São pensamentos divertidos e reveladores sobre cinema, teatro, política, família e assuntos do cotidiano. Há ainda um texto inédito: o pungente “Despedida”, que trata da morte de seu pai. Os leitores de seu romance e de suas colunas na imprensa, seu público na TV e no teatro, todos encontram neste livro o tom confessional, o carisma a inteligência aguda e o olhar irônico que fazem de Fernanda Torres uma das artistas mais brilhantes de nosso tempo.

Resenha: Sete Anos é o segundo livro de Fernanda Torres. A atriz, famosa pelos seus papéis no teatro, na TV e no cinema interpretando a cômica Vani em Os Normais, teve seu início na literatura com o livro Fim. Agora, a carioca se aventurou publicando suas crônicas, desde as mais antigas até as mais recentes. Sete Anos mostra uma de forma crítica o olhar de duas Fernandas: a de ontem e a de hoje.

Quando li o romance de estreia de Fernanda fiquei feliz com o resultado. Além de achá-la uma ótima atriz, principalmente por causa dos seus papéis voltados para comédia, vi que dentro da carioca há também uma ótima escritora. No seu segundo livro o caminho foi outro, mais intimista. Sete Anos é um lado bem pessoal e íntimo de Torres.

A primeira crônica é sobre, nada mais nada menos, que seu começo na careira de atriz. Kuarup narra a aventura de Fernanda e alguns atores, como Taumaturgo Ferreira, que viajaram para o Parque Nacional do Xingu para as gravações do filme baseado no romance Quarup, de Antonio Callado. A prosa da crônica é gostosa, leve e me deixa a impressão que Fernanda é engraçada, mesmo quando parece não ter a intenção de ser. O contato com a natureza, a aventura e os contras dessa filmagem foram registradas na forma de crônica e deram um ótimo e atrativo pontapé para Sete Anos. 

Algo que citei na resenha de Fim foi a forma de criticas que ela faz ao Brasil. Nesse livro ela traz tabus políticos bem interessantes. Um trecho marcante, com certeza, é quando Fernanda compara o dois famosos partidos políticos: por que o PT encara o paredão enquanto as acusações sobre o PSDB correm risco de prescrever? Mais a frente, contrariando o que eu achei, Torres se mostra um pouco indecisa em mostrar uma posição partidária, enquanto diz que uma emissora de televisão não pode ser neutra numa eleição.

Fernanda, além de um olhar politico e social, traz no livro Sete Anos um pouco de sua infância e vida pessoal. Em meio a narração de fatos da vida, a atriz discute tabus, valores familiares e educação. "Se as chances de emprego para um rapaz branco, de classe média, que teve acesso à escola já são duvidosas, imagina as de um menino negro e semialfabetizado num sistema de aprovação automática?", narra a atriz numa crônica chamada Caos, publicada em 2010.

Sete Anos se mostra, portanto, um lado íntimo de Fernanda Torres. Este livro mostra uma visão geral e incisiva da carioca sobre o Brasil e sua vida. Em duas obras lançadas, a atriz, famosa no teatro e TV, se mostrou muito competente como escritora. Vale a pena conferir.

Mundo Novo - Chris Weitz

24 de dezembro de 2014

Lido em: Outubro de 2014
Título: Mundo Novo - Mundo Novo #1
Autor: Chris Weitz
Editora: Seguinte
Gênero: Ficção
Ano: 2014
Páginas: 328
Nota: ★★★☆☆
Sinopse: Neste mundo novo, só restaram os adolescentes e a sobrevivência da humanidade está em suas mãos. Imagine uma Nova York em que animais selvagens vivem soltos no Central Park, a Grand Central Station virou um enorme mercado e há gangues inimigas por toda a parte. É nesse cenário que vivem Jeff e Donna, dois jovens sobreviventes da propagação de um vírus que dizimou toda a humanidade, menos os adolescentes. Forçados a deixar para trás a segurança de sua tribo para encontrar pistas que possam trazer respostas sobre o que aconteceu, Jeff, Donna e mais três amigos terão de desbravar um mundo totalmente novo. Enquanto isso, Jeff tenta criar coragem para se declarar para Donna, e a garota luta para entender seus próprios sentimentos - afinal, conforme os dias passam, a adolescência vai ficando para trás e a Doença está cada vez mais próxima.

Resenha: Mundo Novo é o primeiro volume da trilogia de mesmo nome escrita pelo autor Chris Weitz e publicado no Brasil pela Seguinte.
Um vírus foi propagado na cidade de Nova York, causando a morte de adultos e crianças. Os adolescentes sobreviveram, mas sabem que têm um "prazo de validade". Eles foram se organizando em pequenos grupos, assaltando mercados e farmácias, montando seus próprios esquemas de segurança, tudo pra continuarem vivos em meio ao caos. Jeff e Donna fazem parte da gangue da Washington Square e tornam-se ainda mais próximos após a morte do irmão dele, o antigo líder. Quando o gênio da turma, Crânio, levanta a possibilidade de encontrarem a cura da Doença, Jeff lidera uma expedição rumo ao local onde encontrarão as respostas. Mas a cidade está cheia de perigos e outras gangues; quais surpresas esperam por eles?
Armas não matam pessoas, pessoas matam pessoas, mas armas definitivamente ajudam pessoas a matar pessoas.
Não foi difícil eu querer ler o livro quando vi a capa chamativa e soube que era distopia. Mas não sei se foi a expectativa alta, a escrita do autor ou a história mais do mesmo, Mundo Novo não me convenceu.

A primeira coisa que me incomodou foi o excesso de personagens. Peguei um papel e anotei cada nome, associando a uma característica ou função para que eu não me perdesse. Depois me acostumei à maioria, mas tenho minhas dúvidas se vou me lembrar de tudo no segundo volume.
Em muitos livros, o autor acha que é legal ter um "narrador não confiável". Para fazer com que a gente fique na dúvida, e para reconhecermos que nada é absoluto, tudo é relativo, ou qualquer coisa assim. Eu acho isso meio furado. Então, só para você saber, vou ser uma narradora confiável. Tipo, totalmente confiável. Pode confiar em mim.
O enredo não teve nada de muito inovador. Talvez a questão da arma biológica seja uma diferença, mas mesmo assim no contexto geral o livro repete uma estrutura já conhecida pelo público. E senti falta da característica marcante do gênero distópico: governo opressor. Cada grupo tem a sua própria organização, mas não há quem governe a sociedade no geral, pelo menos não nesse primeiro livro (o segundo parece que vai ser diferente).
Somos todos mendigos agora, penso comigo mesmo, erguendo a fronha do hotel que substituía minha mochila. Somos todos homens do saco, vagabundos e saqueadores. Não há uma sociedade em cuja margem ficar.
A narrativa intercalada entre Jeff e Donna deveria ser algo bacana, mas, além de eu não ter sentido muita diferença entre os 2 estilos, acabei ficando meio confusa em algumas partes por conta da pontuação. Nas partes narradas por Donna, principalmente, ao invés do clássico travessão o autor optou pela estrutura "Personagem: diálogo". Às vezes acabava misturando travessão e dois pontos. Bagunça mental define. Paralelamente à busca por respostas, eles travam batalhas internas em relação aos sentimentos, já que Jeff gosta de Donna e ela o enxerga como amigo. Em vários momentos, o romance se sobrepõe à trama e o livro meio que perde o foco. Isso acontece mais nas partes narradas por Donna; ela é muito sentimental, toda hora está sofrendo pela dúvida do que sente, pela ausência do irmãozinho que morreu, por ciúmes... Já ele até passa por esses momentos, mas, como homem, é mais racional, mais focado nos problemas e em como resolvê-los.
Quando penso nas várias vezes em que desejei que meus pais me deixassem em paz, tenho vontade de vomitar.
Mas obviamente o livro não teve só coisas ruins. Gostei de acompanhar a transição adolescência > vida adulta acelerada. Os personagens precisaram amadurecer muito rapidamente, lidando com várias perdas e um excesso de responsabilidades repentinas, mas em alguns momentos se permitiam o sofrimento, a saudade, a angústia. Fiquei pensando que essa é a realidade de muitas crianças e adolescentes de hoje, que perdem os pais pro crime, pras drogas, pra violência, e precisam se virar num mundo caótico. Mas como não é um sentimento comum, eles ficam marginalizadas, ignoradas pela sociedade. Se a Doença nos atingisse, provavelmente eles teriam uma adaptação muito mais fácil, enquanto a grande maioria dos adolescentes iria sofrer.

Falando em adaptação, outra discussão presente no livro diz respeito à questão do consumismo. Não tem mais moda, cada um usa o que quer, combinando da maneira que quer, assim como retratado na capa. Não tem mais como usar a tecnologia, acabou internet, energia é algo raro, o convívio presencial é necessário até mesmo por questões de segurança. Chris aborda um mundo sem tantos recursos tecnológicos, numa tentativa de prever o que aconteceria caso a nossa realidade fosse abalada.
Wash diz - dizia - que se trata de uma hierarqueia de necessidades. Ele dizia que não tínhamos tempo para ficar discutindo as coisas de sempre, como a legalidade do casamento homossexual, ou sei lá o quê, porque estamos ocupados demais tentando comer.
Agora me pergunta se eu quero ler o livro 2. A resposta é sim. Se fosse por 90% do livro, eu dispensaria de boa, mas os 10% finais trouxeram uma reviravolta que me deixou com vontade de descobrir mais. Final safado, com o maldito cliffhanger! Quando a gente acha que a história vai seguir por um caminho, vem o autor e muda tudo. Que bom, adoro ser surpreendida.
No geral, foi uma introdução bem arrastada, com algumas cenas de ação que não me prenderam, um romance chocho e um cenário já batido. Vamos ver se Chris consegue trazer algo melhor no segundo volume.
É errado ser feliz? Dane-se. Eu sou. Ninguém pode fazer nada quanto a isso.

Mentirosos - E. Lockhart

23 de dezembro de 2014

Lido em: Dezembro de 2014
Título: Mentirosos
Autora: E. Lockhart
Editora: Seguinte
Gênero: Romance/Drama
Ano: 2014
Páginas: 272
Nota: ★★★★☆
Sinopse: Cadence vem de uma família rica, chefiada por um patriarca que possui uma ilha particular no Cabo Cod, onde a família toda passa o verão. Cadence, seus primos Johnny e Mirren e o amigo Gat (os quatro "Mentirosos") são inseparáveis desde os oito anos. Durante o verão de seus quinze anos, porém, Cadence sofre um misterioso acidente. Ela passa os próximos dois anos em um período conturbado, com amnésia, fortes dores de cabeça e muitos analgésicos, tentando juntar as lembranças sobre o que aconteceu.

Resenha: Mentirosos, escrito pela autora E. Lockhart e publicado no Brasil pela Seguinte conta a história de Cadence,  uma garota de quase 18 anos que é a filha mais velha da família Sinclair. Uma família muito rica, dona de uma ilha para onde todos eles vão passar as férias. E é lá que Cady tem contato com seus melhores amigos, Merris, Johnny e Gat, conhecidos como os Mentirosos, inseparáveis desde os 8 anos de idade. Há dois anos, Cady sofreu um acidente, não se lembra de nada, sofre de amnésia, tem fortes dores de cabeça e vive a base de analgésicos. Ela embarca numa tentativa de reconstruir sua história e se lembrar o que aconteceu a partir da relação difícil e cheia de conflitos que ela tem com a família, com os amigos e seu namorado...

Mentirosos é narrado de uma forma bem poética em primeira pessoa, pelo ponto de vista de Cadence, e já adianto que é o tipo de livro do qual o leitor deve realmente se dedicar, prestando atenção em cada detalhe, do contrário, será quase que impossível sua compreensão.
A história se desenvolve gradualmente de forma muito inteligente. Apesar do início confuso, a autora tem uma escrita fluída e direta, explora as relações familiares com maestria e profundidade, trazendo a tona todo tipo de conflito e sujeira que é comum, mas que todos insistem em varrer pra debaixo do tapete e viver de aparências. Todos os personagens são muito reais e Cady consegue passar tudo o que sente com excelência ao leitor.

Mas nem tudo são flores, não achei que o livro seja tão perfeito assim... Encontrei alguns furos e algumas situações forçadas como se a intenção fosse enganar o leitor de forma proposital para que o desfecho se tornasse estarrecedor. É... pelo menos em partes...

Apesar de ter achado a história como um todo muito inteligente, o que não me fez ficar realmente em estado de choque ao terminar a leitura é que, talvez por experiência com outras histórias do tipo (ou filmes que já assisti), eu formulei teorias do mistério que ronda Cady a partir de detalhes bastante significativos, mas que se lidos sem atenção acabam passando despercebidos. E para minha total falta de surpresa, o final foi exatamente o que eu tinha imaginado mas no fundo tinha esperanças de que fosse diferente. Fiquei com uma sensação de vazio, pensando que muita coisa foi descartável, como se tivesse lido em vão. Mesmo que traga uma história com um toque devastador de melancolia e realismo, não consegui captar uma mensagem intensa a ponto de servir como aprendizado. Não tirei lições, apenas li sobre a história de uma família complicada e sobre o mistério do acidente que a filha deles sofreu. Fim.

É um bom livro, muito instigante, mas achei que o final acabou por estragar o que estava bom. Apesar de tudo, recomendo a leitura, pois acho que cada um deve tirar suas próprias conclusões e impressões. Com certeza o impacto que Mentirosos causa é único em cada leitor.