The Pointless Book: Um livro sem noção - Alfie Deyes

24 de março de 2015

Lido em: Março de 2015
Título: The Pointless Book: Um livro sem noção
Autor: Alfie Deyes
Editora: Verus
Gênero: Interativo/Criatividade
Ano: 2015
Páginas: 288
Nota: ★★★★☆
Sinopse: Complementado por um app gratuito, este é um livro sem noção, cheio de diversão e desafios: assar um bolo na caneca; criar uma cápsula do tempo; fazer desenhos insanos; escrever um diário sobre uma semana da sua vida; aprender origami etc. Totalmente ilustrado e com uma série de jogos, atividades e brincadeiras, Alfie desafia você a completar seu diário e a não fazer praticamente nada com orgulho.

Resenha: The Pointless Book é um livro interativo voltado ao público mais adulto criado pelo youtuber Alfie Deyes, do canal PointlessBlog (entre outros) e publicado pelo selo Verus, do Grupo Editorial Record.
Seguindo a moda dos livros interativos, The Pointless Book é todo ilustrado e sua proposta é dar ao leitor várias atividades, brincadeiras e joguinhos com intenção de divertir, como descrever nosso dia com uma palavra, recortar e montar um dado para jogar, escrever um elogio numa página e dar a um amigo, terminar desenhos, resolver anagramas ou charadas malucas, virar a página com o nariz e até guardar flores dentro do livro, ou seja, não fazer nada de realmente útil mas ainda assim ter orgulho disso.


Eu não conhecia o canal (em inglês, claro) e nem o autor, mas me interessei pela proposta do livro visto que se trata de um livro criativo do estilo "faça-você-mesmo" e acho um barato (por mais que me doa o coração ter que rabiscar ou destruir páginas de um livro).
Mesmo que o livro funcione como um complemento pro canal onde o autor desafia seus seguidores a completar as tarefas do seu livro de inutilidades, é algo totalmente independente e você não tem que acompanhar o canal de Alfie pra isso.
O livro ainda acompanha um aplicativo gratuito que pode ser baixado pelo Itunes ou Google Play. No começo tive um pouco de dificuldades pois não achei que o aplicativo fosse tão intuitivo como parece, além de ter achado um pouco pesado. Ao escanear a foto indicada, um vídeo do próprio autor aparece onde ele dá as boas vindas ao leitor. Ao que parece, a ideia do app é causar a proximidade nessa interação entre autor x leitor ao completar o livro, além de ser possível ter acesso a atividades extras que podem ser salvas, impressas e completadas por fora do livro.


Confesso que algumas atividades soaram meio bobas se levarmos em consideração que é algo voltado para jovens adultos, como o "tênis de cabeça" onde o leitor é orientado a olhar pra esquerda e depois para a direita (?), mas ao se tratar de um livro com propósito de divertir, acho válido.
Se você procura por um livro pra rabiscar, escrever, destruir e que foge da proposta da literatura/leitura, super indico!

"Você está segurando um livro que não vai mudar a sua vida, não vai te deixar mais inteligente, nem vai trazer a pessoa amada em três dias, mas não importa.
Pelo menos dá pra fazer bolinhas de papel."

Clube da Liga #2 - A Playlist da Minha Vida - Leila Sales

23 de março de 2015

Lido em: Março de 2015
Título: A Playlist da Minha Vida
Autora: Leila Sales
Editora: Globo Livros
Gênero: YA
Ano: 2014
Páginas: 312
Nota: ★★★★☆
Sinopse: Elise Dembowski nunca foi popular na escola. Ninguém conversava com ela na hora do intervalo nem a convidava para sair no fim de semana. Pior. Ninguém jamais se interessou em saber o que tanto a ela escutava em seu iPod: playlists com o melhor da música alternativa, único território em que Elise se sente confortável e confiante.
Diante de seu desajuste em relação à maioria, a adolescente tenta de tudo - inclusive a mais radical das saídas, felizmente sem sucesso. No auge de seu solitário desespero, o acaso a leva até a porta de uma balada noturna, via de acesso para um mundo completamente novo, cheio de som e diversão, no qual sua veneração por música funciona como senha para inclusão em um inédito círculo de amizades.
As festas noturnas do Start - o melhor clube underground do mundo - tornam-se o lugar onde a felicidade, a aceitação social e até o amor são possíveis para Elise. Não demora muito para que um misterioso bullying eletrônico e a habilidade da garota como DJ coloquem em confronto este universo com a dura realidade cotidiana.
A playlist da minha vida é uma vibrante fábula pop que lida com temas recorrentes nas obras contemporâneas para jovens: exclusão, invasão de privacidade, resgate de autoestima e muita trilha sonora. Escrito pela americana Leila Sales, o livro se ambienta em dois cenários: o escolar, com sua dinâmica de poder juvenil baseada em “popularidade”, e o da cena noturna, em que adolescentes ensaiam seus primeiros voos para uma existência adulta.

Resenha: A Playlist da Minha Vida, escrito pela autora Leila Sales e publicado no Brasil pela Globo Livros, foi a escolha do mês de Março no Clube de Leitura da Liga.
O Livro conta a história de Elise Dembowski, uma garota de 16 anos nada popular. Ela não tem amigos, a convivência com os pais é difícil - eles são separados e têm a guarda compartilhada-, e ela sempre se sente muito deprimida. Até que depois de uma tentativa mal sucedida de suicídio, Elise tem uma nova chance de viver a vida de uma forma diferente. Quando Elise está com a mãe, ela tem costume de sair pra caminhar sem rumo a noite, e numa dessas andanças encontra com Pippa e Vicky, duas garotas que a levam para a Start, o melhor clube underground de todos, e ao conhecer Char, o DJ, Elise acaba aprendendo a discotecar e encontra ali uma nova paixão e uma verdadeira razão para viver.

A discussão sobre livro dentro do Clube foi algo que abordou o tema bullying e as consequências que isso traz na vida da pessoa afetada. Ela acaba ficando reclusa, piorando ainda mais seu estado de depressão e tristeza, levando-a a atitudes extremas num momento de desespero. Também foi uma discussão que me fez refletir sobre meu relacionamento em família, e até as amizades que possuo, considerando liberdade, afinidade e todos os seus altos e baixos.

O livro é narrado em primeira pessoa e isso, de certa forma, fez com que o leitor ficasse bastante próximo da protagonista ao viver seus conflitos internos, e até mesmos os externos. Elise é frustrada em sua solidão e por isso, tem uma enorme necessidade de ser reconhecida, de ser vista, de se encaixar e se ser amada pelos outros. Até que ela, que já era fã de rock alternativo, descobre a discotecagem, e encontra uma válvula de escape, pois ao fazer o público delirar com as músicas que toca, ela encontra prazer e felicidade, é aquilo que ela tanto buscava a ponto de fazer esquecer por alguns momentos tudo de ruim que passou, além de encontrar a si própria, se descobrir, como se as batidas fossem um tipo de remédio que aliviasse a sua dor. Mas encontrei um pequeno problema nisso, pois ao se descobrir, Elise mostrou um lado egoísta, um lado esnobe, como se ser DJ a tivesse tornado alguém superior e intocável, cheia de pretensão, a dona da festa, e que pudesse julgar quem quer que seja. Porém, quando era ela o alvo de acusações ou críticas, principalmente quando um blog cujo conteúdo falava sobre a vida dela e seus pensamentos mais sórdidos veio a tona e ela afirmava não ser ela a autora, Elise não lutou pra por fim naquilo, não gostava e, pra mim, isso me fez ficar com a impressão de que a hipocrisia andava reinando por alí.

Os demais personagens também foram bastante bem construídos e levantam diversas questões familiares a serem discutidas. Os pais têm a guarda compartilhada da garota mas o que parece é que querem a presença dela e nada mais, como se isso bastasse. Com a mãe, que já tem outro marido e outros filhos, Elise leva uma vida muito mais regrada do que com o pai, que mora sozinho e é músico. A preocupação deles em vigiá-la depois da tentativa dela de suicídio é imensa, talvez por culpa por terem sido alheios e incapazes de perceber o que se passava com a filha, já que ela não demonstrava nem pedia ajuda. Até onde os pais conhecem os filhos? Qual a real finalidade da guarda compartilhada? Como deve ser um relacionamento entre pais e filhos? Quão próximos e íntimos devem ser para se sentirem confiantes e confortáveis para terem liberdade para qualquer tipo de conversa? Mesmo que Elise não quisesse que eles pensassem que ela fosse fazer isso outra vez, uma vez que ela chegou a esse ponto, a confiança é quebrada e nunca mais será a mesma, e acredito que na vida real também é assim, pois queremos proteger quem amamos, mesmo que essa proteção seja dela mesma. O círculo de amizades de Elise, apesar de muito limitado, ajuda a fazer com que o leitor conheça um pouco dela, devido a forma como ela trata e é tratada pelas amigas. Char é o cara irresistível que arranca suspiros e responsável por essa nova Elise que aflora quando encontra refugio na Start, afinal, a ideia de ensinar a garota a discotecar é dele quando ele a deixa incumbida de "virar" uma música.

Um ponto favorável é que a autora explica resumidamente, mas de forma bastante satisfatória sobre a discotecagem num geral, mesmo tendo sentido falta de alguns outros detalhes, como o lance das oitavas por exemplo, mas acho que só mesmo quem conhece esse universo e entende um pouco dele é que se atenta a isso.
É muito interessante como a ideia de a música não ser algo só a ser ouvido é passada. A música é pra se sentir, pra fazer arrepiar, é pra se viver e pra fazer com que a gente se sinta vivo, e isso, através de Char e Elise é possível de se sentir. Não são todas as pessoas que possuem esse dom de "sentir" os sons, e achei incrível como a autora conseguiu mostrar essa sensação através da história de Elise, que se encontrou na música e gostou disso. Ela equilibrou sentimentos que alcançam vários níveis e soube trabalhar bem com os que escolheu.

A abordagem de temas que afetam adolescentes depressivos é feita de forma crua, mas real. Bullying, exclusão, a solidão, a baixa autoestima, a convivência difícil com pais separados que possuem outras preocupações na vida, e até a descoberta de um suposto amor são explorados mostrando a seriedade da coisa dentro de uma narrativa leve, mas nem um pouco despretensiosa.
A capa, apesar de bacana, poderia fazer o estilo da original. Acho que devido a mensagem que o livro nos passa, não achei muito adequado a tradução do título no Brasil. "This Song Will Save Your Life" (Esta Música Irá Salvar Sua Vida), assim como o jogo de palavras feito na capa em inglês (Love), tem um significado muito maior, mais profundo e que combina com a história, e "A Playlist da Minha Vida" não chega nem perto do que Elise nos reserva...
Todos os capítulos se iniciam com um trechinho de alguma música que forma a playlist de Elise, que ama rock alternativo dos anos 70. A narrativa é fluída, cheia de referências musicais fantásticas, mas senti que alguns trechos ficaram meio lentos, mesmo que voltasse ao ritmo um pouco depois, e, por mais fácil que seja, demorei mais do que o normal pra finalizar a leitura.

De qualquer forma, o livro nos mostra alguém totalmente próximo a realidade, que vive problemas e busca soluções como acha melhor, e que mostra a dor e o amor de forma dolorosa, mas, ainda assim, edificante.
Nem sempre uma música ou o talento nato pra ela irá salvar alguém, como foi com Elise, mas pode ser responsável por ajudar quem está com alguns problemas se enxergar na letra e encontrar o impulso que precisa para seguir adiante. Eu confesso que encontrei um pedacinho de mim na história no que diz respeito ao efeito que uma música causa em mim... Quem sabe você não encontre também...

A playlist de Elise:
Wonderwall - Oasis
Here It Comes - The Stone Roses
Unloveable - The Smiths
Dancing In The Dark - Bruce Springsteen
This Charming Man - The Smiths
Get Me Away From Here - I'm Dying; Belle and Sebastian
Born Slippy (NUXX) - Underworld
Come On Eileen - Dexys Midnight Runners
Whoo! Alright - Yeah... Uh Huh. - The Rapture
La Familia - Mirah
Age Of Consent - New Order
How Soon Is Now? - The Smiths
All My Friends - LCD Soundsystem
Baba O'riley - The Who
I Saw Her in the Anti War Demonstration - Jens Lekman
Lived in Bars - Cat Power
Once in a Lifetime - Wolfsheim
Mis-Shapes - Pulp
You! Me! Dancing! - Los Campesinos!
You Can’t Always Get What You Want - The Rolling Stones

Bônus:
Girls and Boys - Blur
Temptation - New Order
A Letter to Elise-  The Cure
A Quick One, While He’s Away - The Who
It's the End of the World as We Know It (and I Feel Fine) - R.E.M.


Participe da promoção e concorra a 3 exemplares do livro do mês!


a Rafflecopter giveaway

Regras:
- Comentar na resenha de um dos blogs participantes;
- Ter endereço de entrega em território nacional;
- A promoção começa dia 23/03 e termina dia 19/04;
- Perfis fakes ou criados exclusivamente para promoções serão desclassificados;
- O sorteado receberá um e-mail e terá 48 horas para respondê-lo. Caso não seja respondido será feito um novo sorteio;
- O livro será enviado em até 30 dias após o recebimento dos dados;
- Não nos responsabilizamos por danos, eventual extravio ou problemas com os Correios, nem por um segundo envio em caso de devolução por erro nos dados informados ou impossibilidade na entrega.

Boa sorte!
O "Clube do Livro da Liga" é formado por amigos que resolveram arriscar uma leitura coletiva e se surpreenderam com a interação que foi proporcionada. Temos muitos gostos e ideias em comum, além de muitas discussões e risadas. Ninguém nunca irá nos entender, ainda bem.
Os blogs: Entre Palcos e LivrosEste Já Li | Leitora Viciada | Leituras da Paty | Livros e Chocolate | Mais que Livros | Meus Livros, Meu Mundo | Meus Livros Preciosos | Prazer, me chamo Livro | SA Revista | Segredos entre Amigas |  Todas as Coisas do Meu Mundo

Amaldiçoadas - Jessica Spotswood

22 de março de 2015

Lido em: Março de 2015
Título: Amaldiçoadas - As Crônicas das Irmãs Bruxas #2
Autora: Jessica Spotswood
Editora: Arqueiro
Gênero: Fantasia/Sobrenatural/YA
Ano: 2014
Páginas: 288
Nota: ★★★★☆
Sinopse: Cate Cahill tomou a decisão mais difícil de sua vida e resolveu largar tudo para proteger aqueles a quem amava, mas não poderia imaginar os obstáculos que ainda teria pela frente.
Agora, vivendo disfarçada entre as outras moças da Irmandade, ela precisa se manter a salvo dos implacáveis caçadores de bruxas e lidar com grandes dilemas pessoais, como a distância de seu grande amor e os conflitos que envolvem suas irmãs – Tess, uma menina doce e ingênua que guarda um grande segredo, e Maura, a jovem bela e ambiciosa que pretende fazer de tudo para se tornar o centro das atenções.
Será que Cate está pronta para liderar as bruxas de sua geração e ganhar o respeito de uma sociedade que condena a feitiçaria? E seria ela a bruxa da profecia, a mulher mais poderosa já nascida em muitos séculos e capaz de revolucionar a história do mundo?

Resenha: Amaldiçoadas é o segundo livro d'As Crônicas das Irmãs Bruxas, escrito pelo autora Jessica Spotswood e publicado no Brasil pela Editora Arqueiro.

Por ser a continuação, a resenha pode ter spoilers do primeiro livro.

Dando sequência a Enfeitiçadas, voltamos a Nova Inglaterra onde Cate desistiu de todos os seus planos e até mesmo de sua esperança a fim de salvar e proteger suas irmãs, Tess e Maura, e do doce e gentil dono de seu coração, Finn. Devido a pressão sobre a profecia, ela se uniu, contra sua vontade, à Irmandade, um grupo de fachada do qual bruxas disfarçadas se passam por freiras.
A profecia está próxima de se concretizar, e a Fraternidade - a organização religiosa masculina que prega a moralidade e a superioridade do homem, exigem submissão por parte das mulheres e querem erradicar a bruxaria - com o propósito de impedir a profecia, está mais rígida ao prender as mulheres por qualquer motivo, principalmente devido às visões de Brenna, uma jovem oráculo presa em Hardwood, o hospício, que prevê que uma das irmãs seria agraciada com a Visão. Com isso,  Cate passa a questionar seu papel nessa situação em tudo. Quando as irmãs de Cate chegam ao convento, e quando Finn vai pra Londres, as coisas parecem sair fora de controle. Cate está cercada por amigos e inimigos e cheia de escolhas a fazer, escolhas estas que envolvem dilemas morais, promessas que jamais devem ser quebradas e seus sentimentos. São decisões difíceis de serem tomadas visto que a guerra está próxima de ser travada e o tempo é curto...

Narrado em primeira pessoa, Cate se mostra uma heroína forte e carismática. Mesmo com o coração arrasado e partido ela consegue amadurecer, e quando posta a prova demonstra ser alguém muito mais forte do que pensou que fosse. Sua luta interna é colocar seus deveres a frente de seus desejos.
O leitor acompanha seu desenvolvimento e por mais que ela tenha suas inseguranças diante da situação em que se encontra, ela mostra que é uma verdadeira líder e só precisa de um pouco mais de confiança em si mesma para ter controle do que precisa.
Com o retorno de Finn e seu pedido de desculpas, o romance aquece as páginas e ganha novos ares uma intensidade maior já que não podem ficar juntos durante o dia e só podem se encontrar as escuras, mas por mais que tenha uma grande importância na história, não é o foco dessa vez.
A guerra e a possível ascensão das bruxas é o que rege a trama e acompanhar os planos da Irmandade.

Embora os eventos do livro ocorram sobre um período de tempo menor - por volta de um mês - o drama e a ação inseridas na história foram muito satisfatórios.
Cate percebe que, se a Irmandade não agir logo contra a Fraternidade, vidas inocentes poderão ser perdidas e a busca por justiça em nome da opressão que as mulheres sofrem é o que rege as escolhas da protagonista.

Os novos laços de amizade que Cate faz dentro da Irmandade é um ponto forte na história.
Tess e Maura também tiveram papéis de destaque. Tess é doce mas se impõe ao demonstrar seu bom caráter e personalidade forte. Maura não me agradou muito pois está ressentida e parece não ter aprendido nada com suas experiências. Ela é vulnerável, age com egoísmo e demonstra que pode ser má, o que dá um toque de tensão e aflição nos momentos que aparece.

O clima sombrio e a profundidade da história, assim como os personagens muito bem construídos faz o leitor perceber que não se trata de uma história levinha sobre bruxas que querem seu lugar ao sol, muito pelo contrário. A história é complexa e mostra que nem sempre os fins justificam os meios.
A capa, fazendo o estilo da primeira é linda, com adornos e toques em dourado. A diagramação também foi muito caprichada e a revisão está perfeita. Os diálogos são bem construídos, os cenários e personagens bem descritos e tudo colaborou para que o livro fosse uma surpresa pra mim se comparar com o primeiro.

Amaldiçoadas nos traz de volta ao mundo sobrenatural das bruxas oprimidas, abordando profecias em meio a uma trama carregada de mistérios e perseguições, onde o grande xis da questão são as consequências para as escolhas que são tomadas. Cheio de romance, intriga e de revelações surpreendentes, o livro superou minhas expectativas, pois diferente do primeiro, a narrativa não foi cansativa pra mim, muito pelo contrário. Foi uma sequência emocionante que termina em um enorme gancho que vai deixar o leitor ansioso pelo desfecho e pelo destino das irmãs Cahill e o mundo que vivem.

Asylum - Madeleine Roux

21 de março de 2015

Título: Asylum - Asylum #1
Autora: Madeleine Roux
Editora: V&R
Gênero: Juvenil/Suspense
Ano: 2014
Páginas: 330
Nota: ★★★☆☆
Sinopse: Para Dan Crawford, 16 anos, o New Hampshire College Prep é mais do que um programa de verão – é uma tábua de salvação. Um pária em sua escola, Dan está animado para finalmente fazer alguns amigos em seu último verão antes da faculdade. Mas, quando ele chega no programa, Dan descobre que seu dormitório para o verão costumava ser um sanatório, mais comumente conhecido como um asilo. E não apenas qualquer asilo — um último recurso para criminosos insanos. À medida que Dan e seus novos amigos, Abby e Jordan, exploram os recantos escondidos de sua casa de verão assustadora, eles logo descobrem que não é coincidência que os três acabaram ali. Porque o asilo é a chave para um passado terrível. E existem alguns segredos que se recusam a ficar enterrados.

Resenha: Asylum é o primeiro volume da série de mesmo nome escrita pela autora Madeleine Roux e publicado no Brasil pela V&R.
Daniel Crawford é um adolescente de 16 anos, que está se preparando para iniciar seu curso preparatório para ingressar na faculdade, e a história começa com sua chegada ao New Hampshire College.
Lá, Dan conhece Abby, por quem se apaixona, e Jordan, seu colega de quarto, mas ao descobrirem que o dormitório onde iriam ficar teria sido um manicômio que abrigava criminosos insanos e perversos, o Brooklyne, os garotos resolvem explorar o local bastante sombrio e acabam percebendo que há muito mais por trás daquela história do que se imagina.

Em primeiro lugar: O que é essa capa? Sombria, perturbadora e ainda assim maravilhosa! O livro possui várias fotografias de manicômios reais e ilustrações espalhadas pelos capítulos. As páginas são amareladas, a fonte tem um tamanho agradável, os capítulos são curtos e não encontrei erros de revisão. A V&R, como sempre, capricha na diagramação fazendo um ótimo trabalho visual com cada detalhe inserido na obra.

A leitura pode ser feita em questão de horas, pois há páginas para a indicação do capítulo e para as fotografias que ilustram a história.
Narrado em terceira pessoa, a leitura é fluída e muito fácil, a construção do cenário e do suspense foi bastante satisfatória, mas os personagens deixaram a desejar. Eles são imaturos, seus diálogos são sempre rasos e a ideia de que três pessoas que acabaram de se conhecer possam ser tão amigos e se conhecerem tão bem de forma imediata me soou um tanto estranho e forçado, o que acaba tornando a história muito mais infantil do que parece. A amizade deles não me convenceu, ela é avançada demais pra tão pouco tempo de convivência, e o romance que surgiu alí foi totalmente dispensável visto que, além de instantâneo, não é coerente com personagens tão infantis e sem a menor profundidade.

Dan parece ter sido criado para ser o inteligente do trio, mas se comporta como um menino de 12 anos totalmente nonsense e oco. Assim como ele, Abby e Jordan também são muito inconsistentes e não mantém o foco de quem aparentaram ser quando foram apresentados. Abby faz o estilo irresistível que mexe com a cabeça de Dan em pleno sanatório, enquanto Jordan é o colega de quarto mandão e gay. E fiquei me perguntando qual o motivo de Jordan ser gay, visto que isso não acrescentou em nada.
A premissa é muito boa, não vou negar, pois Dan começa a investigar sobre a história do manicômio, sobre os pacientes insanos e porquê a cidade queria que ele fosse destruído, e a medida que as informações vêm a tona, Dan passa a ter pesadelos, recebe bilhetes perturbadores sem saber de quem veio e se sente observado e perseguido. Algumas mortes ocorrem e Dan se encontra em apuros, complicando a si mesmo e a sua própria sanidade. Em cima disso a história se desenrola e se o foco tivesse sido mantido nessa linha teria sido muito mais proveitoso. Mas não foi o que aconteceu pois os personagens acabaram me desviando a atenção agindo feito idiotas.

Ao final fiquei com a impressão de que a autora quis criar uma história, aproveitando ideias de outras mas adaptando à própria, usando um manicômio como pano de fundo para criar uma atmosfera aterrorizante (e clichê), mas, apesar de o enredo ser muito bom, não conseguiu atingir o objetivo com muito sucesso devido aos protagonistas. Em momento algum fiquei incomodada com o impacto que as fotos deveriam causar. Posso afirmar que a história como um todo é chamativa, muito boa e tem seus mistérios que realmente envolvem o leitor, mas a construção dos personagens foi um ponto falho que, ao meu ver, colaborou para que eu me sentisse incomodada e não aproveitasse a leitura tanto quando imaginei.

O fim deixa um gancho para o segundo livro, Sanctum (ainda não publicado), pois um dos mistérios não foi totalmente resolvido. Pretendo continuar lendo a série, mas gostaria imensamente que os personagens crescessem um pouco mais e agissem de acordo, pois o comportamento deles não condiz com a realidade na qual se encontram.
Pra quem gosta de um suspense beeem juvenil e tem curiosidade por histórias que envolvem manicômios sinistros, é uma boa pedida.
A loucura é algo relativo. Depende muito do lado da grade em que a pessoa está.

Entrevista com o Vampiro - A História de Cláudia - Anne Rice

20 de março de 2015

Lido em: Março de 2015
Título: Entrevista com o Vampiro - A História de Cláudia
Autora: Anne Rice
Editora: Rocco
Gênero: Romance/Sobrenatural/Graphic Novel
Ano: 2015
Páginas: 224
Nota: ★★★★★
Sinopse: Esta não é simplesmente uma adaptação para os quadrinhos de Entrevista com o vampiro, bestseller de Anne Rice. Meticulosamente ilustrado por Ashley Marie Witter, a versão em graphic novel do livro de estreia da rainha dos vampiros reconta a história sob um ponto de vista inédito: o da vampira criança Cláudia, a imortal de 6 anos de idade, órfã e assassina, vítima e monstro.
As ilustrações em tons de sépia de Ashley Marie Witter retratam fielmente os personagens felinos e andróginos de Rice. O desenho detalhista, algo vintage, reforça o clima ao mesmo tempo sensual e sombrio da obra original, renovando e enriquecendo a narrativa.
A história se inicia com a transformação da enigmática Cláudia em um vampiro e acompanha seu “envelhecimento”, as hostilidades crescentes entre ela e Lestat, seu caso de amor platônico com Louis e sua busca desesperada por outros de sua espécie, com quem espera obter respostas sobre sua própria natureza.
A perspectiva de Cláudia, com uma mente adulta eternamente aprisionada em um corpo infantil, nos mostra uma nova gama de conflitos e contradições, nunca antes apresentados em qualquer livro da série original, tornando esse volume um item indispensável para qualquer aficionado por Anne Rice e seus personagens.
A adaptação é a primeira graphic novel inteiramente produzida pela autora e ilustradora Ashley Marie Witter, que estudou desenho pensando em trabalhar com cinema e videogames antes de descobrir sua vocação para os quadrinhos.

Resenha: Entrevista com o Vampiro inaugura a série As Crônicas Vampirescas da ilustre autora Anne Rice. O livro foi adaptado para o cinema e foi estrelado por Tom Cruise (Lestat), Brad Pitty (Louis) e Kirsten Dunst (Claudia).
Nele conhecemos a versão dos fatos quando Louis dá uma entrevista contando sobre sua "vida" ao lado de Lestat e Claudia após ter se transformado em vampiro.

Nesta versão, A História de Claudia, Ashley Marie Witter deu vida aos personagens através de seus traços carregados de expressão e reconta a história sob o inédito ponto de vista de Claudia, a garotinha de 6 anos que foi transformada em vampira e criada como filha por Lestat e Louis.
Porém, por não crescer e envelhecer fisicamente, Claudia carrega dentro de si uma amargura eterna por ter se tornado uma vampira sedenta, capaz de enganar e arrasar famílias inteiras, cujos desejos não podem ser totalmente supridos por estar presa num corpo de criança e ser vista como a eterna boneca com rosto angelical e inocente que aparenta.
Nutrindo um amor platônico e impossível por Louis, e desesperada por encontrar respostas sobre sua natureza sombria, Claudia deseja encontrar outros de sua espécie, mas por sempre ser impedida por Lestat, acaba nutrindo um grande desejo por vingança, fazendo com que se torne ainda mais perversa em seus propósitos.

As ilustrações em tons de sépia, destacando sangue e fogo em suas cores naturais, dão um tom ainda mais sombrio, misterioso e charmoso à história, representando com bastante fidelidade todo o clima criado por Rice. O estilo vitoriano também se faz presente, visto que a história se passa em Nova Orleans por volta do século XIX. Os personagens possuem traços andróginos, o que faz com que passem delicadeza e sensualidade no que diz respeito a aparência, mesmo que sejam criaturas vorazes e violentas por natureza.

A narrativa é feita por Claudia ao contar sua história desde que "nasceu" como vampira, passando por seus feitos terríveis e seu desejo impossível de ser adulta, chegando a Paris e encontrando o famoso Teatro dos Vampiros, até seu fim trágico. Além do leitor poder acompanhar todos os pensamentos de Claudia, que desperta o pior de si devido a maldição que a prendeu naquela forma infantil, é perceptível que com o passar das décadas seu olhar vai mudando, se tornando mais hostil, intenso e enigmático, e através dele nota-se que se trata de uma mulher selvagem com muito mais idade e experiência do que uma simples garotinha.
Lestat e Louis também são retratados com fidelidade. Lestat aparece como um vampiro egocêntrico, arrogante e sombrio, mas que com o passar do tempo é visto por Claudia como alguém tedioso e autoritário e que deveria pagar pelo que lhe fez. Louis, com seu comportamento passivo diante de Lestat, faz o papel de mãe/pai de Claudia e é nele que ela encontra refúgio e segurança, além de vê-lo como um amante que ela jamais poderá ter.



O livro é uma obra de arte. Capa dura retratando a falsa aparência inocente da vampira mirim, o título é dourado, as folhas são lisas em estilo revista e com ilustrações magníficas que compõe essa graphic novel fantástica, que trás ao leitor novos conflitos e uma visão que enriquece ainda mais a história através da perspectiva de Claudia. Uma obra imperdível para os fãs do original.