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Não Tá Fácil Pra Ninguém - Andrew Tsyaston

4 de junho de 2019

Título: Não Tá Fácil Pra Ninguém
Autor e Ilustrador: Andrew Tsyaston
Editora: Seguinte
Gênero: Juvenil/Tirinhas/Humor
Ano: 2019
Páginas: 112
Nota:★★★★★
Sinopse: Às vezes você mal acorda e já sente que a vida quer te derrubar? Tenta, em vão, conciliar sono, trabalho, exercícios, lazer e vida social, e sente que tem sempre alguém muito melhor do que você em tudo? Não se preocupe, você não está sozinho! Porque a verdade é que não tá fácil pra ninguém.
De forma acessível e certeira, as tiras de Andrew Tsyaston discutem ansiedade, depressão, masculinidade tóxica, autoestima e as expectativas de nossa sociedade em relação aos jovens. Ao longo da leitura, é inevitável se identificar e dar muita risada — ainda que, por dentro, você esteja chorando.

Resenha:  Esses livritchos compostos por tirinhas e ilustrações engraçadas são o que há por aí. Depois de me divertir - e refletir - horrores com as verdades e situações tragicômicas embutidas em tirinhas com personagens caricatos, exagerados e super expressivos (as sobrancelhas de Emilia Clarke que se cuidem) dos livros de Sarah Andersen, chegou a vez do peculiar Não Tá Fácil Pra Ninguém, do autor e ilustrador Andrew Tsyaston. Ele é dono de um perfil de ilustrações no Instagram, o Shen Comix, que já conta com quase 1,5 milhão de seguidores. Sua forma de retratar as principais emoções do ser humano, assim como o que elas causam, é única, original e impagável. É impossível não rir, levar um tapa na cara e/ou se identificar com as situações que ele aborda.


O projeto gráfico do livro é muito bem feito, todo colorido e cheio de detalhes, e a tradução também foi muito bem adaptada pro português. Eu só senti falta de uma capa dura.



Confesso que alguns temas considerados delicados são tratados com um pouco de deboche e até frieza, mas talvez a ideia seja realmente colocar humor em situações trágicas com intenção de amenizar as coisas, ou talvez fazer com que as pessoas reflitam sobre determinadas condições e as porradas inevitáveis que levamos da vida, literalmente. É impossível levar a vida sem que, de vez em quando, bata aquela sensação de que tudo dá errado antes mesmo de levantarmos da cama, que o fracasso bate à nossa porta, que existe alguém que nos supera e vive se gabando por isso, que às vezes o melhor é deixar pra lá e se conformar, que nem sempre damos conta do tranco sozinhos, ou o quanto é difícil conciliar a vida em todos os aspectos sem surtar. É a parte desesperadora da vida adulta, nem tudo são flores, e todos estamos sujeitos a cair.



O mais engraçado - e genial - é que Andrew personificou as emoções, então a Raiva, a Tristeza, a Lógica, uma dupla de personalidades opostas (A e B, uma passiva e a outra super competitiva), e a própria Vida são personagens que contracenam com o pobre protagonista, o Shen, cuja vida nada fácil foi inspirada na do próprio autor, e fica evidente o quão difícil é lidar com todas elas, que parecem só existir pra tentar derrubá-lo (e muitas vezes conseguem). Acompanhar essas situações tão trágicas quanto cômicas, acaba colocando os leitores num misto de emoções e sentimentos que são muito engraçados, mas, ao mesmo tempo, fazem a gente rir de nervoso só pra não ter que chorar de desespero.



Embora o livro aborde alguns pontos sob a ótica masculina, a maioria das situações acabam representando muito bem a vida de todos nós, e é impossível não parar pra pensar sobre nosso comportamento em geral e como lidamos com o fracasso e com as adversidades da Vida. Não Tá Fácil Pra Ninguém é um livro curtinho, engraçado e necessário para qualquer pessoa adulta - ou prestes a entrar nessa fase - perceber que se não tá fácil pra você, não tá fácil pra ninguém, mas nada impede que a gente levante, limpe a poeira, coloque um band-aid nas feridas causadas pelos inúmeros tombos, e siga em frente.

Hyperbole and a Half - Allie Brosh

20 de fevereiro de 2017

Título: Hyperbole and a Half - Situações lamentáveis, caos e outras coisas que me aconteceram
Autora: Allie Brosh
Editora: Planeta
Gênero: Não ficção/Humor
Ano: 2014
Páginas: 224
Nota:★★★★★
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Em Hyperbole and a half – situações lamentáveis, caos e outras coisas que me aconteceram, a autora apresenta alguns dos textos mais lidos e comentados em seu blog e também muito material novo, inclusive histórias sobre seus cachorros (um deles aparentemente com leves problemas mentais), sua luta para lidar com a depressão e a ansiedade que insistem em dominá-la, além de anedotas hilárias sobre sua tumultuada infância. Sim, Allie foi uma criança difícil. Talvez a mais difícil de todas. Por exemplo, uma vez ela comeu um bolo inteiro só de birra porque sua mãe a proibira. E ela também atazanou a vida da família quando ganhou um papagaio de brinquedo que repetia tudo – tudo – que ela queria. Inteligente, irônico e absurdamente engraçado, o livro traz o estilo inimitável de Allie nos textos e nas ilustrações, além de algumas de suas típicas reflexões que conquistaram o coração de inúmeros leitores.

Resenha: Hyperbole and a Half é uma complilação de várias histórias baseadas nas postagens do blog (em inglês) de mesmo nome e super popular da autora Allie Brosh. O livro foi publicado pela Editora Planeta de Livros em 2014 mas ainda assim é atual e memorável, afinal, quem nunca se deparou com essas ilustrações em memes nas redes sociais?


A narrativa em primeira pessoa, além de bem humorada, é muito verdadeira e é capaz de revelar muito do íntimo da autora, já que o que é apresentado são experiências aleatórias vivenciadas por ela em algum determinado momento de sua vida, de criança a adulta, abordando a família, gostos pessoais, sonhos, problemas e conflitos internos, obsessão por cães malucos e até o pavor de gansos psicopatas, o que permite que alguns leitores possam se identificar com seus pensamentos ou até com algumas das situações pelas quais ela passou. Algumas das experiências são mais profundas e intensas, cheias de significados que estão nas entrelinhas e requerem uma atenção maior para que possam ser melhor compreendidas, já outras, mesmo que exista uma mensagem acerca da experiência e de sua personalidade peculiar propriamente dita, são mais engraçadas e rendem algumas boas risadas.


O trabalho gráfico da obra é super caprichado, com páginas coloridas de acordo com o capítulo e várias ilustrações toscas e estilo "made in paint" feitas pela própria autora que são super engraçadas, algumas até mais do que a própria história em si. Os desenhos, embora muito simples e que parecem ter sido feitos por uma criança, conseguem se encaixar perfeitamente nas descrições feitas pela autora, assim como evidenciar expressões e emoções de uma maneira brilhante e que surpreende.
Essa mistura com HQ foi uma agradável surpresa.

A forma hilária como Allie conta suas experiências colabora ainda mais para arrancar um sorriso dos leitores, mas conforme os capítulos avançam, assim como a idade ou fase da vida que a autora narra, as situações vão ganhando um ar mais sério e carregados de autocríticas, e algumas das situações parecem até não fazer muito sentido se o leitor não se atentar bem ao que a autora tenta passar, já que adentram um universo mais sombrio do que diz respeito aos sentimentos, como a tristeza, o egoísmo, a indiferença e até a depressão. As observações acerca das situações narradas e descritas por Allie conseguem fazer uma abordagem certeira, não somente sobre seus sentimentos, sejam eles negativos ou não, mas das pessoas de maneira geral, que possuem falhas, inseguranças e outras características que nos fazem ser quem somos.



Recomendo para quem procura por um livro bem humorado e que aparentemente parece não ter nada a oferecer, mas que consegue fazer um retrato cru da realidade, mostrando que podemos passar por situações bizarras na vida e ainda assim seguirmos em frente se pudermos encarar as coisas com maturidade e bom humor.

PS.: Vou tentar fazer o teste de QI animal encontrado no livro com meus gatos pra saber se algum deles tem algum distúrbio mental ahahahahahaha!

Muito mais que 5inco Minutos - Kéfera Buchmann

12 de outubro de 2015

Título: Muito mais que 5inco Minutos
Autora: Kéfera Buchmann
Editora: Paralela
Gênero: Biografia/Humor/Autoajuda
Ano: 2015
Páginas: 144
Nota: ★★★☆☆
Onde comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Você conhece a Kéfera? Pois deveria! Com 22 anos, Kéfera Buchmann reúne quase doze milhões de seguidores nas suas mídias sociais (YouTube, Facebook, Twitter e Instagram). Só o seu canal no YouTube, “5inco minutos” (procura aí na internet), tem cinco milhões de assinantes e é o quarto mais visto do Brasil. Tá achando pouco? Ela ainda recebe diariamente centenas de mensagens de fãs do Brasil todo e é parada na rua a todo momento. Se o YouTube é de fato a nova televisão, como acha muita gente, hoje Kéfera é o equivalente aos antigos astros globais. Tão conhecida e amada quanto eles. Neste livro, que tem literalmente a sua cara, Kéfera parte de sua vida para falar de relacionamentos, bullying, moda e gafes e conta uma série de histórias divertidas com as quais é impossível não se identificar.

Resenha: Kéfera Buchmann é fênomeno no Youtube desde que gravou seu primeiro vídeo manifestando seu ódio eterno pela irritante vuvuzela há pouco mais de cinco anos atrás. Desde então ela não parou. Expor sua opinião sobre diversos temas sem papas na língua de forma hilária, fazendo caras e bocas, xingado palavrões, fazendo gestos obscenos, zoando a própria mãe (Zeiva, tão maluca quanto), trollando o namorado e etc, é sua marca registrada.
Kéfera é atriz, chegou a ser apresentadora do finado Coletivation na MTV, já apresentou peças no teatro, já foi capa e matéria de revista, dá entrevistas a torto e a direta, recebe milhares de mensagens de fãs em suas redes sociais e mal pode andar na rua sem que alguém não a reconheça e a aborde. Definitivamente, Kéfera conquistou milhões de fãs e se tornou uma celebridade na web, e agora, fora dela também.

Em seus vídeos, Kéfera atinge - em grande maioria - o público adolescente que se identifica e compartilha de sua opinião, pois são situações do cotidiano que acabam fazendo parte da vida de qualquer um. Ela é sempre bem articulada e formula suas opiniões de forma muito engraçada e cativante. É impossível não se identificar e curtir.


No livro, a youtuber fala principalmente sobre sua vida antes da criação de seu canal, voltando lá em sua infância quando se considerava uma menina totalmente fora dos padrões da sociedade, estranha, feia, gorda, usava óculos, rejeitada e excluída por todo mundo, enfrentando bullying frequentemente, sofrendo com crises existenciais da pré adolescência, ficando com a autoestima lá no chão e totalmente desprovida de amor próprio. Mas com otimismo, coragem e força de vontade ela deu a volta por cima, e hoje lá está ela, arrasando, linda, bem sucedida e querida por milhões de pessoas, mantendo sua essência, tendo um bom coração e conquistando o público com seu jeito revoltado e irreverente de ser, mostrando que por mais que determinados dilemas possam tirar o sono de alguém, no final, tudo dá certo, basta querer e correr atrás. Tem exemplo mais legal?

São coisas simples que todos nós passamos ou vamos passar um dia pois tudo isso faz parte da vida. É inevitável. E baseado em suas experiências, ela conta o que passou, deixando conselhos e alertas e até espaços para que o livro seja preenchido com segredos e afins, e tudo isso com a mesma linguagem bem humorada dos vídeos, onde ela sempre solta um palavrão ou parece estar fora de si (no melhor sentido da coisa). Logo, o livro tem um pé na autoajuda que, ao meu ver, é super válido para as garotas que, de alguma forma, tenham passado por situações parecidas, se sentem inspiradas e até agradecidas por ela, ainda que muito jovem, ter podido ensinar algo já que serviu de exemplo. Por mais desvairada que seja, ela ainda consegue ser sensata o bastante para reconhecer erros, acertos e falar a respeito de tudo com naturalidade, sinceridade e muito bom humor.


O livro é bem curtinho, fácil e rápido de ser lido. A Kéfera de hoje volta alguns anos atrás para contar e analisar com "olhar crítico" as situações pelas quais passou, o que aprendeu e como lidou com elas, e faz com que vários leitores/seguidores que têm a idade que ela tinha na época (ou não), possam enxergar a si próprios, logo, o conteúdo do livro não é irrelevante, fútil e muito menos inútil. E ainda que alguém não conheça, não seja fã ou, na pior das hipóteses, seja um hater, pode tirar alguma lição de suas palavras, pois são coisas comuns, que acontecem com pessoas normais e tenho certeza que muitos vão concordar com as opiniões dela ou se identificar com alguma coisa que ela vivenciou, independente do teor.

O único porém é que alguns trechos do livro não são inéditos. É possível saber dos tais fatos através dos vídeos, então pra quem espera algo que vai muito além dos cinco minutos, ou que irá se deparar com os "bastidores da fama", pode não ter as expectativas superadas. É importante que quem invista nessa leitura, saiba que se trata de algo mais voltado a autoajuda do que uma história da vida dela sob holofotes.
"Depois de toda a loucura da minha infância e de toda a reviravolta que minha vida deu, perdi o contato com a maioria das pessoas que me conheciam quando eu não era 'descolada' o suficiente para ser vista como alguém legal. E que se danem. Muitas dessas pessoas nunca somaram nada na minha vida. Pelo contrário, só subtraíram."
- Pág. 91
O projeto gráfico do livro é uma graça. Algumas páginas apresentam o texto em vermelho para diferenciar o que é um conselho do que é uma situação que ela vivenciou, os títulos dos capítulos são vermelhos, alguns parágrafos possuem a carinha de sua cachorrinha Vilma Teresa como divisor e há várias fotos espalhadas pelo livro com detalhes em vermelho.
Ao fim ela deixa um gancho para um segundo livro e acredito que nele será possível saber um pouco do que acontece por trás da câmera e como está sendo sua vida pós Youtube.


Não acho que seja um livro inteiramente direcionado aos fãs, mas ao público adolescente em geral. Não é preciso ser fã da Kéfera para sabermos que a primeira paixão dá aquele frio na barriga, que o primeiro beijo pode ser nojento mas será inesquecível, que a virgindade é um assunto delicado, que o gostinho do "dar a volta por cima" é muito melhor do que o da vingança, que devemos nos aceitar como somos e nos amarmos antes de tudo, que jamais devemos nos submeter a humilhações vindas por pessoas sem caráter e que se acham superiores, ou ainda que nunca devemos julgar ninguém sem conhecermos o outro lado da história. Não digo que seja um livro revolucionário e épico que deva ganhar dezenas de prêmios literários, muito pelo contrário, mas é uma leitura válida para os fãs e o público alvo que acha graça dos seus videos e se identifica com as situações que ela expõe. As mensagens e os pequenos ensinamentos podem, sim, ser úteis.

Eu, Você e a Garota que Vai Morrer - Jesse Andrews

17 de junho de 2015

Lido em: Junho de 2015
Título: Eu, Você e a Garota que Vai Morrer
Autor: Jesse Andrews
Editora: Fábrica 231/Rocco
Tradutora: Ana Resende
Gênero: YA/Drama/Humor
Ano: 2015
Páginas: 288
Nota: ★★★★☆
Sinopse: Greg Gaines é socialmente invisível, Earl Jackson vem de um lar desajustado e Rachel Kushner tem câncer, mas Eu, você e a garota que vai morrer está longe de ser mais um dramalhão lacrimoso. Subvertendo clichês, o autor Jesse Andrews oferece um romance de formação que, com um estilo pop e original, consegue juntar irreverência e sensibilidade ao tratar dessa coisa maluca chamada morte. 

Resenha: Eu, Você e a garota que Vai Morrer é um livro "escrito" pelo seu protagonista, Greg Gaines. Greg é um garoto de dezessete anos que está no último ano do ensino médio e na época era aspirante a cineasta, mas como ele deixou essa ideia de lado por só fazer filmes terríveis, ele decidiu escrever um livro, mesmo que não tenha ideia do que estivesse fazendo, mas, ainda assim, ele quer contar sua história. Por achar o colegial uma droga, Greg tentava a todo custo passar por ele sem maiores problemas, e por isso resolveu que deveria se manter alheio não fazendo partes de "tribos" e grupos específicos para manter uma amizade com todos - mas acabou não tendo amizade com ninguém - assim ele não seria "rotulado" e nem prejudicado ao manter sua estratégia de sobrevivência. Seu único amigo era Earl, um garoto desprovido de altura, com personalidade ácida, opinião própria - direta, crua, grotesca e quase sempre ofensiva - que passava o tempo sendo zoado pelos irmãos e que vivia puto da vida. Mas eles eram amigos da maneira deles, estavam acostumados com todas aquelas besteiras e, ainda assim, a amizade permaneceu sólida, mesmo que "pontual", tosca, esquisita e sem fazer o menor sentido. Por que pontual? A amizade deles funcionava mais como um "trabalho em equipe" pois o único interesse que eles descobriram ter em comum era um filme que eles adoraram desde a primeira vez que assistiram quando eram crianças: Aguire, a cólera dos deuses, e foi por causa desse filme que eles começaram a fazer seus próprios filmes caseiros e super amadores dos quais Greg tem vergonha e gostaria de manter em segredo eternamente.
Até que tudo muda quando no primeiro dia de aula, após chegar em casa, lá estava Greg tranquilo da vida lendo um conto para a escola - vendo foto de peitos -, e tendo a concentração interrompida pelo próprio pau duro sem explicação, a mãe dele aparece choramingando com a triste notícia de que Rachel, uma namorada de infância que Greg teve há seis anos atrás, foi diagnosticada com leucemia e o garoto deveria voltar a falar com ela para ajudá-la a passar por essa barra. Na verdade, ele é intimado pela mãe a voltar a ser amigo de Rachel pois quanto mais tempo ele passasse com ela, maior seria a diferença no que lhe restava de vida. Greg nem sabia o que era leucemia e não fazia ideia de como se aproximar de Rachel, mas um telefonema acaba mudando tudo...
" - Oi.
- Ei.
- ...
- Eu telefonei para o médico, e ele disse que você precisava de uma receita de Greg-acil.
- E isso é o quê?
- Sou eu.
- Pág. 48
O livro possui uma narrativa em primeira pessoa pelo ponto de vista de Greg e além de ser bastante descontraída e direcionada ao leitor já que se trata de seu livro, consegue ser muito real e atingir uma sinceridade ímpar. O protagonista não mede as palavras e sempre tem pensamentos sinceros sobre a situação em que se encontra por mais que soe ofensivo ou inadequado. Alguns trechos são em forma de roteiro e em terceira pessoa, e por isso a diagramação é diferente nessas partes. E confesso ter achado genial essa ideia de mesclar a escrita com roteiros pois é algo que faz parte da história e da vida de Greg e de Earl. Ele também faz listas pra enumerar as coisas que quer explicar e é bem engraçado. Como a história é escrita por Greg, ele sempre se refere ao livro como "essa bosta de livro", "esse livro desgraçado" e por aí vai.

Os diálogos são naturais, muitas vezes são cheios de palavrões e o autor não poupa o leitor de detalhes ou manias de linguagem que os personagens tem. Em momentos de hesitação, ou de certa dificuldade em falar algo que possa ser considerado constrangedor, Greg sempre enrola com "huumm's" até concluir o que quer dizer. Por um lado achei original por demonstrar o personagem como alguém normal, comum e até indiferente, mas na narrativa, mesmo que não interferisse no meu envolvimento com a história, achei que foi uma característica que impediu a fluidez da leitura nos trechos em que aparece.

Greg é um personagem muito sozinho e não tem o menor espírito de liderança. Ele vive a sombra de Earl mas consegue se dar bem nessa condição porque faz o tipo "caguei e andei". Ele surta mas logo se finge de morto e assim resolve seus problemas. Ele é sarcástico, não liga pra ninguém além dele mesmo, não se importa com o que os outros pensam e azar de quem esteja sofrendo. Ele simplesmente não se importa com nada e fim. Mas o que esse pobre coitado tem de insuportável e chato, ele tem de engraçado. Os foras que ele dá ou os pensamentos impossíveis e impagáveis que se passam em sua cabeça são os responsáveis pelo grande toque de humor da história e por deixá-la tão diferente e original. E claro, através de erros e perdas que enfrenta ele amadurece e acaba enxergando que as coisas não são como ele pensa.

A família de Greg é hilária. Eles não aparecem muito na história, mas adorei a apresentação de cada membro dela, desde a mãe ex-hippie e super sentimental, o pai esquisito, as irmãs mais novas inúteis e até mesmo Cat Stevens, o gato da família que é tratado como uma pessoa.
Talvez o que tenha faltado nesse livro pra eu considerá-lo realmente perfeito nem tenha sido um romance ou um triângulo amoroso na pior das hipóteses, mas, sim, um aprofundamento maior na questão de Rachel estar a beira da morte e a visão dela para o seu lado da história já que ela tem bastante destaque no título. Há explicações e cenas sobre a doença para situar o leitor do que se trata e o que a pessoa enfrenta, fisicamente falando, mas Rachel fica totalmente em segundo plano, como uma figurante mesmo, e o leitor não sabe como ela se sente e nem pelo que ela, de fato, passa emocionalmente, então, pra quem espera por um sick-lit como A Culpa é das Estrelas, que emociona, arranca lágrimas e retrata a superação de alguém com uma doença terrível, triste e incurável, que sofre mas ainda assim encontra o amor, vai quebrar a cara. Leia sim, mas ciente de que esse não é o foco de Eu, Você e a Garota que Vai Morrer. O leitor já sabe pelo título que a garota vai morrer, mas a ideia que prevalece durante todo o desenrolar da história é a que Greg deixou clara lá no início do livro, se trata da história dele e de como ele - sendo o adolescente que é, e com a mentalidade de um - tentou levar um pouco de alegria pra Rachel enquanto segue com a própria vida e descobre um pouco mais de si quando, com a ajuda de Earl, tenta fazer um filme para fazer uma homenagem a ela, mas nada sai como planejado...

A capa colorida tem tudo a ver com a história e é muito bonita. Ela representa os cenários improvisados que os garotos montam na criação de seus filmes malucos. Encontrei um único erro de revisão e gostei da adaptação de alguns termos traduzidos para se adequarem ao português. O título no original é "Me and Earl and the Dying Girl", mas achei bacana a editora adaptar para que houvesse uma "rima" entre "você" e "morrer", como há em "Earl" e "Girl" no inglês.

É um livro que foge completamente de clichês e apresenta um protagonista esquisito e diferente de tudo o que já vi, mas justamente por isso consegue ser incrível, cativante, engraçado e único. Mesmo que eu tenha imaginado uma coisa e ter me deparado com outra, neste caso em particular, curti muito, me surpreendi e o livro superou minhas expectativas.

O livro deu origem ao filme cujos direitos foram adquiridos pela Fox e foi vencedor do Festival Sundance 2015, nas categorias Público e Crítica, espiem o trailer:
Fin.

Geek Love: O Manual do Amor Nerd - Eric Smith

17 de junho de 2014

Lido em: Junho de 2014
Título: Geek Love: O Manual do Amor Nerd
Autor: Eric Smith
Editora: Gente
Gênero: Autoajuda/Humor
Ano: 2014
Páginas: 208
Nota: ★★★★☆
Sinopse: Eric Smith sabe mais do que ninguém que existem prazeres imensos na vida geek. Amigos incríveis, conversas até de madrugada sobre realidades alternativas ou até mesmo o simples prazer de ler aquele lançamento de quadrinhos. No entanto, chega um momento na vida de todo nerd em que o amor bate à porta e daí vem a hora de jogar o xadrez tridimensional que é o mundo dos solteiros. Não se desespere, jovem Padawan! Deixe Smith guiá-lo por esse caminho e descubra que amar é muito mais do que flores e bombons. Afinal, nada é normal na vida do nerd, e o amor não é senão o mais extraordinário dos fenômenos humanos.

Resenha: Geek Love: O Manual do Amor Nerd não se trata de um livro de autoajuda qualquer. Escrito pelo nerd mais do que assumido e co-fundador do site Geekadelphia (um site gringo com todas as novidades/curiosidades nerds e geeks ever), Eric Smith criou um guia bastante bem humorado e com muitas referências ao mundo geek, cheio de dicas "infalíveis" a fim de ajudar o garoto nerd encalhado (Player 1) ou que simplesmente não tem sorte com as garotas (Player 2). Resumindo a história: Os nerds solteirões não devem desistir, jamais! O amor pode ser como a justiça: "tarda mas não falha". Se a hora dele ainda não chegou, talvez seja porque não esteja seguindo as regras básicas, e este manual vem como uma luz, algo que pode abrir os olhos daqueles que não sabem o que estão fazendo de errado para que avalie o que pode estar atrapalhando um possível relacionamento que poderia vir a surgir.

O guia é engraçado, tem dicas úteis para todos os solteiros nerds e desesperados, ou para aqueles que só querem dar uma espiada a título de curiosidade ou diversão (e diversão não falta). Porém, não consigo imaginar um garoto recorrendo a um livro desse tipo. Isso porque nunca na minha vida inteira conheci ou soube de um cara que procurasse um livro de autoajuda em busca de socorro na questão dos relacionamentos amorosos, a menos que o tal livro servisse para ajudar a nivelar aquele sofá que perdeu um dos pés.
A primeira vista, é "coisa de mulherzinha". O livro parece uma revista pois além das páginas grossas e brilhantes, é todo colorido, ilustrado com imagens em 8-bits pixelizadas, e fofo, mas ao ler fica claro que é um livro destinado ao público masculino, mesmo que existam toques que também servem para a mulherada. Cada capítulo do livro é destinado a um passo por vez, orientando e mostrando ao leitor que tudo deve começar do início, do nível mais fácil até o mais difícil.

Acredito que somente nerds level very hard irão reconhecer todos as referências a personagens, filmes, games, livros e etc que o autor utiliza como exemplo nas situações que cria e nas soluções que dá ao leitor, mas até mesmos os mais n00bs serão capazes de tirar algum proveito de todas as lições.
O que mais achei válido no livro foi a crítica implícita do autor aos relacionamentos de hoje em dia, baseados na tecnologia, em que namoros, conversas e demonstrações de amor são feitas através de mensagens no celular ou pelas redes sociais da vida que parecem servir como base e serem vitais para a existência de qualquer relacionamento que venha a surgir em vez de serem usadas como um artifício ou ferramenta de auxílio.

Dicas valiosas e super importantes sobre levar indiscrições, lamentações ridículas e até a famosa "lavação de roupa suja" ao público também são dadas usando de toques e elementos geeks. Que atire a primeira pedra aquele que não conhece alguém que vive em função de um reles status de relacionamento, ou que faz questão de fazer do Facebook um muro de lamentações quando briga ou leva um chute nos fundilhos daquele que deveria ser o merecedor do seu amor eterno... #quedó #sqn
Parece que aquele namoro clássico com jantares a luz de velas e coisas consideradas "cafonas" é algo que beira a extinção, entre nerds ou não, se é que não desapareceu de vez já que presença física e calor humano cederam lugar a auto-isolação, emoticons e aos diálogos infinitos por inbox ou whatsapp... 

Enfim... é uma leitura válida pela diversão, pela nostalgia e pela crítica aos relacionamentos que só funcionam a base de internet. É possível tirar algum proveito desde que o leitor, seja ele homem ou mulher, tenha uma mente aberta para entender que é impossível seguir regras para conseguir e manter relacionamentos, afinal, cada um tem sua própria individualidade e forma de encarar a vida, mas antes de sair por aí procurando alguém, é preciso ter senso, se conhecer bem e se gostar antes de tudo. O que vier em seguida é pra completar e ser eterno enquanto durar...