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Novidades de Abril - Cia das Letras/Seguinte

5 de abril de 2014

Cia das Letras
O Caminho de Ida - Ricardo Piglia
Estados Unidos, década de 1990. Emilio Renzi, o alter ego de Ricardo Piglia — presente em livros como Respiração artificial e Alvo noturno —, desembarca no campus de uma prestigiosa universidade americana da Costa Leste para ministrar um seminário sobre W. H. Hudson, o escritor de língua inglesa que morou na Argentina no século XIX e que se deixou marcar pela vida e pela paisagem daquele país em seus anos de formação. Renzi está a convite de Ida Brown, a brilhante, enérgica, sedutora e polêmica diretora do departamento. Incidentes aparentemente inexplicáveis e movimentos estranhos culminam na trágica morte da professora em um acidente. O corpo de Ida aparece com a mão queimada, e isso parece ter algum tipo de conexão com uma série palpitante de atentados contra figuras de proa do mundo acadêmico norte-americano. Quando se descobre que o autor dos atentados é Thomas Munk, o assombro é geral: brilhante matemático que acabou se afastando da carreira e do próprio mundo contemporâneo, Munk é autor de um manifesto de cunho regressivo, um texto radical intitulado “Manifesto sobre o capitalismo tecnológico”. Renzi procura então, numa típica busca detetivesca e psicológica digna dos melhores momentos de Ricardo Piglia, reconstruir o passado de Munk e viaja à Califórnia para entrevistá-lo na prisão. Parece intuir que a narrativa sobre o destino de Ida está em jogo e que nada voltará a ser como antes. Essa história de violência e utopia regressiva é entremeada por momentos do melhor Piglia, aqueles em que ele desempenha o papel de dublê de ficcionista e comentarista cultural. Seu olhar para coisas como a TV, a sociedade americana, as relações entre culturas distintas e a própria literatura reluz ao longo da narrativa de O caminho de Ida. Como em Respiração artificial, e de resto em praticamente toda sua obra, há sempre uma história debaixo de outra história. Um mistério na vida cotidiana encerra uma narrativa paralela, secundária, subterrânea; assim também na grande narrativa (nacional, política): há outra história, muitas vezes fortuita e caprichosa, que encerra outro mistério ainda mais significativo do que aquele fato que parecia tão evidente a preencher os livros e manuais escolares. A conspiração é o cerne de toda narrativa, parece acreditar o autor. É a própria narrativa. E a política e a violência nos Estados Unidos, suas conspirações grandes e pequenas estão brilhantemente expostas — numa narrativa que corre de forma quase hipnótica — nas páginas de “O Caminho de Ida”.

Eu Sou Proibida - Anouk Markovits
Na Transilvânia, em 1939, o pequeno Josef Liechtenstein presencia o assassinato de sua família pela Guarda de Ferro Romena e é salvo por uma empregada gentia, que o cria como se fosse seu filho. Passados mais cinco anos, Josef salva Mila quando os pais da menina são mortos, e a ajuda a chegar à casa de Zalman Stern, um líder da comunidade Satmar que a partir de então a cria como irmã de sua filha mais velha, Atara. À medida que as duas amadurecem, a fé de Mila se intensifica, ao passo que sua irmã descobre um mundo de livros e aprendizagem que não consegue ignorar. Com a ascensão do comunismo na Europa Central, a família muda-se para Paris, onde Zalman tenta criar seus filhos, mantendo-os reclusos da cidade. As escolhas acabam levando as irmãs para caminhos opostos. Partindo da zona rural da Europa Central pouco antes da Segunda Guerra, passando por Paris e chegando a Williamsburg, no Brooklyn dos dias de hoje, Eu sou proibida dá vida a quatro gerações de uma família chassídica. Uma trama aliciante e arrebatadora que revela o que acontece quando amor resoluto, fé inquebrantável e séculos de tradição entram em conflito.

Guerras Sujas - O Mundo é Um Campo de Batalha - Jeremy Scahill
Nesta história pouco convencional da Guerra ao Terror, o jornalista Jeremy Scahill busca o novo paradigma da política externa norte-americana: a luta longe dos campos de batalha declarados, por unidades que oficialmente não existem, em milhares de operações para as quais não há dados oficiais. Conduzindo o leitor por uma viagem vertiginosa do Afeganistão ao Paquistão, de Washington ao Iêmen e à Somália, do Reino Unido ao Iraque, na tentativa de entrevistar agentes secretos, mercenários, líderes de organizações terroristas e parentes de vítimas, Scahill revela vidas por trás das sombras e uma nova visão da guerra contemporânea a partir de histórias que um olhar desatento julgaria desconexas. Entrelaçando relatos que abrangem desde os primeiros dias do governo Bush até o segundo mandato de Obama, o autor nos apresenta os homens que comandam as operações mais secretas das forças armadas americanas e da CIA, histórias de participantes que passaram a vida incógnitos, alguns dos quais contribuíram com o livro sob a condição de não ter sua identidade revelada. O mundo sabe que a Equipe 6 dos Sea, Air, Land Teams (SEALS) e o Comando Conjunto de Operações Especiais (Joint Special Operations Command, JSOC) foram as unidades que mataram Osama bin Laden. Este livro revelará missões até agora desconhecidas dessas mesmas forças, que nunca serão discutidas por políticos norte-americanos nem imortalizadas em filmes de Hollywood. 

O Inventário das Coisas Ausentes - Carola Saavedra
Como começa o amor? À primeira vista, num encontro casual, depois de anos de convivência? Qual é a distância entre dizer “eu te amo” e amar alguém? O que resta quando o tempo passa, as pessoas mudam e o amor acaba? Nina tem vinte e três anos quando ela e o narrador se conhecem na faculdade. Os dois têm um envolvimento amoroso, mas certo dia ela desaparece sem deixar notícias. A partir da reconstrução ficcional dos diários deixados por Nina, o narrador conta a história de seus antepassados e assim vai delineando seus contornos, numa tentativa de recriar a mulher amada. Mas como falar do outro sem falar de si? E como falar de si quando a sua própria vida é marcada pelo abandono, pelo impalpável? Essas são algumas das questões que O inventário das coisas ausentes lança ao leitor e à sua própria estrutura narrativa. Com uma abundância de tramas paralelas que por vezes se entrelaçam e por vezes seguem independentes, o mais recente romance de Carola Saavedra investiga o fazer literário, a memória, o amor e as marcas deixadas pela ausência do outro. 

Garoto Zigue-Zague - David Grossman
A temática da infância é cara a David Grossman, que escreveu livros como Ver: amor e Duelo. Garoto zigue-zague é um daqueles grandes romances que, embora tematizem a infância e sejam narrados pelo olhar de um personagem jovem, são capazes de conquistar qualquer leitor adulto. Pouco antes de completar treze anos e fazer seu bar mitzvah, Nonny Feierberg — mais conhecido como Nono — embarca em Jerusalém num trem para Haifa, onde deverá encontrar o tio. A princípio, a viagem parece um presente de grego planejado por seu pai, detetive e maior herói de Nono, e Gabi, secretária do Departamento de Investigações Especiais que faz as vezes da mãe que ele perdeu quando criança. Mas Nono nunca chegará de fato ao seu destino. Logo que o trem parte, o garoto embarca numa aventura fantástica na companhia de um sujeito suspeito, mas encantador: Felix Glick. Ao seu lado, Nono conhecerá a atriz Lola Ciperola e passará por experiências mais ou menos terríveis que o ajudarão a compreender melhor sua própria identidade, as fronteiras nem sempre evidentes entre o bem e o mal e as dificuldades de se tornar uma pessoa adulta. 

Uma Longa Queda - Nick Hornby
Uma longa queda conta a história de quatro pessoas que se encontram por acaso no terraço de um dos maiores prédios de Londres, na noite de ano-novo, com a intenção de se suicidar. Desesperados mas sem determinação suficiente para pular, Martin, um apresentador de televisão que viu a carreira desabar depois de se envolver em um escândalo, Maureen, uma senhora solitária cuja vida se resume a cuidar do filho que há quase duas décadas se encontra em estado vegetativo, JJ, um músico americano fracassado que sobrevive entregando pizzas, e Jess, a desequilibrada e passional filha do ministro da Educação, começam então uma tragicômica busca por algum motivo para viver, ou pelo menos por alguma desculpa para adiar a morte iminente. Quando os quatro descem para procurar o namorado de Jess, uma improvável comunhão se forma entre eles.
Neste quarto romance, Nick Hornby assume a difícil e aparentemente contraditória tarefa de abordar um tema denso de modo leve e irônico. Como explica o autor, "eu queria escrever um livro que chocasse, sobre algo extremamente para baixo, e queria ver se conseguiria tirar esses personagens do fundo do poço sem ser sentimental ou irrealista. Se eu escrevesse um livro sobre depressão completamente depressivo, por que alguém o leria?". O resultado é que, aturdido com a trágica e absurda situação, o leitor não sabe se ri ou chora, se sente pena ou raiva, completamente preso ao rodamoinho de emoções criado por Hornby.

Seguinte
O Feitiço Azul - Bloodlines - Livro 03 - Richelle Mead
A atual missão da alquimista Sydney Sage fez com que ela revisse seus conceitos não só sobre os vampiros, mas também sobre a própria organização à qual pertence, responsável por esconder a existência dessas criaturas do resto da humanidade. Sydney acabou descobrindo um grupo dissidente que tinha muito em comum com os alquimistas, mas objetivos bem mais radicais. Certa de que seus superiores estão guardando segredos sobre essa facção paralela, ela contará com a ajuda do misterioso ex-alquimista Marcus Finch para tentar desvendá-los. Mas isso só será possível se ela conseguir escapar de uma ameaça ainda mais urgente; uma feiticeira cruel que suga a alma de jovens usuárias de magia. Enquanto isso, a garota luta contra os sentimentos cada vez mais fortes pelo rebelde vampiro Adrian Ivashkov. Há tabus e preconceitos milenares arraigados entre as duas raças, que representam um obstáculo enorme para esse relacionamento. Mas Adrian é persistente e é o único em quem ela confia para enfrentar as ameaças que se aproximam. Será que Sydney conseguirá se libertar do seu modo de vida e se render a esse romance?

Aristóteles e Dante Descobrem os Segredos do Universo - Benjamin Alire Sáenz
Dante sabe nadar. Ari não. Dante é articulado e confiante. Ari tem dificuldade com as palavras e duvida de si mesmo. Dante é apaixonado por poesia e arte. Ari se perde em pensamentos sobre seu irmão mais velho, que está na prisão. Um garoto como Dante, com um jeito tão único de ver o mundo, deveria ser a última pessoa capaz de romper as barreiras que Ari construiu em volta de si. Mas quando os dois se conhecem, logo surge uma forte ligação. Eles compartilham livros, pensamentos, sonhos, risadas - e começam a redefinir seus próprios mundos. Assim, descobrem que o amor e a amizade talvez sejam a chave para desvendar os segredos do Universo.

Fim - Fernanda Torres

12 de fevereiro de 2014

Lido em: Janeiro de 2014
Título: Fim
Autora: Fernanda Torres
Editora: Companhia das Letras
Gênero: Literatura Nacional/Ficção
Ano: 2013
Páginas: 200
Nota: ★★★★★
O público brasileiro acostumou-se a ver Fernanda Torres no cinema, no teatro ou na televisão .Com 'Fim', seu primeiro romance, ela consolida sua transição para o universo das letras. O livro focaliza a história de um grupo de cinco amigos cariocas. Eles rememoram as passagens marcantes de suas vidas - festas, casamentos, separações, manias, inibições, arrependimentos. Álvaro vive sozinho, passa o tempo de médico em médico e não suporta a ex-mulher. Sílvio é um junkie que não larga os excessos de droga e sexo nem na velhice. Ribeiro é um rato de praia atlético que ganhou sobrevida sexual com o Viagra. Neto é o careta da turma, marido fiel até os últimos dias. E Ciro, o Don Juan invejado por todos - mas o primeiro a morrer, abatido por um câncer. São figuras muito diferentes, mas que partilham não apenas o fato de estar no extremo da vida, como também a limitação de horizontes. Sucesso na carreira, realização pessoal e serenidade estão fora de questão - ninguém parece ser capaz de colher, no fim das contas, mais do que um inventário de frustrações. Ao redor deles pairam mulheres neuróticas, amargas, sedutoras, desencanadas, descartadas, conformadas. Paira também um padre em crise com a própria vocação e um séquito de tipos cariocas. Há graça, sexo, sol e praia nas páginas de 'Fim'. Mas elas também são cheias de resignação e cobertas por uma tinta de melancolia.

Resenha: Fim conta a trajetória de cinco amigos ao longo da vida, chegando ao seu inevitável "fim". De festas, orgias e amores, Álvaro, Silvio, Ribeiro, Neto e Ciro fazem um balanço sobre suas vidas. Em cinco partes, Fernanda Torres presenteou os leitores com um livro que é, sem dúvidas, uma estreia memorável na literatura.

A história dos cinco amigos cariocas que Fernanda escreveu é ótima em todos os sentidos. Criar uma trama que envolve mostrar cinco pontos de vistas diferentes é meio arriscado, uma vez que o leitor pode acabar se identificando mais com um e menos com outro. Porém é nisso que a autora acertou. Cada homem retratado ali tem sua personalidade própria, suas manias, seus méritos e erros. Álvaro era o mais santinho do grupo. Neto, o esposo fiel. Ciro, o pegador. Sílvio, o adúltero. Ribeiro, um romântico as avessas. Todos têm seus traços próprios e isso mostra a maestria de Torres em criar suas personalidades.

A narrativa é um show a parte. Quem conhece o trabalho de Fernanda na televisão e teatro sabe o quão talentosa ela é. Esse talento com certeza está na escrita também. Fim traz frases cômicas com um quê de crítica a esse Brasil sem eira nem beira que vivemos, em outros a autora explora o comportamento masculino de uma forma que é impossível não achar que ela conhece mais os homens do que eles mesmos. Gírias, palavrões e expressões usadas normalmente no dia a dia foram empregadas também dando um quê de humor bem ácido na história. Adorei isso e não sei por quê, mas já esperava essa narrativa cética vindo dela.

Fim é uma comédia dramática da vida. Fernanda Torres entrou  com o pé direito na literatura. A carioca que mantém uma carreira artística na televisão, teatro e cinema há 35 anos, parece já ter técnica e características próprias para escrever. O livro contém um leque de diversos temas interessantes e ao mesmo tempo críticos se olharmos com uma visão bem analítica. Você, leitor, que pretende ler o debute de Fernanda como escritora, irá se deliciar ao conferir esta obra, que pode ser resumida em uma reflexão carregada de humor sobre a vida e seus diversos momentos, que cedo ou tarde chegará ao seu inevitável fim.

Novidades Janeiro - Cia das Letras/Seguinte

9 de janeiro de 2014

Medo, reverência, terror - Quatro ensaios de iconografia política - Carlo Ginzburg
A formulação do historiador britânico Raphael Samuel (1934-96) como que perpassa o método analítico de Carlo Ginzburg nesta reunião de ensaios sobre as faces da política na arte. Tendo como foco principal o papel do medo e paixões a ele relacionadas em obras visuais planejadas para comover politicamente o público a que se destinam - e assim persuadi-lo -, o historiador italiano dá continuidade a uma vertente de interpretação esboçada por Aby Warburg há mais de cem anos. Como demonstram seus manuscritos, esse decano de toda uma geração de eminentes historiadores da arte no século XX foi obcecado pela sobrevivência de certas “fórmulas de emoções” [Pathosformeln] ao longo da história visual dos povos do Ocidente. Por exemplo, as expansões de gozo erótico de uma mênade helenística podem reaparecer, com sentido invertido, nos gestos de dor de uma Madalena ao pé da cruz do Quattrocento florentino. Apesar de não ter se desenvolvido num tratado exclusivo, esse achado de Warburg continua com potencial de fertilizar todo um campo de estudos sobre a visualidade do horror e da dominação em obras artísticas de cunho político. Ginzburg inclui no repertório de Pathosformeln rastreadas desde o gesto acusador de Lorde Kitchener em cartazes de alistamento militar durante a Primeira Guerra Mundial (mais tarde imitado por Tio Sam) até o vanguardismo estético e ideológico de Guernica, passando por seus antecedentes plásticos e literários na Antiguidade clássica, na Idade Média e no Renascimento.

Tudo O Que Sou - Anna Funder
Durante a curta existência da República de Weimar, Ruth Becker e Dora Fabian defenderam abertamente seus ideais pacifistas e democráticos. Mas em 1933, quando Hitler é empossado chanceler, contrariando as expectativas de toda a militância esquerdista, as perseguições políticas começam a vigorar imediatamente. Expulsam-se dissidentes, prendem-se comunistas, queimam-se livros. Entre as primeiras obras condenadas pelo partido nazista estão as do dramaturgo Ernest Toller. Quase setenta anos mais tarde, a fotógrafa Ruth Becker está à beira da morte em um hospital de Sydney, na Austrália. Ela é a única sobrevivente de um restrito grupo de dissidentes alemães que partiu na primeira leva de exilados para a Inglaterra. Quando Ruth recebe pelo correio uma caixa com os manuscritos inéditos de Toller, encontrados no quarto de hotel em que ele se suicidou em 1939, as lembranças do passado se tornam inescapáveis. Entremeando uma emocionante narrativa pessoal à leitura de trechos inéditos dos escritos de Toller, Ruth irá empregar todos os recursos de sua vigorosa imaginação para refazer os últimos momentos de vida de sua prima Dora, encontrada morta no apartamento londrino de Ruth e a quem o dramaturgo dedicou páginas até então desconhecidas do público. Ela também tentará entender por que se deixou enganar por um homem que mais tarde facilitaria a captura de Dora por agentes de Hitler. Baseado em documentos históricos e depoimentos de Ruth Bratt, professora que inspirou a personagem principal de Tudo o que sou, este romance é a primeira incursão de Anna Funder na escrita ficcional. Aqui, a autora de Stasilândia revisita o tema da invasão de privacidade e da supressão de direitos ao abordar a perseguição a intelectuais dissidentes durante o regime nazista na Alemanha.

Lionel Asbo - Martin Amis
Lionel Asbo sobrevive de negócios escusos no subúrbio de Londres. Mas o que ele mais gosta de fazer mesmo é espancar aqueles que ousam se colocar em seu caminho no distrito de Diston Town, onde mora com o sobrinho Desmond Pepperdine e seus dois pitbulls, Joe e Jeff. A vida na pequena criminalidade é uma verdadeira vocação. Desde a infância, ele acumula episódios de arruaça e passagens por diversas prisões inglesas. Não à toa, decidiu mudar seu registro de batismo, adotando como sobrenome a sigla Asbo (em inglês, Condição de Comportamento Antissocial). Filho caçula de sete irmãos (todos, menos ele e a irmã Cilla, batizados com nomes dos Beatles: John, Paul, George, Ringo e até o “esquecido” Stuart), Lionel tem uma namorada, Cynthia, que conhece desde a infância. Mas a pessoa mais próxima dele é o sobrinho Desmond, em tudo diferente do tio. Se Lionel tem um físico atarracado e pálido, típico dos ingleses de classe média baixa, Desmond chama a atenção por seu porte esguio e por sua pele morena, herdada do pai (um negro que sua mãe não encontrou mais que duas vezes na vida). Sem ter conhecido o pai, Desmond perde também a mãe na adolescência. A partir de então, algumas de suas características se acentuam: a timidez, o romantismo, a dedicação aos estudos e o cuidado com os outros, especialmente com seu tio arruaceiro, que Desmond tenta manter sob controle. Desmond é a esperança da família, ainda que entre os Pepperdine apenas a avó Grace pareça dar a ele o seu devido valor. Para complicar as atribulações de Lionel e Desmond, uma das primeiras namoradas do rapaz é ninguém menos que a própria avó Grace, ainda inteirona na casa dos quarenta anos. A história incestuosa com a mãe de seu tio facínora irá atormentar a consciência torturada e retraída de Desmond, até que um acontecimento imprevisível mudará completamente os rumos desta história: Lionel Asbo ganha 140 milhões de libras na loteria.

O Ladrão do Tempo - John Boyne
John Boyne tornou-se um escritor célebre no mundo inteiro depois do estrondoso sucesso de seu romance O menino do pijama listrado, mas agora o leitor brasileiro tem finalmente o privilégio de conhecer O ladrão do tempo, livro que deu início à brilhante carreira do autor irlandês. O ano é 1758 e Matthieu Zela resolve abandonar Paris e fugir de barco para a Inglaterra, depois de ter testemunhado o assassinato brutal da mãe pelo padrasto. Apenas um garoto de quinze anos na época, ele leva consigo o meio-irmão caçula, Tomas, criança que se vê impelido a proteger. Começando com uma morte e sempre em busca de redenção, a vida de Zela é marcada por uma característica incomum: antes que o século XVIII acabe, ele irá descobrir que seu corpo parou de envelhecer. Sua aparência é de um homem de cinquenta anos, mas o tempo passa e seu físico continua imutável. Ele simplesmente não morre e não faz ideia de qual seja a razão para que isso ocorra. Ao final do século XX, ele resolve olhar para o passado e rememorar sua experiência de vida, incomparável à de qualquer outro ser humano. Da Revolução Francesa à Hollywood nos anos 1920, da época das Grandes Exposições à quebra da Bolsa de Nova York, Zela transitou por inúmeros lugares, exerceu diversas profissões e conheceu pessoas notáveis, além de ter se apaixonado por muitas mulheres. Mas, mesmo séculos depois, ele continua certo de que seu verdadeiro amor foi Dominique Sauvet, uma jovem que conheceu no barco que tomou com o irmão para escapar da França. O trio se uniu para começar a nova vida na Inglaterra e Matthieu se viu totalmente encantado por Dominique. Com uma trama absolutamente instigante de amor, morte, traição, oportunidades perdidas e esperança, John Boyne já anunciava neste primeiro romance o seu talento inconfundível de exímio contador de histórias.

Prosa - Elizabeth Bishop
O Brasil teve a sorte de abrigar por muitos anos, entre as décadas de 1950 e 70, a extraordinária viajante que foi Elizabeth Bishop, autora de uma das obras poéticas mais belas e sólidas do século XX. Não menos genial, sua prosa aparece agora reunida neste volume, traduzido e anotado pelo também poeta Paulo Henriques Britto. A edição inclui a maioria dos textos publicados anteriormente em Esforços do afeto e outras histórias (Companhia das Letras, 1996) e acrescenta uma seleção do material divulgado em Prose , livro organizado pelo crítico e poeta Lloyd Schwartz (Farrar, Straus and Giroux, 2011), com artigos que tematizam o Brasil, a correspondência com Anne Stevenson e, para exemplificar a produção juvenil de Bishop, uma análise da poesia de Gerard Manley Hopkins, produzida quando a autora era estudante universitária. Além de um deleite literário - com uma ficção que beira o memorialismo e memórias e ensaios que bem poderiam ser ficções -, este é também um livro indispensável para se conhecer as fontes concretas da poesia de Bishop.

Schmidt Recua - Louis Begley
Albert Schmidt não vai passar o Réveillon de 2008 sozinho. De Paris, sua amiga Alice Verplanck veio aos Hamptons, no estado de Nova York, para ter uma conversa definitiva com ele. Quinze anos antes, Schmidt tinha pedido Alice, viúva de um antigo colega do escritório, em casamento. Os anos se passaram sem que eles se falassem, depois de uma grosseria dele que não foi esquecida nem com flores ou pedidos de perdão. Tanto tempo depois, talvez eles pudessem se acertar. Protagonista de dois outros romances de Louis Begley - Sobre Schmidt (que foi dirigido por Alexander Payne em 2002 e contou com Jack Nicholson no papel principal) e Schmidt libertado -, o advogado percorre neste “terceiro ato” um período de mais de uma década, em que sua história com Alice se desenrola entremeada a confusões familiares. Sua ex-namorada Carrie, quarenta anos mais jovem, dá à luz um filho que pode ser dele ou do atual marido dela, e segue sob os cuidados, agora paternais, de Schmidt. Charlotte, a filha distante, casada com um advogado judeu que Schmidt não suporta, tenta uma reaproximação ao engravidar, para depois levar seu conflito com o pai ao auge. Para afastar a solidão da velhice, Schmidt tenta resolver uma equação que envolve afetos, antigos preconceitos e casos do passado, enquanto lidera uma fundação filantrópica e transita pelo mundo dos endinheirados. Em Schmidt recua, Begley explora mais uma vez a mente do advogado, resgatando episódios do passado de que o Schmidt de 78 anos não pode se esquivar.

Milagre em Joseiro - Ralph Della Cava
Publicado originalmente em 1977 - agora reeditado com nova apresentação do sociólogo Eduardo Diatahy Bezerra de Menezes e prefácio do autor -, Milagre em Joaseiro causou verdadeira revolução nos estudos sobre Padre Cícero. Nas lentes do antropólogo e historiador americano, Cícero não é santo nem impostor. A partir de pesquisas incansáveis nos baús que ocultavam a documentação da intolerância da hierarquia eclesiástica no processo contra o sacerdote - e sem descartar a montanha dos escritos de detratores e apologetas do religioso -, Della Cava soube se posicionar de maneira equidistante das linhas antagonistas de interpretação. Apoiado em seus conhecimentos de história econômica e política, o brasilianista reconstitui o período longe das explicações simplificadoras e reducionistas em termos de fanatismos e messianismos. Simples e devoto, Cícero aparece no livro como tantos outros sacerdotes do Sertão do século XIX, erigido antes pelas circunstâncias que por qualquer característica pessoal notável a uma das figuras mais polêmicas da história do Brasil. Defensor involuntário de um “milagre”, foi denunciado pela Igreja como impostor, por temerosos coronéis e chefes políticos como perigoso agitador e aclamado pelas massas de sertanejos como santo injustiçado capaz de livrar os pobres e enfermos de suas aflições. Por um complexo jogo de fatores, coube ao obscuro sacerdote desempenhar um papel dos mais relevantes na vida política do Ceará, canalizando os descontentamentos das populações miseráveis e contendo-os, numa região onde já dominavam tendências milenaristas e onde era comum a prática religiosa marcada pela fé ingênua e exaltada e, por outro lado, comandando, em virtude das forças sociais e políticas que despertou, um movimento religioso e popular de grande amplitude.
O Alçapão - Infinity Ring - Livro 03 - Lisa McMann
Depois de lutarem ao lado de guerreiros medievais para corrigir mais uma Fratura, Dak, Sera e Riq retornam aos Estados Unidos e logo se envolvem em uma armadilha mortal. O ano é 1850, um pouco antes da Guerra Civil, quando o país está dividido em relação à escravidão. Nesses tempos sombrios, a Ferrovia Subterrânea é a única esperança de muitos escravos, que conseguem escapar por essa rota secreta. Mas a SQ aos poucos está tomando o controle dos trilhos, colocando a vida de muitos fugitivos em perigo e ameaçando apagar aquela ferrovia da história. Riq é forçado a se separar do grupo e encontrará dificuldades que o levarão a enfrentar seu próprio passado. Dak e Sera, por outro lado, tentam descobrir em quem podem confiar e o que precisa ser feito para consertar mais uma Fratura.

Tormento - John Boyne
Danny Delaney curtia tranquilamente as férias, até que sua mãe volta pra casa tarde da noite, escoltada por dois policiais. Ele logo percebe que algo terrível aconteceu. A sra. Delaney havia atropelado um garotinho, que agora está em coma e ninguém sabe se vai acordar. Consumida pela culpa, ela se isola de todos ao seu redor. Caberá a Danny e seu pai impedir que a família se despedace.


A Maldição da Pedra - Cornelia Funke

21 de dezembro de 2013

Lido em: Maio de 2012
Título: A Maldição da Pedra - Reckless #1
Autora: Cornelia Funke
Editora: Cia das Letras
Gênero: Fantasia/Juvenil
Ano: 2011
Páginas: 248
Nota: ★★☆☆☆
Sinopse: Jacob Reckless descobriu um mundo mágico, escondido atrás de um espelho do escritório do pai, um lugar em que fadas, bruxas, unicórnios e tritões convivem com seres humanos e no qual os aspectos mais sombrios dos contos de fadas se tornam realidade. É lá que Jacob vai passar a maior parte do tempo, longe do seu irmão mais novo, Will.
Muitos anos depois, Will descobre a passagem e segue o irmão. Mas lá, no Mundo do Espelho, acaba sendo atingido por uma maldição: aos poucos se transformará numa criatura terrível, com pele de jade.
Nessa terra cheia de perigos, Jacob finalmente percebe o quanto o irmão caçula significa para ele, e vai precisar usar toda a sua esperteza, coragem e espírito de aventura para reverter o feitiço, antes que seja tarde demais.
Resenha: A Maldição da Pedra é o primeiro volume da série Reckless, escrito pela autora Cornelia Funke (autora da trilogia Coração de Tinta) e lançado no Brasil pela Companhia das Letras.
Jacob vivia buscando pistas após um ano que seu pai desapareceu, e ao vasculhar o escritório, descobre um espelho que serve como um tipo de portal que o leva a um mundo repleto de magia e maldições, habitado por seres fantásticos e misteriosos. Doze anos se passaram, e Jacob continuava fazendo visitas regulares ao Mundo do Espelho onde se tornou um caçador de tesouros, porém, por um descuido, seu irmão caçula, Will, descobriu esse segredo e resolveu segui-lo, porém, lá acabou sendo atingido por uma maldição e se transformaria em Goyl, uma criatura cuja pele é de pedra. Agora Jacob irá correr contra o tempo a fim de ajudar seu irmão junto com a namorada dele, fazendo de tudo para que a maldição seja quebrada, correndo perigo num mundo onde há uma clara disputa entre os governantes em busca de mais e mais poder.

Já faz tempo que li A Maldição da Pedra. O que me chamou atenção, a princípio, foi a capa que logo me lembrou "A Bela Adormecida": um castelo rodeado por uma floresta de espinhos enormes. Além de simples é bem chamativa, bonita e tem um efeito metalizado. A diagramação é muito caprichada e o livro tem várias ilustrações da autora a cada início de capítulo e algumas ao final. Os capítulos são bem curtinhos, tendo em média 4 páginas, que são amareladas com a fonte pequena.


Pelo trabalho de diagramação bem caprichado, o livro merece uma estrela exclusiva, porém, ao analisar a história juntamente com os personagens, não posso afirmar que gostei tanto assim e ao final das contas considerei A Maldição da Pedra como um livro bem razoável, pois apesar da premissa ser atrativa, achei que faltou química entre os personagens e maiores explicações sobre vários acontecimentos que acabaram por se tornarem superficiais. Talvez por ser o primeiro livro da série, este seja mais introdutório, mas ainda assim achei que Will por não ter uma apresentação sobre quem é direito e logo no início já ser amaldiçoado, acabei não me afeiçoando ao garoto e muito menos me importando se ele seria salvo ou não apesar de esta ser a missão principal de Jacob e Clara. Will ainda parece gostar de se comportar feito criança, como se fosse o centro das atenções e isso é algo que me irrita muito. Clara é a namorada de Will, e mesmo que a garota fique preocupada em ajudar Jacob a salvar o irmão, é o relacionamento com o menor nível de carinho e afeição que já vi, o que não me fez acreditar em momento algum que eles pudessem ser mesmo namorados um do outro. Jacob, mesmo sendo irmão de Will, parece só se preocupar em salvá-lo por existir um grau de parentesco entre eles. O distanciamento é visível mas não muito aprofundado. É como se Jacob tivesse tirado a sorte grande ao descobrir o Mundo dos Espelhos, aproveitando a vida curtindo os dois mundos, até que Will foi lá e estragou tudo, então senti que ele se irritou com isso e se tornou um personagem irritante da mesma forma. Fux, é a melhor amiga de Jacob, ela é uma garota, porém passa a maior parte do tempo transformada em raposa. Ela é fiel e fica do lado de Jacob para tudo. É bem perceptível que os sentimentos dela vão além da amizade e ela foi sem dúvida minha personagem preferida nessa história.

Como falta maiores descrições para os personagens, pra mim, as ilustrações acabaram tendo a "tarefa" de mostrar algumas características físicas deles, nos poupando a imaginação... Gosto de ilustrações, mas não com esse propósito.
O cenário é super bacana, e mesmo não sendo muito original, pois é como se vários contos de fadas clássicos se unissem para existir em um só lugar, se encaixa perfeitamente como pano de fundo para a aventura dos irmãos.

No mais, acredito que pela aventura e pela ideia de encontrarmos elementos como a casinha de doces de João e Maria, o castelo da Bela Adormecida e etc, é uma história que vale a pena ser lida apesar do desenvolvimento ser meio lento e às vezes até tedioso. Quem curte histórias que envolvem fantasia, daqueles que sejam mais objetivas e sem maiores explicações, deva aproveitar mais. Já quem gosta de detalhes minuciosos deva sentir falta de algo mais... Não me agradou tanto quanto eu gostaria, mas ainda assim é uma história bem promissora levando em consideração quem escreveu. Acho que a autora reservou o melhor pros próximos livros, quem sabe... O final deixa um gancho para o segundo livro, Sombras Vivas, que em breve irei ler para confirmar ou não minhas expectativas.

Cade Você, Bernadette? - Maria Semple

16 de dezembro de 2013

Lido em: Dezembro de 2013
Título: Cade Você, Bernadette?
Autora: Maria Semple
Editora: Companhia das Letras
Gênero: Ficção
Ano: 2013
Páginas: 372
Nota: ★★★★★
Sinopse: Bee concluiu os estudos na Galer Street, uma escola liberal de Seattle, com as melhores notas, e tudo o que ela quer como presente de formatura é uma viagem à Antártida na companhia dos pais.
Elgin é um pai ausente, mas genial: programador da Microsoft, tornou-se um rock star no mundo nerd por ter dado a quarta palestra mais vista do TED, e está prestes a lançar o Samantha 2, o projeto de sua vida. O momento não poderia ser pior para se isolar no extremo sul do planeta.
A mãe, Bernadette, já não aguenta a vida em Seattle e está a beira de um ataque de nervos. Poucos dias antes da viagem, ela desaparece, com medo do convívio social e de sentir enjoo durante a travessia da passagem de Drake.
Agora Bee fará tudo para encontrar a mãe. Mas antes ela terá de descobrir quem é essa mulher que ela acredita conhecer tão bem.
Resenha: Escrito pela autora Maria Semple e lançado no Brasil pela Companhia das LetrasCadê Você, Bernadette? é um livro de ficção que inicialmente nos apresenta a personagem adolescente Bee, que após receber seu boletim recheado de notas "S" (de "Supera a excelência") resolve reclamar seu prêmio que lhe foi prometido caso tirasse boas notas e ser aceita num importante internato: uma viagem com os pais para a Antártida!

Sua mãe, Bernadette, foi uma renomada arquiteta que fez muito sucesso nos anos 80, mas depois de ter casado, se mudado para Seattle para uma casa que parecia querer "voltar à natureza", e tido Bee, se transforma em outra pessoa. Vive reclusa, não é bem vista pelas outras mães dos alunos de Galer Street, é dependente de um mundaréu de remédios e tem pavor do convívio social, principalmente com sua vizinha, Audrey, que é uma das mães mais influentes da escola e através de vários emails tenta infernizar a vida de Bernadette (imagino Audrey como uma daquelas vizinhas bisbilhoteiras e intragáveis do seriado Desperate Housewives).

Já Elgin, o pai de Bee, é um gênio da Microsoft, mas talvez por ter sido excluído pela própria esposa quando Bee nasceu com problemas cardíacos, se tornou bastante ausente, pois só tinha como meta bancar a família financeiramente enquanto obedecia Bernadette dar as ordens sem questionar, não importando quais. O casamento acabou por cair numa rotina sem graça mas Elgie vive preocupado com as paranoias da esposa e acha que devia intervir para que ela se tratasse, e Bee, visando melhorar o relacionamento familiar, pede a viagem de presente.
Bernadette contrata uma assistente indiana com quem se comunica e passa ordens sobre o que planeja por email, Manjula, dando a entender que estaria se preparando para a viagem, mas só de pensar que ficaria presa num navio, se misturando com pessoas estranhas e desconhecidas e sem a menor chance de fugir, a quarentona estilosa simplesmente desaparece! E Bee está determinada a encontrar a mãe.

A história faz um misto de narrativas bem dinâmicas, que, apesar de ser um pouco confusa no inicio até nos acostumarmos, flui muito bem e quando percebemos já passamos muitas e muitas páginas, curiosos pelo próximo acontecimento ou pista sobre o paradeiro da peculiar Bernadette. A narrativa varia do ponto de vista de Bee - que é feito em primeira pessoa - , da troca de emails ou bilhetes entre alguns personagens, artigos de revistas, documentos secretos do FBI, arquivos em .pdf, conversas transcritas e etc, dá a entender que são um conjunto de pistas que podem ajudar na busca por Bernadette e talvez tentar entender o que a levou a sumir sem dar satisfações.

Bernadette é super complexa, mas ao mesmo tempo adorável: Ela detesta a cidade onde mora, tem um estilo super espalhafatoso e fashion de se vestir, detesta as "moscas" (nome que dá às mães da escola), não curte a companhia do marido, odeia gente, mas ama a filha acima de tudo e quer fazer de tudo para que ela seja feliz.

O livro é dividido em 7 partes e achei demasiadamente grandes visto que não há divisão de capítulos. Os diálogos são identificados por aspas em vez de travessão e até hoje não me acostumei com essa forma de conversa entre personagens e nem com a narrativa epistolar, que por mais que sirvam como pistas, dá acesso aos emails com conversas entre vários personagens em vez de somente ao que o protagonista envia ou recebe. O começo parece ser chato, confuso e arrastado, mas é só persistir um pouco para se acostumar com a narrativa diferente e se deparar com uma história super divertida e gostosa de se ler.
A capa é linda e ilustra bem o estilo de Bernadette, e até mesmo a aflição que ela tem ao morder o lábio.

Cadê Você Bernadette? tem um enredo maluco, mas é hilário, super descontraído, cativante e muito inteligente. Uma história que dá enfoque ao relacionamento abalado de uma família, ao amor incondicional de uma filha pela mãe, e vice versa. E também, é uma história sobre auto-aceitação, que nos faz refletir e buscar o equilíbrio entre a descoberta do que nos faz feliz ao mesmo tempo em que aprendemos a equilibrar relacionamentos com pessoas que fazem parte das nossas vidas, sejam elas boas ou simplesmente intragáveis.

Novidades de Outubro - Cia das Letras/Seguinte/Paralela

19 de outubro de 2013

Manual do Mimimi - Do casinho ao casamento (ou vice-versa) - Lia Bock
Lia Bock se considera uma ativista sentimental que ama amar as coisas. Depois de criar o blog mais acessado da revista TPM, Manual do mimimi marca a estreia de Lia no mundo dos livros. Em textos irônicos, ácidos, mas também sentimentais, além de profundamente sinceros, Lia (uma verdadeira expert nos assuntos do coração) - com charme e estilo inconfundíveis - falar com todas as mulheres: solteiras, casadas, recém-separadas e à procura. Manual do mimimi é uma reunião de textos publicados no blog Eu lia, tu lias, ilustrados por Zé Otávio.



Fome de Deus - Fé e espiritualidade no mundo atual - Frei Betto

Neste livro, Frei Betto, um dos mais importantes líderes espirituais brasileiros, aborda temas como a oração, o amor ao próximo, a fé e a vida de santos, sempre a partir de um ponto de vista contemporâneo. Por meio de textos simples e curtos, mas extremamente profundos, ele nos propõe um encontro transparente e frequente com Deus, uma experiência rica que é mais significativa do que imaginamos. “O que se busca não é ouvir falar de Deus, falar sobre Deus ou mesmo falar a Deus. Busca-se, sobretudo, deixar que Deus rompa o seu silêncio e fale no íntimo de cada um.”




Lições de amor - Garota <3 Garoto - Livro 04 - Ali Cronin
Donna sempre sonhou em ser atriz. Mas entre ela e seu sonho há um “pequeno” obstáculo: as provas finais de inglês. Para ser aceita em qualquer faculdade de teatro, ela precisa tirar uma boa nota nessa matéria, mas ao que tudo indica será reprovada. Afinal, como a garota conseguirá fazer um trabalho de três mil palavras sobre Romeu e Julieta se mal consegue acompanhar as lições? Assim, incentivada (para não dizer forçada) por seu pai e Barbie, a namorada mais nova e controladora que ele arrumou, Donna vai atrás de um professor particular. Por um anúncio na biblioteca, ela descobre Will, um universitário que ensina inglês para ganhar um dinheiro extra.
Desde a primeira aula, Will percebe o potencial de Donna e a ajuda a enxergar a peça de Shakespeare sob uma nova luz. Mas o clima de romance não fica só nas frases escritas há mais de quatrocentos anos: Will é lindo, fofo, inteligente… e parece ter a mesma opinião sobre Donna. O único problema é que esse sentimento reabre cicatrizes profundas no coração dela.
Desde que viveu uma experiência amorosa horrível, seu lema passou a ser “não deixe que se aproximem e nunca poderão machucá-la”. Agora ela precisa decidir se irá se proteger - evitando que Will chegue perto demais - ou se colocará tudo em risco e abrirá de vez seu coração, para finalmente viver uma história de amor.

Quando você a viu pela última vez? - Só Perguntas Erradas - Livro II - Lemony Snicket

Ainda na cidade de Manchado-pelo-mar, o jovem aprendiz Lemony Snicket terá mais um caso para resolver junto com sua tutora, Theodora S. Markson. Desta vez eles foram contratados pela família Knight para encontrar Cleo, a filha desaparecida do casal. A primeira hipótese é a de que ela teria fugido com o circo - mas Cleo era uma química brilhante (e não uma artista) e com certeza teria deixado um bilhete. Então será que ela havia sido sequestrada? As versões das duas principais testemunhas que viram Cleo no dia de seu desaparecimento são divergentes. Ela foi vista pela última vez no mercado Comidas Incompletas ou no restaurante Faminto's? E foi embora de táxi ou em seu carro novinho em folha? Lemony Snicket contará novamente com a ajuda da jornalista-mirim Moxie Mallahan e dos irmãos taxistas Juca e Chico. Mas será que ele desvendará esse mistério? Ou só fará as perguntas erradas mais uma vez?

A Filha das Flores - Vanessa da Mata
Giza cresceu à beira de uma estrada que liga o norte e o sul do país. Sua geografia familiar, no entanto, pouco ultrapassa os limites da casa de infância, onde foi criada em meio às plantações de flores, ao pé do jardim. Os buquês e arranjos que lá eram preparados abasteciam toda a região, aproximando Giza de um universo de gente que ama, é rejeitada e morre, cada circunstância pedindo a sua própria flor. Assim, a menina, vivendo à sombra das tias, duas garotas que já encantavam os homens do vilarejo, encontrava seu jeito de vencer as cercas de casa. Mas, se das flores ela colecionava as histórias, das tias ela ganhava um vislumbre da vida adulta, que Margarida e Florinda, a despeito de serem pouco mais velhas, pareciam abraçar com naturalidade. Quase como uma estrangeira na casa, Giza passa a infância navegando pelos códigos e subentendidos da família, à beira de algo que ela parece prestes a compreender. Dona de uma imaginação prodigiosa, ela preenche esses espaços com doçura, humor e leveza, que a autora soube captar num estilo vivo e vibrante. Mas a menina cresce. E começa a saber de seu corpo, de suas vontades e de seus arredores. Viajando no carro que usa para entregar flores, ela ultrapassa os limites impostos pela família e chega a uma vila, lugar sobre o qual pairam histórias tenebrosas, e que ela passará a frequentar em busca de uma vida mais terrena.

Eu sou Malala - A História da Garota que Defendeu o Direito à Educação e Foi Baleada Pelo Talibã - Malala Yousafzai e Christina Lamb

Quando o Talibã tomou controle do vale do Swat, uma menina levantou a voz. Malala Yousafzai recusou-se a permanecer em silêncio e lutou pelo seu direito à educação. Mas em 9 de outubro de 2012, uma terça-feira, ela quase pagou o preço com a vida. Malala foi atingida na cabeça por um tiro à queima-roupa dentro do ônibus no qual voltava da escola. Poucos acreditaram que ela sobreviveria. Mas a recuperação milagrosa de Malala a levou em uma viagem extraordinária de um vale remoto no norte do Paquistão para as salas das Nações Unidas em Nova York. Aos dezesseis anos, ela se tornou um símbolo global de protesto pacífico e a candidata mais jovem da história a receber o Prêmio Nobel da Paz. Eu sou Malala é a história de uma família exilada pelo terrorismo global, da luta pelo direito à educação feminina e dos obstáculos à valorização da mulher em uma sociedade que valoriza filhos homens. O livro acompanha a infância da garota no Paquistão, os primeiros anos de vida escolar, as asperezas da vida numa região marcada pela desigualdade social, as belezas do deserto e as trevas da vida sob o Talibã. Escrito em parceria com a jornalista britânica Christina Lamb, este livro é uma janela para a singularidade poderosa de uma menina cheia de brio e talento, mas também para um universo religioso e cultural cheio de interdições e particularidades, muitas vezes incompreendido pelo Ocidente. “Sentar numa cadeira, ler meus livros rodeada pelos meus amigos é um direito meu”, ela diz numa das últimas passagens do livro. A história de Malala renova a crença na capacidade de uma pessoa de inspirar e modificar o mundo.


1984 - George Orwell

6 de setembro de 2013

Lido em: Setembro de 2013
Título: 1984
Autor: George Orwell
Editora: Companhia das Letras
Gênero: Distopia/Romance/Clássico
Ano: 2009
Páginas: 416
Nota: ★★★★★
Sinopse: "1984" não é apenas mais um livro sobre política, mas uma metáfora do mundo que estamos inexoravelmente construindo. Invasão de privacidade, avanços tecnológicos que propiciam o controle total dos indivíduos, destruição ou manipulação da memória histórica dos povos e guerras para assegurar a paz já fazem parte da realidade. Se essa realidade caminhar para o cenário antevisto em 1984 , o indivíduo não terá qualquer defesa. Aí reside a importância de se ler Orwell, porque seus escritos são capazes de alertar as gerações presentes e futuras do perigo que correm e de mobilizá-las pela humanização do mundo.

Resenha: "1984" é um clássico da atualidade. Mesmo tendo sido publicado em 1949, pouco antes da morte do autor, continua sendo muito influente devido a crítica explícita ao totalitarismo e não deixa de ser um tipo de protesto contra os estratagemas do governo.

O mundo foi dividido em três superpotências que estão em guerra entre si desde sempre: Oceânia, Lestásia e Eurásia. A história se passa no ano de 1984, em Oceânia, uma sociedade estática, rígida e controlada pelo "Partido", cujo líder é um ditador "invisível", mas amado, reverenciado, idolatrado, nunca contradito e que, além de ser considerado um grande salvador, sempre está de olho você: O "Grande Irmão" (ou Big Brother).
É uma sociedade onde tudo é feito coletivamente mas, ao mesmo tempo, todos estão sozinhos, pois medo é um sentimento que domina a população, constantemente vigiada e controlada pelo Partido, seja no que diz respeito ao que vestem, ao que comem, ao que fazem e até mesmo ao que pensam. O Partido dita suas vidas, todos devem obedecer, e, se, porventura, alguém se opor, sofrerá todas as consequências possíveis e inimagináveis.

"Novafala" é a língua do país, que irá substituir a "Velhafala" até 2050. É uma linguagem desenvolvida para que as pessoas, em hipótese alguma, possam se opor ao Partido, e tudo seja direcionado a uma coisa só, a fim de extinguir opiniões diversas ou contraditórias sobre o governo, distorcer e canalizar o pensamento em uma única direção: a palavra absoluta e verdadeira do Grande Irmão.
O "duplipensamento" é um exemplo, e é definido como "o poder de sustentar duas crenças contraditórias na mente simultaneamente, aceitando as duas." 2+2 nem sempre resultará em 4 pois isso depende do que o sujeito acredita, ou no que alguém o levou a acreditar.
"Guerra é paz
Liberdade é escravidão
Ignorância é força" - Slogans do Partido
- pág. 14
Através das "teletelas", as pessoas assistem paralisadas a um programa, "Dois Minutos de Ódio", patrocinado pelo Grande Irmão, cuja única finalidade é odiar e condenar tudo e todos que ousarem se opor ao Partido. Até as crianças agem como "fiscais", e aprendem a vigiar e entregar os próprios pais ao menor indício de comportamento suspeito ou inadequado que demonstrem.

Neste cenário aterrorizante, somos apresentados a Winston Smith, um homem beirando a meia idade, infeliz e medíocre, que trabalha em um dos Ministérios criados, o "Ministério da Verdade" (ou seria da Mentira?) e é responsável por manipular notícias, apagando verdades ou criando mentiras a favor da conveniência do Partido. Quem determina o que é verdade, ou não, é o Grande Irmão e ninguém mais... Mas Winston está cansado de se submeter a tudo isso, não concorda mais com toda essa ditadura e só quer ser um homem livre...
Eis que surge Julia, uma mulher de espírito livre, jovem e rebelde que não tem o menor interesse ou respeito pela política, vive desafiando o sistema e quebrando regras, mas que nunca foi descoberta, caso contrário já teria se tornado uma "despessoa" (alguém "apagado" da existência para que não haja nenhuma evidência relacionada a oposição, e consequentemente, algo que poderia comprometer os ideais do Partido se fosse à tona)... Winston se arrisca num romance proibido, e até criminoso, quando se depara e se deixa envolver intimamente com alguém bem diferente de sua ex esposa, que tem coragem para pensar e fazer tudo o que ele nunca teve, mesmo que escodido... Julia, de certa forma, representa a coragem, a alegria e a vida que Winston sempre sonhou, mas que nunca teria...
Outros Ministérios, como o Ministério do Amor, responsável por condenar e reprimir desejos ou aproximações mais íntimas, o Ministério da Paz, que tem controle sobre a guerra sem fim e a administra, e até o Ministério da Fartura, responsável pelo controle da alimentação da população, distribuindo as rações necessárias para a sobrevivência, são "departamentos" desse governo totalitário e opressor.

É difícil falar sobre a obra de forma resumida devido aos incontáveis elementos que ela possui, caso contrário, a resenha teria muitos e muitos metros rsrsrs... É necessário ler para que tudo seja entendido, absorvido e apreciado, e por mais que seja chocante, intragável e inaceitável, é algo necessário para abrir os olhos de muitos que vivem estagnados, influenciados pelo que vêem, e entorpecidos, ou até enganados, por palavras fáceis, mas nem sempre compreendidas em sua totalidade...

1984 traz uma história pesada, cruel, complexa e perturbadora, e é capaz de fazer o leitor refletir acerca do poder totalitário e da manipulação a qual a sociedade está sujeita, mesmo que de forma inconsciente. O que vemos na TV é a realidade, ou o que querem nos impor como verdade? Somos cidadãos livres, ou estamos sob vigilância constante? Estamos acordando e fazendo algum progresso através de manifestações, ou o Estado se alimenta da ignorância do povo com propósito de deter e manter o poder?
É a imagem do autor para um futuro trágico, que mesmo ultrapassado há quase 30 anos, ainda é claramente perceptível nos dias de hoje aos olhos dos mais atenciosos...
"Por quanto tempo pode uma história sobre um futuro que passou continuar a alarmar seus leitores?" - Posfácio
- pág.  382
Leitura obrigatória!

Novidades Junho - Cia das Letras/Paralela/Seguinte

13 de junho de 2013

Crossfire: Para Sempre Sua - Sylvia Day - Livro 3
A partir do momento que conheci Gideon Cross, vi nele algo que precisava. Algo que não podia resistir. Eu vi a alma perigosa e danificada — muito parecida com a minha. Eu estava atraída por isso. Eu precisava dele, tanto quanto precisava que meu coração batesse. Ninguém sabe o quanto ele arriscou por mim. O quanto fui ameaçada, ou quão sombria e desesperada a sombra de nosso passado se tornaria. Entrelaçados por nossos segredos, nós tentamos desafiar as probabilidades. Nós fizemos nossas próprias regras e nos rendemos completamente ao poder requintado da posse…




O Fator Scarpetta - Patricia Cornwell - Livro 17


Falta uma semana para o Natal. A economia americana do pós-crise custa a se recuperar. Diante de um cenário tão desalentador, a dra. Kay Scarpetta - apesar de sua agenda apertada e do trabalho como analista de medicina forense na CNN - resolve oferecer seus serviços pro bono ao Instituto Médico Legal de Nova York. Mas sua crescente exposição na mídia parece antecipar uma série de eventos inesperados e perturbadores. Ao vivo na CNN, ela é questionada sobre o estranho caso de Hannah Starr, uma bela milionária desaparecida desde a véspera do Dia de Ação de Graças. Durante a mesma transmissão, Scarpetta recebe uma ligação de uma antiga paciente psiquiátrica de Benton Wesley, que parece estar obcecada pelo casal. No mesmo dia, ao voltar para casa depois do programa, um pacote suspeito - possivelmente contendo uma bomba - é deixado aos cuidados de Kay. Rapidamente, a suposta ameaça à vida de Scarpetta a envolve numa rede de acontecimentos surreal em que se encontram um famoso ator acusado de um crime sexual inacreditável e o desaparecimento de uma ricaça que parece partilhar um passado secreto com Lucy, a sobrinha preferida de Kay. Complicando ainda mais a trama, o produtor de Scarpetta na CNN tenta persuadi-la a estrear um programa de TV chamado O fator Scarpetta. Diante de tantos acontecimentos bizarros, ela teme que sua fama resulte na ilusão de que ela realmente tem um 'fator especial', uma habilidade mística que a auxilia na resolução dos casos.

Bloodlines: Laços de Sangue - Richelle Mead - Livro 1
Sydney estava encrencada. Em sua última missão, ela tinha ajudado a dampira Rose Hathaway a escapar da prisão, e essa aliança foi considerada uma traição grave, já que vampiros e dampiros são criaturas terríveis e antinaturais, ameaças àqueles que os alquimistas devem proteger - os humanos. Com sua lealdade colocada em questão, Sydney se sente obrigada a voluntariar-se para uma tarefa nada agradável - ajudar a esconder Jill Dragomir, uma princesa vampira que está sendo perseguida por rebeldes que querem o poder. Caso ela seja capturada e assassinada, a rainha Lissa ficará sem nenhum parente vivo e, como manda a lei, terá de abdicar do trono - o que culminará numa guerra civil tão sangrenta no mundo dos vampiros que certamente afetará a humanidade.
Assim, pelo bem dos humanos, Sydney aceita se disfarçar de estudante e passa a conviver diariamente com Jill e seu guardião Eddie, quando os três são matriculados como irmãos no último lugar em que qualquer um procuraria a realeza dos vampiros - a Escola Preparatória Amberwood, em Palm Springs, na Califórnia. Mas entre uma pizza e outra, entre um jogo de minigolfe e uma conversa sobre garotos, ela começa a ter a sensação de que talvez esses seres estranhos não sejam tão maus assim, principalmente Adrian, um vampiro muito próximo de Jill que desperta os sentimentos mais contraditórios - e proibidos - em Sydney...
O problema é que além de refletir sobre suas convicções e se preocupar com o seu coração, que anda acelerando mais do que deveria, a garota terá de encarar outros inconvenientes um pouco mais graves, como as tatuagens que viraram febre entre os alunos da escola e que parecem conferir poderes sobrenaturais a quem as usa. De que ingredientes elas eram feitas? Quem estaria por trás disso? Será que havia algum alquimista traidor entre eles? Caberá a Sidney resolver todos esses mistérios e garantir a paz entre os humanos antes que seja tarde demais.

O Amor de Uma Boa Mulher - Alice Munro
Em 'O amor de uma boa mulher', Alice Munro oferece ao leitor mais uma fornada de seus contos de fôlego, marcados pela destreza dos planos cinematográficos e pelo olhar duplo, ao mesmo tempo panorâmico e intimista. A canadense fez das pequenas cidades espalhadas pelo condado de Huron o território privilegiado de sua ficção e detecta nas franjas do meio rural aqueles indivíduos de algum modo deslocados da norma. A velhice, a doença, o transtorno mental ou a simples diferença com relação à maioria pontuam os textos. Em Munro, há uma intuição de que a condição feminina se conecta por vários caminhos com a marginalidade. Uma personagem do conto 'Jacarta' sobrevive dando aulas de ballet depois que o marido jornalista supostamente morre num país distante; a protagonista de 'Ilha de Cortes' deseja ser escritora, mas fracassa; Pauline, a jovem mãe de 'As crianças ficam', tem uma aparência peculiar que a faz ser convidada para interpretar o papel de Eurídice numa montagem teatral amadora, experiência que irá transformar a sua vida. Retrocedendo da atualidade à década de 1950, as narrativas flagram um período em que, para as mulheres, o trabalho muitas vezes servia apenas como um intervalo entre o casamento e a chegada do primeiro filho. Na verdade, tratava-se de um hiato particularmente propício ao desconforto, pois aqueles foram os anos que precederam a Revolução Sexual. A posição gauche dessas mulheres as aproxima de zonas mentais obscuras, colocando-as em xeque diante da vida social. É como se a precisão do roteiro traçado para os homens se opusessem à precariedade e à deriva dos destinos femininos.

Ragnarök - O Fim dos Deuses - A.S. Byatt

Ragnarök, em islandês antigo, significa 'crepúsculo dos deuses', ou ainda, 'julgamento dos deuses'. Ambas as acepções estão contidas nas sagas mitológicas germânicas e escandinavas compiladas a partir do século XIII. Para os antigos nórdicos, o fim dos deuses era também o fim dos tempos, comparável ao Juízo Final dos cristãos, com a importante diferença de que não havia esperanças de uma vida além-túmulo - após o colapso do Valhall - o suntuoso palácio das divindades -, o universo se transformará para sempre num lugar escuro, árido e desabitado. Neste livro híbrido entre mitologia e autobiografia, A. S. Byatt recupera algumas das mais importantes histórias sobre a gênese e o fim do mundo segundo os povos bárbaros - vikings, islandeses, germanos - que habitaram o norte da Europa até sua cristianização. Encantada desde a infância por deuses como Odin, Frigg, Loki e Thor, a autora reconta suas aventuras em meio a gigantes, elfos, lobos e serpentes monstruosas; paralelamente, Byatt rememora suas próprias experiências durante a primeira leitura das narrativas de que esses seres fantásticos são protagonistas. Ostentando poderes prodigiosos, equiparados às forças incontroláveis da natureza, mas também às fragilidades mais típicas dos homens, as divindades do panteão nórdico provocam seu próprio fim com suas paixões imprudentes. Trata-se de um eloquente eco das catástrofes humanas e naturais anunciadas pela atual degradação ambiental e pela escalada dos conflitos bélicos.

O Império de Hitler - A Europa Sob o Domínio Nazista - Mark Mazower
Em 1941 havia soldados alemães a poucas léguas por mar da Grã-Bretanha, admirando as ruínas de Atenas, na área onde fica o aeroporto de Moscou, e marchando pela avenida dos Champs-Élysées, em Paris. Hitler, quase da noite para o dia, se viu senhor de um império maior que o de Napoleão. Depois do sucesso avassalador da campanha teutônica sobre a Europa ocidental (o general que ocupou a Dinamarca teria dito - 'Tire este paiseco do meu caminho, tenho algo mais importante a conquistar!'), o front leste começou a acumular sucessivas vitórias, e o Reich ganhava ares de invencibilidade. Antes do começo de 1942, o Exército alemão tinha feito mais de 2 milhões de prisioneiros russos, e Hans Frank, o governador-geral da Polônia conquistada, instalado em Cracóvia, se comportava como um príncipe renascentista, tirano e vaidoso, cego pelo poder a ponto de escrever um diário em quarenta volumes, que acabaria lhe custando a vida. De repente, o avanço alemão parou. A guerra se prolongaria ainda por mais de dois anos de conflitos sangrentos, até que os soviéticos chegassem a Berlim, mas a maré se invertera definitivamente. Nesta obra, Mark Mazower demonstra que foi justamente a estrutura pouco ortodoxa (senão bizarra) da ocupação alemã o principal componente da derrota nazista. A falta de planejamento e o patente erro de cálculo dos alemães, incapazes de antever as tremendas dificuldades de sua missão 'germanizadora', transparecem com regularidade impactante no vasto repertório de fontes pesquisado pelo autor. Baseado numa ilusão perene, o Terceiro Reich foi responsável, em sua campanha bárbara, não só por dezenas de milhões de mortes durante o conflito, mas por uma Europa dilacerada e decadente, e por um novo mundo.

Pássaros Amarelos - Kevin Powers

'Metade da memória é imaginação', diz John Bartle. Narrador-protagonista de 'Pássaros amarelos', o ex-soldado reconta, em uma narrativa cheia de vaivém, o que aconteceu durante seu serviço na Guerra do Iraque. Não são as lembranças precisas dos episódios sangrentos da guerra, das noites em vigília e das paisagens iraquianas que são postas em dúvida pela memória de Bartle, mas o significado de cada uma de suas ações em Al Tafar, cidade em que combateu em 2004. Isolado em uma cabana nas montanhas Blue Ridge, Bartle tenta dar sentido às suas experiências pelo próprio relato, que não raro abarca reflexões e observações poéticas. A memória vai e volta no tempo, descrevendo os treinamentos no quartel, os ataques à sua base, as incursões pelas vielas de Al Tafar, os corpos, o vagar por uma cidade alemã à espera da repatriação, o retorno aos Estados Unidos. Revirando as lembranças, ele segue um norte - a história de Daniel Murphy, soldado três anos mais jovem, de quem se aproximou e que prometeu levar de volta, vivo, para a mãe. A impossibilidade de cumprir essa promessa atormenta Bartle, que revive em imaginação cada momento com o amigo.

Promoção - A Seleção

17 de abril de 2013


Hey, gentem!
Não disse que hoje ia sair uma promoção super linda pra vcs?
Em parceria com a Editora Seguinte, o blog Livros e Chocolate vai sortear um exemplar do livro mais que queridinho de todas as leitoras que querem um príncipe em suas vidas: A Seleção, da autora Kiera Cass!
E pra participar, é super fácil. Basta seguir as regrinhas e preencher o formulário logo abaixo! E ccoOOorrRreeE porque é só até o final do mês!

Regras:
  • Residir no Brasil
  • Seguir o Blog publicamente pelo GFC
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  • Curtir a página da Editora Seguinte no face
Não se esqueça de ler atentamente os Termos e Condições ao fim do formulário e boa sorte!!!
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Lançamentos - Cia das Letras

9 de março de 2013

Kay Scarpetta: Corpo de Delito (vol. 2) - Patricia Cornwell
Sinopse: Cary Harper é um escritor famoso. Logo após o cruel assassinato de sua filha adotiva, ele próprio é assassinado. A irmã de Harper morre em circunstâncias igualmente misteriosas. Quem cometeu os crimes? Por que os cometeu? Essas são as perguntas que levam a médica-legista Kay Scarpetta a seguir as poucas pistas deixadas pelo criminoso. Além das provas que consegue colher nos corpos levados ao necrotério, sai a campo com o chefe de polícia Pete Marino e com o agente do FBI Benton Wesley na tentativa de solucionar o caso. As mais variadas hipóteses vão sendo sucessivamente abandonadas. Nada parece dar conta de todas as circunstâncias. Um dia, porém, a dra. Scarpetta recebe a visita de um desequilibrado mental que afirma ser capaz de enxergar a alma de um criminoso.


A Menina Que Fazia Nevar - Grace McCleen
Sinopse: Todos os dias se parecem na vida que Judith McPherson leva ao lado do pai. Eles têm uma rotina simples e reclusa, numa casa repleta de lembranças da mãe que ela nunca conheceu, e as únicas pessoas com quem convivem são os fiéis da igreja cristã a que pertencem. Judith não tem amigos na escola, onde é alvo de gozações, e para encontrar consolo se refugia no mundo de sucata que construiu em seu quarto. Lá, cada dia é um dia, e a vida pode ser incrivelmente feliz graças a sua imaginação. Basta acreditar que a Terra Gloriosa, como ela chama sua maquete, é realmente o paraíso prometido onde um dia vai viver ao lado da mãe. Aos dez anos, Judith vê o mundo com os olhos da fé, e onde os outros veem mero lixo, ela identifica sinais divinos e uma possibilidade de criar. Assim, constrói bonecos de pano e inventa para eles histórias felizes na Terra Gloriosa. O que nem Judith poderia imaginar é que talvez seu brinquedo seja mais do que uma simples maquete. Pelo menos é o que parece quando ela cobre a Terra Gloriosa de espuma de barbear e a cidade aparece coberta de neve na manhã seguinte. Um pequeno milagre, é assim que ela interpreta esse e outros sinais parecidos. Tão pequeno que muitas pessoas poderiam pensar que não passa de coincidência, mas Judith sabe que milagres nem sempre são grandes, e que reconhecê-los é um dom de poucas pessoas. Longe de ser benéfico, no entanto, esse poder traz consigo uma grande responsabilidade. Afinal, seria certo usar a Terra Gloriosa para se vingar de Neil Lewis, o colega que a maltrata todos os dias na escola? 

Destino Sombrio - Luis Dill
Sinopse: Passado, presente e futuro estão eternamente atados pelos laços da consequência. Não só o presente já foi passado e um dia será futuro, como o que fizemos em um deles implica necessariamente nos outros dois. Gildo, o protagonista desta história, que o diga. No presente, ele dirige misteriosamente por uma estrada. No passado, há uma história de amor que não deu certo. No futuro, chegará a seu destino e reencontrará o irmão, que acabou de ter um filho e não espera por essa visita. Mas por que tanta agonia? O que ele esconde? De que ou de quem ele foge? Por quê? 




O Cavaleiro Fantasma - Cornelia Funke
Sinopse: Jon Withcroft não estava nada feliz. E quem gostaria de ser mandado para um internato bem quando a mãe tinha arranjado um namorado novo? Pois, quando chegou em Salisbury, o garoto só pensava nos acidentes que o Barba (apelido “carinhoso” pelo qual Jon se refere ao seu grande rival) poderia estar sofrendo e no que seria escrito na lápide dele caso algum escorregão fosse fatal.
Até que... na sexta noite em Salisbury, Jon descobre um novo motivo para querer voltar correndo para casa: ele passa a ser perseguido por um bando de fantasmas, que desejava nada mais nada menos que a sua morte.
Mas em vez de pedir ajuda para a mãe, Jon recorre a um outro protetor: sir William Longspee, um cavaleiro fantasma que está enterrado na catedral da cidade e que jurou, antes de ser assassinado, estar sempre ao lado dos fracos e inocentes. Ao lado de Jon e de sua amiga Ella, sir William percorre cemitérios e duela contra zumbis, lutando não só para ajudar as crianças como também para cumprir seu próprio destino. Mas, para saber qual seria esse grande mistério que ronda nosso nobre cavaleiro fantasma, só lendo a história toda.

Novidades de Fevereiro - Cia das Letras

15 de fevereiro de 2013


A Paz Dura Pouco, de Chinua Achebe (Tradução de Rubens Figueiredo)
Nos anos 1950, a Nigéria vive os últimos tempos da ocupação britânica dividida entre as promessas da modernidade e os vínculos étnicos que compõem o tecido social africano. Nesse contexto, o jovem Obi Okonkwo recebe uma bolsa para estudar em Londres. Lá, abandona a faculdade de direito para se dedicar ao estudo da língua inglesa, e sonha libertar sua terra da inércia cultural, da exploração e do racismo dos estrangeiros, mas também dos vícios e favorecimentos mediados por laços familiares e tribais africanos. Ao retornar, sua terra natal se revela, porém, diferente da imagem guardada na memória. Obi consegue um emprego no governo e se depara com a tentação das ofertas de suborno ou favores sexuais que permeiam todas as instâncias de administração pública. Aos poucos, o rapaz se enreda em dívidas, contraria as convicções familiares, debate-se com acontecimentos dramáticos no romance com a mulher que conheceu em Londres e se vê confrontado pela decepção dos que viam nele uma personalidade proeminente com um futuro brilhante.


O homem é um grande faisão no mundo, de Herta Müller (Tradução de Tercio Redondo)
Na Romênia do ditador Ceausescu, em meados da década de 1980, a família de etnia alemã Windisch aguarda uma autorização para emigrar para o Ocidente. À medida que mais e mais vizinhos romeno-alemães deixam o país, a família ainda continua a esperar — a vida e o tempo parecem não sair do lugar. É apenas quando a filha Amalie se vende para conseguir permissão de saída, que a família toda irá receber os documentos tão desejados. Nesta brevíssima narrativa, Herta Müller acompanha com poesia a trajetória estagnada mas sem repouso dessa aldeia de sobreviventes da Segunda Guerra, sempre com seu olhar crítico ante uma realidade marcada pelo sofrimento e pelo medo que resultam de um governo opressivo.


Sobre a História, de Eric Hobsbawm (Tradução de Cid Knipel Moreira)
Nesta coleção de ensaios, Eric Hobsbawm reflete sobre prática e teoria da disciplina que fez sua fama como um dos maiores historiadores contemporâneos. Com a costumeira clareza de estilo, o autor põe em questão o papel do historiador, a indefinição das identidades nacionais na Europa, o legado de Marx e do Manifesto Comunista, a noção de progresso, os pontos de contato entre história e economia. Mais uma vez, brilha.




Ilíada, de Homero (Tradução e prefácio de Frederico Lourenço)
Considerado o primeiro livro da literatura europeia, o mais antigo dos épicos homéricos narra a tragédia de Aquiles, herói grego da Guerra de Troia que, depois de se retirar da batalha por um desentendimento com um de seus aliados, ao ver seu fiel escudeiro assassinado pelo inimigo, volta ao combate em um impulso de fúria cega cujo fim só pode ser a própria morte. Apesar de concentrar quase toda a ação do poema em um único episódio, Homero lança mão na Ilíada de um sofisticado mecanismo narrativo, capaz de apresentar um leque de eventos e personagens tão amplo e irresistível que sobre ele foi construída boa parte da tradição literária ocidental. Esta edição em verso, com tradução do helenista português Frederico Lourenço, é acompanhada de textos introdutórios, uma lista das principais personagens e alianças bélicas, e mapas que ajudam o leitor a compreender a complexa geografia homérica.


Senhora, de José de Alencar
Publicado em 1875, Senhora é uma história de abandono, vingança e reparação. Apaixonada por Fernando Seixas, frequentador dos altos círculos da corte, mas incapaz de sustentar sua vida de luxo, Aurélia é trocada por uma noiva com um dote de trinta contos de réis. Em uma reviravolta do destino, porém, acaba herdeira de uma grande fortuna e, de forma anônima e por uma quantia de cem contos de réis, consegue atrair Seixas de volta para si, apenas para humilhá-lo por seu caráter venal e submisso. Com sua narrativa concentrada na vida ociosa das classes abastadas e sua existência parasitária em torno da corte imperial, Senhora retrata um momento de transformação da sociedade brasileira: os valores patriarcais foram sendo substituídos pela visão de mundo de uma burguesia que parecia regida, acima de tudo, pelo dinheiro. Esta edição traz uma introdução de Antonio Dimas, professor titular de literatura brasileira na USP.