O Menino no Alto da Montanha - John Boyne

3 de janeiro de 2019

Título: O Menino no Alto da Montanha
Autor: John Boyne
Editora: Seguinte
Gênero: Drama/Juvenil
Ano: 2016
Páginas: 230
Nota:★★★★★
Sinopse: Quando Pierrot fica órfão, precisa ir embora de sua casa em Paris para começar uma nova vida com sua tia Beatrix, governanta de um casarão no topo das montanhas alemãs. Mas essa não é uma época qualquer: estamos em 1935, e a Segunda Guerra Mundial se aproxima. E esse não é um casarão qualquer, mas a casa de Adolf Hitler. Logo Pierrot se torna um dos protegidos do Führer e se junta à Juventude Hitlerista. O novo mundo que se abre ao garoto é cada vez mais perigoso, repleto de medo, segredos e traição. E pode ser que Pierrot nunca consiga escapar.

Resenha: Pierrot é um garotinho de sete anos que mora com os pais e seu cãozinho D'Artagnan na França. Seu melhor amigo é um garoto judeu, surdo e mudo, chamado Anshel. Quando os pais de Pierrot morrem, o garoto é enviado à um orfanato, mas não demora até que ele vá para a Alemanha para ficar sob os cuidados de sua tia Beatrix. Ela é governanta numa casa que fica no alto de uma montanh, que pertence a um homem muito poderoso que todos chamam de Füher. Logo que chega na casa, Pierrot passa a ser chamado de Pieter.

Assim, em pleno início da Segunda Guerra Mundial, vamos acompanhando a história de Pieter, e como o convívio com o líder dos nazistas foi responsável pela perda da inocência e mudança do garoto, que agora almeja se tornar um homem tão poderoso e respeitável quanto seu líder e os oficiais que transitam por aquela casa.

Meu primeiro contato com o autor foi através do livro O Menino do Pijama Listrado quando precisei ler a obra para um trabalho na escola. O impacto foi grande o bastante para tormar a leitura inesquecível, e posso dizer que com O Menino no Alto da Montanha as coisas não foram muito diferentes: uma história que se passa durante a Segunda Guerra enquanto acompanhamos as consequências dela sobre uma criança que não sabia bem o que estava acontecendo e foi, inevitavelmente, envolvida e doutrinada numa ideologia cruel e assassina.

Pierrot era um garotinho adorável, mas sua inocência o deixava vulnerável a qualquer tipo de influência. E naquela casa, a figura de autoridade a quem ele tinha como exemplo era ninguém menos do que Hitler. O garoto vai crescendo, iludido pelo discurso nazista, e deixa suas origens e sua bondade para trás quando acredita que a busca pelo poder é o que fará dele um grande homem.

O livro é bem curtinho, mas mostra com muita realidade uma boa parte do que foi a Juventude Hitlerista e como esses jovens foram influenciados e levados a acreditar nesse partido genocida como algo bom. Mesmo que não sejam posturas aceitáveis, é possível compreender como foram manipulados, e por que a doutrinação é algo tão perigoso, principalmente quando é feita por alguém que sabe usar as palavras certas nos momentos mais oportunos para atingir os pontos fracos das pessoas e convencê-las de seus ideais sombrios.

O Menino no Alto da Montanha é uma leitura amarga, mas traz lições sobre como o medo e a solidão podem ser sentimentos que deixam um vazio propício a ser preenchido com promessas perigosas, mas também o quanto reconhecer os próprios erros e os perdão são coisas que libertam a alma.

Resumo do mês - Dezembro

1 de janeiro de 2019


Ok. 2018 foi um ano cheio de altos e baixos, mais baixos que altos. Por várias vezes bateu aquela vontade de largar tudo e desistir, e minha rotina estressante ajudou muito pra eu ter considerado isso.
Pensei muito sobre dar uma pausa no blog ou não, porque as coisas andam bem puxadas e exaustivas por aqui. Talvez fosse a hora de tentar arrumar algumas pessoas pra me ajudarem com o conteúdo, não sei. Mas além de ser meio cri-cri com o padrão de conteúdo do blog e não gostar de depender da boa vontade alheia (porque já quebrei a cara com isso algumas vezes), não acho justo e nem posso exigir algo dos outros com o que é meu, principalmente quando não tenho muito a oferecer, por isso crio uma enorme resistência em ter colaboradores.

Enfim, vida de mãe e dona de casa não é nada fácil, e piora ainda mais quando se trabalha em casa com a tropinha atrapalhando e tirando a concentração de minuto em minuto, e quem diz o contrário não tem a menor noção o que é ficar com tudo nas costas e não poder ter nem dez minutos direito pra tomar um banho decente. E minha vida tá bem assim, o que me levava a aproveitar os poucos minutos de "sossego" pra dormir e tentar recuperar um pouquinho das energias que as crianças tomam de mim.

Com isso, as leituras acabavam se estendendo por semanas, algumas por meses... Muita coisa ficou pendente por causa disso, e muitas outras eram postadas com data retroativa pra não deixar o blog cheio de buracos. Não dava pra sentar aqui todos os dias e escrever tranquilamente, eu precisava fazer anotações do que eu queria escrever pra não esquecer durante as leituras, séries ou filmes, e quando sobrava um tempinho e o marido ficava com as crianças, eu vinha correndo e escrevia um monte de resenhas de uma vez, e as críticas de muitos filmes e séries acabavam ficando pra trás por falta de tempo e ânimo.

Não quero largar o blog e desistir de vez, já disse que esse é o único cantinho que posso chamar de meu e fazer uma das poucas coisas que gosto, mas eu tenho que reconhecer e assumir que minha vida anda corrida demais, e não quero ter mais uma obrigação que só vai me deixar mais sobrecarregada do que já estou, pelo menos não enquanto o Ian consumir todo o meu tempo e minha atenção.

Até o final de janeiro vou postar todas as pendências dos livros que recebi de parceria e preciso resenhar, e até lá decido se vai compensar tentar renovar essas parcerias que ficaram, ou conseguir novas. Chega uma hora que a gente tem que rever as prioridades e admitir que ninguém dá conta de fazer tudo ao mesmo tempo... Eu, pelo menos, não consigo, mas faço o que está ao meu alcance. E seja o que Deus quiser.

Enfim... Aqui o que teve no bloguito nesse mês que passou:

♥ Resenhas
- O Jardim Esquecido - Kate Morton
- Princesa das Cinzas - Laura Sebastian
- Vox - Christina Dalcher
- Romance Tóxico - Heather Demetrios
- Juntos Somos Eternos - Jeff Zentner

Na Telinha
- O Touro Ferdinando
- Venom

♥ Top 10 
- Livros da Editora Arqueiro pra presentear no Natal

♥ Wishlist
- Funkos de Titanic
- Funkos de Romeo & Juliet
- Funkos de The Hunger Games

♥ Caixa de Correio de Dezembro

Caixa de Correio #82 - Dezembro

31 de dezembro de 2018

Último mês do ano sempre é corrido, e geralmente bem magrinho, mas até que a caixinha foi bastante boa. Chegou livro de novembro então acabou ficando mais cheia do que pensei. E claro, com alguns pops que me dei de presente de natal. Não foram muitos, já que tive bastante gasto com as comemorações de fim de ano e o niver da Vivi, mas pelo menos tô conseguindo diminuir minha wishlist gigante de Harry Potter.
Bora ver o que chegou:

Na Telinha - Venom

30 de dezembro de 2018

Título: Venom (Venom)
Elenco: Tom Hardy, Michelle Williams, Riz Ahmed
Ano: 2018
Duração: 1hr 52min
Classificação: +14
Nota
Sinopse: San Francisco, Estados Unidos. Eddie Brock (Tom Hardy) é um jornalista investigativo, que tem um quadro próprio em uma emissora local. Um dia, ele é escalado para entrevistar Carlton Drake (Riz Ahmed), o criador da Fundação Vida, que tem investido bastante em missões espaciais de forma a encontrar possíveis usos medicinais para a humanidade. Após acessar um documento sigiloso enviado à sua namorada, a advogada Anne Weying (Michelle Williams), Brock descobre que Drake tem feito experimentos científicos em humanos. Ele resolve denunciar esta situação durante a entrevista, o que faz com que seja demitido. Seis meses depois, o ainda desempregado Brock é procurado pela dra. Dora Skirth (Jenny Slate) com uma denúncia: Drake estaria usando simbiontes alienígenas em testes com humanos, muitos deles mortos como cobaias.

Quem é fã ou conhece a história de Homem-Aranha sabe que um dos seus inimigos mortais é Venom, o simbionte alienígena que precisa de um corpo hospedeiro para sobreviver na Terra.
A primeira aparição do vilão nesse universo foi em forma de "traje", e ao ser usado por Peter Parker não só potencializou seus poderes de aranha, como também começou a afetar sua personalidade, o tornando bastante violento. Quando Parker, enfim, consegue se livrar desse traje vivo, o alienígena encontra refúgio no corpo de Eddie Brock, um jornalista falido e amargurado que culpa Peter por todos os fracassos e problemas de sua vida. Basicamente, a história é essa: Brock, agora com os poderes de Venom, quer se vingar e aniquilar o Homem-Aranha.

Mas o que acontece quando a produtora decide estabelecer um universo que gira em torno de um super herói, sem o dito super herói?

Em Venom, a origem dos simbiontes se dá a partir de um pouso forçado onde esses seres, até então desconhecidos, começam a procurar o hospedeiro ideal enquanto causam diversas mortes por onde passam. Enquanto um conseguiu escapar, outros foram capturados e mantidos num laboratório para fins de pesquisas científicas. Tais pesquisas levaram Carlton Drake, o criador da Fundação Vida, a fazer testes dos simbiontes com humanos, o que resultava em suas mortes por não serem compatíveis. E quando o jornalista fracassado Eddie Brock decide investigar o que anda acontecendo nessa corporação nefasta e antiética, acaba se fundindo ao alienígena por acidente, se tornando Venom. Ele lida com o parasita que é um tipo de "voz interior", que além de não sair de sua cabeça, ainda controla seus atos e afeta seu comportamento e o que restou de sua vida social.


Com essa premissa, fica claro que a origem de Venom, assim como o que causou o fracasso e a amargura de Eddie Brock, precisaram ser modificadas para que não existisse nenhuma ligação com o Aranha, mas o problema não chega a ser somente esse. Além das explicações científicas para a condição de sobrevivência serem totalmente furadas e questionáveis, o roteiro é cheio de buracos e conveniências toscas que impedem uma coerência narrativa.


Venom cumpre com o papel de explorar um personagem icônico a fim de faturar nas bilheterias, e acredito que tenha conseguido isso com eficácia, mas só. Acredito que para que o filme se tornasse um pouco mais fiel ao personagem, já que não pôde ser fiel à história original, seria necessário cenas de ação com mais violência, daquelas bem viscerais, levando em consideração a natureza do vilão, mas foi uma coisa que não pôde ser feita devido a baixa classificação indicativa do longa. É pra se pensar que perderam uma oportunidade enorme de fazer algo digno desse vilão comedor de cabeças, pois se fosse +18 poderia ser algo bem próximo a Deadpool, mas passou muito longe...

Dessa forma, a voz estilo "Optimus Prime" de Venom soou forçada e clichê demais; as cenas interrompidas por dramas pessoais ou explicações óbvias deixam o filme fragmentado, como se fosse um trailer gigante; as tentativas de se fazer piadas desconexas com questões aleatórias para amenizar o que deveria ser brutal não funcionam; o dilema enfrentado pelo protagonista, assim como a forma como ele se comporta, ao aceitar o simbionte controlando seu corpo é tratado com superficialidade; e a ideia absurda de que eles, ao estarem conectados nessa fusão perfeita, se tornaram grandes amigos que devem combater o perigo - quando o perigo deveria ser eles - é inacreditável. Só faltou eles darem as mãos e saírem saltitando pela cidade cantando We Are the Champions. Os efeitos especiais também são exagerados e destoam dos filmes do gênero envolvendo o mesmo universo, e a experiência visual acaba sendo pura poluição.


Além da breve aparição infalível do mestre Stan Lee (RIP), a atuação do maravilhoso Tom Hardy conseguiu salvar um pouco dessa decepção cinematográfica, mas não posso negar que o homem, embora seja intenso e flexível, interpreta alguém cuja personalidade é afetada e cheia de paranoias, e em vários momentos parece estar perdido no próprio papel, como se não conseguisse definir a própria identidade devido a construção desordenada de seu personagem.


Como se tudo isso não fosse o suficiente, a cena pós-crédito ainda sugere que o bendito filme terá uma continuação envolvendo outro super vilão ainda pior do que o próprio Venom: Carnage (Carnificina), e sinceramente, depois dessa experiência horrível, não é um filme que eu vá assistir se estiver em sã consciência. Pra quem gosta de cenas de ação avulsas e que causam um pouco de empolgação, sem que o filme tenha uma história que convença, pode ser um excelente entretenimento, mas pra quem espera o mínimo de fidelidade com o original ou coerência narrativa, é decepção na certa.