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Na Telinha - Raya e o Último Dragão

11 de março de 2021

Título: Raya e o Último Dragão (Raya and the Last Dragon)
Elenco: Kelly Marie Tran, Awkwafina, Gemma Chan, Alan Tudyk, Daniel Dae Kim, Sandra Oh
Gênero: Animação/Fantasia/Aventura/Distopia
Ano: 2021
Duração: 1h 57min
Classificação: Livre
Nota★★★★★
Sinopse: Há muito tempo, no mundo de fantasia de Kumandra, humanos e dragões viviam juntos em harmonia. Mas quando uma força maligna ameaçou a terra, os dragões se sacrificaram para salvar a humanidade. Agora, 500 anos depois, o mesmo mal voltou e cabe a uma guerreira solitária, Raya, rastrear o lendário último dragão para restaurar a terra despedaçada e seu povo dividido. No entanto, ao longo de sua jornada, ela aprenderá que será necessário mais do que um dragão para salvar o mundo – também será necessário confiança e trabalho em equipe.

Kumadra era o verdadeiro paraíso. Há 500 anos a terra era fértil, abundante, e humanos e dragões mágicos coexistiam na mais perfeita harmonia. Os dragões ajudavam os humanos trazendo água, chuva, e paz. Mas um dia a terra foi ameaçada pelos Druun, criaturas sombrias que se multiplicavam como pragas, e não causavam só a destruição, mas consumiam a vida de quem cruzasse seus caminhos, as transformando em pedras.
Os dragões, então, se sacrificaram para salvar a humanidade, e a única coisa que restou após a batalha foi a Jóia do Dragão, artefato mágico criado com o poder dos dragões, e capaz de destruir os monstros. A batalha se tornou uma lenda, e Sisu ficou conhecida como o dragão que derrotou os Druun e salvou Kumandra. Porém, em vez dos humanos darem valor ao sacrifício feito pelos dragões e manterem a paz e a harmonia, eles se tornaram inimigos, se dividiram em tribos, traçaram fronteiras para separar Kumandra em reinos distintos, e passaram a lutar pela posse da Jóia.



Com tantos conflitos, Kumandra deixou de existir como um único reino, e cada sub reino formado desenvolveu suas próprias características que os tornaram únicos: O deserto escaldante de Cauda está cheio de mercenários perigosos; Garra é um mercado sobre as águas habitado por lutadores muito ágeis; Presa é protegida por assassinos e gatos gigantes tão perigosos quanto seus donos; a floresta fria e sombria de Coluna é guardada por temíveis guerreiros; e Coração é o reino da paz, onde há abundância e prosperidade, e é onde a Jóia está escondida.



Agora, Chefe Benja, guardião da Jóia (e também pai de Raya), numa tentativa de unir as tribos e retomar a paz, convoca todos os cinco reinos afim de tentar fazer com que entendam de uma vez por todas que é preciso união e confiança entre os povos para que Kumandra volte a existir, caso contrário, a desconfiança e o ódio só os levarão à ruína, porém nada do que foi planejado correu como deveria, e a história de 500 anos atrás, se repetiu: os Druun ressurgiram causando devastação e transformando todos em pedra.
Seis anos depois, em meio a um cenário árido e distópico, Raya, junto com seu inseparável tatuzinho Tuk Tuk, passou a explorar o que sobrou das terras, enfrentando perigos e procurando nos rios qualquer vestígio de Sisu, numa tentativa secreta de encontrá-la e, com a ajuda dela, trazer todos aqueles que foram petrificados de volta, mas Namaari, sua adversária de Presa, sempre vai estar em seu caminho.



Como de costume, toda animação da Disney se passa em algum lugar fictício com características culturais muito marcantes de lugares reais, e Raya e o Último Dragão não é diferente. Baseado na cultura de países do sudeste asiático, como Tailândia, Malásia, Indonésia, Filipinas, entre outros (obrigada pela cola, Wikipedia), o longa evidencia comidas típicas, fenótipos, vestuário e afins desses países. Os próprios dubladores têm características físicas orientais, tanto por serem asiáticos ou por serem descendentes de um.
A história gira em torno do tema confiança e união entre as pessoas, e o que a falta delas causam na vida. A construção de mundo é incrível e a ideia de reinos distintos lembra muito a sociedade de Zootopia, e é impossível controlar a vontade de saber mais detalhes sobre o modo de vida, como e porquê as pessoas se tornaram tão egoístas, e o que mais fazem além da descrição inicial que os resume.



O cenário e os gráficos em si são um dos mais bonitos já vistos numa animação, desde as texturas dos elementos, a luz do sol que entra por uma fresta, a chuva molhando alguém, a sincronia da fala e o movimento da boca dos personagens e, principalmente, os detalhes que diferenciam cada indivíduo de forma que não pareçam todos iguais, como acontece em outras animações. Mesmo que o mundo esteja desolado, ainda é possível enxergar beleza pois ainda há esperança. Cada ambiente traz uma paleta diferente que combina muito bem com a proposta daquele reino, como por exemplo, a floresta gelada de Coluna que é cinzenta, o deserto de Cauda que é bem alaranjado, e o verde que pode representar uma vida próspera é bem evidente em Coração. O recurso de alternar o estilo gráfico quando alguns detalhes aparecem para explicar melhor a história também é ótimo e super dinâmico.



Os personagens também são ótimos e tem arcos e papeis importantes no desenrolar da trama, mas o maior e mais legal de todos, com um contraste bem evidente, é entre Raya e Sisu. Embora elas queiram a mesma coisa, a forma como encaram a vida e resolvem suas questões é totalmente oposta uma da outra. Raya não confia em ninguém, não consegue mais enxergar o melhor nas pessoas porque ali é cada um por si, ela é amargurada por ter sido traída no passado e acaba usando isso como um tipo de escudo para impedir que os outros tentem se aproximar. Ela já começa se mostrando alguém forte, mesmo que quebrada, sempre fica de cara fechada, é uma guerreira solitária e destemida, sem tempo a perder, e nada nem ninguém vão impedir que ela alcance seu objetivo de salvar o pai. Raya tem um coração enorme, mas as decepções que teve fazem com que ela não demonstre isso. Talvez ela aparente ser um tanto individualista, e até desprovida de qualquer pinguinho de otimismo, mas ela aprendeu a ser assim devido as circunstâncias.



Sisu é oposto, tanto no visual quanto na personalidade. Ela inclusive destoa bastante dos demais personagens, como se não combinasse com o padrão da animação, mas acredito que ela foi criada dessa forma, colorida, iluminada e radiante, justamente pra mostrar a diferença e o abismo que há entre pessimismo e otimismo, amargura e bom humor, raiva e alegria, cautela e vontade de dar uma chance, falta de fé e esperança. Ela quer ajudar a salvar o reino, mas é ingênua demais, sempre tenta enxergar o melhor nas pessoas por mais maldosas que aparentem ser, sempre está bem humorada e brincando mesmo quando não se deve, e quer provar pra Raya que ter confiança nos outros, independente de quem seja, é a melhor maneira de resolver os problemas e salvar o reino dos Druun. Mas, num mundo onde ninguém está disposto a ceder e nem a ouvir o que o outro tem a dizer, quando há lutas intermináveis para se conquistar algo para benefício próprio, e onde a ignorância deixa de ser uma benção para se tornar uma maldição, é difícil lidar... É difícil tomar decisões, e às vezes é preciso apenas seguir ordens, mesmo que no fundo fique claro que o medo de uma suposta retaliação é maior do que fazer a escolha certa. E é aí que entra a rival de Raya: Namaari.



Namaari, apesar de sempre estar no caminho de Raya tentando descobrir seus planos, perseguindo e atrapalhando ao máximo, não é uma vilã propriamente dita, ela só foi levada a acreditar em algo desde a infância em prol de seu povo, e acha que o caminho é sempre obedecer e lutar pelo que quer que seja, logo, embora eu tenha discordado total e ficado com ódio da forma como ela age, é compreensível pois ela tem um motivo que justifica o que ela faz. Inclusive um ponto interessante sobre a inimizade dos reinos vem do fato de que as vezes as pessoas acreditam naquilo que ouvem falar, mas que, claro, não necessariamente correspondem com a realidade...



Assim, Raya em companhia de Tuk Tuk, Sisu, e o grupo que elas formam a medida que avançam na missão, com integrantes de reinos distintos, incluindo uma bebê ninja e golpista com seus macacos delinquentes, um guerreiro que não parece saber lidar com os próprios sentimentos, e um garotinho que teve que aprender a cuidar de si mesmo, além de ajudarem com a carga dramática que vem ao final, vão tentar reparar esse estrago causado pela desunião dos povos, mesmo que Namaari insista em se intrometer, e mostrar que no meio desse caos, alguém precisa ceder e dar o primeiro passo pra mudança começar a acontecer.

Acredito que nessa animação não há um vilão do tipo clássico, que quer destruir o mundo, ou que quer dar um golpe e acabar com os mocinhos em busca de poder, acho que os Druun também não se encaixam como vilões, mas como uma consequência de péssimas decisões. O maior vilão aqui é o egoísmo, é a desunião, é a falta de diálogo, é a incapacidade de se chegar num consenso por só se pensar no individual em vez do coletivo. E cá entre nós, nos dias de hoje, com tanta tragédia acontecendo devido a essa pandemia tenebrosa, com a irresponsabilidade dos governantes que tiram decisões do bueiro, impõe qualquer absurdo e azar o povo, e com tanta gente imprudente a solta que não pensa em nada além do próprio umbigo, o que a gente vê na animação acaba indo mais além da ficção e da fantasia e é impossível não pensar que o fim está mesmo próximo... É literalmente cada um por si, e salve-se quem puder. E, talvez, pelo próprio estilo da animação, que remete a distopia e fim dos tempos, não teve espaço pra personagens sentimentais cantarolando empolgados e felizes e nem algum boy que possa sugerir qualquer interesse romântico, e aposto que mesmo se existisse ninguém estaria interessada, obrigada. 



A Disney, apesar de estar acertando demais, vem caminhando em passos mui lentos quando o assunto é representatividade LGBTQ+, e ainda acho que vai demorar um bom tempo até que os personagens realmente demonstrem explicitamente algum relacionamento, mas, não nego que a quebra total de estereótipos daquela típica princesa ingênua e indefesa (e sonsa), que espera pelo príncipe encantado, já é um grande avanço, e isso nos permite supor que Raya e Namaari possuem algo a mais que vai além da rivalidade, da luta pela sobrevivência e da busca pelos seus ideais. A química ali é inegável. Elas estão a anos luz de serem donzelas indefesas, elas metem a porrada mesmo, sem dó nem piedade, pisam duro, as lutas são brutais, beirando a letalidade, e, mesmo sabendo que a Disney jamais iria enfiar uma cena bizarra e sanguinolenta numa animação, as brigas de espadas causam uma apreensão danada, dando a impressão que a qualquer momento as tripas de alguém vão escorrer ou uma cabeça vai sair voando por aí.



O final é previsível, não vou negar, mas o rumo que a história toma até o desfecho é incrível, emocionante, cheia de significados, digna de reflexões. Chorei litros no final, chorei mesmo. É o tipo de desenho que eu posso ver e rever milhões de vezes sem cansar (igual Mulan XD).
Dito isso, só posso afirmar que, depois de Mulan, Raya se tornou a minha segunda princesa da Disney favorita, e depois dessa aventura cheia de ação e magia, acho difícil aparecer alguma outra que a desbanque. Quero todos os pops na minha mesa já.

Com estreia simultânea, Raya e o Último Dragão pode ser assistido nos cinemas (mas cuidado com a pandemia, gente!) ou no conforto de casa pela Disney+ pela incalculável bagatela de R$69,90 além da assinatura mensal do app de streaming. A partir de 23 de abril a animação entrará no catálogo e poderá ser assistida sem cobrança adicional.

Trocas Macabras - Stephen King

19 de janeiro de 2021

Título:
 Trocas Macabras
Autor: Stephen King
Editora: Suma de Letras
Gênero: Suspense/Fantasia
Ano: 2020
Páginas: 656
Nota:★★★★☆
Sinopse: Castle Rock, na Nova Inglaterra, é um lugar tranquilo para se viver. Mas a chegada de Leland Gaunt desestabiliza a cidade através do preconceito, ódio, fraqueza e cobiça, provocando mortes e sofrimentos. Gaunt consegue isto através de uma loja de utilidades, que sempre tem algo especial para cada morador, que para conseguirem o que desejam pagam um preço simbólico para Leland, além de conceder a ele um simples “favor”.

Resenha: Castle Rock, que serve como pano de fundo de várias outras histórias horripilantes de Stephen King, é uma cidadezinha pacata, com moradores ilustres e suas questões banais, onde tudo - de pavoroso - pode acontecer. Desta vez, a chegada do misterioso Leland Gaunt e a inauguração da "Artigos Indispensáveis", uma loja que vende de tudo que se possa imaginar, vai despertar o interesse dos moradores e, consequentemente, desencadear situações e acontecimentos tão inevitáveis quanto terríveis.

Basicamente, quem entra na loja sempre vai encontrar aquilo que mais deseja, e mesmo que o preço seja inacreditavelmente simbólico, vai variar pra cada cliente, incluindo o fato de que para levar o item, também é preciso fazer alguns favores ao Sr. Gaunt, os quais definem bem o título da obra. E embora pareçam favores bobos e inofensivos, alguns inclusive que não passam de travessuras infantis, aos poucos, desestabilizam a cidade e vão se tornando cada vez mais sombrios, causando dor, sofrimento e mortes, e virando uma gigantesca bola de neve, afinal, todo desejo tem seu preço, e cabe a pessoa ser capaz de enxergar se é um preço que realmente vale a pena pagar, ou se vai haver tempo pra se arrepender...

Em meio a toda essa "diversão", Gaunt sabe que o xerife da cidade, Alan Pangborn, é o único entre os moradores que pode estragar seus planos, sendo assim, ele vive criando situações "urgentes" pra desviar a atenção de Alan a fim de impedir que ele entre na Artigos Indispensáveis e essa apresentação seja formalizada.

Sendo assim, com o desenrolar dos fatos e várias tragédias acontecendo, o xerife consegue pistas que apontam pro dono da loja e o mistério começa. A curiosidade do leitor em saber quais as consequências de um favor e quem vai ser a vítima da vez, e quando, enfim, Gaunt será confrontado e desmascarado, é inevitável.

Gaunt é uma figura demoníaca, manipuladora e extremamente cruel, que traz à tona o que há de pior nas pessoas, e assim como todos os livros de King, este também tem personagens bem construídos, consistentes e cheio de camadas, que mostram o quanto o passado de cada um deles foi marcado por alguma tragédia que deixou cicatrizes que eles carregam até hoje. E, claro, Gaunt conhece as feridas mais profundas que eles possuem e, astutamente e da forma mais manipuladora possível, vai usar isso a seu favor.

O ritmo da leitura é lento e um tanto arrastado, pois uma das características na escrita do autor é dar todos os mínimos detalhes possíveis, seja de cenários, personagens, o que estão fazendo, o que estão sentindo e o que estão pensando, fazendo uma construção completa de cada um e mostrando quem é e o que fez para o conhecermos melhor. Ao saber do passado e do presente desses personagens, vemos que sua existência não serve apenas pra preencher as páginas, mas que se estão alí não é por acaso, é por algum propósito maior e que mais cedo ou mais tarde o futuro deles virá a tona após percebermos que todos têm alguma ligação entre si, formando um grande arco de desastres.
Um ponto bem interessante e curioso é que o leitor vai encontrar referências e alguns spoilers de outras obras do autor, mostrando o que aconteceu com alguns dos personagens, como é o caso de A Metade Sombria, Zona Morta e Cujo, que também se passa em Castle Rock. Pra quem não leu esses livros, não vai fazer muita diferença, e pra quem leu, tenho certeza que vai curtir bastante a ideia de saber um pouco mais desses personagens.

No mais, é leitura obrigatória para os fãs de Stephen King, que traz todos os elementos que mexem com nossas emoções: causam medo, apreensão e ansiedade, independente do quão absurdos e exagerados possam ser, e Trocas Macabras se destaca por mostrar explicitamente que o valor do que se quer é definido pela necessidade que se tem.

Games - Anna's Quest

12 de novembro de 2020

Título: Anna's Quest
Desenvolvedora: Daedalic Entertainment
Plataforma: PC
Categoria: Simulação/RPG
Ano: 2015
Classificação Indicativa: Livre
Nota: ★★★★☆
Sinopse: Anna's Quest é um jogo de aventura gráfica de 2015 desenvolvido e publicado pela Daedalic Entertainment. Segue a personagem-título Anna, enquanto ela tenta escapar de uma bruxa má e salvar seu avô moribundo. Com sua telecinese, uso incomum de instrumentos de tortura, habilidade para o improviso e a ajuda de uma raposa sombria, ela segue seu caminho dos picos da Montanha de Vidro à masmorra mais profunda.

Anna é uma garotinha que mora com o seu avô numa fazenda cercada por uma floresta bastante sombria. Ela sempre foi orientada por ele a não se aproximar da floresta, pois lá vivem criaturas malignas e perigosas. Essa preocupação do avô de Anna já começa a gerar curiosidade, pois não sabemos o que essas criaturas fazem e porquê.



Até que, misteriosamente, o avô de Anna fica muito doente e, apesar dela ter prometido pra ele que não iria até a floresta, ela decide atravessá-la para chegar ao vilarejo e conseguir algo para ajudá-lo, mas no meio do caminho ela é sequestrada por uma bruxa má que a prende numa torre a fim de realizar alguns experimentos para ativar um suposto poder telecinético que ela nem sabia que possuía, e é aí que o jogo começa, pois Anna precisa fugir dali o quanto antes, mas não sem antes resolver alguns enigmas que vão se encaixando e liberando novas coisas pra serem feitas.



Assim, lembrando o estilo de jogos de scape rooms mas com toques bem leves e coloridos que lembram uma historinha de conto de fadas infantil, Anna's Quest é um jogo de aventura point & click, bem bonito visualmente e com um plot muito interessante. Inicialmente os puzzles que devemos resolver para avançar os capítulos são simples, e com a ajuda do tutorial as coisas parecem ser bem fáceis. Mas, a medida que o jogo avança é preciso se atentar em muitas dicas e pistas a fim de fazer as combinações improváveis de itens a serem usados ou fazer as escolhas certas e nada óbvias para seguir adiante. O nível de dificuldade aumenta e algumas dessas tarefas não são muito claras, e a ideia de ficar muito tempo preso sem saber o que fazer e sem sair do lugar causa muita frustração no jogador.
Mesmo que a história seja rica e interessante, ela é longa, as coisas vão sendo reveladas aos poucos, há muito diálogo, muito texto e pra quem gosta de ir direto ao ponto, pode não gostar desse detalhe porque requer MUITA paciência.



No mais, com personagens cativantes, um visual bem convidativo e uma trilha sonora incrível, Anna's Quest mistura mistério com bom humor enquanto desafia o jogador com seus quebra cabeças tão simples quanto inteligentes.

A Transformação de Raven - Sylvain Reynard

17 de julho de 2020

Título: A Transformação de Raven - Noites em Florença #1
Autor: Sylvain Reynard
Editora: Arqueiro
Gênero: Fantasia/Romance
Ano: 2015
Páginas: 448
Nota:★★★★☆
Sinopse: Florença, o berço do Renascimento. Um lugar culturalmente fervilhante, perfeito para quem quer esconder segredos ou está em busca de uma segunda chance. Como a doce Raven, que se muda para a cidade na tentativa de esquecer os traumas do passado e se dedicar à sua maior paixão: a restauração de pinturas renascentistas.
Um dia, voltando para casa do trabalho na Galleria degli Uffizi, sua vida muda para sempre. Ao tentar evitar o espancamento de um sem-teto, Raven é atacada. Sua morte parece iminente, mas seus agressores são impedidos e brutalmente assassinados. Assustada e prestes a perder os sentidos, ela só consegue vislumbrar uma figura sombria que sussurra: Cassita vulneratus.
Ao despertar, Raven faz duas descobertas perturbadoras: uma semana se passou desde o ocorrido e ela se transformou por completo. Quando volta ao trabalho, mais uma surpresa: alguém conseguiu burlar o sofisticado sistema de segurança da galeria e roubar a inestimável coleção de ilustrações de Botticelli sobre A divina comédia.
Em busca da verdade, Raven cairá diretamente nos braços do Príncipe de Florença – tão belo quanto poderoso, tão sedutor quanto maligno –, que lhe apresentará um submundo de seres perigosos e vingativos, cujas leis ela precisa aprender depressa se quiser se manter viva e salvar os que a cercam.
A transformação de Raven marca o início da série Noites em Florença, cujos personagens foram apresentados em O príncipe das sombras.

Resenha: A Transformação de Raven é o primeiro volume da série Noites em Florença que marca o início da incursão em romance sobrenatural do autor Sylvain Reynard.

Raven Wood nunca foi a garota mais popular ou bonita do colégio quando adolescente. Ela está acima do peso ideal e, devido a um acidente que sofreu na infância, ainda manca de uma perna e usa uma bengala. Apesar de ser insegura e ter baixa autoestima, nada disso impediu que ela fosse independente e corresse atrás de seus sonhos e paixões. Quando surge a oportunidade de ela trabalhar na Galeria Uffizi como restauradora de obras de arte, ela não pensa duas vezes e parte para Florença. Mas, numa noite, durante sua caminhada pra casa, ela acaba se envolvendo numa situação perigosa quando resolve defender um mendigo que havia sido espancado na rua por alguns marginais.
Sabendo do perigo da situação que não era nada favorável a ela, Raven já se prepara para o pior. Ela é atacada, e quando os baderneiros continuam, mesmo desfalecida, alguma coisa impede que ela seja violentada. Na semana seguinte ela desperta sem se lembrar de nada e mal acredita no que vê quando se olha no espelho. Ela não só se sente diferente, ela está diferente. Mais magra, mais bonita e até sua perna está completamente curada. Acreditando estar louca, Raven parte para a galeria, mas chegando lá é recebida por policiais. Ela descobre que a galeria foi roubada e se tornou a principal suspeita no caso do roubo por ter ficado sumida durante uma semana.
Como se tudo já não estivesse confuso o suficiente, ela conhece William, um homem que invade seu apartamento e a orienta a fugir para a própria segurança. Ele parece ter as respostas para todas as suas perguntas, mas obtê-las não será tão fácil quanto pensa. O que ela não imagina é que se trata do Príncipe de Florença, alguém cuja própria existência vai contra tudo o que ela acredita, mas que foi o responsável por salvá-la quando sua vida corria perigo, mesmo que ela não se lembrasse disso. Logo a atração é inevitável, mas a situação dos dois é mais complexa do que parece. O Príncipe deve manter seu reino protegido, mas precisará fazer uma escolha que poderá mudar sua vida, e a de Raven, para sempre.
A partir daí, segue uma história de suspense e amor em que dois mundos opostos se colidem.
mesmo que relutantemente o Príncipe a ajude, cada vez mais ele a arrasta para um mundo misterioso e desconhecido do qual ela deveria não saber que existe.

A escrita do autor é rica e graciosa, beira o estilo lírico e é um tanto afiada. Narrada em terceira pessoa, a história trata de um romance entre duas pessoas improváveis que, juntas, enfrentam os perigos das ruas de Florença. O romance fala de amor, sacrifício, religião e redenção ao mesmo tempo que se mescla com toques artísticos para dar beleza e riqueza à trama que vai se desenvolvendo de forma gradual e num ritmo lento mas, ainda assim, satisfatório.
Raven, inicialmente, é uma personagem que foge dos estereótipos de mocinha de romances contemporâneos, tanto pela aparência quanto pela personalidade, até mesmo porque ela mostra que a beleza é algo que vem de dentro. Ela é americana, mas, a fim de se livrar de seu passado conturbado e traumático, agarra a chance de ir para a Itália trabalhar com o que gosta em busca de uma vida nova.
O herói da vez - ou melhor, o anti-herói - é um vampiro secular, governador do submundo de Florença e que faz de tudo para manter a ordem na cidade. Mesmo que considere as pessoas seres insignificantes, ele sabe que elas são necessárias para que tudo possa fluir adequadamente no mundo. Ele é cruel, letal e valoriza a disciplina, mas esconde segredos e sentimentos como forma de fortalecer seu poder de influência e persuasão sobre os demais vampiros de sua espécie. Ao mesmo tempo que exerce seu charme se tornando alguém desejado, ele também é temido por ser alguém tão perigoso, mas para um homem que deve manter seus segredos em nome de seu governo, ter um ponto fraco que o torna vulnerável não é algo que ele pretendia ter no momento.

Um ponto de que gostei bastante foi o desenvolvimento dos conflitos internos que o casal enfrenta. Ele por ter que lidar com sentimentos que não sabia ser capaz de ter, pois uma criatura da noite tão imponente e sombrio não parece ser alguém capaz de amar. E ela por ser alguém que o torna vulnerável.
O roubo das famosas ilustrações de Botticelli também é abordado, dando prosseguimento ao que começou no conto anterior e que já vem da série O Inferno de Gabriel. Mesmo que não seja necessário ler O Príncipe das Sombras, acredito que a leitura seja importante para um entendimento mais completo do que se passa.

Os personagens de forma geral são bem construídos e interessantes e, mesmo que haja fantasia sobrenatural envolvida, possuem características emocionais que os tornam bastante próximos da nossa realidade.
A partir das descrições que o autor faz, é possível até mesmo fazer uma verdadeira viagem por Florença. E quem tem algum conhecimento de obras de arte vai ficar satisfeito ao se deparar com algumas obras sendo mencionadas no decorrer do livro.
A capa não tem detalhes a serem destacados apesar de ser bonita e bastante intrigante. As páginas são amarelas, apesar da imagem de uma das obras mencionadas na história que aparece no início do livro, a diagramação é simples e sem diferencial, e a fonte tem um tamanho agradável. A revisão está ótima. Ao fim da história há uma cena extra envolvendo o livro A Redenção de Gabriel mas que está ligada diretamente a este, e outra sobre Aoibhe, uma das personagens que anseia por ser a Princesa de Florença ao lado do Príncipe.

Talvez o título remeta a outro tipo de transformação, não a física pela qual Raven passa, mas algo interno, que envolve não só ela, mas a forma como o próprio Príncipe age e encara sua missão em Florença ao ser o responsável pelo submundo quando se deixa levar por um sentimento novo e único...
Ansiosa pelo próximo volume a fim de saber quais serão as consequências para as escolhas de Raven Wood e o Príncipe de Florença. Conspirações e reviravoltas, vingança, busca por poder, embates entre vampiros e caçadores e uma trama recheada de cenas super sensuais é o que nos aguarda em A Transformação de Raven.

O Príncipe das Sombras - Sylvain Reynard

15 de julho de 2020

Título: O Príncipe das Sombras - Noites em Florença #0.5
Autor: Sylvain Reynard
Editora: Arqueiro
Gênero: Fantasia/Romance
Ano: 2015
Páginas: 128
Nota:★★★★☆
Sinopse: Um conjunto muito valioso de ilustrações de Botticelli sobre A divina comédia, de Dante Alighieri, é exposto na Galleria degli Uffizi, em Florença. O dono das peças é o famoso professor de literatura Gabriel Emerson. Quando se deixou persuadir por sua amada esposa, Julianne, concordando em dividir com o mundo a beleza daquelas obras de arte, Gabriel jamais poderia imaginar que estaria atraindo para si um poderoso inimigo.
Mais de um século antes, aquelas mesmas ilustrações foram roubadas de seu verdadeiro dono, o Príncipe de Florença, uma criatura sobrenatural e misteriosa que governa o submundo da cidade e há muito não sabe o que é o amor. Agora um dos seres mais perigosos da Itália está disposto a recuperar o que lhe pertence e se vingar de Gabriel e Julianne. Mas logo seus planos são frustrados. Um atentado o obriga a deixar os Emersons de lado, afinal ele precisa resolver assuntos muito mais importantes. Tanto seu principado quanto sua própria vida parecem estar em risco. Passado na cidade mais artística da Itália, O príncipe das sombras é uma incrível introdução à nova série de Sylvain Reynard, Noites em Florença, e vai deixar os leitores com gostinho de quero mais.

Resenha: O Príncipe das Sombras se trata de uma introdução à série sobrenatural Noites em Florença do autor canadense Sylvain Reynard (da trilogia O Inferno de Gabriel) publicada no Brasil pela Editora Arqueiro.
Em 2011, no submundo de Florença, um vampiro antigo está atrás do casal Gabriel e Julianne (personagens da série anterior do autor). Os dois estão em posse de ilustrações valiosas e originais da Divina Comédia, obras de autoria de Botticelli, mas o que eles não sabiam era que essas ilustrações haviam sido roubadas de seu verdadeiro dono em 1870. Por acreditar que Gabriel está envolvido no roubo, o Príncipe de Florença planeja uma vingança para recuperar o que é seu e parte atrás do casal, mas uma ameaça seguida por um ataque à cidade interrompe seus planos e ele é obrigado a desviar seu foco do casal Emerson e bolar uma estratégia para descobrir quem atacou a cidade. Logo sua vida está em jogo, mas ele não vai desistir de proteger os assuntos de seu interesse, mesmo que tudo indique que uma guerra está a caminho.
Narrado em terceira pessoa de forma bem poética e tendo como pano de fundo a cidade italiana de Florença, o leitor é introduzido aos personagens e à atmosfera da nova série do autor de uma forma intensa, romântica e envolvente.
É bem notável que o Príncipe apareça como uma criatura sobrenatural perigosa, cruel e que segue seus instintos. Ele não sabe o que é desculpar alguém ou ter misericórdia, e não hesita em passar por cima de qualquer um que possa atrapalhar seus objetivos. Mas ele começa a ter um lado que não imaginou possuir sendo despertado dentro de si. A vida frágil e delicada de Julianne somada ao seu relacionamento com Gabriel passa a ser observada com objetivo de vingança. O Príncipe passa a presenciar seus momentos mais íntimos, sendo testemunha do desejo intenso que eles nutrem um pelo outro e acaba se lembrando de alguém em sua juventude que já havia o olhado com o mesmo carinho, mas que, devido ao tempo, ele havia se esquecido e deixado de saber o que era amor. Logo alguns sentimentos há muito escondidos e reprimidos vêm à tona.

O Príncipe das Sombras é um conto rápido de ser lido e cumpre com seu papel introdutório, pelo charme do Príncipe e, principalmente, por encantar o leitor com as descrições acerca do cenário e das belezas que só a Itália tem.
Os capítulos são curtos e ao final do livro há um glossário com uma pequena lista de personagens, termos e nomes usados na história para que o leitor possa saber quem é quem ou o que é o lugar ou função mencionados.

A caçada do Príncipe por respostas ainda não é resolvida, claro, e muito da personalidade e da própria vida do protagonista não são revelados, logo a curiosidade para saber mais sobre o que está por vir é imensa. Acredito que se a história viesse como um prólogo do primeiro livro da série seria melhor, pois ela traz informações que acrescentam e são importantes para que o leitor se situe melhor ao iniciar a leitura do primeiro livro da série, A Transformação de Raven, já lançado pela Arqueiro.
Mesmo que não a leitura não seja obrigatória para o entendimento da série em geral, por ser um conto extra, de alguma forma, pode fazer falta para quem gostar e quiser acompanhar os personagens nessa nova jornada.

Magia do Sangue - Nora Roberts

13 de julho de 2020

Título: Magia do Sangue - Primos O'Dwyer #3
Autora: Nora Roberts
Editora: Arqueiro
Gênero: Fantasia/Romance
Ano: 2016
Páginas: 288
Nota:★★★☆☆
Sinopse: Há muitos anos, Branna O’Dwyer entregou seu amor a Finbar Burke. No entanto, o romance durou pouco. Uma maldição ligada ao sangue de suas famílias os proibiu de ficar juntos.
Branna tentou preencher esse vazio com amigos e familiares, mas sabe que, sem Fin, sua vida nunca estará completa. Ele, por sua vez, passou os últimos doze anos viajando pelo mundo, focado exclusivamente no trabalho.
Atormentados pela forte atração que nem a distância pôde aplacar, nenhum dos dois acha que um dia se entregará de novo ao amor.
Entretanto, em meio às sombras que ameaçam destruir tudo o que eles consideram mais precioso, esse relacionamento sem futuro pode ser também a última esperança que lhes resta.

Resenha: Magia do Sangue é o terceiro volume que fecha a trilogia Primos O'Dwyer, escrita por Nora Roberts e publicado pela Editora Arqueiro no Brasil.

A premissa da história gira em torno de Sorcha, uma bruxa poderosa que viveu no século XIII e que se sacrificou para salvar os filhos depois de ser perseguida por Cabhan, um demônio sedento por poder. Muitos séculos se passaram desde o ocorrido e seus descendentes, mais uma vez, irão precisar enfrentar o mal que tentará derrotá-los e tomar o poder. Dessa forma, cada livro da trilogia gira em torno de um dos primos e seu par, e juntos, irão enfrentar os perigos para derrotarem Cabhan em nome da família, da amizade e do amor.

Branna se apaixonara por Finbar há muitos anos, mas quando descobriu que ele era descendente do seu maior inimigo e que uma maldição pairava sobre suas famílias, eles não puderam ficar juntos. Dessa forma, sem poder viver o amor que gostaria, Branna investiu na família e no trabalho a fim de preencher esse vazio deixado por Fin em seu peito.
Fin, sendo descendente de Cabhan, tinha o poder de se conectar com os mundos do bem e do mal, mas por ter sido impedido de ficar com Branna devido a essa "maldição", ele tentou evitar a família O'Dwyer para seguir com sua vida. Porém, para derrotar Cabhan eles precisariam unir forças...
Depois de passar por tantos percalços, Fin e Branna deverão ser capazes de considerar que o amor que sentem um pelo outro pode ser maior do que a maldição que os separou e somente através da união dos dois haverá esperança no destino de suas famílias.

Magia do Sangue ira mostrar os seis amigos tentando descobrir uma forma de derrotar Cabhan de uma vez por todas, tendo ajuda de seus ancestrais, e revirando o passado do bruxo a fim de descobrirem possíveis fraquezas para derrotá-lo.
Branna e Fin, desta vez, são os protagonistas, que desde o começo possuem uma relação de amor e ódio, e que confesso ter tornado a história mais interessante de se acompanhar. Apesar de tudo, Fin sempre foi apaixonado por Branna mas por ele ser descendente de Cabhan elas não poderiam ter uma vida juntos, logo ele iria aproveitar todas as oportunidades que tivesse para provar seu amor e faria de tudo para derrotar o demônio para se unir a sua amada.

O livro, assim como os demais da trilogia, é narrado em terceira pessoa e acompanhamos Branna e Fin como os protagonistas deste volume. Apesar da história se manter num ritmo lento e bastante repetivivo, a autora amarrou bem as pontas que haviam ficado soltas nos volumes anteriores, fechando a história e seus ciclos de forma satisfatória. De forma geral, esperava bem mais da mitologia criada, pois a medida que os acontecimentos se desenrolam, percebi que não houve muito exploração e é como se tudo se resumisse em se envolverem e se apaixonarem, participarem de banquetes maravilhosos e salvarem o mundo, não necessariamente nesta ordem. E claro, não posso deixar de mencionar o enorme espaço dedicado às refeições fabulosas preparadas por Branna e toda aquela fartura sem fim que estão sempre presentes em meio ao enredo. Talvez as descrições desses jantares sirva mais pra ilustrar a união entre os personagens quando estão reunidos e compartilhando bons momentos, mas acho que, indo contra meus princípios taurinos, comida não é a base de tudo nessa vida e é possível ter momentos felizes fazendo outras coisas a fim de sair daquela rotina que, por ser tão repetitiva, acaba se tornando chata. Basta uma pontinha de aproximação que já podemos esperar uma mesa cheia de gostosuras.
Um dos pontos que gostei bastante foi que finalmente a verdadeira origem de Fin veio à tona e fui pega de surpresa por ser algo que estava lá o tempo todo mas não enxerguei.
Os feitiços e todos aqueles rituais são cantados em forma de rima e confesso que essa característica não me agradou.

Com relação a parte física, a capa deste volume é a mais bonita dentre os três, talvez devido as cores utilizadas que são mais alegres dando a impressão de que haverá um fim feliz. A Diagramação é simples, há ornamentos sob os numerais indicando os capítulos, as páginas são amarelas e a revisão, apesar de ter algumas falhas e erros ortográficos bem perceptíveis, superou um pouco a dos outros volumes. O problema maior aqui é que em alguns pontos pode haver confusão entre os personagens, não sendo fácil ou possível distinguir quem está falando.

Acho que o único problema da história é a forma como foi montada. É como se seguisse uma fórmula mantendo uma sequência de acontecimentos em todos os livros da trilogia sendo possível prever o que vem a seguir... A história começa com as lembranças pontuais dos filhos de Sorcha, depois os primos discutindo sobre as maneiras de Cabhan ser derrotado, comida, as questões amorosas e como vão se desenrolando para serem resolvidas, mais comida, a batalha e pronto.

De forma geral, a história de Branna e Fin era a que eu mais esperava, devido aos conflitos deles serem maiores, mais trágicos e mais interessantes do que os de Iona e Boyle (protagonistas de Bruxa da Noite), ou Meara e Connor (protagonistas de Feitiço das Sombras).
Posso dizer que a autora apresentou uma trama focada na importância da família unida e a lealdade às origens, e Finn luta contra a sua própria origem, mostrando que seu amor por Branna é maior e vai além do que qualquer influência que seu ancestral maligno poderia exercer sobre ele.

Apesar de não ser a melhor trilogia de fantasia que já acompanhei devido a falta de profundidade na mitologia escolhida, e pela enrolação da história que, às vezes, pode ser bastante irritante, é de se aproveitar pela mensagem de que absorvemos sobre a importância da família e da amizade em nossas vidas, e que a união realmente faz a força quando há cumplicidade, respeito e determinação para atingirmos nossos objetivos.

Feitiço da Sombra - Nora Roberts

11 de julho de 2020

Título: Feitiço da Sombra - Primos O'Dwyer #2
Autora: Nora Roberts
Editora: Arqueiro
Gênero: Fantasia/Romance
Ano: 2015
Páginas: 288
Nota:★★★☆☆
Sinopse: Connor O’Dwyer se orgulha de chamar o Condado de Mayo de seu lar. É lá que Branna, sua irmã, mora e trabalha e onde Iona, sua prima, encontrou o verdadeiro amor. Foi nessa terra que seus parentes e amigos formaram um círculo de proteção que nunca poderá ser rompido... Até que um beijo põe em risco a segurança de todos. Depois de um breve encontro com a morte, Connor e a melhor amiga de sua irmã se entregam um ao outro. Eles se dão bem desde a infância e, depois do tórrido encontro, o rapaz tem esperança de que esse relacionamento evolua. Para frustração dele, no entanto, Meara se contenta apenas com o prazer do momento, temendo se perder – e perder a amizade dele. Essa mudança em sua relação pode abalar o círculo e permitir que uma perigosa ameaça ressurja aos poucos, como uma névoa. Para detê-la, Connor precisará novamente da família e dos amigos para despertar a força e a fúria que correm em seu sangue. Quem sabe pela última vez.

Resenha: Feitiço da Sombra é o segundo volume da trilogia Primos O'Dwyer, escrita por Nora Roberts e publicado pela Editora Arqueiro no Brasil.
A história se passa nos mesmos lugares e gira em torno das questões dos mesmos personagens, porém, cada livro é destinado a um casal principal formado por um dos primos. A resenha está livre de spoilers do livro anterior.

Assim como no primeiro livro, este começa sendo narrado no passado, quando os filhos de Sorcha - Brannaugh, Teagan e Eamon - estão prestes a decidir o rumo de suas vidas, escondendo ou assumindo de vez a magia que a mãe lhes deixou. No tempo presente, de volta ao Condado de Mayo, a história se desenrola ao mostrar Iona e Boyle, Connor e Meara, Branna e Fin. Todos formam um Círculo, preocupados em proteger a família, a amizade e o amor que nutrem um pelo outro travando uma luta contra Cabhan, que quer destruir todos eles.

Em Bruxa da Noite, o livro anterior, quem teve espaço foi Iona e seu relacionamento com Boyle. Neste volume, Connor O’Dwyer é o personagem que ganha foco, assim como Meara, amiga de infância dele e da irmã Branna.
Em meio ao perigo que enfrentam, Connor e Meara resolvem se entregar um ao outro, se rendendo a uma atração que já existia há muito tempo, mas ela não acredita mais no amor devido ao trauma pelo próprio pai ter abandonado a família. Meara só deseja aproveitar o momento sem que nada se torne sério e resiste a começar algo com Connor que, acostumado a sempre conseguir o que quer, deseja que o sentimento seja correspondido e tem esperanças de que eles engatem um relacionamento.
O problema é que Cabhan não foi derrotado como imaginavam e ainda quer destruir suas vidas, e sua brecha é a ideia do Círculo abalado pela fragilidade do relacionamento de Connor e Meara devido à resistência da moça...

Narrado em terceira pessoa, acompanhamos uma história cuja força está no Círculo. O tema da trilogia é mais voltado para a família e a forma como a união e o amor rege a vida de cada um dos envolvidos.
Apesar de o livro estar com uma revisão um pouco mal feita, a narrativa se desenvolve de forma fácil, fluida e lírica, mas em alguns diálogos houve algumas transições entre personagens de forma que eu mal sabia quem era quem. Todos têm o costume de falar do mesmo jeito e não têm particularidades nesse quesito que pudessem diferenciar um do outro, me confundindo em alguns trechos.
A história acaba sendo previsível pelo fato de girar em torno da mesma coisa e não ter grandes mudanças, ação ou reviravoltas. O enredo se desenvolve de forma repetida, e por esse motivo não surpreende, mesmo que os elementos mágicos estejam presentes.

Connor é aquele tipo de personagem que tem "experiência" quando o assunto é mulher, mas nem por isso é visto como alguém que arrasa e parte corações por onde passa. Ele parece ser o personagem mais focado entre os primos, sempre seguindo em frente com o pé no chão e sem descansar enquanto não atinge seus objetivos. Mas em alguns momentos ele age por impulso e se mete em problemas que não deveria, o que acaba tirando a paciência de qualquer um.
Meara é forte e determinada, tem problemas de confiança, mas ainda assim não se deixa abalar por coisas pequenas. O que ela não quer é se envolver amorosamente para evitar uma decepção maior, e pra mim foi um motivo compreensível.

Os personagens de forma geral, incluindo principais e secundários, são essenciais para o desenrolar da história e possuem um vínculo tão intenso, independente de seus propósitos, personalidades ou compreensão, que passam a mensagem de que o que realmente importa nessa vida é a amizade verdadeira, a família unida e o amor, e que tudo isso junto pode superar qualquer obstáculo. A relação deles foi construída de uma forma bastante real, apresentando características simples de um convívio social rotineiro do dia a dia que acabam sendo a melhor parte da história.

Achei que o nome do livro foi bastante adequado visto que se trata do feitiço utilizado por Cabhan para perseguir os O'Dwyer, além de que a autora ainda se aprofundou no feitiço que possibilita que os personagens façam viagens no tempo cruzando passado e presente de forma que haja interação com os filhos de Sorcha.
Acho que para que a história de Iona iniciada no primeiro livro não ficasse completamente esquecida, podemos acompanhar algumas poucas cenas dela e Boyle. O romance não é trabalhado e tampouco ganha espaço. Somente a ideia de que eles estão prestes a se casar se faz presente. E, por não ter curtido muito o romance deles, não me importei que isso tenha ficado pra escanteio nesse volume.
O livro, apesar de não ter superado totalmente minhas expectativas, teve um bom aprofundamento ao trabalhar a história dos personagens, dando mais espaço ao relacionamento e sem deixar a luta contra o mal em segundo plano.

A ideia do amor e da amizade ligada a laços familiares fortes e inquebráveis, e ainda tendo a Irlanda como pano de fundo, é algo encantador e com certeza vai chamar atenção de todos que apreciam uma leitura rica em detalhes e que explora o universo mágico de forma convincente.

Bruxa da Noite - Nora Roberts

9 de julho de 2020

Título: Bruxa da Noite - Primos O'Dwyer #1
Autora: Nora Roberts
Editora: Arqueiro
Gênero: Fantasia/Romance
Ano: 2015
Páginas: 320
Nota:★★★★☆
Sinopse: Com pais indiferentes, Iona Sheehan cresceu ansiando por carinho e aceitação. Com a avó materna, descobriu onde encontrar as duas coisas: numa terra de florestas exuberantes, lagos deslumbrantes e lendas centenárias – a Irlanda.
Mais precisamente no Condado de Mayo, onde o sangue e a magia de seus ancestrais atravessam gerações – e onde seu destino a espera.
Iona chega à Irlanda sem nada além das orientações da avó, um otimismo sem fim e um talento inato para lidar com cavalos. Perto do encantador castelo onde ficará hospedada por uma semana, encontra a casa de seus primos Branna e Connor O’Dwyer, que a recebem de braços abertos em sua vida e em seu lar.
Quando arruma emprego nos estábulos locais, Iona conhece o dono do lugar, Boyle McGrath. Uma mistura de caubói, pirata e cavaleiro tribal, ele reúne três de suas maiores fantasias num único pacote.
Iona logo percebe que ali pode construir seu lar e ter a vida que sempre quis, mesmo que isso implique se apaixonar perdidamente pelo chefe. Mas as coisas não são tão perfeitas quanto parecem. Um antigo demônio que há muitos séculos ronda a família de Iona precisa ser derrotado.
Agora parentes e amigos vão brigar uns com os outros – e uns pelos outros – para manter viva a chama da esperança e do amor.

Resenha: Bruxa da Noite é o primeiro volume da trilogia Primos O'Dwyer, escrita pela autora Nora Roberts e publicado no Brasil pela Editora Arqueiro.
A história começa num inverno intenso, tomado por chuvas e nevoeiros, no ano de 1263 na Irlanda. Sorcha, mais conhecida como Bruxa da Noite devido aos seus enormes poderes, além de respeitada e ter alguns privilégios por ser esposa de Daithi, o cennfine (chefe do clã), leva uma vida cheia de amor com os três filhos pequenos - Brannaugh, Teagan e Eamon - enquanto seu marido, que estava lutando na guerra, era aguardado com bastante ansiedade quando a primavera chegasse.
Com o passar das semanas, Sorcha e os filhos são perseguidos por Cabhan, um demônio maligno e ambicioso, sedento por poder. A fim de acabar com esse mal, Sorcha trava uma luta com Cabhan, divide seu enorme poder entre os filhos, poder este que passaria para seus descendentes através das gerações, e se sacrifica acreditando que libertaria seus entes queridos do perigo, mas o mal resistiu e, na floresta, iria aguardar pacientemente o momento certo para voltar...

Setecentos e cinquenta anos se passaram desde o sacrifício de Sorcha, o ano é 2013, e Iona Sheenan entra em cena. Ela cresceu nos EUA, carente e procurando aceitação dos pais indiferentes. Recebendo atenção da avó e ouvindo dela histórias fantásticas envolvendo seus ancestrais, Iona descobre onde, enfim, poderia encontrar o que tanto desejava na vida. Então, ela decide deixar tudo para trás partindo para a Irlanda, no Condado de Mayo, com intuito de descobrir sobre suas raízes. Lá ela é recebida de braços abertos pelos primos Connor e Branna O'Dwyer e, por ter um talento nato para lidar com cavalos, Iona consegue um emprego no estábulo. Ao conhecer seu chefe, Boyle McGrath, percebe que encontrou a vida que sempre quis naquele lugar mágico e encantador.
Tudo parecia perfeito, mas o que ela não esperava era descobrir que seus primos, e agora ela também, seriam alvos de Cabhan, que anseia pelos poderes herdados de Sorcha que eles possuem, além da sede por vingança que ele tem...
Resta aos primos Iona, Branna e Connor se unirem para derrotarem esse mal de forma definitiva para, enfim, viverem felizes e manterem a chama do amor da família sempre acesa.

Eu ainda não tinha lido nenhum livro de Nora Roberts pra poder fazer comparações. A opção por essa leitura se deu devido ao tema fantástico envolvendo bruxas, magia e com o pano de fundo maravilhoso, convidativo e mágico que é a Irlanda. Isso bastou pra chamar minha atenção e posso afirmar que a autora tem uma escrita única e envolvente e criou personagens bem definidos, além de utilizar de uma mitologia convincente e madura que envolve elementos da natureza e animais que possuem ligação com seus donos e funcionam como uma extensão deles.

A narrativa é feita em terceira pessoa focando no ponto de vista de Iona. Apesar da carência inicial, ela é uma personagem doce e inteligente, mas bem imatura. Boyle já faz o estilo forte e misterioso. Quando Iona decide controlar os poderes que tem, a medida que ela aprende e convive com os primos e os amigos, ela também amadurece e cresce como personagem.
Aparentemente a única coisa que Iona e Boyle têm em comum são o amor por cavalos, mas com o desenrolar da história eles se envolvem cada vez mais. Boyle não tinha intenção de se envolver emocionalmente com ninguém, mas Iona vem pra mudar isso. A ideia, ao que parece, é que eles tivessem uma química explosiva digna de estremecer o chão, mas o único problema é que não consegui sentir química alguma e os dois, como casal, me soaram um tanto vazios, pelo menos até Iona perceber que havia, sim, um sentimento intenso e incondicional por parte de Boyle. O relacionamento, então, é desenvolvido gradualmente até que se torne sólido o bastante pra ser considerado interessante.
A caracterização dos personagens foi o que mais me agradou e os que mais gostei foram Fin e Meara, com quem ela cultiva uma amizade. Fin inclusive é descendente de Cabhan e ele mantém um relacionamento de amor e ódio com Branna, o que torna a história bem mais interessante. A autora já os colocou num caminho e trabalhou as mágoas, ressentimentos e problemas de confiança que eles têm e espero por um livro que se aprofunde melhor no relacionamento dos dois.
Um fator interessante e original sobre a história é que os primos são reconhecidos pelas pessoas como sendo bruxos devido a história de Sorcha, então eles não se mantém no anonimato precisando guardar segredo de suas origens.
Os personagens, como um todo, foram muito bem construídos e todos têm personalidades distintas. O temperamento de alguns dão até mesmo um toque engraçado à história.

O que não funcionou pra mim foi a falta de um aprofundamento maior sobre a história de Iona, pois ela fica constantemente choramingando sobre sua carência e falta de amor mas a autora não expõe nada sobre isso, o que passou com os pais e o que fizeram pra ela se sentir tão sozinha.
Um ponto que, pra mim, foi super desnecessário foi a insistência em falar sobre comida. Os personagens estão sempre comendo e bebendo e evidenciar isso em mais da metade do livro foi algo cansativo e inútil.
Senti falta de uma verdadeira ameaça, e por mais que o leitor saiba que há um perigo que permeia a história, não houve tensão suficiente pra criar um clímax e nada me tirou o fôlego.
O final não fez muito sentido pra mim e me deixou pensando que, ou há um furo enorme, ou eu deixei passar sem ter a menor ideia do que os personagens planejaram para tentar destruir Cabhan.
Os dois primeiros capítulos, que funcionam como a introdução contando como tudo começou, tiveram mais destaque e foram muito mais empolgantes e emocionantes pra mim. Meu erro foi me basear neles ao criar expectativas maiores para o restante da história. Não que ela seja ruim, muito pelo contrário, só esperei por uma coisa quando na verdade me deparei com outra.

Sobre a parte impressa e o trabalho gráfico, a capa é muito bonita e manteve a arte da obra original que remete a todo um mistério. O nome da autora e a moldura que envolve o título possuem aplicações em verniz pra se destacar do fundo fosco. A diagramação é simples, as páginas são amarelas, a fonte tem um tamanho agradável e não encontrei erros de revisão. Os capítulos são numerados com um ornamento inferior como detalhe.

No mais, pra quem procura por um livro que traga uma história com uma escrita envolvente e sólida sobre bruxas, família, amizade e um grande amor, Bruxa da Noite é uma boa pedida.

Na Telinha - Dois Irmãos: Uma Jornada Fantástica

18 de abril de 2020

Título: Dois Irmãos - Uma Jornada Fantástica (Onward)
Elenco: Tom Holland, Chris Pratt, Julia Louis-Dreyfus, Cctavia Spencer
Gênero: Fantasia/Animação
Ano: 2020
Duração: 1h 42min
Classificação: Livre
Nota:★★★★☆
Sinopse: No enredo de Dois Irmãos - Uma Jornada Fantástica, em um local onde as coisas fantásticas parecem ficar cada vez mais distantes de tudo, dois irmãos elfos adolescentes embarcam em uma extraordinária jornada para tentar redescobrir a magia do mundo ao seu redor.

No passado, a magia fazia parte da vida de seres fantásticos como elfos, unicórnios, magos, sátiros, centauros, fadas, ciclopes, sereias e afins, que coexistiam em plena harmonia. Quem tinha o dom, usava a magia para ajudar o próximo e resolver vários problemas, porém, pelo esforço que era exigido e por ser um dom para poucos, algumas criaturas não conseguiam fazer os feitiços direito e passaram a buscar alternativas para facilitar o cotidiano. A eletricidade, então, foi descoberta, e, a partir dela, as novas tecnologias também. Pra que se esforçar com a magia para criar fogo, se uma lâmpada ilumina um ambiente? Pra que fazer uma fogueira pra cozinhar, se é possível usar um fogão? Pra que uma espécie vai se cansar usando as próprias asas pra voar, se existe o avião? E a partir daí, com o passar dos anos, a sociedade evoluiu, e a magia ficou esquecida no passado.



Conhecemos, então, Barley e Ian Lightfoot, dois irmãos adolescentes que moram com a mãe em New Mushroomton, e são bem diferentes entre si. Enquanto Barley, o mais velho, é mais descolado e interessado em saber tudo sobre a magia do passado, Ian é tímido e reservado, e cresceu bastante sentido pela ausência do pai que ele nunca conheceu, já que ele morreu pouco antes dele nascer. Agora, em seu aniversário de dezesseis anos, Ian recebe um cajado misterioso deixado pelo pai para que só fosse entregue a ele e ao irmão nessa data, com instruções sobre um feitiço poderoso que o traria de volta por um dia inteiro, por uma única vez. Quando Ian tenta conjurar o feitiço, as coisas não saem conforme planejado, e só a metade do pai é trazida de volta. Agora, Ian e Barley partem numa aventura, em companhia das pernas do pai e de Guinevere, (nome da van temperamental de Barley) em busca de uma outra joia mágica para refazerem o feitiço e trazer o resto do corpo de volta. Mas o tempo está passando, e as chances deles verem o pai pela última vez está chegando ao fim...



A Disney/Pixar sempre acerta nos temas escolhidos para as suas animações, assim como a ambientação das mesmas, e com Dois Irmãos, apesar do impacto não ser do tipo inesquecível como alguns longas que o antecederam, não é diferente. O visual da animação, como sempre, é de encher os olhos, e se repararmos bem, até as características físicas dos personagens lembram bem seus dubladores originais (Tom Holland e Chris Pratt), que fizeram um trabalho de voz incrível. Tudo é muito colorido e iluminado, reforçando ainda mais o conceito de fantasia. A forma de conjurar os feitiços lembra um tanto o universo de Harry Potter, e talvez esse ponto poderia ser um tantinho diferente pra não deixar aquela impressão de que já vimos algo parecido em outro lugar...

Ian é um garoto bem recluso que tem dificuldade em se socializar com os outros, logo ele não é nada popular entre os estudantes da escola onde estuda e é como se nem existisse direito. Ele sempre faz listas de pequenas coisas que ele quer fazer, incluindo ser igual ao pai que ele nunca teve oportunidade de conviver, mas acaba desistindo de tudo por se embaraçar em alguma situação, por vergonha, por medo de se arriscar, por não conseguir se impor, ou por se sentir incapaz, e a jornada com seu irmão acaba sendo um grande impulso para que ele consiga enxergar que ele precisava se libertar do que andava o "prendendo" nessa condição.



Barley já é o oposto. Ele é sempre muito otimista e faz o tipo engraçadão por seus exageros, dirigindo feito um maníaco chamando atenção pra si como se não tivesse muita noção das coisas e tudo mais, o que deixa Ian morto de vergonha, mas no fundo Barley tem sentimentos intensos e é bem mais inteligente e maduro do que aparenta. Assim, o alívio cômico acaba recaindo sobre as pernas ambulantes do pai, que, ao usar um complemento com roupas, acessórios e enchimentos para simular um corpo, acaba criando confusões hilárias e que realmente arranca algumas gargalhadas na gente, além de indiretamente, ser o motivo para que os filhos, juntos, se conheçam melhor e fortaleçam esse relacionamento cheio de desentendimentos, mas acima de tudo, fraternal.



Dessa forma, a animação não aborda somente a aventura vivida pelos personagens que estão em busca de alguma coisa grandiosa e importante. É na jornada que suas emoções, crenças, o resgate pela magia antiga, o amadurecimento e a autodescoberta sobre quem são e o quê, de fato, devem valorizar na vida, começam a ser exploradas mostrando que o relacionamento e a ligação entre os dois irmãos vão muito além do que eles imaginavam, e o desfecho acaba sendo muito bonito e carregado de emoção.

Onward, o título original em inglês, quer dizer "adiante", e a jornada de Ian e Barley, em meio a esse universo cheio de referências incríveis de RPG, deixa bem evidente que, apesar da falta que o pai faz e o que a ausência dele representa, é preciso seguir em frente e dar valor a quem sempre esteve e sempre estará ao seu lado, em vez de se prender ao passado.

Harry Potter e o Cálice de Fogo - J.K. Rowling

18 de março de 2020

Título: Harry Potter e o Cálice de Fogo - Harry Potter #4
Autora: J.K. Rowling
Ilustrações: Jim Kay
Editora: Rocco
Gênero: Fantasia/Infanto juvenil
Ano: 2019
Páginas: 464
Nota:★★★★★
Sinopse: Verão, Harry Potter, agora com 14 anos, sente sua cicatriz arder durante um sonho bastante real com Lord Voldemort, o qual não consegue esquecer; três dias depois, já em companhia da família Weasley, com quem foi passar o restante das férias, na final da Copa Mundial de Quadribol, os Comensais da Morte, seguidores de Você-Sabe-Quem, reaparecem e alguém conjura a Marca Negra – o sinal de Lord Voldemort – projetando-a no céu pela primeira vez em 13 anos, causando pânico na comunidade mágica. Será que o terrível bruxo está voltando? Tudo indica que sim...


Resenha: Antes de voltar para Hogwarts, em seu quarto ano na escola, Harry, que agora está com quatorze anos, tem a chance de assistir a um jogo profissional entre Irlanda e Bulgária, na Copa Mundial de Quadribol. O que ninguém esperava era que o acampamento bruxo montado em volta do estádio fosse atacado por Comensais da Morte, nome dado aos seguidores do Lorde das Trevas. Quando a chamada "marca negra", é conjurada no céu de forma misteriosa, todos começam a temer a volta daquele-que-não-deve-ser-nomeado.
Como se isso já não fosse o bastante para preocupar a todos, o ano letivo já começa num clima bastante agitado. Olho-Tonto Moody, um auror que lutou contra bruxos das trevas no passado e se aposentou, foi convidado por Dumbledore a ser o novo professor de Defesa Contra as Artes das Trevas, e os métodos dele são bastante peculiares.

Este ano, além do grande Baile de Inverno, Hogwarts vai sediar o Torneio Tribruxo, uma competição amistosa entre as três maiores escolas de bruxaria da Europa, e com isso vai receber Beauxbatons e Durmstrang. Pelas tarefas serem bastante perigosas, somente alunos com pelo menos dezessete anos podem se inscrever depositando seus nomes no Cálice de Fogo para tentarem concorrer a uma vaga de campeão e, assim, poderem competir no evento afim de demonstrarem suas habilidades adquiridas durante os anos de estudo, a coragem e suas capacidades de enfrentar o perigo.

Porém, de alguma forma inexplicável, Harry é escolhido pelo Cálice e se torna o quarto campeão que vai competir no Torneio Tribruxo junto com Cedrico Diggory, o primeiro campeão selecionado de Hogwarts; Fleur Delacour, campeã de Beauxbatons; e Viktor Krum, que além de ser o campeão de Durmstrang, também é o famoso apanhador do time profissional de Quadribol da Bulgária (de quem Rony é um grande fã). Assim, ele tem permissão para participar do torneio com intuito de descobrirem quem foi o responsável por inscrevê-lo e porquê. Será que Lorde Voldemort está por trás disso?

Diferente dos três volumes anteriores, este já começa com o primeiro capítulo dedicado a contar um pouco mais da família Riddle e alguns mistérios que cercam a morte deles, levando o leitor a um senhor, que, na época, foi o principal suspeito das mortes, mas ainda assim permaneceu como o fiel caseiro da família. Cinquenta anos depois, quando o velho percebeu uma movimentação estranha na casa, ele vai averiguar, vê um homem cuidando de uma criatura pavorosa, dona de uma cobra gigantesca, e acaba morto. Somente após essa cena trágica, vamos à casa dos Dursley, onde Harry continua levando aquela vida miserável com os tios, com a diferença que agora ele se aproveita da ideia de Sirius Black, seu padrinho "criminoso" que fugiu da prisão de Azkaban, possa fazer alguma coisa caso descubra que o afilhado está sendo maltratado, basta que o menino mande uma coruja pra lhe contar, o que rende alguns momentos bem engraçados com tio Válter apavorado de tanto medo de confrontar alguém dessa "laia". Os Weasley vão buscá-lo e todos partem rumo à Toca.

Narrado em terceira pessoa, é impossível não se empolgar com a leitura, com os detalhes desse universo mágico e fantástico e com o bom humor que a autora insere na história. Confesso que algumas passagens descrevendo detalhes de partidas de quadribol são bem extensas, um tanto cansativas e não acrescentam muito à trama de uma forma geral, a não ser reforçar a paixão dos bruxos por esse esporte e o quanto ele é importante em suas vidas, assim como o futebol, por exemplo, é para os trouxas.

Alguns pontos a serem destacados e que não podem ser vistos no filme (que foi bastante modificado pra adaptar o livro), é a presença de novos personagens que são bastante importantes pro desenvolvimento da história, como Winky, uma elfo-doméstico que é expulsa da família a quem serve (para sua completa desgraça) e vai trabalhar em Hogwarts, e o retorno de Dobby (a vergonha dos elfos por ter sido libertado e absurdamente exigir pagamento por seus serviços), o que acaba gerando a revolta de Hermione em ver o quanto essas criaturas são "exploradas" de forma injusta (na visão dela) a ponto de ela criar uma associação em prol dos direitos e da liberdade dos elfos-domésticos, o F.A.L.E., e sair militando exaustivamente por aí, tentando convencer os bruxos dessa nobre causa enquanto os próprios elfos, horrorizados com a decisão dela, só querem viver suas vidas servindo felizes e satisfeitos aos seus senhores da melhor forma possível.
Outros personagens também movimentam a história e prometem algo mais pro futuro, como a jornalista sensacionalista Rita Skeeter, Madame Maxime, diretora de Beauxbatons, e a abordagem de várias criaturas mágicas e novos feitiços que enriquecem ainda mais esse universo.

Assim, em meio a tantos desafios no torneio e na escola, tanta coisa nova pra se aprender, e diante dos conflitos internos que todo adolescente tem, este volume mostra o início do amadurecimento do garoto e também marca uma nova e terrível realidade para o mundo bruxo. Daqui pra frente, as coisas vão ficar bem mais pesadas e perigosas do que já estavam, não só para Harry e seus amigos, mas para toda a comunidade bruxa.


Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban - J.K. Rowling

9 de março de 2020

Título: Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban - Harry Potter #3
Autora: J.K. Rowling
Ilustrações: Jim Kay
Editora: Rocco
Gênero: Fantasia/Infanto juvenil
Ano: 2018
Páginas: 336
Nota:★★★★★
Sinopse: Durante 12 anos o forte de Azkaban guardou o prisioneiro Sirius Black, acusado de matar 13 pessoas e ser o principal ajudante de Voldemort, o Senhor das Trevas. Agora ele conseguiu escapar, deixando apenas uma pista: seu destino é a escola de Hogwarts, em busca de Harry Potter. Neste livro o leitor estará mais uma vez mergulhando no mundo mágico de Hogwarts e participando de aventuras repletas de imaginação, humor e emoção, que repetem o encantamento proporcionado pelos livros anteriores dessa maravilhosa série de J. K. Rowling.


Resenha: Depois de aturar a irmã do tio Válter, tia Guida, que ficara hospedada por uma longa e eterna semana na casa dos Dursley, Harry se desentende com a intragável mulher por ela não parar de falar abobrinhas para humilhar o garoto, a transforma num balão que sai voando pelos céus de Londres afora, e foge de casa no meio da noite. No meio do caminho ele se depara com um enorme cão preto que parecia vigiá-lo, mas acaba sendo salvo pelo Nôitibus Andante, um transporte bastante peculiar que resgata bruxos que se encontram em casos de emergência. Harry vai para o Caldeirão Furado, no Beco Diagonal, e fica por lá até que as aulas comecem. Ao tomar o Expresso de Hogwarts, Harry, Rony e Hermione se deparam com uma das criaturas mais malignas que habitam no mundo, os Dementadores, seres sombrios que se alimentam da felicidade das pessoas e guardam a Prisão de Azkaban.


Os Dementadores estavam vasculhando o expresso em busca do notório assassino e partidário do Lorde das Trevas, que fugiu da prisão, Sirius Black. Os rumores contam que Sirius, além de ter sido acusado de matar treze pessoas e ter destruído um bruxo de nome Pedro Pettigrew, e que a única coisa que sobrou do coitado foi um único dedinho encontrado, foi o maior responsável pela morte de Lílian e Tiago Potter, os pais de Harry, quando ele os traiu e os entregou a Lord Voldemort. E agora, com sua fuga de Azkaban, ele iria atrás de Harry para, enfim, terminar o serviço.


Agora, em seu terceiro ano em Hogwarts, Harry vai lidar com os novos desafios e matérias da escola, vai ter Hagrid como o novo professor de Trato das Criaturas Mágicas, a excêntrica Sibila Trelawney como a professora de Adivinhação, o misterioso Remo Lupin como o novo professor de Defesa Contra as Artes das Trevas (nenhum professor dura mais de um ano nesse cargo amaldiçoado), e ainda vai precisar se proteger da suposta ameaça que corre ao ser caçado por Sirius.
Quando Harry ganha o curioso Mapa do Maroto dos gêmeos Weasley para poder ver não só todas as passagens secretas da escola, mas também o local onde estão e o que todos na escola estão fazendo para escapar de Hogwarts e visitar o povoado bruxo de Hogsmead com sua capa da invisibilidade, ele percebe que o nome de Pedro aparece no mapa. Mas como poderia se ele foi morto? Será que o mapa mágico está com algum defeito? Ou será que há muito mais coisas escondidas por trás da história de Sirius que ninguém ainda não sabe? E o que significa esse cão, chamado de Sinistro, que parece estar sempre a espreita?


Esse volume é um dos melhores da série, seja por ter muito mais toques de bom humor, por trazer mais elementos desse universo mágico que se expandiu pra fora da escola, quanto pela introdução de Sirius Black e a importância que ele traz pra série de uma forma geral, assim como Lupin com suas frases inteligentes e de efeito (só não tanto quanto as de Dumbledore) e tudo o que ele tem a ensinar a Harry e as crianças.
Com treze anos, Harry já é um adolescente, e mesmo que tenha preocupações em aprender as matérias da escola, e agora que pensa estar correndo risco de vida, ele também começa a se interessar por garotas, mostrando que ele também tem características e comportamentos comuns de garotos dessa idade.
Rony continua engraçado e meio sonso, e está bem preocupado com Perebas, seu rato de estimação que anda se comportando de forma estranha ultimamente, principalmente agora que Hermione arrumou um novo bicho de estimação, Bichento, um gato amarelo de focinho achatado que não deixa o rato em paz e é muito inteligente.


Hermione, estudante voraz, de alguma forma misteriosa anda frequentando todas as aulas para não perder nenhum tipo de conteúdo e aprender tudo sobre esse universo, mas o que ninguém sabe é como ela pode estar em mais de uma aula ao mesmo tempo. Ela continua afiada com toda sua inteligência e lógica, e sempre age com a razão, alertando e repreendendo Harry mesmo que isso o contradiga e faça com que os meninos passem a ignorá-la deixando-a arrasada. Ela inclusive perde a paciência com a professora de Adivinhação, pois pra ela, tudo que Sibila diz não passa de falácia e charlatanismo, mas no final descobrimos que, por mais que ela seja exagerada em suas falas e pareça mesmo uma fraude, ela tem grande importância na história de vida do próprio Harry.
Agora que Hagrid se tornou professor de Hogwarts, ele, com todo o seu amor pelas criaturas mágicas, quer impressionar os alunos e mostrar a beleza desses bichos, e aí é que entra o hipogrifo Bicuço, que também tem uma grande participação e importância na trama.


O professor Lupin foi considerado o melhor professor de Defesa Contra as Artes das Trevas, seja pela sua forma de ensino divertida quanto por ele mesmo ser um homem inteligente, legal e bastante compreensivo, o problema é que ele parece guardar um segredo, de vez em quando se ausenta e ninguém sabe pra onde ele vai, o que acaba sendo visto com desconfiança pelo trio de amigos. Através de Lupin, Harry consegue entender o que são e o que realmente fazem os Dementadores, descobre porque ele é mais afetado do que os outros na presença deles, e aprende um feitiço avançado chamado "Expecto Patronun", que conjura um Patrono para combater essas criaturas. Cada bruxo tem um Patrono representado por um animal que tem algum tipo de ligação com sua personalidade ou experiência de vida. É um feitiço bastante avançado pra idade de Harry, mas Lupin acredita no potencial do garoto.

Um dos pontos mais interessantes do livro é a ideia de que a autora, enquanto o escrevia, passava por uma época bastante pesada em que sofria de depressão, e os Dementadores foram criados baseados nessa condição. Uma criatura que suga a felicidade das pessoas até que ela definhe por completo, trazendo suas piores lembranças à tona e fazendo com que a pessoa perca a vontade de viver. Logo a forma de combater os dementadores com Patrono, que deve ser conjurado através de uma lembrança feliz, não foi por acaso. Até na pior situação, J.K. consegue ser genial, é incrível.


O quadribol também é bastante explorado, mostrando o quanto esse esporte é importante para Harry e a equipe da Grifinória.
Talvez esse seja o livro cuja adaptação cinematográfica foi a que mais "sofreu", pois são tantas coisas que ficaram de fora e/ou foram modificadas e resumidas para contar a história, que chega a dar desgosto. Uma das coisas que senti falta foi Sir Cadogan, um cavaleiro de armadura, baixinho e invocado que perambula pelos quadros mágicos da escola e que usa de um vocabulário "rebuscado" e hilário para tratar os garotos, brandindo sua espada para enfrentá-los, chamando-os de "patifes", "cães desprezíveis", "vilões" e coisas do tipo. Quando ele precisa substituir a Mulher Gorda, as cenas são impagáveis, pois ele vive dificultando a vida dos alunos.

A edição ilustrada e em capa dura dispensa maiores comentários. Pra quem é fã, é artigo essencial na coleção. Não digo que a revisão é perfeita, porque é comum encontrarmos um monte de erros, mas a história é tão boa e prende tanto que supera esse detalhe.


Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban traz muitas informações novas sobre o mundo bruxo, sobre Hogwarts, sobre o passado de Harry e sobre o passado de Tiago Potter e sua turma enquanto eles eram estudantes da escola. Mesmo que as descobertas de Harry e os acontecimentos envolvendo Sirius representam algo muito maior, fica evidente que Lord Voldemort está conseguindo retornar e que as coisas tendem a ficar bem mais perigosas a partir daqui.