Meio Rei - Joe Abercrombie

21 de março de 2017

Título: Meio Rei - Mar Despedaçado #1
Autor: Joe Abercrombie
Editora: Arqueiro
Gênero: Fantasia
Ano: 2016
Páginas: 288
Nota:★★★★☆
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas | Amazon
Sinopse: Filho caçula do rei Uthrik, Yarvi nasceu com a mão deformada e sempre foi considerado fraco pela família. Num mundo em que as leis são ditadas por pessoas de braço forte e coração frio, ser incapaz de brandir uma espada ou portar um escudo é o pior defeito de um homem.
Mas o que falta a Yarvi em força física lhe sobra em inteligência. Por isso ele estuda para ser ministro e, pelo resto da vida, curar e aconselhar. Ou pelo menos era o que ele pensava.
Certa noite, o jovem recebe a notícia de que o pai e o irmão mais velho foram assassinados e não lhe resta escolha a não ser assumir o trono. De uma hora para outra, ele precisa endurecer para vingar as duas mortes. E logo sua jornada o lança numa saga de crueldade e amargura, traição e cinismo, em que as decisões de Yarvi determinarão o destino do reino e de todo o povo.

Resenha: Meio Rei é o primeiro volume da trilogia Mar Despedaçado escrita pelo autor inglês Joe Amercrombie. O livro foi publicado no Brasil pela Editora Arqueiro.

Yarvi é príncipe de Gettland, filho mais novo do rei Uthrik e, por ter nascido com uma deformidade em uma das mãos, não é considerado um homem inteiro, mas sim "meio", por não ser capaz de brandir uma espada e não ter a força física necessária por aqueles que ditam as regras e são considerados fortes. Ele sempre foi desprezado pelo pai e sempre foi alvo de piadas por não ser um verdadeiro guerreiro, mas sim um meio filho, como se jamais fosse estar a altura do pai ou do irmão mais velho.
Embora Yarvi tenha esse defeito, ele é um jovem inteligente e que possui conhecimentos relacionados a cura, ervas e afins, logo herdar o trono nunca foi algo que o interessou. Yarvi quer ser ministro, um tipo de conselheiro do rei, que serve ao Pai Paz em vez da Mãe Guerra. Porém, prestes a fazer o teste para se tornar ministro, Yarvi recebe a notícia de que seu pai e seu irmão foram mortos durante uma emboscada e, consequentemente, ele deveria assumir o trono e todas as responsabilidades que o irmão teria, inclusive seu casamento arranjado, mas, quando decide que iria vingar a morte dos dois, Yarvi acaba sendo traído, e as provações pelas quais o jovem irá passar serão fatores cruciais para que ele faça escolhas que irão traçar o destino de todo o reino.

Narrado em terceira pessoa, acompanhamos uma história de dor e muita luta com personagens complexos e que são movidos não só pela coragem, mas pela forma de pensar, mesmo que seus sentimentos sejam totalmente conflitantes diante da situação em que se encontram.
Eu gostei de Yarvi pois é possível aprender com ele que os maiores e melhores exemplos partem de uma história difícil, e com ele não foi diferente. E não só pelo fato de ele ter uma deficiência que faz com que ele se comporte de forma mais humana e realista, passando por dificuldades maiores devido a essa limitação e aprendendo com os próprios erros. Ele precisou desistir de todos os seus planos para herdar um trono que não queria, e tudo o que passou, por mais injusto que tenha sido, serviu para que ele crescesse não só como pessoa, mas como o verdadeiro líder que ele nasceu pra ser, embora tenha sido desacreditado disso a vida inteira.
Os demais personagens também são fundamentais para o desenrolar da história, a ambientação é rica e detalhada sem muitos excessos e o universo de forma geral traz questões como política, religião e afins, que são relevantes para a época fazendo toda a diferença por estarem lá.

Posso dizer que não foram só as grandes reviravoltas e a total imprevisibilidade sobre os personagens eu me agradaram na trama de forma geral, mas também a forma como o autor não tratou as personagens femininas de forma unilateral, mas sim, deu a elas características que, geralmente - e levando em consideração a época medieval -, são voltadas a personagens masculinos, e mostrou que elas também podem ser fortes, corajosas, inteligentes e destemidas deixando qualquer machão no chinelo. E mesmo a trajetória de Yarvi sendo o foco principal da história, elas não ficam ofuscadas já que se destacam e possuem um papel essencial, independente do que façam ou onde e com quem estejam.

O projeto gráfico do livro também é simples mas chama bastante atenção. A capa condiz com a história e o detalhe em verniz no título o destaca do fundo escuro.
Os capítulos possuem títulos em vez se serem numerados e são curtos, e isso colabora ainda mais pra fluidez da leitura que acaba sendo feita de forma bem rápida.

No mais, Meio Rei é um misto de fantasia com ação, trazendo uma trama inteligente e que mantém o leitor preso da primeira a última página. Super recomendo!

Novidades de Março - Grupo Pensamento

20 de março de 2017

Seoman

A Primeira Pedra - Krzysztof Charamsa

O padre polonês Krzysztof Charamsa, 44 anos, atualmente ativista dos direitos LGBT em Barcelona, ocupou os níveis mais altos da Igreja Católica. Revelar sua homossexualidade em outubro de 2015 foi apenas uma nova e difícil etapa em sua vida. A partir daí, Charamsa passou por muitas provações por assumir-se gay no seio de uma das instituições mais conservadoras do mundo. Neste livro, ele revela como os homossexuais são discriminados, reduzidos à condição de pervertidos, enquanto o clero católico, fortemente homofóbico, é ele próprio composto em grande parte por homossexuais. Esses homens acabam arando um terreno fértil onde germina a erva daninha vergonhosa da pedofilia e outros tipos de abusos. Escrita de forma clara, direta e emocionada, a obra promete estremecer os alicerces éticos de uma das instituições mais poderosas do mundo.

Cultrix

Filosofia sem as Partes Chatas - Alain Stephen

Temos mesmo livre-arbítrio? Como sabemos a diferença entre certo e errado? Se Deus existe, por que permite o sofrimento? O que é o tempo? Existe vida depois da morte? Perguntas como essas têm ocupado e perturbado as mentes mais brilhantes do mundo ao longo da história da civilização humana, provocando sempre muita discussão e debate. Neste livro curioso e visceral, Alain Stephen explora algumas dessas questões básicas. Ele explica todos os principais conceitos da filosofia, desde a Grécia Antiga até os grandes intelectuais da França do século XX. Com uma linguagem clara e livre de jargões, este livro propicia momentos de deleite e reflexão tanto para o pensador erudito quanto para qualquer pessoa que se interesse em filosofar sobre os grandes enigmas da vida.

Mapas Mentais Para os Negócios - Tony Buzan e Chris Griffiths

Tony Buzan, o mais proeminente autor mundial de Mapeamento Mental, ao lado de Chris Griffiths, cofundador e CEO da Buzan Online Ltd., vai lhe mostrar como aplicar Mapas Mentais a qualquer desafio ou meta empresarial - desde o gerenciamento de projetos e vendas até estratégias de liderança. Usado por empresas do mundo inteiro, entre elas, De Beers, Disney, Microsoft e até a NASA, para criar, liderar, planejar, apresentar soluções e fazer apresentações, os Mapas Mentais podem ajudá-lo a resolver problemas, descobrir novas maneiras de trabalhar, traçar planos de negócios, reestruturar sua equipe e muito mais.

O Herói - Lutz Müller

Neste primeiro volume da Biblioteca Psicologia e Mito, o analista junguiano Lutz Müller revela o verdadeiro caminho do herói - o caminho da individuação e da vida criativa; o caminho da mudança que, através do enfrentamento da morte, leva a uma nova vida. E, ao convidar o leitor a refletir sobre a história do seu herói preferido, mostra que esse caminho não está reservado a uns poucos escolhidos, mas que todos nós - homens ou mulheres - nascemos para ser heróis.


O Guia Completo das Plantas Medicinais - David Hoffman

Neste guia abrangente e bem fundamentado, o médico herbalista David Hoffmann oferece um tratamento natural e sem contraindicações para ajudar você a recuperar e manter a saúde e o bem-estar. Orientações claras e minuciosas mostram como diagnosticar e tratar com segurança uma ampla variedade de distúrbios - desde prisão de ventre, TPM e depressão até rinite, diabetes e tensão nervosa - sem nenhum efeito colateral nocivo. Uma obra para você promover a sua saúde e bem-estar, com um dos tratamentos mais acessíveis e completos que a natureza nos deu.

Jangada

O Terceiro Testamento - Christopher Galt

Em toda parte, as pessoas começam a ter visões. Um adolescente francês assiste Joana D'Arc ser queimada na fogueira, e até tenta tirar uma foto com o celular, e a presidente dos Estados Unidos tem visões de seus antecessores dentro da Casa Branca. Ninguém sabe se essas misteriosas aparições são uma espécie de alucinação coletiva, uma doença virótica causada por bioterrorismo ou se são sinais do Apocalipse. Ocorrem suicídios em massa em várias partes do mundo, e o psiquiatra e neurocientista John Macbeth, à frente de um projeto para criar uma inteligência artificial autônoma, busca freneticamente uma resposta antes que seja tarde demais. Ele descobre que a verdade por trás de tudo pode mudar os rumos da humanidade para sempre. E até custar a sua vida. Uma história eletrizante que o fará questionar sua perspectiva da realidade. E até mesmo a sua sanidade.

Pensamento

Os Segredos do Signo Solar - Amy Zerner e Monte Farber

Um livro cheio de informações práticas e curiosas sobre os traços positivos e negativos dos signos, seu par ideal no amor, seu comportamento em casa e no trabalho, suas atitudes em relação ao dinheiro, suas tendências secretas, seu jeito de criar os filhos e muito mais. Use este livro para se conhecer melhor, encontrar soluções para os seus problemas, progredir na carreira e turbinar a sua vida amorosa! Um belíssimo manual ilustrado que oferece uma nova maneira de interpretar os dozes signos do zodíaco, com descrições de fácil compreensão que ajudarão você a entender, com total clareza, sua personalidade e a das pessoas à sua volta.

As Cinco Leis Espirituais da Cura - Marion Kohn

A naturopata Marion Kohn, com base nas descobertas revolucionárias do renomado médico alemão doutor Ryke Geerd Hamer, oferece uma compreensão inteiramente nova da causa, do desenvolvimento e do processo natural de cura das doenças. A autora esclarece que, além de um sentido biológico, as doenças têm um sentido espiritual e podem ser curadas se compreendermos o que ela chama de "as cinco leis espirituais da cura". Pautada nessas leis, ela propõe uma cura por meio do perdão e oferece vários exemplos tirados da vida real. Uma obra que levará você a reconhecer a cura como algo muito maior que a simples remissão das doenças, pois, segundo Marion, o ato da cura é uma das etapas mais sublimes do nosso desenvolvimento espiritual.

Boston Boys - Giulia Paim

19 de março de 2017

Título: Boston Boys - Boston Boys #1
Autora: Giulia Paim
Editora: Globo Alt
Gênero: Juvenil/Literatura Nacional
Ano: 2017
Páginas: 360
Nota:★☆☆☆☆
Sinopse: O sonho de toda adolescente se realizou para Ronnie Adams: o maior astro pop da TV foi morar na casa dela. Ela deveria estar vibrando, como qualquer garota normal, mas na verdade está odiando a ideia. Ela não vê a menor graça em Boston Boys, programa sobre a vida de três integrantes de uma boyband, e acha os garotos uns babacas.
De fato, Mason McDougal se acha o máximo e está acostumado a ser recebido sempre por meninas histéricas, por isso não faz o menor esforço para ser simpático. Tendo que lidar com o egocentrismo do garoto, além da perseguição de fãs ciumentas, a vida de Ronnie vira de cabeça para baixo.
Agora ela terá que se acostumar com a stalker nº 1 dos garotos plantada em seu gramado, frequentar festas glamorosas e lidar com paparazzis, resolver uma guerra de fofocas on-line e até fazer uma viagem internacional. Em meio a tantas novas aventuras, Ronnie se envolve cada vez mais com os Boston Boys e percebe aos poucos que, no mundo da fama, nem tudo é o que parece ser...

Resenha: Henry, Ryan e Mason formam o Boston Boys, uma boyband que ganhou um programa de televisão estilo reality show e é o sonho de consumo de várias fãs. Veronica Adams, ou Ronnie, é uma adolescente de quinze anos que odeia boybands, odeia os meninos e acha todos eles uns completos babacas, mesmo que sua irmã, Mary, seja apaixonada por eles.
Até que um belo dia, numa situação mais do que improvável e inusitada, Ronnie vê seu mundo revirado de cabeça pra baixo quando Mason, o "conquistador" do grupo, vira hóspede em sua casa durante as gravações do programa. Além de aturar o garoto, que é super mimado, ela ainda vai se meter em várias confusões.

Pra ser bem sincera, talvez essa resenha possa ser interpretada mais como um desabafo do que como uma crítica, principalmente por eu ainda estar meio abismada, mesmo que tenham se passado nem sei quantos dias depois de ter finalizado a leitura. Então, vamos lá.

A história é narrada em primeira pessoa e a escrita, mesmo que com alguns furos, é bem fluída, mas receio que essa fluidez - assim como o projeto gráfico muito caprichado - seja a única coisa boa do livro.
Ronnie já começa o livro falando que é taurina, e nunca me senti tão mal representada, astrologicamente falando, na minha vida. Generalizando, prefiro ser reconhecida como "esfomeada que come até o chapisco do muro" do que "nascida pra ser feita de trouxa".
Ela está numa situação mega desconfortável, mas em vez de se "rebelar contra o sistema" e pelo menos tentar mostrar o quanto está insatisfeita, só sabe reclamar, dando a impressão de que passa 24hrs de mau humor, gritando, histérica mas, ainda assim, incompreendida por não saber e nem conseguir se expressar. No final das contas, ela se conforma e faz o que foi obrigada a fazer.

Mason é um caso sério. O sujeito parece ser um tipo de discípulo de Justin Bieber. A imbecilidade e falta de bom senso conseguem superar a beleza da criatura. Claro que há motivos e tentativas de se explicar o comportamento odioso desse moleque boçal, mas nada que tenha me convencido...

A confiança é a base da família, mas a própria mãe escondeu que saiu do emprego de analista de sistemas para ser produtora do programa Boston Boys, e só cinco longos meses depois, quando foi conveniente, ela resolveu comunicar as filhas que Mason seria hóspede na casa por "falta de lugar pra ficar". Rico e famoso, mas sem teto. Ok. E, a partir daí, a mãe que sempre foi legal, se transformou numa carrasca sem consideração que obrigava Ronnie a fazer coisas contra a sua vontade e a se submeter às situações mais ridículas que já vi, incluindo envolver um ex namorado idiota na história. E não digo mandar a filha arrumar a cama ou lavar a louça, coisas que os filhos detestam mas são mais do que a obrigação, mas aturar um desconhecido folgado e prepotente que, além de infernizá-la, ainda a faz de empregada e acha que humilhá-la é engraçado.
E isso o que a mãe faz (ou deixa de fazer) é só um pequeno exemplo que mostra que os adultos da história são completamente desprovidos de maturidade e senso, além de serem uns cretinos irresponsáveis. Se houvesse justiça no mundo, o conselho tutelar já teria entrado em ação há séculos.

Mary, a irmã de Ronnie, tem onze anos mas já é uma maníaca em potencial. Ela começa como uma fã engraçadinha e fofa, mas depois se revela uma menina tão desequilibrada e psicótica que não entendi nada. Onze anos!

Ah, e não posso deixar de falar da Piper Longshock, a fã nº 1 e obcecada pelos meninos. Ela sempre fica na espreita e nos arredores de onde eles estiverem e descobre tudo que quer, sabe-se lá Deus como. Ela inclusive se muda de cidade pra seguí-los, e começa a ameaçar Ronnie sem que ninguém perceba, e sem que haja consequências. É algo como "tem uma delinquente a solta por aí tentando me matar, mas ok". A menina é adolescente, e como assim ela se muda de cidade como se estivesse indo na padaria da esquina? E os pais dela? [insira um emoji de facepalm aqui]

Ver o trio super famoso sair andando por aí de boas, frequentando a escola comum do bairro ou dando um rolé no shopping sem terem um pedaço da roupa arrancada, ou sem saírem carregados nas costas das fãs enlouquecidas, não me pareceu muito "natural". É impossível aceitar e entender como eles saem "ilesos" da multidão enfurecida, usufruindo do direito de ir e vir como qualquer cidadão comum.

A ideia de mostrar as confusões e as mudanças na vida de uma adolescente decorrentes de uma convivência forçada com aquilo que ela mais odeia é interessante, eu admito, e poderia servir de reflexão pra várias meninas aprenderem a lidar melhor com pessoas que detestam, mas são obrigadas a aturar, seja pelo motivo que for, mas quando o desenvolvimento da história é absurdo e impossível, sem que o contexto faça qualquer jus à realidade, é um pouco difícil de engolir. Uma coisa é um livro cujo enredo sem nexo e impossível está alí de forma proposital (e eu poderia citar vários livros absurdos envolvendo o universo infantil ou adolescente que li, morri de rir e adorei), outra coisa é quando o impossível é vendido como tentativa de ser crível mas, na verdade, não é. E eu não fui capaz de comprar essa história. Sabem aquele ditado que diz que a primeira impressão é a que fica? Pois serviu direitinho nesse caso. E mesmo quando a história, que não deixou de ser incoerente em momento algum, começou a dar indícios de que melhoraria, eu já estava tão tomada pela antipatia e total falta de credibilidade da trama, que nada mais seria suficiente pra me fazer gostar. Quando li um comentário sobre o livro parecer ser uma fanfic, não imaginei que poderia levar aquilo pelo lado literal da coisa. Parece mesmo uma fanfic, e escrita sem que haja preocupação em fazer parecer verossímil. Talvez, se os personagens fossem mais velhos, muita coisa poderia ser mais aceitável, até o comportamento absurdo e doentio de Piper, mas sendo adolescentes - e dependentes dos pais -, não teve nada a ver.

Penso que houve uma tentativa de fazer dessas situações algo muito cômico e inusitado, mas não funcionou, não pra mim. Não consegui achar nada divertido ou engraçado. É como se o livro fosse feito pra não ser levado a sério, porque não é possível tanta coisa errada e de mau gosto numa história só. Diante de tantos absurdos, não consegui relevar, só consegui achar tudo muito irreal e irritante, e meu envolvimento foi zero. Olhos revirando num looping infinito.
E como se todos esses pontos negativos não fossem o bastante, ainda tem mais: A história se passa nos EUA e, teoricamente, os personagens são americanos, mas nunca vi um grupo tão abrasileirado como esse.

O fato de que não houve um romance propriamente dito me surpreendeu (pelo menos não nesse volume), mas, como esperado desde o início, existe todo aquele clichê de mocinho babaca que acaba tendo uma queda secreta pela mocinha ingênua, e ela, claro, acaba conseguindo enxergar por trás do que ele aparenta ser, e todos vivem felizes para sempre. Se esse é o fim eu não sei, mas, no meio disso tudo, muita confusão - sem cabimento - vai rolar...

Infelizmente, esta não foi uma leitura que eu tenha gostado a ponto de recomendar, mas como gosto é algo bastante subjetivo, e cada um tem o seu, talvez valha a pena investir pra se tirar as próprias conclusões...

Objetos Cortantes - Gillian Flynn

18 de março de 2017

Título: Objetos Cortantes
Autora: Gillian Flynn
Editora: Intrínseca
Gênero: Thriller/Suspense/Mistério
Ano: 2015
Páginas: 254
Nota:★★★★★
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas | Amazon
Sinopse: Recém-saída de um hospital psiquiátrico, onde foi internada para tratar a tendência à automutilação que deixou seu corpo todo marcado, a repórter de um jornal sem prestígio em Chicago, Camille Preaker, tem um novo desafio pela frente. Frank Curry, o editor-chefe da publicação, pede que ela retorne à cidade onde nasceu para cobrir o caso de uma menina assassinada e outra misteriosamente desaparecida.
Desde que deixou a pequena Wind Gap, no Missouri, oito anos antes, Camille quase não falou com a mãe neurótica, o padrasto e a meia-irmã, praticamente uma desconhecida. Mas, sem recursos para se hospedar na cidade, é obrigada a ficar na casa da família e lidar com todas as reminiscências de seu passado.
Entrevistando velhos conhecidos e recém-chegados a fim de aprofundar as investigações e elaborar sua matéria, a jornalista relembra a infância e a adolescência conturbadas e aos poucos desvenda os segredos de sua família, quase tão macabros quanto as cicatrizes sob suas roupas.

Resenha: Depois do sucesso estrondoso de Garota Exemplar, a autora Gillian Flynn teve outras obras publicadas pela Intrínseca aqui no Brasil.
Objetos Cortantes narra a história de Camille, uma repórter de um jornal em Chicago. A morte de duas garotas em sua cidade natal, Wind Gap, a faz retornar para lá a fim de investigar o ocorrido e redigir uma reportagem para seu editor. Esse retorno, entretanto, gera mais do que uma simples investigação: além de descobrir a identidade do assassino, Camille terá que lidar com os fantasmas do seu passado.

A capacidade de Gillian trabalhar o modo psicológico em seus livros fica evidente a cada obra lançada pela autora. Enquanto em Garota Exemplar a insanidade de uma mulher é mostrada ao decorrer da história, em Objetos Cortantes temos também várias figuras femininas como principais no enredo. Pouco a pouco a personalidade delas é trabalhada e desenvolvida, mas há um mistério excelente na relação das personagens e isso instiga muito, criando dúvidas quanto ao papel desempenhado por cada uma delas. Flynn consegue construir figuras interessantes em cada obra sua, de modo que o necessário é mostrado e o principal é escondido e guardado para o final.

A narrativa é feita em primeira pessoa por Camille, uma mulher de trinta e poucos anos que carrega um passado turbulento e cheio de "marcas". A personagem é complexa, tem uma personalidade profunda e é até meio similar a Amy Exemplar. O contato o dela com a mãe, Adora, é o que há de mais interessante em Objetos Cortantes. Espera-se de relação mãe versus filha algo cheio de amor e compreensão, mas entre as duas não há nada além de frieza. É estranho ver com as duas se relacionam. Gradativamente, Flynn vai esmiuçando os diversos pontos dessa proximidade maternal tão peculiar e surpreende ao mostrar o modo como isso se originou.

Outra personagem que tem grande importância é Amma, filha de Adora e meia-irmã de Camille. A representatividade da precocidade juvenil é evidente nela. Com apenas treze anos, muitos seios e uma sexualidade já aflorada, a garota é tudo o que não espera-se de uma menina tão jovem.  Mas além disso, a forma como ela se porta diante de diversas situações é muito medonha. Em diversos momentos ela profana coisas horríveis para irmã e em outros está calma e doce. Uma verdadeira bipolar.

Objetos Cortantes é um livro curto de leitura fácil e rápida. A história instiga não pelo fato de seu desenvolvimento acelerado e investigação policial, mas, sim, por ter acontecimentos intrigantes em torno da protagonista. A história tem um foco maior no teor psicológico e é isso que a torna tão boa. Por que Amma se comporta de maneira tão estranha? Por que Adora não gosta da própria filha? Por que Camille usava objetos para cortar-se? Perguntas como essas surgem e se arrastam até o final. O desfecho surpreende e deixa uma moral: nem tudo que parece realmente é.