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O Lado Mais Sombrio - A.G. Howard

22 de abril de 2014

Título: O Lado Mais Sombrio - Splintered #1
Autora: A.G. Howard
Editora: Novo Conceito
Gênero: Fantasia/Releitura/Jovem Adulto
Ano: 2014
Páginas: 368
Nota: ★★★☆☆
Sinopse: Alyssa Gardner ouve os pensamentos das plantas e animais. Por enquanto ela consegue esconder as alucinações, mas já conhece o seu destino: terminará num sanatório como sua mãe. A insanidade faz parte da família desde que a sua tataravó, Alice Liddell, falava a Lewis Carroll sobre os seus estranhos sonhos, inspirando-o a escrever o clássico Alice no País das Maravilhas.
Mas talvez ela não seja louca. E talvez as histórias de Carroll não sejam tão fantasiosas quanto possam parecer.
Para quebrar a maldição da loucura na família, Alyssa precisa entrar na toca do coelho e consertar alguns erros cometidos no País das Maravilhas, um lugar repleto de seres estranhos com intenções não reveladas. Alyssa leva consigo o seu amigo da vida real – o superprotetor Jeb –, mas, assim que a jornada começa, ela se vê dividida entre a sensatez deste e a magia perigosa e encantadora de Morfeu, o seu guia no País das Maravilhas.
Ninguém é o que parece no País das Maravilhas. Nem mesmo Alyssa...

Resenha: O Lado Mais Sombrio é o primeiro volume da série Splintered, escrita pela autora A.G. Howard e lançada pela Editora Novo Conceito. Nele conhecemos a protagonista Alyssa, tataraneta de Alice Liddell cuja história que vivia em sonhos inspirou Lewis Carroll a escrever o clássico Alice no País das Maravilhas (oi?). O problema é que há um histórico de insanidade na família e todas as mulheres, desde Alice, tem o sanatório como destino devido as alucinações que têm. Até Alison, sua mãe, está numa clínica psiquiátrica. E, ao que tudo indica, Alyssa terá o mesmo destino já que a garota tem o dom de ouvir pensamentos e sussurros de plantas e animais. Pra tentar amenizar essa "loucura", ela monta quadros com os insetos que captura criando imagens incríveis, dessa forma ela consegue "silenciá-los" após prendê-los. Porém, talvez o que chamam de loucura possa ser uma terrível maldição, e agora cabe a Alyssa entrar no País das Maravilhas a fim de tentar reparar os erros que foram cometidos lá por Alice... Ela repete história entrando na "toca do coelho", e ainda leva Jeb consigo, descobrindo que o País das Maravilhas não é exatamente o mesmo descrito no adorável e famoso clássico e que nem ela mesma é quem pensou que fosse...

O início do livro descreve a vida de Alyssa, e mesmo que ela goste de skates, tenha interesse em artes e coisas desse estilo mais "emo", achei um tanto tediosa... Jeb é o melhor amigo dela, e Alyssa gosta dele, mas o cara já tem namorada de quem ela é inimiga, e ele ainda parece ver Alyssa como uma irmã a quem tomar conta. O que não me agradou muito, pois o cara estava ali só pra mandar e decidir coisas que não lhe cabiam sobre a vida dela, e quem é ele pra ter esse tipo de poder sobre ela? Fiquei me perguntando o que ele estava fazendo alí e o que acrescentou na história, além de despertar minha antipatia com sua personalidade e comportamento odiosos... Seria melhor se ele fosse um irmão mais velho, ou até mesmo seu próprio pai.

Ao chegar no País das Maravilhas, Alyssa conhece (ou reencontra?) Morfeu, um rapaz de cabelos azuis que fica incumbido de guiar a garota naquele mundo, que agora está sob comando de uma nova rainha, a ajudando a quebrar a maldição e consertar o que está errado. Porém Morfeu é muito misterioso, meio rebelde e ainda não tem escrúpulos (sim!), e por mais que a ideia de um triangulo amoroso possa surgir entre eles, e eu, por incrível que pareça, achar ótimo para que Alyssa largue mão de Jeb, é algo que não dá pra ter certeza pois não se sabe em quem se pode realmente confiar ali...

Acho que O Lado Mais Sombrio pode até ser considerado uma extensão modificada para o clássico Alice no País das Maravilhas em vez de uma releitura, pois Alyssa é uma personagem com personalidade única, que ganha uma história só dela, e que, de certa forma, se supera se comparada à Alice.

A capa tem todo um mistério e, apesar de a primeira vista ser bonita, mesmo que a editora tenha mantido a arte da capa original, ao analisar de perto fiquei com a impressão de que o tratamento dado a ela não foi tão bacana assim, pois o efeito foi exagerado a ponto de eu me perguntar se a garota da capa sofre de icterícia ou coisa do tipo... A cor do título também não tem destaque em meio a tanto contraste e cores fortes por trás... Já a diagramação é de encher os olhos, pois há ornamentos de plantas ilustrando as páginas.
A narrativa se alterna entre lucidez e loucura, e às vezes achei que alguns personagens foram descritos de forma estranha e alguns acontecimentos se desenrolaram de forma muito confusa, o que não permitiu que a leitura fluísse muito fácil pra mim, por isso demorei mais do que pensei pra finalizar o livro.

No mais, é uma história que faz um misto de aventura, mistério e romance, tudo com um lado mágico e ao mesmo tempo sombrio, de forma ricamente detalhada. Os cenários são incríveis, exóticos e é possível se imaginar explorando tudo aquilo, maravilhada e ao mesmo tempo assombrada devido as bizarrices que existem por lá. A autora usou e abusou da criatividade aproveitando um mundo criado anteriormente, incluindo personagens já conhecidos em Alice no País das Maravilhas, dando um toque inovador, mudando características físicas e psicológicas para que todo aquele ar sombrio tivesse um destaque.
Pra quem quiser se aventurar em uma viagem a um mundo novo, é uma boa pedida.

Poder - Sarah Pinborough

17 de abril de 2014

Lido em: Abril de 2014
Título: Poder - Encantadas #3
Autora: Sarah Pinborough
Editora: Única
Gênero: Fantasia/Releitura
Ano: 2014
Páginas: 224
Nota: ★★★☆☆
Sinopse: Quando um príncipe mimado é enviado por seu pai para tentar desvendar os mistérios de um reino perdido, ninguém imagina os perigos que ele encontrará pela frente! Acompanhado da figura sóbria e sagaz do Caçador e de Petra, uma jovem valente que possui uma ligação muito forte com a floresta, o príncipe acaba encontrando um reino adormecido por uma estranha magia. Todos os seres vivos foram cercados pela densa mata e estão dormindo, em um sono pesado demais, e só poderia vir da magia. Mas que tipo de bruxaria assolaria a cidade inteira e seus habitantes? E, principalmente, quem faria mal a uma jovem rainha tão boa e tão bela? A não ser, claro, que os olhos não percebam o que um coração cruel pode esconder....

Resenha: Poder é o terceiro livro da Saga Encantadas que dá sequência a Veneno e Feitiço. A saga foi escritas pela autora Sarah Pinborough e lançada pela Única.
Antes de investir a leitura nessa saga, tinha ouvido falar que ela poderia ser lida fora de ordem. Pelos dois primeiros volumes não concordei 100%, pois apesar de serem histórias independentes, alguns personagens reaparecem dando sentido a acontecimentos que sem um conhecimento prévio poderiam não serem tão compreensíveis assim. Apesar de ser o terceiro volume, Poder segue uma ordem cronológica que antecipa as histórias de Veneno e Feitiço, e talvez alguns possam considerar que se tivessem lido a respeito de alguns personagens primeiro nesse volume, entenderia melhor motivos que os levaram a tomar determinadas atitudes...

Mas enfim... Poder é uma mistura de alguns contos clássicos como A Bela e a Fera, Chapeuzinho Vermelho, Rapunzel e a história da Bela Adormecida, muito diferente do que se pode pensar, serve como base de tudo. Até a inclusão de Rumpelstiltskin foi uma boa jogada para que a trama se tornasse mais madura e complexa se comparada as anteriores. A aventura gira em torno da história de um príncipe mimado e preguiçoso cujo pai, o rei, acredita que precisa se aventurar por aí a fim de criar responsabilidade, e manda que o caçador o acompanhe para vigiá-lo de perto para que não faça nenhuma besteira nem se perca pela floresta. Os dois vão até o Monte Ermo, reino amaldiçoado por um feitiço onde todos estão dormindo há cem anos. No caminho conhecem Petra, uma garota que mora com a avó e que tem bastante curiosidade pelos uivos que escuta, sempre vindos da floresta. Ela então se junta ao príncipe e ao caçador nessa aventura.

O príncipe encontra Bela, que, depois de espetar seu dedo no fuso de uma roca, dormiu e não acordou mais. Ele a desperta com um beijo e com o passar do tempo descobre que o sono eterno não foi a única maldição que a moça sofreu...
Não vou me arriscar a falar de outros personagens ou acontecimentos, senão estragaria várias surpresas (ou choques) que futuros leitores possam ter...

As histórias são entrelaçadas de uma forma muito inteligente, que mesmo fugindo das historinhas clássicas com finais felizes das quais já li ou assisti, prendeu minha atenção me deixando bastante animada com a adaptação criada pela autora, assim como aconteceu nos outros volumes.
Mocinhos podem guardar segredos obscuros, nem sempre as coisas são o que parecem e vilões podem agir da forma mais inesperada do que se pode imaginar...

Talvez Poder possa até ser encarado como um livro a parte, pois não tem tanta ligação com os demais livros da saga e senti falta de menções a outros personagens para que o estilo da narrativa fosse preservado. Não é algo que atrapalha a leitura ou o entendimento, mas quem ler os primeiros livros antes também pode ter essa percepção. São mais personagens para serem trabalhados e ligados a fim de formar uma história que, mesmo modificada, fosse convincente. Apesar de alguns floreios, achei que deu bastante certo.

Narrado em terceira pessoa, a história se desenrola com bastante fluidez, ousadia, criatividade e até mesmo um toque bastante sombrio, e é possível ler o livro inteiro em questão de poucas horas, ainda mais levando em consideração o tamanho da fonte e a forma como o texto é distribuído na página. Só não me empolgou tanto quanto o segundo livro, Feitiço. A diagramação, seguindo o padrão da saga, é de encher os olhos, com ornamentos a cada início e fim dos capítulos dando aquele charme e efeito de livros de contos antigos.

O final deixa uma brecha para uma continuação mas não sei se realmente vai haver um quarto volume, afinal, todos os contos terminam deixando uma brecha para que o leitor imagine o que poderá vir depois do que deveria ser o final feliz (ou não)...
Pra quem gosta de releituras de contos de fadas contadas de forma bastante diferente de tudo o que já se viu, a saga Encantadas é uma ótima pedida!

Feitiço - Sarah Pinborough

26 de janeiro de 2014

Lido em: Janeiro de 2014
Título: Feitiço - Encantadas #2
Autora: Sarah Pinborough
Editora: Única
Gênero: Fantasia/Releitura
Ano: 2013
Páginas: 248
Nota: ★★★★★
Sinopse: Você se lembra da história da Cinderela, com sua linda fada madrinha, suas irmãs feias e um príncipe encantado? Então esqueça essa história, pois nesta releitura de Sarah Pinborough ninguém é o que parece. Em um reino próximo, a realeza anuncia um baile que encontrará uma noiva para o príncipe e parece que o desejo de Cinderela irá ganhar aliados peculiares para ser realizado. Contudo, não será fácil: ela não é a aposta de sua família para esse casamento real, e sua fada madrinha precisa de um favorzinho em troca de transformar essa pobre coitada em uma diva real. Enquanto isso, parece que Lilith não está muito contente com os últimos acontecimentos e, ao mesmo tempo em que seu reino parece sucumbir ao frio, ela resolve usar sua magia para satisfazer suas vontades. Feitiço é o segundo volume da trilogia iniciada com Veneno, um best-seller inglês clássico e moderno ao mesmo tempo em que recria as personagens mais famosas dos irmãos Grimm com personalidade forte, uma queda por aventuras e, eventualmente, uma sina por encrencas. Princesas, rainhas, reis, caçadores e criaturas da floresta: não acredite na inocência de nenhum deles!
Resenha: Feitiço é o segundo volume da saga Encantadas escrita por Sarah Pinborough e lançada no Brasil pela Editora Única. O primeiro livro, Veneno, deu uma versão nova à história de Branca de Neve, e este segundo, acompanhamos uma versão bastante curiosa e empolgante para a história de Cinderela.
Morando numa casinha simples com seu pai, sua madrasta e sua irmã de criação, Rose, Cinderela sempre sonhou em fazer parte da realeza desde criança, e seu objetivo, mesmo parecendo algo impossível, visto que ela não passa de uma criada da plebe, é se casar com o príncipe e ter uma vida de princesa.

O casamento era algo realmente necessário para os negócios da família real e o príncipe deu um baile a fim de poder encontrar uma noiva de quem gostasse e se comportasse como alguém digna do trono. Rose recebeu toda a atenção e cuidados a fim de se preparar para que despertasse o interesse do príncipe no baile, e ninguém cogitou a ideia de Cinderela ir... Mas o desejo da moça de conhecer e conquistar o príncipe era tanto que ela acabou recebendo uma ajudinha vinda da Fada Madrinha, que, com mágica, lhe presenteou com um vestido novo e sapatinhos de diamante enfeitiçados para que Cinderela se tornasse irresistível aos olhos do rapaz no baile (pelo menos enquanto os usasse), porém com uma condição: enquanto estivesse no castelo, teria que explorar os aposentos em busca de algo de extremo interesse da Fada... E mesmo tendo que aturar o cocheiro que veio nesse “pacote mágico”, um homem rústico e arrogante do qual ela tomou antipatia a primeira vista, Cinderela ficou disposta a marcar presença e conquistar o príncipe durante os dois dias que o baile iria acontecer, desde que não deixasse passar de meia noite... No segundo dia, ao ouvir as badaladas do relógio, Cinderela corre e perde um dos sapatinhos, e nos dias seguintes o príncipe manda que seus criados procurem pela moça cujo pé se encaixasse com perfeição no sapato perdido. Até que Cinderela, enfim, é encontrada e nomeada noiva do príncipe, se mudando para o castelo junto com sua família e tendo seu sonho realizado... ou será que não?

Depois de ter lido Veneno e ter gostado principalmente pelo final totalmente imprevisível e chocante, iniciei a leitura de Feitiço sem muitas expectativas e sem esperar nada de grandioso, e vou ter que assumir que além da história ter se superado completamente, se tornou um dos melhores livros que já li sobre adaptações dos clássicos até hoje. Cinderela é uma moça que apesar de ser muito sonhadora, tem a sexualidade bastante aflorada e não tem medo nem vergonha de explorar isso em suas fantasias mais secretas... Não pensem que se trata de uma saga infantil... Ela morre de pavor de ratos e animais asquerosos do tipo, mas fica curiosa por um ratinho em particular que parece sempre a seguir por onde vai, até mesmo quando ela se muda para o castelo para esperar pelo casamento. Ela é o tipo de personagem que tem um sonho, mas entende que nem tudo acontece como queremos, principalmente porque nenhuma ajuda vem de graça e tudo tem um preço...

Narrado em terceira pessoa, a leitura é super fluída e tem um ritmo super empolgante. Feitiço mostra o ponto de vista de Cinderela (incluindo suas cenas de fantasia que considerei como sendo bem “picantes”) e dos personagens secundários mais importantes, como o próprio príncipe que se mostra alguém bastante mesquinho e interesseiro; da irmã de criação dela, Rose, que aparece como alguém bastante madura mesmo que tenha ficado infeliz por ter sido “descartada” pelo príncipe que escolheu Cinderela em seu lugar; e do caçador que também foi o cocheiro grosseirão que levou a garota ao baile e que a mando da Fada Madrinha faz visitas a Cinderela no meio da noite que a desagradam muito a fim de saber sobre o progresso da busca pelo castelo, até que eles se tornam aliados. Todos os personagens têm personalidades distintas e são muito bem construídos.

Com relação a parte física, a capa é um luxo só e a diagramação, seguindo o mesmo estilo do primeiro livro, é cheia de ornamentos nos inícios e finais de capítulos. A revisão foi impecável, as páginas são amareladas e a fonte tem um tamanho ótimo que torna a leitura, além de agradável, bastante rápida.

A princípio a história parece ser bastante independente da primeira, mas não aconselho que a leitura seja feita fora de ordem, pois há alguns personagens e acontecimentos muito importantes ligados ao primeiro livro e sem um conhecimento prévio sobre eles a leitura pode se tornar vaga, sem que o leitor saiba de onde vieram ou o que estão fazendo ali, principalmente ao final do livro. E por falar em final, mais uma vez me surpreendi e fiquei chocada com tamanha audácia por parte da autora e em como ela pode ter feito ligações tão surpreendentes com os personagens dos livros! Todo o desenrolar da história e a tensão para saber dos mistérios que surgem e o que poderá acontecer a seguir são super viciantes e é impossível terminar um capítulo sem querer começar o próximo logo! É empolgação do começo ao fim. E que fim! Deixa qualquer um de boca aberta.

Pra quem curte releituras (bem modificadas) com certeza vai curtir muito a história de Feitiço! O próximo livro da saga é “Poder”, a releitura dessa vez será da Bela Adormecida, e já estou super ansiosa por ele!

Veneno - Sarah Pinborough

29 de novembro de 2013

Lido em: Novembro de 2013
Título: Veneno - Encantadas #1
Autora: Sarah Pinborough
Editora: Única
Gênero: Fantasia/Releitura
Ano: 2013
Páginas: 224
Nota: ★★★☆☆
Sinopse: Você já pensou que uma rainha má tem seus motivos para agir como tal? E que princesas podem ser extremamente mimadas? E que príncipes não são encantados e reinos distantes também têm problemas reais? Então este livro é para você! Em Veneno a autora Sara Pinborough reconta a história de Branca de Neve de maneira sarcástica, madura e sem rodeios. Todos os personagens que nos cativaram por anos estão lá, mas seriam eles tão tolos quanto aparentem? Acompanhe a história de Branca de Neve e seu embate com a Rainha, sua madrasta. Você vai entender por que nem todos são só bons ou maus e que talvez o que seria "um final feliz" pode se tornar o pior dos pesadelos!
Veneno é o primeiro livro da trilogia Encantadas, e já é um best-seller inglês. Sarah Pinborough coloca os contos de fadas de ponta-cabeça e narra histórias surpreendentes que a Disney jamais ousaria contar. Com um Realismo cínico e cenas fortes, o leitor será levado a questionar, finalmente, quem são os mocinhos e quem são os vilões dos livros de fantasia!

Resenha: Veneno é o primeiro volume da trilogia Encantadas, escrita por Sarah Pinborough e lançado pela Única aqui no Brasil.

Se trata de uma releitura do clássico "Branca de Neve e os Sete Anões" com uma leve mistura de "João e Maria" e até "Aladdin" onde a autora  usou e abusou de sarcasmo ao fazer uma adaptação do conto original dos Irmãos Grimm (esqueça a Branca de Neve inocente da Disney) usando elementos mais "quentes" para tornar a história voltada para o público mais adulto.

Branca de Neve é uma mocinha amada pelo pai e admirada por todos à sua volta, não somente por sua beleza extraordinária, mas pela personalidade que tem: alegre, espontânea e um tanto mimada e indisciplinada. Não gosta de usar vestidos, anda a cavalo feito homem e seu comportamento não é nada digno de uma princesa. Seus melhores amigos são anões que trabalham em minas.

Lilith é o oposto de Branca de Neve... Foi criada no meio da floresta por sua bisavó, morando numa casa feita de doces, mas tendo um propósito em sua vida. Ao crescer, foi obrigada a se casar com um rei, o pai de Branca de Neve, que havia perdido a esposa há pouco tempo, e dessa forma seria a rainha e teria poderes além dos que envolvem a magia e a feitiçaria. Lilith é apenas quatro anos mais velha que Branca de Neve e não admite o comportamento inadequado da princesa. Aproveitando que o rei foi para a guerra, Lilith passou a ser a maior autoridade no reino, e decide usar desse poder para dar um jeito em Branca de Neve tentando fazê-la se comportar com uma dama e organizando uma festa para tentar um casamento arranjado, porém, Branca de Neve acredita que só deve se casar quando encontrar o verdadeiro amor, diferente de Lilith que encara o casamento como uma questão política sem ligação alguma com esse sentimento...

Por ter tido seus planos arruinados por Branca de Neve e por ser constantemente atormentada por seu espelho que não cansa de repetir que Branca de Neve é a mais bela, Lilith decide se vingar pela humilhação que acreditou ter passado e resolve que o único jeito de se ver livre de uma vez por todas desse tormento seria matando a garota, mas claro que não com as próprias mãos... Oi, caçador!
Tendo a vida poupada, mas sua dignidade não, Branca de Neve encontra refúgio com seus amigos anões, mas Lilith não descansa... então eis que a maça entra em cena para enfim fazer com que Branca de Neve caia dura com um pedaço da fruta envenenada entalado em sua garganta a espera do beijo de seu grande e verdadeiro amor...

Enquanto os anões zelavam pelo corpo desfalecido de Branca de Neve, eles recebem uma visita inesperada de alguém perdido e ferido: o príncipe! Ele vê a linda moça naquele estado mas ainda assim se apaixona por ela imaginando que com aquela beleza e cara de santa só poderia se tratar de uma donzela pura e indefesa (risos eternos). Porém, ele acaba se revelando alguém com características bem diferentes das quais poderíamos imaginar quando, enfim, consegue acordar a mocinha...

Enfim... releituras são sempre uma forma de encaramos uma história já conhecida com uma visão diferente juntamente com mudanças e adaptações. Na capa de Veneno, muito bem trabalhada e chamativa por sinal, olhares mais atentos já irão identificar que não se trata de nada infantil ao ver que Branca de Neve está deitada com um olhar todo provocante em cima de um lençol vermelho...
Apesar de não serem tantas, existem cenas provocantes e até impróprias para menores de idade, se é que me entendem... Mas para ser sincera, achei tais cenas um tanto desnecessárias pois fiquei com a impressão de que foram inseridas para desviar o foco ou preencher lacunas por falta de maior aprofundamento ou explicações. A história tem a mesma base do clássico, mas com as mudanças, várias coisas ficaram no ar.

A única coisa que tive certeza foi de que a rainha má, só é má porque foi criada para ser assim e no fundo é uma amargurada e até se atrapalha por que não consegue controlar tudo como gostaria... Já os demais personagens não ganharam maiores aprofundamentos para entendermos melhor suas atitudes e decisões que tomam, ou por que motivo apareceram ali...
A narrativa é bem fluída mas não senti aquele gosto na leitura, pela forma como a história foi moldada e contada.

No mais, o trabalho de diagramação em que inícios e finais de capítulos são decorados com ornamentos dão um toque bem requintado à obra e a revisão é impecável. Os capítulos felizmente são curtos e isso acaba tornando a leitura mais rápida, pois pra mim, capítulos longos demais atrapalham e estão por fora...

Para quem curte releituras e quer conferir uma história com um toque de sarcasmo, sensualidade e um final pra deixar qualquer um de boca aberta e de cabelo em pé (sim, o final é chocante e por ser tão inesperado e surpreendente arrancou uma estrela de mim), Veneno é uma boa pedida, principalmente para repensarmos sobre os verdadeiros vilões e como as atitudes deles são dignas de indignação, ou pena, ou vergonha... E que venha Feitiço, a continuação...

Cinder - Marissa Meyer

28 de junho de 2013

Lido em: Junho de 2013
Título: Cinder - As Crônicas Lunares #1
Autora: Marissa Meyer
Editora: Jovens Leitores/Rocco
Gênero: Distopia/Juvenil/Ficção/Releitura
Ano: 2013
Páginas: 448
Nota: ★★★★★
Sinopse: Num mundo dividido entre humanos e ciborgues, Cinder é uma cidadã de segunda classe. Com um passado misterioso, esta princesa criada como gata borralheira vive humilhada pela sua madrasta e é considerada culpada pela doença de sua meia-irmã. Mas quando seu caminho se cruza com o do charmoso príncipe Kai, ela acaba se vendo no meio de uma batalha intergaláctica, e de um romance proibido, neste misto de conto de fadas com ficção distópica. Primeiro volume da série As Crônicas Lunares, Cinder une elementos clássicos e ação eletrizante, num universo futurístico primorosamente construído.

Resenha: Cinder é o primeiro volume da série "Crônicas Lunares", escrita por Marissa Meyer e lançado pelo selo Jovens Leitores da Editora Rocco.

Há 126 anos, toda a catástrofe gerada pela Quarta Guerra Mundial chegou ao fim, dando início a Terceira Era, e desde então, a Comunidade Oriental nasceu, unindo povos, cultura e ideais com propósito de fortalecer os cidadãos, que optaram pela paz em vez da guerra, e Pequim se reergueu como Nova Pequim. Apesar de a guerra ter terminado, um problema que assola e devasta campos e cidades inteiras há muitos anos persiste: a letumose, uma doença letal. E é contra essa doença que o império travou uma batalha que, até então, não foi bem sucedida...

E é nesse cenário que conhecemos Lihn Cinder, uma garota de 16 anos que, devido há um grave acidente que sofreu no passado, foi "reparada" de forma que 36,48% de seu corpo passou a ser sintético. Ela se tornou uma ciborgue, com direito a fiação, aço, bioeletricidade, visor óptico, um software conectado em rede que lhe dá acesso a um completo banco de dados, uma perna biônica e um dom para lidar com todos os tipos de peças e mecanismos a tornando a melhor mecânica de toda Nova Pequim. Mas por trás de toda essa habilidade, poucos sabem de sua história, já que vive excluída. Depois de ter sobrevivido ao acidente, que aconteceu aos seus 11 anos, ela foi adotada. Adria, sua "madrasta" e guardiã, além de nem considerá-la como humana, encontra nesse dom uma fonte de renda fácil, explorando e maltratando Cinder. Pearl e Peony são suas meio-irmãs, que estavam sendo preparadas por Adria para o grande baile imperial. Pearl trata Cinder com muito descaso, o que faz com que a ciborgue só tenha a companhia de Peony e de Iko, a androide ajudante.

Justamente por saber consertar tudo, foi procurada pelo próprio príncipe Kaito, herdeiro do Império, para que ela consertasse sua andróide, Nainsi, que parou de funcionar, e o que deveria ser um simples trabalho de reparo, acaba indo além... Ao sair com Iko e a irmã em busca de peças, Peony acaba sendo contaminada pela letumose e levada para quarentena. Como castigo por ter exposto a irmã, Adria envia Cinder como "voluntária" para que os cientistas façam testes, a usando como cobaia para mais um experimento que tem como objetivo encontrar a cura, e é a partir dos resultados dos exames e das descobertas feitas pelo Dr. Erland que o destino de Cinder mudará para sempre, principalmente quando ela descobre os segredos que acercam o defeito de Nainsi... Conspirações e ameaças de invasão dos Lunares (uma raça misteriosa que vive na lua) são alguns dos problemas que o império começa a enfrentar, e em meio a toda a confusão, o baile imperial está se aproximando...

Dividida em quatro partes, a fim de separar os acontecimentos importantes, e narrada em terceira pessoa, a história mescla elementos de um dos mais famosos contos de fadas que conhecemos, ficção científica, questões políticas e sociais e preconceito para que uma distopia fantástica pudesse nos ser apresentada. E isso tudo ambientado no oriente, então imaginei toda a tecnologia e modernidade manipuladas por personagens de olhos puxadinhos. A história é tão bem escrita, tão envolvente e flui tão bem, que suas quase 450 páginas podem ser lidas de uma vez. Somos poupados de muitos detalhes das características físicas, mas isso não impede de imaginarmos personagens bem construídos, cada qual com sua importância na história.

Cinder se conformou que está a margem da sociedade por estar em uma das classes mais baixas que existem, o que a coloca como uma monstruosidade, uma aberração, mas isso não tira sua força, sua inteligência nem seus propósitos. Um ponto interessante é que devido a cirurgia cibernética, seus dutos lacrimais foram removidos e Cinder não chora e nem fica corada, mas isso não a impede de sentir emoções apesar de sempre demonstrar frieza, e considerei isso como um ponto super original e positivo, pois isso a torna uma personagem que não aflora hormônios melosos para todos os cantos nem demonstra vergonha caso se encontre em alguma situação embaraçosa.
Não era sua culpa ele ter gostado dela.
Não era culpa dela ser ciborgue.
Ela não pediria desculpas.
- pág. 387
Outro ponto muito bacana é a inserção dessa sociedade que vive na Lua, pra ser mais exata em Luna, os chamados lunares, que vivem sob o comando da rainha Levana, inescrupulosa, vingativa, dissimulada e calculista que ainda tem um exército a seu dispor. É um povo mutante e misterioso e alguns deles possuem dons de manipulação sobre os outros e achei isso super adequado, visto que a própria lua é conhecida em muitas histórias e lendas pelo seu poder de "hipnotizar", cheia de misticismo e magia, e devido a isso, são uma incógnita para os terráqueos, que não sabem das suas reais intenções.

Algumas coisas são um pouco previsíveis, já que temos como base um conto de fadas conhecido, mas a criatividade da autora em unir tudo isso faz de Cinder uma agradável e original surpresa a cada capítulo, cheia de ação, mistérios e um toque de romance bem sutil.
Com relação a parte física do livro, a capa é espetacular, a diagramação muito bem feita e a revisão foi ótima. As páginas são amareladas e a fonte, apesar de diferente dos demais livros, tem um tamanho perfeito.

Enfim, como não amar uma versão futurística de Cinderela, com perna e pé biônicos em vez de um sapatinho de cristal, suja de graxa em vez de coberta por andrajos, com uma ajudante androide munida com um chip de inteligência em vez de ratinhos e passarinhos, com um carro velho tirado do meio das sucatas em vez de uma abóbora transformada em carruagem e sua própria força de vontade em vez de uma fada madrinha?
Simplesmente irresistível e imperdível! Esperando a continuação, Scarlet, mais ansiosa do que nunca!