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Brutal - Luke Delaney

21 de maio de 2015

Título: Brutal - D.I. Sean Corrigan #1
Autor: Luke Delaney
Editora: Fábrica 231/Rocco
Gênero: Thriller Policial
Ano: 2015
Páginas: 416
Nota: ★★★★★
Sinopse: O que levaria alguém a golpear outra pessoa na cabeça e, na sequência, esfaqueá-la 77 vezes?  O garoto de programa Daniel Graydon jamais imaginaria que encontraria tamanha perversão nos clientes com quem saía. Mas viu seu fim se aproximar ao ir contra sua regra de ouro: nunca levar os homens para casa. Seu parceiro sexual e algoz, porém, tinha algo de sedutor e era difícil recusar a proposta de uma noite regada a sexo, e muito bem paga. Daniel tornara-se apenas uma das vítimas de um personagem sombrio, cuja pulsão pela morte o levava a matar com regularidade e método. Cada morte representando um passo adiante no aperfeiçoamento da macabra arte de tirar vidas: cruel, dolorosa, limpa e sem pistas. Um desafio para a polícia de Londres e sua divisão de Crimes Graves do Grupo Sul, liderada pelo atormentado detetive-investigador Sean Corrigan.

Resenha: Brutal é o primeiro livro da série D.I. Sean Corrigan, escrita pelo autor Luke Delaney e publicado no Brasil pelo selo Fábrica 231, da Rocco.
Com Londres como pano de fundo, a história começa quando o assassino narra seu feito desde quando começou a observar sua vítima até o momento do crime: Um garoto de programa que o leva para seu apartamento e lá é assassinado a sangue frio de forma brutal, sem piedade. Não há pistas, não há evidências, tudo foi muito bem planejado e executado e só resta ao assassino se deleitar com o que acabou de fazer.

Sean Corrigan é um detetive encarregado de uma das Equipes de Investigação de  Homicídios de South London. Investigar crimes graves, mortes violentas e caçar os assassinos é seu trabalho e agora que o caso do garoto de programa chegou ao seu conhecimento, ele irá fazer de tudo para descobrir o que aconteceu e porquê. Por ter um passado trágico onde era abusado pelo pai quando criança, Sean tem a capacidade de ver além do que os demais policiais enxergam. Ele consegue entender o que motiva assassinos, estupradores e incendiários usando da infância despedaçada para descobrir o que os outros não ousariam imaginar. Através de sua imaginação sombria e singular, Sean compreendia a necessidade que os criminosos têm ao cometer atrocidades, lidando com demônios alheios por ter aprendido a controlar os seus próprios e tendo, assim, uma vantagem sobre os outros detetives.
A medida que a história se desenrola, acompanhamos o planejamento e execução do assassinatos pelo ponto de vista do próprio assassino, cuja narrativa é feita em primeira pessoa, enquanto o ponto de vista, narrado em terceira pessoa, de Sean mostra suas tentativas de desvendar o mistério de um crime "perfeito", limpo e sem pistas que acaba sendo um enorme desafio para a polícia. São diversas mortes cujas vítimas não tem nada em comum, mas Sean sabe que o assassino é apenas um.

A história em si é ótima, me surpreendeu e foi além das minhas expectativas. A narrativa, que é alternada entre o assassino e Sean, é muito fácil e fluída, e a escrita é ótima. Acredito que pelo autor ter feito parte da polícia, lidando com investigações criminais, ele adquiriu uma visão muito mais ampla para poder escrever sobre esse mundo e, mesmo Brutal tendo sido seu livro de estreia, talvez esse tenha sido um fator diferencial que tornasse a história tão envolvente e incrivelmente realista. Os procedimentos policiais são autênticos, os detalhes são descritos com maestria, e mesmo que Sean caia no clichê de investigador com passado traumático, tudo isso colaborou para a história ser muito bem construída.

Sean Corrigan é um bom exemplo de policial que luta por justiça mesmo sendo atormentado por seu passado. Ele poderia sucumbir emocionalmente, mas usa o que poderia destruí-lo para aguçar seus sentidos, sua percepção e sua capacidade de pensar como alguém que não tem escrúpulos e enxergar a verdadeira escuridão por trás das pessoas. Ele é implacável no que acredita e não hesita mesmo que tenha que afrontar seus superiores para ir atrás de quem acredita ser o culpado pelos assassinatos brutais. Sua caracterização, além de convincente, foi essencial para tornar a trama ainda mais interessante do que já é. Cheia de tensão e frustrações, a história é uma corrida contra o tempo no que diz respeito aos crimes, mas ainda mostra que é possível equilibrar assuntos profissionais e pessoais quando a vida de Sean é mais aprofundada, mostrando seus laços familiares com esposa e filhas sem deixar que a ideia principal da trama seja posta em segundo plano. Tudo é muito bem amarrado e bem pensado.

A história não faz rodeios quando o assunto gira em torno de procedimentos policiais e detalhes sórdidos sobre assassinatos. Pra quem procura por um livro policial convincente e brilhantemente sangrento, com crueldade, frieza incessante e calculismo vai encontrar em Brutal uma história excelente, viciante e com certeza vai pedir por mais.

Os Homens Que Não Amavam as Mulheres - Stieg Larsson

2 de março de 2015

Lido em: Fevereiro de 2015
Título: Os Homens Que Não Amavam as Mulheres - Millennium #1
Autor: Stieg Larsson
Editora: Companhia das Letras
Gênero: Ficção Policial
Ano: 2008
Páginas: 522
Nota: ★★★★★
Sinopse: Os homens que não amavam as mulheres traz uma dupla irresistível de protagonistas-detetives: o jornalista Mikael Blomkvist e a genial e perturbada hacker Lisbeth Salander. Juntos eles desvelam uma trama verdadeiramente escabrosa envolvendo a elite sueca.
Os homens que não amavam as mulheres é um enigma a portas fechadas - passa-se na circunvizinhança de uma ilha. Em 1966, Harriet Vanger, jovem herdeira de um império industrial, some sem deixar vestígios. No dia de seu desaparecimento, fechara-se o acesso à ilha onde ela e diversos membros de sua extensa família se encontravam. Desde então, a cada ano, Henrik Vanger, o veelho patriarca do clã, recebe uma flor emoldurada - o mesmo presente que Harriet lhe dava, até desaparecer. Ou ser morta. Pois Henrik está convencido de que ela foi assassinada. E que um Vanger a matou.
Quase quarenta anos depois o industrial contrata o jornalista Mikael Blomkvist para conduzir uma investigação particular. Mikael, que acabara de ser condenado por difamação contra o financista Wennerström, preocupa-se com a crise de credibilidade que atinge sua revista, a Millennium. Henrik lhe oferece proteção para a Millennium e provas contra Wennerström, se o jornalista consentir em investigar o assassinato de Harriet. Mikael descobre que suas inquirições não são bem-vindas pela família Vanger. E que muitos querem vê-lo pelas costas. De preferência, morto. Com o auxílio de Lisbeth Salander, que conta com uma mente infatigável para a busca de dados - de preferência, os mais sórdidos -, ele logo percebe que a trilha de segredos e perversidades do clã industrial recua até muito antes do desaparecimento ou morte de Harriet. E segue até muito depois.... até um momento presente, desconfortavelmente presente.

Resenha: A trilogia Millennium se tornou um sucesso de vendas no mundo. O primeiro volume, Os Homens Que Não Amavam as Mulheres, rendeu dois filmes: um na versão sueca e outra americana. Mikael Blomksvist está, inicialmente, tentando se reerguer de um processo contra ele e a possível queda da revista Millennium. Ao aceitar um convite de investigação, ele vai para uma pequena cidade a algumas horas de Estocolmo, no interior da Suécia. A pedido de Henrik Vanger, Blomkvist passa a investigar a morte de Harriet Vanger, não solucionada totalmente há trinta anos atrás sob o ponto de vista do seu tio, Henrik. Com esse pano de fundo e com a ajuda da peculiar Lisbeth Salander, Mikael vai angariar inimigos nessa busca e descobrir que nem tudo foi totalmente resolvido.

Os Homens que Não Amavam as Mulheres tem um começo bem devagar: a história é escrita de maneira mais lenta e bem introdutória. O começo do livro envolve o xis da questão a respeito de Mikael e sua investigação sobre fraudes numa empresa sueca. Junto com isso vem a introdução sobre a personalidade do acionista da revista Millennium. O ritmo, no entanto, só se torna bem eletrizante com a chegada de Lisbeth Salander. Essa personagem é de longe uma das que mais adoradas no meio literário. Ela, apesar de jovem, é experiente e dona de uma inteligência impressionante. Suas investigações são feitas com muita perspicácia. A junção de Salander e Blomkvist não poderia ter sido mais perfeita: os dois formaram uma dupla incrível. É interessante ver como a relação dos dois é um pouco arisca no começo, mas, com o desenrolar da trama, ambos cedem um pouco e essa interação resultou em algo excelente.

Os coadjuvantes do primeiro livro de Millenium são tão bons quanto a dupla de protagonistas. Os Vanger eram os mais complexos. O mistério que envolve a família é perigoso, portanto, a cada capítulo a visão sobre cada um pode mudar, oscilando entre opiniões boas ou ruins. O que é evidente, já nesse âmbito familiar, é o abuso do homem em relação a mulher.

O tema abuso sexual não é mostrado logo no início, mas o assunto toma forma perto do final e é ali que a mestria de Stieg se consolida. A história começa a culminar para um final muito eletrizante, graças às revelações que são feitas por Lisbeth e Mikael. Com muita ação, eventos macabros e fugas repentinas, o desfecho da obra foi mais do que satisfatório e deixou a sensação de dever cumprido.

Os Homens Que Não Amavam as Mulheres é uma leitura excelente e faz jus a opinião dos milhares de leitores ao redor do mundo. Stieg criou uma trama arrebatadora e concisa em todos os pontos. O embasamento da obra é muito concreto e crível, o que deu veracidade a história. Os protagonistas, de longe uma das duplas mais incríveis da literatura, são a cereja do bolo que torna o primeiro volume de Millenium tão inesquecível.

Hora Morta - Anne Cassidy

17 de novembro de 2014

Título: Hora Morta - The Murder Notebooks #1
Autora: Anne Cassidy
Editora: Jovens Leitores/Rocco
Tradutora: Viviane Diniz
Gênero: Juvenil/Policial/Mistério
Ano: 2014
Páginas: 320
Nota: ★★★☆☆
Sinopse: Uma noite, os pais de Rose e Josh saem para jantar... e nunca mais voltam para casa.
Depois de anos sem se ver, Rose e Josh conseguem se comunicar pela internet e resolvem investigar o desaparecimento que mudou o rumo de suas vidas.
Porém, na noite em que planejam se encontrar, Rose testemunha o assassinato de um colega de escola. O crime desencadeia inúmeras descobertas, que talvez sejam pistas para desvendar o mistério que a separou do irmão de consideração tantos anos antes.
A solução parece escondida numa série de diários com mensagens codificadas. Josh e Rose terão que correr contra o tempo para desvendá-las a fim de evitar a morte de desconhecidos... e a deles mesmos. 

Resenha: Hora Morta é o primeiro livro da série The Murder Notebooks, escrito pela autora Anne Cassidy e lançado no Brasil pelo selo Jovens Leitores da Editora Rocco.
Ambientado numa Londres urbana e moderna, Rose e Josh se separaram 5 anos atrás quando a mãe dela, Kathy, e o pai dele, Brendan, ambos policiais que trabalhavam com casos não solucionados, desapareceram sem deixar rastros. Depois do ocorrido, Rose nunca mais foi a mesma, pois enquanto foi morar com sua avó, se viu muito deprimida por ter se separado de seu irmão postiço que ela tanto gostava mas que foi morar com um tio.

Depois de estudar por bastante tempo num colégio interno, e de volta a Londres, Rose ingressou num colégio local torcendo por melhores oportunidades quando fosse para a universidade, mas mesmo feliz por finalmente poder reencontrar Josh após tanto tempo (e contrariando a ordem da avó de não encontrá-lo), seus problemas pareciam estar apenas começando. Rick Harris, o garoto mais implicante do colégio passou a persegui-la e atormentá-la sem parar. Ocorre que Rose acaba sendo testemunha de um assassinato  na plataforma do trem que esperava, cuja vítima era o odioso Rick. Rose precisou enfrentar um interrogatório e toda a burocracia policial, e Josh acabou lhe mostrando um "projeto" que ele desenvolveu: Criou sites com a finalidade de encontrar os pais desaparecidos pois se recusou a acreditar que eles estavam mortos. Mas Rose não acreditava que isso seria possível, sempre acreditou na polícia e não entendia como após tantos anos desaparecidos os pais ainda pudessem estar vivos. Mas Josh precisa ter certeza, precisa reunir pistas e, enfim, descobrir a verdade sobre esse misterioso sumiço.

Enquanto isso, outro assassinato acontece, novamente Rose está no meio, e tudo indica que as mortes podem ter alguma conexão, principalmente quando ela descobre uma ligação com o desaparecimento dos pais, pois o crime acaba por desencadear novas pistas que estavam escondidas, e agora resta aos dois correrem contra o tempo se quiserem descobrir a verdade e até mesmo continuarem a viver...

Narrado em terceira pessoa, mas pelo olhar de Rose, a trama de Hora Morta se desenrola fazendo um misto acerca do mistério que envolve o sumiço dos seus pais com as mortes que aconteceram no colégio. Ainda sobre a narrativa, por mais que seja fácil e fluída, considerei alguns trechos e diálogos muito superficiais e alguns sem sentido.

Rose é uma adolescente que faz o papel de revoltada com a vida, impulsiva e antipática, ao contrário de Josh que já conquista a simpatia do leitor lodo de cara. Até compreendo o comportamento devido ao que passaram, mas ainda assim foi demais.
Alguns personagens não me convenceram e algumas situações soaram muito forçadas pra mim. Não é lá muito comum nos depararmos com adolescentes que saem por aí investigando as coisas por contra própria, por mais que em alguns casos isso possa ser interessante e legal, mas que ainda conseguem atrapalhar o bom trabalho da polícia. Pra mim é normal que numa história existam empecilhos para atrasar ou atrapalhar alguma coisa, mas vindos dos maiores interessados foi difícil aceitar.

O mistério e a trama no geral são clichês, tudo ocorre de forma rápida, muitas informações são apresentadas de uma vez, algumas são óbvias, outras nem tanto, mas gostei da proatividade dos personagens em correr atrás do que querem em vez de ficarem esperando as coisas acontecerem.
Não me agradou muito a ideia de uma atração entre os personagens mesmo que não possuam uma relação consanguínea, não é uma coisa que me parece ser certa e soa bem doentio pra mim.
Há tensão, há ação, e é o tipo de história que o assassino é quem menos se espera e só ao final as coisas fazem mais sentido.
Gostei bastante da autora ter bolado uma interligação entre os personagens através da morte de Ricky e isso foi bem satisfatório.

A capa do livro é muito bonita, possui aplicações em verniz local, páginas amareladas, a revisão não deixou a desejar e a diagramação é ótima. Cada início de capítulo, que são numerados com numerais romanos, tem uma borboleta.

Perguntas sem respostas e novos mistérios encerram o livro e pretendo continuar lendo a série para saber o que está por vir. É um bom romance policial voltado ao público juvenil que cumpre com o papel.

É possível ainda baixar o prequel disponibilizado pela Rocco Digital, que antecede a trama, logo quando os pais de Rose e Josh desaparecem e eles vão para um lar provisório. É um conto bem curtinho, com pouco mais de 20 páginas, pra introduzir os protagonistas na trama e atiçar a curiosidade do leitor sobre Hora Morta. Aproveitem a gratuidade para fazer o download:

Dias Sombrios - Anne Cassidy
Sete dias se passaram desde que a mãe de Rose e o pai de Joshua desapareceram. Enquanto a polícia investiga o paradeiro do casal, os irmãos se hospedam na casa de Paul e Alice Towsend, o casal do lar adotivo provisório. Tudo o que eles sabem é que nenhum corpo foi encontrado. E sem mais nenhuma pista só lhes resta a esperança.
Baixe na Amazon

Flavia de Luce e o Teatro das Marionetes - Alan Bradley

18 de outubro de 2014

Lido em: Dezembro de 2011
Título: Flavia de Luce e o Teatro das Marionetes - As Crônicas de Flavia de Luce #2
Autor: Alan Bradley
Editora: Benvirá
Gênero: Mistério/Policial
Ano: 2011
Páginas: 328
Nota: ★★★★☆
Sinopse: João parecia estar olhando para cima quando, com um ruído retumbante, o gigante despencou do céu e esborrachou-se no chão. Por alguns momentos o monstro ficou se contraindo espasmodicamente de modo horrível, um fio de sangue cor de rubi escorrendo do canto da boca, a cabeça pavorosa e os ombros enchendo o palco de fagulhas, enquanto fumaça e pequenas chamas erguiam-se em anéis inclementes do cabelo e do cavanhaque ardentes. Mas os olhos sem vida que olhavam sem ver para os meus não eram aqueles do gigante articulado Galligantus. Eram os olhos vidrados e moribundos de Rupert Porson. E então todas as luzes se apagaram.

Resenha: Flavia de Luce e o Teatro das Marionetes é o segundo volume da série Flavia de Luce, escrita pelo autor Alan Bradley e lançada pela Benvirá (selo editorial da Saraiva) no Brasil. As histórias são bastante independentes. Cada livro aborda uma nova situação a ser investigada e não precisa ser obrigatoriamente lido na ordem de lançamento, apesar de recomendar que sejam para que o universo criado pelo autor se torne mais familiar ao leitor. Então, esta resenha está livre de spoilers.

No primeiro livro, Flavia de Luce e o Mistério da Torta, a garota, de 11 anos e amante de química, tenta provar a inocência do pai para livrá-lo de uma acusação de assassinato seguindo pistas de forma muito inteligente, ao mesmo tempo em que se vinga das irmãs que não a deixam em paz usando todo seu conhecimento.

Rupert Porson é um fabricante de marionetes e apresentador bem sucedido e muito famoso na Inglaterra com sua companhia de teatro chamada Marionetes Porson, e junto de Nialla, sua assistente, ele acaba indo parar em Bishop's Lacey. Mesmo que sua chegada tenha sido bem sorrateira, eles ficam presos na cidade com o carro quebrado, e o vigário sugere que seja feita uma de suas esplêndidas apresentações. Enquanto Flavia é incumbida de ser um tipo de guia turístico para os dois, ela começa a formar teorias sobre um possível relacionamento amoroso que possa existir entre eles, ao mesmo tempo que tenta descobrir porque Rubert foi parar alí. E claro, começa a desconfiar que algo está errado, mesmo que tudo parece bem. Um segredo pairava no ar...

Durante a última apresentação de teatro com a peça João e o pé de feijão, no lugar do gigante, quem aparece é Rupert, eletrocutado e morto. A polícia pede para que Flavia não interfira, outra vez, mas a garota já estava envolvida e pronta para desbancar e ainda ensinar o inspetor Hewitt a fazer seu trabalho. Eis que, mais uma vez, ela entra em cena com toda sua perspicácia e inteligencia, e "esbarra" em mais um caso, e dessa vez rodeado de segredos e tramas bastante sombrias.

A história se passa nos anos 50 e a narrativa rebuscada remete à época, e meu único ponto em desfavor do livro, assim como mencionei na resenha do livro anterior, é exatamente esse floreio. Por questão de gosto pessoal, prefiro quando o texto é mais leve e fácil, pois sinto que flui melhor e me deixa mais envolvida com a história. A escrita do autor é bastante rica no que diz respeito a detalhes, cenários e quando menciona personalidades importantes do meio cultural e utiliza várias referências históricas. Penso que se a história já é boa escrita dessa forma, se fosse mais fácil seria uma das minhas leituras favoritas, de todos os tempos.

Diferente do primeiro livro, neste segundo a morte não acontece logo nos primeiros capítulos e é preciso prestar atenção nas pistas desde o começo. Dessa forma, Flavia precisa recapitular tudo o que aconteceu antes e que pode ser considerado suspeito. Suas observações são geniais, seu raciocínio lógico é fora do comum e a garotinha realmente surpreende, assim como as reviravoltas presentes na trama.

Neste volume, apesar de continuar sendo uma menina bastante fria, Flavia é apresentada com mais sensibilidade, pois se encontra constantemente sendo perseguida pelas irmãs mais velhas e sente bastante falta de Harriet, sua mãe falecida. Mas em companhia de sua bicicleta Gladys, ela consegue se vingar das irmãs da "melhor" forma conhecida por ela, e ainda investigar o mistério que envolve a morte de Rupert.

Não se engane pela capa fofa e colorida. Acredito que o livro deveria ser voltado ao público jovem, mas pelo estilo de narrativa, os adultos vão aproveitar muito mais, mesmo que Flavia seja uma pré adolescente.

Se você gosta de romances policiais ricos em detalhes, repleto de mistérios e surpresas, que adentra o fascinante mundo da química, recheado de referências históricas e literárias e ainda traz uma protagonista única, sarcástica e muito cativante, leia!

O Chamado do Cuco - Robert Galbraith

26 de novembro de 2013

Lido em: Novembro de 2013
Título: O Chamado do Cuco - Cormoran Strike #1
Autor: Robert Galbraith
Editora: Rocco
Tradutora: Ryta Vinagre
Gênero: Romance Policial
Ano: 2013
Páginas: 448
Nota: ★★★★☆
Sinopse: Quando uma modelo problemática cai para a morte de uma varanda coberta de neve, presume-se que ela tenha cometido suicídio. No entanto, seu irmão tem suas dúvidas e decide chamar o detetive particular Cormoran Strike para investigar o caso.
Strike é um veterano de guerra, ferido física e psicologicamente, e sua vida está em desordem. O caso lhe garante uma sobrevida financeira, mas tem um custo pessoal: quanto mais ele mergulha no mundo complexo da jovem modelo, mais sombrias ficam as coisas e mais perto do perigo ele chega.
Um emocionante mistério mergulhado na atmosfera de Londres, das abafadas ruas de Mayfair e bares clandestinos do East End para a agitação do Soho. O chamado do Cuco é um livro maravilhoso. Apresentando Cormoran Strike, este é um romance policial clássico na tradição de P. D. James e Ruth Rendell, e marca o início de uma série única de mistérios.

Resenha: O Chamado do Cuco é um romance policial lançado pela Editora Rocco e escrito por Robert Galbraith (pseudônimo de J.K Rowling). Ambientado na atual Londres, somos apresentados a Cormoran Strike, um detetive com uma vida bastante conturbada: Strike foi um ex soldado na guerra do Afeganistão, usa uma prótese por ter perdido parte da perna, foi morar em seu escritório após ter se separado da mulher e é visto como alguém que fez parte de uma família instável e desequilibrada, levando em consideração que sua mãe foi alguém condenada pela imprensa pela vida desregrada e pela morte por overdose que teve.

Strike é contratado para investigar a morte da modelo Lula Landry pelo irmão da moça, John Bristow. Segundo a polícia, a moça teria se suicidado há 3 meses atrás devido a uma vida regada a drogas e depressão, mesmo com todo glamour, fama e perseguição constante por parte dos paparazzis, pulando de sua cobertura direto para a morte. Porém, John não concorda com o laudo da perícia e pede para que Strike investigue. Com problemas financeiros, Strike aceita o caso e conta com a ajuda de sua nova assistente temporária, Robin Ellacott, que, ao que tudo indica, está mais interessada na forma como o trabalho de investigação é feito do que no salário propriamente dito.
A partir daí a história se desenrola e Strike coloca sua experiência e inteligência em prática para investigar a morte da modelo, interrogando no decorrer de todo o livro amigos ou pessoas envolvidas com Lula (também conhecida como Luly ou Cuco) e que tinham algum conhecimento pelo seu estilo de vida e seus costumes, descobrindo, assim, que a morte da moça esconde mais segredos sombrios do que aparentava...

Quando O Chamado do Cuco começou a aparecer como a nova obra de J.K. sob pseudônimo de um homem, todos os leitores e fãs da autora ficaram em polvorosa, ansiosos pelo seu lançamento. Com isso, expectativas foram até as alturas e quem esperou por algo inédito encontrou um mistério que, apesar de muito bem escrito e detalhado, não é lá tão novo assim, afinal, detetives vêm investigando assassinatos de forma exaustiva desde os primórdios e os culpados são sempre quem menos esperamos... E nessa história não é diferente.

O diferencial é justamente a descrição detalhada do cenário que transporta o leitor para as ruas de Londres, a personalidade cativante dos personagens e suas particularidades, seus problemas pessoais e a forma como lidam com eles. Strike, por exemplo, é um cara que não tem charme algum e de início encontra dificuldade pela falta de informações para desvendar o caso (me peguei tentando ajudá-lo várias vezes!), mas ainda assim se desenvolve de forma genial e conquista o leitor, assim como Robin que com sua atitude e eficiência como assistente do detetive, mostra que devemos nos dedicar ao que gostamos em nome da felicidade e realização em vez de procurarmos algo que vá dar um retorno financeiro melhor mas que nos deixará infelizes por falta de identificação e amor a profissão... E, claro, a crítica explícita sobre a superficialidade, a sujeira do mundo da fama, toda a falsidade e ganância que a envolve e de como a mídia não se importa em expor a vida alheia tirando proveito de tudo, moldando notícias da forma como convém.

Vou confessar que romances policiais e investigativos não são meu gênero de leitura preferido, e apesar de achar o início um pouco arrastado até a leitura engatar de vez, gostei muito da forma como a trama foi desenvolvida e as pontas amarradas até chegar ao desfecho que, pra mim, foi bem inesperado, empolgante e satisfatório.

A única coisa que me deixou incomodada foi a tradução do título (The Cuckoo's Calling) que passa uma imagem errada da história, afinal, "O Chamado", até onde entendi, seria referente a última ligação feita por "Cuco", o apelido da modelo morta. E não, isso não é um spoiler...

Enfim, é um livro que certamente vale a pena ser lido, tanto pela genialidade e narrativa impecáveis, quanto pelos personagens marcantes. O Chamado do Cuco é o primeiro volume da série Cormoran Strike, e que venham os próximos casos para podermos acompanhar.

Flavia de Luce e o Mistério da Torta - Alan Bradley

2 de junho de 2012

Lido em: Junho de 2011
Título: Flavia de Luce e o Mistério da Torta - As Crônicas de Flavia de Luce #1
Autor: Alan Bradley
Editora: Arx
Gênero: Mistério/Policial
Ano: 2010
Páginas: 352
Nota: ★★★★☆
Sinopse: Flavia de Luce é uma garota de 11 anos, que vive numa belíssima mansão em estilo vitoriano, na Inglaterra da década de 50, com sua excêntrica família. Após a morte misteriosa de sua mãe, ela encontra diversão em um antigo laboratório de química construído por seus antepassados. Logo, ela se torna uma especialista em venenos e uma investigadora dos estranhos crimes que acontecem ao seu redor.

Resenha: O Mistério da Torta é o primeiro volume da coleção As Crônicas de Flavia de Luce.
Flavia, é a caçula da família de Luce, que vive na mansão Buckshaw na cidadezinha de Bishop's Lacey. A menina é super inteligente, nerd e observadora, tem um senso crítico além do normal, não desgruda de Gladys, a bicicleta que herdou da mãe, é determinada, do tipo que não descansa enquanto não alcança seus objetivos, e é apaixonada por química e venenos!

Pude observar que talvez por Flavia ter crescido sem a a mãe, que faleceu enquanto ela ainda era um bebê; não ter tanta atenção do pai, que é um colecionador de selos fanático e se tornou uma pessoa extremante fechada e reclusa após a morte da esposa; e viver sendo perseguida pelas irmãs mais velhas, Daphne e Felinha, a menina desenvolveu uma frieza e calculismo que ao meu ver é um pouco assustadora, já que ela só tem 11 anos de idade, principalmente por sempre se referir à mãe pelo nome (Harriet) alegando que não a conheceu e assim sendo, não pode chamá-la de mãe. Mas se não fosse por essas características, talvez ela não seria tão cativante e única. Ela me lembra a Vandinha, da Família Adams, tanto na frieza e sarcasmo, quanto no jeito gótico de se vestir.

A vida de Flavia se resume a estudar química e bolar planos mirabolantes para se vingar das irmãs (do tipo que envolve colocar compostos químicos em um batom só para ver o que vai acontecer com a boca da irmã, dentre outras coisas pavorosas) além de viver fugindo dos pratos feito pela pior cozinheira do mundo, a Sra Mullet.
Até que um belo dia, um pássaro morto aparece na soleira da porta com um selo raríssimo espetado no bico, um pedaço da torta intragável e nem um pouco comestível da Sra Mullet desaparece (o que nos leva a pensar "quem foi o maluco que se arriscou a comer esse troço nojento?"), e no dia seguinte, um homem desconhecido, a beira da morte, é encontrado por Flavia. O problema maior, é que tudo indica que o assassino é o pai da menina!
Diante da distância entre pai e filha e por não conhecê-lo tão bem, Flavia fica intrigada, em cima do muro, sem saber se o pai realmente seria capaz de tal atrocidade, e por ele ter sido acusado de assassinato pela polícia, a menina decide investigar o caso por conta própria, seguindo pistas e desvendando os mistérios que acercam esse caso. Quem e por que mataram esse estranho?

Acredito que o autor tenha usado uma narrativa (que a propósito é em 1ª pessoa) que lembrasse a época em que a história se passa, e confesso que achei floreada e um pouco difícil. E quando a leitura não flui de forma fácil, ela se torna arrastada pra mim. O livro e cheio de referências históricas e geográficas, além das várias informações sobre compostos químicos.
Mas a forma como Flavia se comporta a fim de tentar provar a inocência do pai, é completamente fora do comum e incrível.
Só tirei uma estrela por causa do estilo da narrativa, que não é minha favorita e foi um pouco cansativa pra mim, mas é um livro que recomendo, principalmente aos fãs do gênero. Não se enganem com a capa "fofa" e o título "infantil". O livro é voltado para o público adulto e vale muito a pena ser lido!