Caixa de Correio #46 - A última do ano

31 de dezembro de 2015

 Dezembro, mês da festança e das gordices, mas é o mês mais corrido e desesperador da minha vida, e o desse ano foi o mais tenso de todos. Enquanto o rango da ceia de ano novo tá alí prestes a ser preparado, aproveitei a brecha pra vir aqui correndo montar a caixa. Esse mês, justamente por causa da correria e da gastança não comprei livro nenhum (aleluia). Aniversário da Vivi e Natal (que são no mesmo dia) me fizeram gastar horrores e nem pude trabalhar esse mês já que ou eu trabalhava com os lays ou me dedicava aos preparativos que me tomaram muuuito tempo já que fiz tudo sozinha. Tem coisa mais triste que não poder trabalhar logo no mês que a gente mais precisa de dinheiro? Jesus... Mas não posso negar que a carinha de felicidade da Vivi por ter amado a festinha de Cinderela dela valeu a pena (graças a Deus é uma vez por ano rsrsrs).
Por isso o blog ficou desfalcado de postagens e agora que as comemorações passaram é que to correndo pra recuperar o tempo perdido, tapando os buracos e colocando o que posso em dia.
Enfim, bora ver o que chegou? Teve cortesia e teve livro lindo de amigo secreto ♥
Espiem!

O Nome da Estrela - Maureen Johnson

27 de dezembro de 2015

Título: O Nome da Estrela - Sombras de Londres #1
Autora: Maureen Johnson
Editora: Fantástica/Rocco
Gênero: Suspense/Thriller/Sobrenatural
Ano: 2015
Páginas: 304
Nota: ★★★☆☆
Onde comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: No mesmo dia em que o primeiro de uma série de assassinatos brutais acontece em Londres, a norte-americana Rory Deveaux chega à cidade para começar uma nova vida em um colégio interno. Os crimes hediondos parecem imitar as atrocidades de Jack, o Estripador, praticadas há mais de um século. Logo a febre do Estripador toma conta das ruas de Londres, e a polícia fica desconcertada com as poucas pistas e a ausência de testemunhas. Exceto uma. Rory viu o principal suspeito no terreno da escola. Mas ela é a única pessoa que o viu – a única que consegue vê-lo. E agora, Rory se tornou seu próximo alvo. Neste thriller envolvente, cheio de suspense e romance, Rory descobre a verdade sobre suas novas e chocantes habilidades e os segredos das Sombras de Londres.

Resenha: O Nome da Estrela, primeiro volume da série Sombras de Londres, é um suspense juvenil escrito pela autora Maaureen Johnson e publicado pelo selo Fantástica, da Editora Rocco.

Aurora Deveaux, ou Rory, é uma adolescente americana que sai do interior de Louisiana e chega a Londres para se alojar e estudar num colégio interno pelo período de um ano. Porém, no dia de sua chegada, ela descobre que há um assassino à solta que parece estar seguindo os mesmos passos de Jack, o Estripador, já que sua primeira vítima foi esquartejada da mesma maneira que Jack fazia em 1888. Londres está em polvorosa pois ninguém consegue descobrir quem está cometendo todas essas atrocidades.
Sem testemunhas e sem pistas, a polícia fica de mãos atadas, até Rory ver o suspeito na propriedade da escola e se tornar uma testemunha. Então, ao cruzar o caminho deste brutal assassino, Rory se vê forçada a tentar resolver os crimes já que parece ser a única que consegue vê-lo, mas corre perigo ao se tornar seu próximo alvo...

Não nego que a premissa promete bastante, mas achei que a autora se perdeu em meio a uma escrita um tanto quanto rasa para só dar um gás e surpreender ao fim. O livro é narrado em primeira pessoa, pelo ponto de vista da protagonista e podemos acompanhar como é sua descoberta para um dom do qual ela desconhecia ter: ela consegue ver fantasmas e logo se dá conta de que o assassino se encaixa nesse "perfil".
A autora conseguiu incorporar bem alguns elementos e detalhes dos crimes na história, mas não achei que nada foi aterrorizante o bastante pra causar medo. Há surpresas, sim, mas o ritmo lento no início com tudo minimamente detalhado acaba tirando um pouco da empolgação com a leitura, principalmente quando a impressão que fica é que os pesonagens parecem estar impedidos de participar de tudo o que acontece e a ação dá lugar a muita conversa, a maioria descartável.
Um ponto legal, mas que acaba lembrando muito o universo de Harry Potter, é a questão da escola e da convivência de Rory com seus novos amigos. É tudo bastante natural, principalmente por Rory ser uma adolescente e se comporta exatamente como uma, com o diferencial de que, a partir do momento em que descobre seu dom de poder ver fantasmas, ela vai levando a vida como pode enquanto lida com esse pequeno novo detalhe. Tais fatores colaboraram para que a história ficasse mais fluída e menos cansativa.
Não espere por um romance meloso e inesquecível. Há toques de romance no ar, não nego, mas o foco é a habilidade de Rory que acaba sendo útil na investigação dos crimes terríveis, e é isso que fez com que o livro me agradasse mais já que ando meio saturada de romances juvenis.
Os personagens não me marcaram e fiquei na dúvida se eles realmente não são nada interessantes de propósito ou se foi a autora que não soube construí-los muito bem a ponto de despertar minha simpatia.

Não achei muito legal a ideia de Rory ter pais tão ausentes e despreocupados em deixá-la na escola enquanto assassinatos aconteciam ao redor do lugar. Isso me soou um tanto absurdo, assim como outras situações envolvendo a polícia de Londres e a parte que envolve as questões sobrenaturais da história (que prefiro não mencionar já que é um spoiler enorme). Só posso dizer que o que motiva o assassino a cometer crimes, pra mim, não fez sentido nenhum.

A capa do livro é bem caprichada, com respingos de "sangue" em verniz sobre a capa aveludada. A diagramação também é uma graça pois a cada início de capítulo o texto fica entre uma moldura com ornamentos. As páginas são amarelas e não percebi erros na revisão.

O livro deixa um gancho para uma sequência, mas pode ser encarado como livro único já que, de forma geral, é bem fechado. O caso se encerra e acho que se alguém não gostar da leitura ou não tiver a curiosidade atiçada não vai ficar com a ideia de necessidade da continuação para saber o que mais poderá acontecer.
O Nome da Estrela não é ruim, só é preciso insistir um pouco até que as coisas legais comecem a acontecer. Pelo toque juvenil e escolar, por mais que tenha suspense, pode ser lido tranquilamente por leitores mais jovens que queiram se deparar com algumas mortes sangrentas a serem investigadas...


Sobrenatural - Paige McKenzie

26 de dezembro de 2015

Título: Sobrenatural - The Haunting of Sunshine Girl #1
Autora: Paige McKenzie e Alyssa Sheinmel
Editora: Fábrica 231/Rocco
Gênero: Suspense/Terror/Mistério/YA
Ano: 2015
Páginas: 304
Nota: ★★★★★
Onde comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Aos 16 anos, Paige Mckenzie criou, produziu e estrelou uma série no YouTube que virou um hit na internet e ganhou milhões de seguidores em seu canal The Haunting of Sunshine Girl. Primeiro livro da websérie de sucesso, que também será adaptada para o cinema, Sobrenatural – The Haunting of Sunshine Girl chega ao Brasil pelo selo Fábrica231. Escrito em parceria com Alyssa Sheinmel, o livro conta a história de Sunshine, uma garota de 16 anos que se muda com a mãe da ensolarada Austin, no Texas, para a chuvosa Ridgemont, no estado de Washington. Mas a poeira e o aspecto sombrio do lugar logo se tornam os menores dos problemas de Sunshine. Vozes no meio da noite, portas se fechando sozinhas, risadas... aos poucos a garota percebe que ela e sua mãe correm sérios riscos ali. E ela terá que encarar seus maiores medos antes que seja tarde demais.

Resenha: The Haunting of Sunshine Girl é uma websérie no Youtube criada, produzida e estrelada pela adolescente Paige McKenzie e que, devido ao sucesso que teve, acabou virando livro ao ter tido sua essência captada pela escritora Alyssa Sheinmel.

Quando a mãe de Sunshine recebe uma nova proposta de emprego para trabalhar como enfermeira-chefe num hospital na chuvosa cidade de Riggemont, em Washington, ela não pensa duas vezes em aceitar. Ela mal teve tempo de procurar saber como a filha se sentiria com a ideia de deixar a cidade de Austin, no Texas, um lugar ensolarado onde ela morou desde que nasceu, para ir para outro tão longe e diferente do qual elas estavam acostumadas. A casa alugada pela internet não fora visitada com antecedência já que tudo foi feito às pressas, e, logo que se mudaram, Sunshine percebeu que havia algo estranho no ar, algo que ia além da poeira e do aspecto sombrio, frio e úmido da casa.
Ao começar a ouvir passos, vozes, choros e risadas, objetos flutuantes e portas que se fecham sozinhas, a garota, aos poucos, se dá conta de que sua mãe, que antes era amorosa e carinhosa, começa a ficar cada vez mais alheia e distante, até tudo começar a ficar mais claro quando Sunshine conhece e se aproxima de Nolan, um garoto da escola. Com a ajuda dele, Sunshine começa a entender que o que anda acontecendo não é coisa de sua cabeça, a história que há por trás dos espíritos em sua casa existe e o destino dela é algo do qual ela não pode fugir...

O livro é narrado em primeira pessoa pelo ponto de vista de Sunshine, mas também podemos acompanhar um segundo narrador misterioso que desde o começo sente e observa a garota.
A escrita é muito fluída e, por mais que o começo do livro seja um pouco cansativo, já que é toma um bom espaço para falar mais sobre os gostos de Sunshine, com várias conversas e tudo mais, realmente prende o leitor devido ao ótimo desenvolvimento. As situações de mistério que remetem ao suspense e ao terror são bem descritas e causam uma baita ansiedade por serem incômodas para aqueles que têm medo quando o assunto é sobrenatural, mas nada que nos faça sair acendendo todas as luzes da casa no meio da noite com medo do capeta aparecer e puxar nosso pé... não... A coisa realmente prende pela forma como é contada sem causar pavor e desespero. A ordem dos fatos tem grande influência das situações, e cada uma delas é explicada de forma plausível para que a história se encaixe.

Eu gostei da construção dos personagens e a forma como são autênticos e convincentes em suas atitudes. Sunshine é uma boa menina, preocupada com o próximo e, às vezes, até se põe em segundo lugar em nome da felicidade de quem ama. Ela é diferente das demais adolescentes pelas coisas que curte já que seu gosto pessoal é bastante peculiar. Eu também gostei da forma como a relação com a mãe foi exposta, principalmente por ela ter sido adotada.
Nolan ganha espaço aos poucos. Ele ajuda Sunshine e desvendar os mistérios que cercam a casa, já que é o único que acredita nela por causa do seu passado. Um passado que ainda faz parte de sua vida e que faz com que ele tenha grande importância nesse papel de ajudar a garota. Ele acaba se revelando alguém admirável e não é a toa que o leve toque de romance parta daí. Gostei da personalidade dele, pois além de nerd ele é bastante descolado.

Sobrenatural é um livro cheio de mistérios, que remete ao horror com maestria e sutileza fazendo com que o a história como um todo seja bastante agradável e surpreendente em vez de ser aterrorizante, já que toda aquela fantasia obscura é bastante intrigante e inteligente. Uma excelente leitura que, embora gire em torno do sobrenatural, aborda a essência humana e a forma como as pessoas lidam com o novo ou com a perda, além de trabalhar a atmosfera familiar entre mãe e filha de uma forma muito satisfatória. Pra quem curte o gênero, vale a leitura!


O Círculo - Dave Eggers

24 de dezembro de 2015

Título: O Círculo
Autor: Dave Eggers
Editora: Companhia das Letras
Gênero: Ficção/Suspense/Thriller
Ano: 2014
Páginas: 522
Nota: ★★★★☆
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Encenado num futuro próximo indefinido, o engenhoso romance de Dave Eggers conta a história de Mae Holland, uma jovem profissional contratada para trabalhar na empresa de internet mais poderosa do mundo: O Círculo. Sediada num campus idílico na Califórnia, a companhia incorporou todas as empresas de tecnologia que conhecemos, conectando e-mail, mídias sociais, operações bancárias e sistemas de compras de cada usuário em um sistema operacional universal, que cria uma
identidade on-line única e, por consequência, uma nova era de civilidade e transparência.
Mae mal pode acreditar na sorte de fazer parte de um lugar assim. A modernidade do Círculo aparece tanto na sua arquitetura arrojada quanto nos escritórios aprazíveis e convidativos. Os entusiasmados membros da empresa convivem no campus também nas horas vagas, seja em festas e shows que duram a noite toda ou em campeonatos esportivos e brunches glamorosos. A vida fora do trabalho, porém, vai ficando cada vez mais esquecida, à medida que o papel de Mae no Círculo torna-se mais e mais importante. O que começa como a trajetória entusiasmada da ambição e do idealismo de uma mulher logo se transforma em uma eletrizante trama de suspense que levanta questões fundamentais sobre memória, história, privacidade, democracia e os limites do conhecimento humano. 

Resenha: Louca pela temática trazida por este livro, eu embarquei em uma viagem ao mundo das redes sociais e da ausência de privacidade que caminha com elas. A cada página eu ficava ainda mais chocada com a proximidade da realidade de fatos narrados.
Imagine-se trabalhando em uma das maiores corporações de tecnologia social do mundo... Imaginou? Pois bem, Mae, a personagem principal desta obra conseguiu seu tão sonhado espaço na empresa "O Círculo" que comanda todas as redes sociais, sites e os interliga sob o princípio básico da transparência. Sim, Imagine Google, Facebook, Instagram, Twitter sob um mesmo comando e totalmente interligados, assustador não?!

Mae que tanto sonhou em sair de seu cargo público agora faz o atendimento ao cliente da empresa, com uma meta de 100% de eficiência na resolução das questões trazidas pelos usuários. Essas metas resolvidas através do conhecimento geral de dados particulares dos clientes envolvem e obrigam Mae a cada vez se ver mais e mais envolvida nestes projetos e programas da corporação.
A partir daí inevitável o questionamento da protagonista, enquanto ser humano, das reais intenções e do sigilo das informações alí compartilhadas. O que você faria quando não é mais possível deletar informações? Quando privacidade é confundida com segredo e este significa mentir?
Sem ler você não saberá da profundidade destes questionamentos que me fiz, não entenderá quando um amigo diminuir ou se ausentar das redes sociais, sem ler, você se envolverá, até não conseguir mais sair deste círculo!

Este é um dos livros mais intrigantes e psicologicamente assustadores que já li neste ano. Fui arrebatada pela idéia da quebra de privacidade causada pela internet dos dias atuais e da proximidade com a realidade da exposição das redes sociais de nossa juventude. Ao terminar de ler, sentei no sofá e me peguei contemplando o horizonte pela janela por horas pensando na feiura desta maravilha chamada internet.

Sou apaixonada por livros que me fazem pensar e "aplicar" sua ideologia em minha vida. Este livro me tocou em particular por conta do uso exagerado e desregrado do Facebook, onde a cada dia se adiciona mais e mais ferramentas capazes de tornar público cada ato, cada passo, cada pensamento de seus usuários, sabemos onde estão comendo, o que estão assistindo, ouvindo, fazendo.
Me assustei e recuei quando percebi que estava sendo manipulada a compartilhar momentos privados de meu dia a dia através de um "convite inocente" da rede ("O que você gostaria de escrever agora?" "O que você está fazendo? sentindo? ouvindo? etc"). Decidida e definitivamente me vi desintoxicada dessa necessidade de selfies, compartilhamentos e claro, curtidas, porque sem aprovação geral, para que postar?

O uso das redes é completamente grátis, exigindo-se tão somente interação. Em excesso. sempre. O que assusta é a naturalidade dessa "interação" em excesso. Qualquer incidência é mera coincidência.
Meu único problema com o livro foi a personagem principal que foi, até a metade do livro, extremamente insossa, não me cativando e não me fazendo entender suas motivações, escondendo-se na grandiosidade da empresa que lhe foi apresentada. Fui além do choque cultural, inerente da literatura estrangeira, eu realmente tentei me colocar no lugar dela e percebi que agiria de forma completamente diferente e isso desanima um pouco a leitura.

Mae estava mergulhada em um enredo riquíssimo abordando a conectividade em excesso, o compartilhamento em excesso e a constate "vigilância" que intencionalmente era vendida como transparência pela empresa e permaneceu inerte, é desanimador, se não fosse pelo enredo em si.
Ainda assim, o que me fez gostar do livro foi sua capacidade de retratar algumas situações que vivemos e nos fazer questionar o futuro da privacidade em um mundo que possui tantas redes sociais e em como são reais as pretensões das empresas em liderar através de suas ferramentas interativas e conexas, fazendo com que você use indefinidamente seus produtos.

Eggers não pretende agradar com o final que escolheu para seu livro. Sinceramente, acho que o ser humano não está caminhando para nada diferente deste final. Vale lembrar o alerta trazido pelo autor, ainda que não seja para extirpar a interação social pela internet, que seja para nos fazer pensar sobre seu uso demasiadamente irrestrito.
Curti e super recomendo!

Doce Perdão - Lori Nelson Spielman

23 de dezembro de 2015

Título: Doce Perdão
Autora: Lori Nelson Spielman
Editora: Verus
Gênero: Romance
Ano: 2015
Páginas: 322
Nota: ★★★★☆
Onde comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Hannah Farr é uma personalidade de New Orleans. Apresentadora de TV, seu programa diário é adorado por milhares de fãs, e há dois anos ela namora o prefeito da cidade, Michael Payne. Mas sua vida, que parece tão certa, está prestes a ser abalada por duas pequenas pedras... As Pedras do Perdão viraram mania no país inteiro. O conceito é simples: envie duas pedras para alguém que você ofendeu ou maltratou. Se a pessoa lhe devolver uma delas, significa que você foi perdoado. Inofensivas no início, as Pedras do Perdão vão forçar Hannah a mergulhar de volta ao passado - o mesmo que ela cuidadosamente enterrou -, e todas as certezas de sua vida virão abaixo. Agora ela vai precisar ser forte para consertar os erros que cometeu, ou arriscar perder qualquer vislumbre de uma vida autêntica para sempre.

Resenha: Doce Perdão, escrito pela autora Lori Nelson Spielman (a mesma de A Lista de Brett) e publicado no Brasil pela Verus, traz a história de Hannah Farr, de trinta e quatro anos. Ela namora Michael Payne, o prefeito da cidade, apresenta um programa de TV e isso a tornou uma celebridade local da cidade de New Orleans. Tudo parecia certo em sua vida, mas duas pedras mudariam tudo...
As Pedras do Perdão viraram moda no país. A ideia é enviar à pessoa magoada duas pedras e uma carta com um pedido sincero de desculpas. Dessa forma, se a pessoa enviar uma pedra de volta, é porque houve o perdão. As pedras se tornaram uma ótima prática para aqueles que esperavam se libertar de erros ou do peso da culpa por algo de mal que fizeram...

Eis que Hannah recebe as Pedras do Perdão de uma antiga colega de escola, Fiona Knowles, que inclusive criou a corrente, e quando decide o que fazer, dois anos depois de tê-las recebido, seu passado vem à tona. Ela reavalia tudo o que viveu, assim como sua vida atual no que diz respeito ao seu relacionamento com Michael e sobre quem ela se tornou. Hannah resolve ir de encontro a um passado cheio de rachaduras e feridas mas, a medida que avança em suas descobertas e reflexões, passa a se questionar se tudo o que acreditou ter arruinado sua família realmente condiz com a realidade. Logo não cabe somente a Fiona um pedido de perdão...

O livro é narrado em primeira pessoa pelo ponto de vista de Hannah, o que permite que o leitor fique limitado aos pensamentos, sentimentos e à versão dos fatos que ela acredita ou que foi levada a acreditar... Logo os demais personagens não são tão aprofundados. A escrita da autora é carregada de sensibilidade e sutilezas, e isso faz com que a leitura seja bastante rápida e gostosa quando começa a fluir. Apesar da história demorar a engatar, soar previsível e possuir alguns pontos dos quais não gostei do modo como foram desenvolvidos, o final foi bastante inesperado e positivo pra mim. Vamos acompanhando a protagonista que, num primeiro momento, não revela todos os detalhes de sua vida, mas sim de forma gradual, o que acaba instigando o leitor a querer saber mais sobre o que ela esconde e o que se passou. Ela se vê numa situação bastante delicada, não só pelo fato de ter recebido as pedras de Fiona, mas pela questão profissional, amorosa e familiar também.

Percebi que Hannah vivia com uma certa insegurança após ter se decepcionado com o ex-noivo e o que ela queria era estabilidade, tanto profissional quanto no relacionamento amoroso, e isso a manteve numa zona de conforto. O problema era que somente ela parecia não conseguir enxergar que o relacionamento não era nada daquilo que ela tanto buscava e não tinha futoro algum, assim como outras coisas que ela mantinha apenas pelo comodismo. Ela só fez algo pra mudar quando se sentiu ameaçada, mas ainda é relutante e teimosa quando sua convicção não permite que ela veja além da verdade. Fica a lição de que, às vezes, para nos reencontrarmos como pessoas, é preciso arriscar e abrir mão daquilo ou de quem nos apegamos, independente de ser algo que faz parte da rotina ou que dê impressão de segurança. Durante todo o processo Hannah tem ajuda de amigas que são verdadeiras companheiras, mas também topa com pessoas que não estão alí pra apoiá-la em nada, além de descobrir que outras não são exatamente quem ela pensou que fossem, como acontece na vida.

A capa do livro é uma graça e parece ter sido criada nesse estilo para combinar com a capa de "A Lista de Brett". A diagramação é simples, a fonte tem um tamanho normal e as páginas são amarelas.

Doce Perdão traz uma história muito bonita e envolvente sobre relações familiares conturbadas, relacionamentos abusivos, ambição e segundas chances, e faz com que seja possível refletir sobre perdoar e ser perdoado, e como ficar livre desse peso é libertador. O final deixa aquela sensação gostosa de felicidade e um sorrisinho no canto da boca típicos de livros que vêm pra deixar uma grande mensagem, mas a mais importante de todas é que somente teremos alegria no futuro se estivermos em paz com nosso passado.

Felizes Para Sempre - Kiera Cass

22 de dezembro de 2015

Título: Felizes Para Sempre - Antologia de Contos da Seleção
Autora: Kiera Cass
Editora: Seguinte
Gênero: Contos/Juvenil
Ano: 2015
Páginas: 446
Nota: ★★★★★
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Esta coletânea traz os contos A rainha, O príncipe, O guarda e A favorita ilustrados e com introduções de Kiera Cass. Conheça o príncipe Maxon antes de ele se apaixonar por America, e a rainha Amberly antes de ser escolhida por Clarkson. Veja a Seleção através dos olhos de um guarda que perdeu seu primeiro amor e de uma Selecionada que se apaixonou pelo garoto errado.
Você encontrará, ainda, cenas inéditas da série narradas pelos pontos de vista de Celeste e Lucy, um texto contando o que aconteceu com as outras Selecionadas depois do fim da competição e um trecho exclusivo de A sereia, o novo romance de Kiera Cass. Este é um livro essencial para os fãs de A Seleção, que poderão mergulhar mais nesse universo tão apaixonante.

Resenha: Felizes Para Sempre é uma coletânea que reune todos os contos do universo da Seleção, criados pela autora Kiera Cass e vários extras exclusivos.
Além dos contos já publicados em e-book, O príncipe (versão extendida), O Guarda, A Favorita e A Rainha, podemos conferir Cenas de Celeste, A Criada, um epílogo bônus que vem depois de A Escolha e um pouco sobre o que aconteceu com algumas das selecionadas. O mais legal é que o livro tem uma introdução escrita por Kiera para cada conto e várias ilustrações lindas que fazem do livro um item de colecionador essencial para os fãs! Podemos também conferir o mapa de Illea e o primeiro capítulo do novo livro da autora que será lançado em 2016, A Sereia!

Alguns contos possuem spoilers dos livros da série! Recomendo que quem ainda não leu A Elite e A Escolha, segundo e terceiro livros da série, leia somente os contos A Rainha e O Príncipe.

A Rainha é um conto que transporta o leitor ao passado e mostra como foi o processo de seleção em que Clarkson ainda era príncipe e escolheria sua futura esposa. A história é contada pelo ponto de vista de Amberly, que na época era da casta três, e podemos saber como a seleção foi difícil e o quanto ela sofreu, seja por sempre passar mal devido as condições do clima do lugar onde vivia antes de ir pro palácio, e até pela saudade que sentia da família. Eu gostei bastante do conto e da forma como ela foi escolhida pois Amberly já demonstrava força e sabedoria desde muito jovem, mesmo quando estava frágil, e foi bastante satisfatório saber que é uma caracteristica que ela levou para a vida.

Em O Príncipe podemos acompanhar os sentimentos de Maxon e seus conflitos quando a Seleção começou, além do momento em que ele enfrenta o pai para que America permanecesse no palácio.
Pela narrativa ser em primeira pessoa, é muito legal acompanharmos a versão do príncipe e suas impressões sobre o grande passo que daria em sua vida.

O Guarda é um conto que deve ser lido depois do livro A Elite a fim de evitar spoilers, pois ele nos dá o ponto de vista de Aspen quando ele se torna um guarda real do palácio. Através dele podemos conhecer um pouco sobre o funcionamento do palácio e os empregados que trabalham lá, e claro, sobre seus conflitos por ainda gostar de America. Como sou #TeamAspen, sou suspeita pra falar o quanto foi gratificante estar na cabeça deste personagem de bom caráter, tão querido e cheio de valores morais.

A Favorita é o conto de uma das personagens que mais me emocionaram na série, Marlee. Ele fala dos momentos que antecederam o açoitamento que ela e Carter, o guarda por quem ela se apaixonou, foram condenados após terem sido descobertos. Sua narrativa possui flashbacks de alguns momentos da Seleção, o que permite que tenhamos uma visão maior sobre como tudo aconteceu e porque ela e Maxon não tinham afinidade.
O título do conto não poderia ser mais adequado visto que Marlee, depois de tudo o que precisou enfrentar em nome de seu amor por Carter e por ser tão amiga de America, se tornou a personagem favorita de muitos! Nem preciso dizer que o conto me fez chorar litros e foi o meu favorito...

As Cenas de Celeste são curtas e rápidas e mostram o momento em que ela parte rumo ao palácio, o primeiro beijo dela em Maxon e quando ela é mandada embora. Celeste era a maior rival de America na Seleção e foi odiada por muitos por sempre jogar sujo e ser intragável, mas eu até que passei a gostar da moça, confesso, principalmente quando ela reconhece que agia errado na maioria das vezes...

A Criada, embora bem curtinho, foi um dos contos que mais esperei, pois como já mencionei nas resenhas anteriores, sempre torci para que Aspen encontrasse o amor em outra pessoa. Poder saber um pouco sobre como Lucy e Aspen decidiram ficar juntos e assumirem que se amavam foi muito gratificante, mesmo que Lucy tenha ficado abalada quando descobriu que America foi o primeiro amor dele. Foi muito bacana poder saber através do ponto de vista dela que, embora seja muito insegura, ela poderia confiar que Aspen cuidaria dela e a amaria de todo o coração.

O epílogo bônus Depois de A Escolha fala sobre a emoção de Maxon que em seu aniversário recebe o maior presente de todos: A notícia de que America estava grávida.

Por onde elas andam? mostra o destino de três selecionadas após o fim da Seleção: Kriss Ambers, que ficou em segundo lugar na seleção, Natalie Luca, que foi dispensada após ter perdido a irmã e Elise Whiks, a selecionada que participou da Seleção vinda da Nova Ásia por motivos políticos.

Uma pequena observação: O livro Contos da Seleção, já resenhado no blog, traz os contos O Príncipe e O Guarda que compõe os contos deste. A diferença é que ele traz uma entrevista com a autora, a árvore genealógica dos personagens principais (Maxon, America e Aspen) e o nome de todas as selecionadas. Apesar de os contos serem os mesmos, estes extras mencionados não fazem parte de Felizes Para Sempre.

Em suma, o livro é perfeito para aqueles que querem saber um pouco mais dos personagens que fazem parte do universo da Seleção. O que mais me impressionou é que Kiera parece ter dado vida aos personagens, como se eles pudessem sair do papel, pois ela conta fatos sobre cada um deles, sendo protagonistas ou coadjuvantes, como se realmente fosse algo real. O passado está lá, assim como o destino de cada um. O brilhantismo da autora em criar uma trama convincente que mescla conto de fadas com distopia e questões políticas não tem limites, e não ficaria surpresa se ela escrevesse mais livros sobre todos eles. Conteúdo não iria faltar, tenho certeza.