Na Era do Amor e do Chocolate - Gabrielle Zevin

12 de julho de 2015

Lido em: Junho de 2015
Título: Na Era do Amor e do Chocolate - Birthright #3
Autora: Gabrielle Zevin
Editora: Jovens Leitores/Rocco
Tradutora: Cláudia Mello Belhassof
Gênero: Juvenil/Distopia (?)
Ano: 2015
Páginas: 304
Nota: ★★★★★
Sinopse: No terceiro e último livro da trilogia Birthright, o romântico e inesperadamente redentor Na era do amor e do chocolate, Anya completou dezoito anos e sua vida até agora foi muito mais amarga do que doce. Ela perdeu os pais e a avó e passou a melhor parte dos anos escolares sendo castigada pela lei. Talvez o mais difícil de tudo, no entanto, tenha sido abrir mão do namorado e melhor amigo, Win, após sua decisão de inaugurar uma boate com o pai dele, o antes inimigo Charles Delacroix.
Contra todas as expectativas, a boate foi um sucesso gigantesco, e Anya finalmente sentiu que estava no caminho certo e que nunca mais as coisas dariam errado outra vez. Porém, um terrível equívoco faz Anya precisar lutar pela própria vida. Será que ela enfim vai rever suas escolhas e, pela primeira vez, aceitar a ajuda de outras pessoas?

Resenha: Na Era do Amor e do Chocolate é o terceiro e último volume da trilogia Birthright escrita pela americana Gabrielle Zevin e lançado pelo selo Jovens Leitores da Editora Rocco no Brasil.

Recaptulando: a história da trilogia Birthright se passa num futuro onde o mundo passou por várias crises, tanto naturais quanto políticas e as pessoas foram forçadas a racionarem água e alimentos. Café e chocolate foram proibidos, mas, quando algo se torna ilegal, sempre há quem mexa com contrabando...
Anya Balanchine, indiretamente, fazia parte desse mundo da máfia, pois seu pai, quando ainda era vivo, era traficante de chocolate. As pessoas que a conheciam acabavam associando a garota ao mundo do crime sem que ela não tivesse nada a ver com isso e, a partir dessa premissa, a história se desenrola. Anya tenta fazer com que a ilegalidade do chocolate seja revertida, precisa lidar com seus sentimentos com os garotos com quem se envolve, se preocupa em manter seus irmãos seguros, além de precisar fazer escolhas que irão defini-la.

Nesse terceiro volume, Anya acaba de completar dezoito anos e tudo o que viveu para se salvar e ajudar quem ama serviu como uma verdadeira provação. Ela perdeu os pais e a avó, está vivendo longe dos irmãos, já foi presa, já fugiu para o México mas nunca deixou de lado seu sentimento por Win, seu namorado e filho do promotor que dedicava a vida no combate a corrupção. Mas quando Anya resolveu se associar a Charles para abrirem uma boate, Win vai contra essa sociedade e parte pra Boston. Anya sacrifica praticamente tudo em nome do seu novo negócio, incluindo seu romance com Win, mas apesar da saudade, ela fica envolvida nos preparativos para a inauguração da boate, supervisiona os funcionários, testa bebidas preparadas a base de cacau e decide nomear a boate de Quarto Escuro. Por mais que haja sociedade, ela é quem comanda o negócio. Theo, o amigo que fez durante sua "estadia" no México cuja família plantava cacau, ainda vem ajudá-la nos negócios.
Com tudo pronto e contra todas as expectativas, quando a boate é inaugurada se transforma num enorme sucesso e, enfim, Anya acredita que tudo em sua vida está fluindo e dando certo, mesmo que tenha precisado abrir mão de várias coisas em sua vida.

Narrada em primeira pessoa, a história se desenrola de uma forma que sempre segue em frente pois não há quebras de acontecimentos e nem enrolação para se chegar a algum lugar. As escolhas que Anya toma interferem nos acontecimentos seguintes e a história não fica estagnada, sempre há algo novo acontecendo.
Durante a narrativa o leitor ainda se depara com trechos destacados em itálico e entre parenteses para evidenciar que Anya tem uma opinião sobre determinada descrição/situação o que colabora para que seja mais crível que a história está, de fato, sendo contada por ela. O legal é que o livro não é muito grande, mas existem muitos elementos que fazem ligação um com o outro de forma a enriquecer o enredo. A escrita da autora é enxuta, muita coisa acontece com descrições na medida certa, o que é perfeito.

Anya é teimosa mas consegue equilibrar essa teimosia perfeitamente de forma que se mantém leal às pessoas com quem se importa, e mesmo que tenha que abrir mão do que gosta, não hesita quando o assunto é ajudar sua irmã mais nova, Natty, seu irmão mais velho, Leo, ou sua melhor amiga, Scarlet que neste volume já foi agraciada com o dom da maternidade. Inclusive seu filhinho, Felix, é afilhado de Anya. Anya sempre pensa no que será bom para todos, e não pensa só em si mesma e perceber esse amadurecimento ao longo da trilogia foi algo muito bacana pois mostra o progresso da protagonista como pessoa. Ela é aquele tipo de personagem que usa o cérebro e age com a razão mas está com o pé no coração pois o que a move, no fundo, são os sentimentos que nutre por seus entes queridos. Às vezes foi difícil acompanhar a luta interna dela para que as melhores escolhas fossem tomadas, mas Anya é altruísta e coloca os outros em primeiro lugar.
Um ponto bacana é que, por mais que Anya tenha se metido em problemas com a lei anteriormente, ela quer trabalhar com chocolate pois não entra em sua cabeça que possa ser algo ruim, como drogas ou coisa do tipo, mas ela quer estar do lado legal e correto da coisa.
Mesmo que ela e Win estejam separados pela distância, eles ainda estão emocionalmente conectados e os trechos onde eles trocam mensagens de texto mostram como nada pode simplesmente ser esquecido.
Gostei do desenvolvimento dos demais personagens e como eles foram essenciais para o crescimento pessoal de Anya.

A capa segue o padrão e o tom marrom chocolate tem tudo a ver com o tema. As páginas são brancas, a diagramação é simples e a revisão está ótima.
Ao fim do livro a autora fala que nunca considerou sua trilogia como sendo distópica, mas acredito que mesmo não sendo totalmente, há elementos que lembram bastante o gênero. O fato de existir tráfico de café e chocolate, toque de recolher e outras proibições só sugere uma situação que poderia acontecer futuramente no mundo. Penso que outros elementos poderiam se tornar escassos a ponto de causar um tipo de guerra real, fora da ficção, mas aqui a autora optou por trabalhar com vícios "benéficos" que fazem falta na vida de quem gosta e as fazem felizes.
Num mundo onde as pessoas são privadas de terem o que gostam, e que coisas simples como comer chocolate podem caracterizar crimes, a autora consegue evidenciar algo maior quando se trata de sentimentos e amor. Anya descobre que antes de amar outra pessoa, deve amar a si mesma primeiro, e essa lição além de importante, é válida para qualquer qualquer um, principalmente quando esse amor dá forças para que se possa recuperar a força que acreditávamos não ter mais e, no fim, sermos felizes.

Acompanhar a protagonista, que iniciou sua jornada aos dezesseis anos até se tornar adulta madura foi incrível. Pra quem quer acompanhar uma história honesta e realista sobre luta por sobrevivência até que o sucesso seja atingido, com certeza vai gostar dessa trilogia.
Posso afirmar que Na Era do Amor e do Chocolate foi um desfecho incrível, uma das melhores leituras que já tive oportunidade de acompanhar, que superou minhas expectativas e ainda me fez querer reler toda a série para relembrar toda a saga de Anya até seu final feliz.

Timmy Fiasco: Errar é humano - Stephan Pastis

11 de julho de 2015

Lido em: Junho de 2015
Título: Timmy Fiasco: Errar é humano - Timmy Fiasco #1
Autor: Stephan Pastis
Editora: Jovens Leitores/Rocco
Gênero: Infanto juvenil
Ano: 2015
Páginas: 304
Nota: ★★★★☆
Sinopse: Timmy Fiasco acredita que é o melhor detetive de sua cidade. Junto de seu inseparável amigo Total, o urso polar, Timmy funda a Fiasco Total, uma empresa de investigações baseada no closet de sua mãe! Timmy Fiasco – Errar é humano é o primeiro livro para jovens do cartunista Stephan Pastis, autor de tirinhas premiadas nos EUA como Pérolas aos porcos e Larry in Wonderland. Repleta de humor e ironia, a série de Pastis é comparada ao bestseller Diário de um Banana, de Jeff Kinney, e alcançou a lista dos mais vendidos do The New York Times. Com uma imaginação fértil e uma lógica peculiar, o pequeno Timmy vai conquistar os leitores com suas hilárias desventuras ao investigar casos como o misterioso sumiço dos doces de seu colega Gunnar e seguir sua caminhada rumo ao sucesso. 

Resenha: Timmy Fiasco é o primeiro volume da série infanto-juvenil de mesmo nome escrita pelo autor e cartunista americano Stephan Pastis e publicado no Brasil pelo selo Jovens Leitores da Editora Rocco.

Conheça Timmy Fiasco, que apesar do sobrenome, não é nenhum fracassado (ou pelo menos ele acredita piamente que não). Timmy é fundador, presidente e diretor executivo da agência de detetives Fiasco Ltda, a melhor agência de investigação da cidade, ou do mundo! O livro nada mais é do que seu registro histórico sobre seus feitos grandiosos e como Timmy conseguiu chegar ao sucesso vencendo obstáculos: sua mãe, sua escola e seus amigos imprestáveis ou idiotas.
A história basicamente gira em torno do sumiço do Fiascomóvel, o patinete da mãe de Timmy, que ele pegou sem pedir. Ele usou o "veículo" para atender um cliente que o contratou para investigar um roubo de doces e quando estava voltando percebeu que o Fiascomóvel havia desaparecido. Sua mãe não pode saber de jeito nenhum que o patinete sumiu, e Timmy precisa descobrir quem foi e recuperar o que acredita ter sido roubado.

Timmy é um garotinho normal que mora com a mãe e tem um urso polar de 700kg chamado Total como animal de estimação. O urso parecia ser muito confiável quando apareceu em sua casa vindo do Ártico, só para comer a ração do gato, que Deus o tenha, e acabou se tornando sócio na agência de detetives de Timmy, que, claro, mudou de nome: Fiasco Total Ltda. Sua empresa funciona no closet da mãe, mas o local é temporário até ele poder alugar o prédio mais caro da cidade.
Timmy, em companhia de Total, passa os dias resolvendo "crimes" para as crianças de sua turma, mas devido a sua completa inocência não consegue enxergar o óbvio e acaba não sendo tão bom no que faz. Ele prioriza sua agência e acha que a escola só existe para atrapalhar e fazer com que perca seu precioso tempo, principalmente porque seu professor é um completo rabugento que não para de pegar em seu pé. Mas ele acredita em seu talento e que isso fará com que ele se torne alguém realmente grandioso, cheio de fama e fortuna, ele só precisa se livrar de sua inimiga e concorrente, Corrina Corrina, mais conhecida como Maligna (uma detetive que tem patrocínio de seu pai rico, logo, sempre está a frente de Timmy ou sendo contratada em seu lugar), fazer com que sua mãe pare de reclamar sobre dinheiro e pare de interferir em seus assuntos, além de descobrir um meio de manter Total fora do zoológico.

No decorrer da história conhecemos os colegas malucos de Timmy que dão um ar mais cômico à história, entre eles, Rollo Tookus, um dos garotos mais inteligentes da turma mas que vive se metendo em confusão graças aos rolos de Timmy e Molly Moskins, apaixonada pelo garoto e que cheira a tangerina, fora os professores que só atrapalham a vida dele.

Narrada pelo próprio Timmy, por mais que o livro seja voltado ao público infanto juvenil (em média 9 a 13 anos), não deixa de ser uma leitura válida para adultos também, pois além de divertida, ainda traz nas entrelinhas alguns temas dignos de reflexão.

Talvez um leitor mais jovem possa não perceber a situação de Timmy e achar super engraçada a história de um garoto azarado cujo trabalho de detetive é um completo fiasco, principalmente porque o livro é todo ilustrado com traços toscos e rabiscados para lembrar algo bem inocente e infantil, mas pra mim ficou claro que a vida de Timmy não é nada fantasiosa e mostra a realidade de uma mãe solteira com dificuldades para se virar e sustentar a casa já que tem um emprego ruim e de salário baixo, e seu filho que, mesmo que de forma inconsciente, quer ter sucesso para ajudar a mãe. Até mesmo Total que, pra mim, por mais que seja engraçado e atrapalhe a carreira do garoto, representou algo em quem Timmy pode jogar a culpa por seus fracassos mas que possa até ser fruto de sua imaginação. E isso fica ainda mais perceptível quando vemos Timmy ao ficar num canto completamente sozinho na hora do recreio enquanto as outras crianças brincam, dando a desculpa de que está fazendo companhia para Total que não pode entrar na escola e precisa esperá-lo por fora da cerca. Mas, deixando análises mais profundas de lado, o livro foi comparado a Diário de um Banana, do autor Jeff Kinney, e concordo plenamente pois trata da história de um garoto inocente que quer vencer obstáculos, e somando essa característica aos sonhos e a esperança que ele tem de que será alguém muito importante na vida um dia, posso afirmar que é uma leitura intrigante e divertida que com certeza irá conquistar a simpatia de leitores de toda as idades.

Uma História de Amor e TOC - Corey Ann Haydu

9 de julho de 2015

Lido em: Junho de 2015
Título: Uma História de Amor e TOC
Autora: Corey Ann Haydu
Editora: Galera Record
Gênero: YA/Sick-lit/Romance
Ano: 2015
Páginas: 320
Nota: ★★★★☆
Sinopse: Bea foi diagnosticada com transtorno obsessivo-compulsivo. De uns tempos pra cá, desenvolveu algumas manias que podem se tornar bem graves quando se trata de... garotos! Ela jura que está melhorando, que está tudo sob controle. Até começar a se apaixonar por Beck, um menino que também tem TOC. Enquanto ele lava as mãos oito vezes depois de beijá-la, ela persegue outro cara nos intervalos dos encontros. Mas eles sabem que são a única esperança um do outro. Afinal, se existem tantos casais complicados por aí, por que as coisas não dariam certo para um casal obsessivo-compulsivo? No fundo, esta é só mais uma história de amor... e TOC.

Resenha: Uma História de Amor e TOC, escrito pela autora Corey Ann Haydu e lançado no Brasil pela Galera Record conta a história de Bea, uma adolescente diagnosticada com transtorno obsessivo-compulsivo e que, segundo a definição dela própria, é alguém muito peculiar. Devido ao seu problema, ela perseguiu e acabou afastando o primeiro namorado que teve de sua vida, Kurt. Sua obsessão saiu fora de controle após ter sido dispensada por ele e Bea começou a fazer sessões de terapia.

Há um tempo atrás, enquanto esperava mais uma de suas sessões com a Dra. Pat, Bea, sem querer, ouve a conversa conturbada do casal Sylvia e Austin. Isso despertou o interesse da garota e, de certa forma, acaba ajudando-a a controlar sua ansiedade a mantendo calma, principalmente porque tudo parecia uma grande novela... Traição, mágoa, sentimento de culpa, falta de amor próprio e outros problemas de relacionamento do tipo são abordados pelo casal em conversas sórdidas, pesadas e carregadas de rancor, mas eles ainda tinham esperanças de fazer o casamento dar certo com ajuda da terapia. Mas a partir daí, Bea não consegue mais viver se não puder chegar mais cedo na sessão só para ouvir a conversa do casal, pois só assim ela pode ter certeza que tudo ficará bem e o mundo não vai se autodestruir matando a todos. Ela ainda precisa registrar tudo que ouve num diário cor-de-rosa com uma estrela enorme super cafona que ganhou do pai, para poder eternizar aqueles momentos e jamais esquecer do caso deles. E, além de ser uma completa stalker, Bea ainda tem outras "manias"...

Ela vive beliscando as próprias pernas em momentos de nervosismo, fala o que pensa pra estranhos mesmo que aquilo soe ofensivo, não consegue dirigir a mais de 50km/h, sente uma necessidade enorme de passar na mesma rua duas vezes para se certificar de que não atropelou nenhuma criança, e garantir a segurança ficando sempre alerta para que não haja nada pontiagudo e perigoso por perto que a faça acabar matando alguém... E Bea vai levando sua vida aprendendo a lidar com essa neura até que numa festa ela consegue acalmar um garoto desconhecido que teve um ataque de pânico após todos ficarem no escuro devido a uma queda de energia, mas, o que ela não esperava era que após a Dra. Pat sugerir que ela participasse de terapia em grupo, reencontraria Beck, o garoto que ajudou na festa, e tão problemático quanto. Beck tem compulsão por malhar e é obcecado por limpeza e pelo número 8. TUDO que ele faz se repete por exatas 8 vezes ou tem duração de 8 minutos.
E essa aproximação vai render alguns momentos tão loucos quanto adoráveis quando ao mesmo tempo em que encaram o tratamento, descobrem que se entendem e que irão encontrar um no outro a única esperança de terem algum progresso.

Ao iniciar a leitura desse livro, a primeira coisa que me chamou atenção foi a capa linda linda. A frase "não vou stalker esse cara" parece algo engraçado e dá ideia de alguém tentando controlar seu comportamento mostrando bem a questão da obsessão. Antes de ler, levei a sinopse em consideração e acreditei se tratar de um livro cômico que fizesse algum tipo de piada com a ideia de um casal com transtorno obsessivo-compulsivo manterem um relacionamento fofo mas maluco, com manias mais malucas ainda, mas não foi bem isso o que encontrei aqui...

Narrado em primeira pessoa pelo ponto de vista de Bea acompanhamos de forma lenta e gradual uma garota muito problemática, e, a medida que o tempo passa, só se torna pior no que diz respeito às compulsões e obsessões que tem. Bea enxerga problemas nos colegas de terapia e acredita que, mesmo sendo louca, ou melhor, peculiar, não há nada de errado com ela e que tudo está sob controle. Foi fundamental que a narrativa seguisse sob os olhos da protagonista, pois assim o leitor acaba sentindo na própria pele todas as sensações de Bea, mesmo que sejam incômodas.
Na terapia, Bea convive com outros adolescentes, cada um com seu próprio TOC, e saber um pouco mais sobre esses personagens foi algo que me causou agonia e gastura extrema, mas, ainda que tenha sido um sofrimento acompanhá-los, a autora consegue descrever com maestria a obsessão bizarra de cada um deles. Isso foi algo que me deixou agoniada por saber que mesmo fora da ficção, existem pessoas tão problemáticas quanto, ou até piores, e como deve ser terrível viver dessa forma. Imagine alguém como a personagem Jenny, que simplesmente arranca tufos do próprio cabelo!

O que mais me chamou atenção nessa história foi o fato de que fica claro que as pessoas que têm TOC acreditam que seus comportamentos lhes trarão a sensação de segurança, ordem e tranquilidade quando na verdade estão muito distantes de alcançarem isso... Outro ponto que percebi foi a ideia das pessoas serem capazes de reparar os erros alheios ou apontar o dedo para os outros em forma de julgamento, sem enxergar os próprios defeitos, ou não levar em consideração a ideia de que ninguém é perfeito. Não que Bea seja hipócrita, afinal, ela sofre de um transtorno que teve início a partir de um grande trauma e, teoricamente, ela não percebe essa compulsão e obsessão justamente por não ter conseguido superar seus problemas. Apesar de ela, aparentemente, ser alguém normal, ela é uma pessoa doente e que precisa de muita ajuda por pensar e fazer coisas completamente absurdas. E justamente por isso alguns leitores podem não aceitar bem sua construção e acabarem não sentindo a menor simpatia por ela. Mas pelo exemplo dela é possível perceber que nem sempre é necessário que alguém sofra de TOC, ou tenha sido diagnosticado com qualquer outro problema psicológico ou ainda que tenha vivenciado algum trauma para deixar que a hipocrisia reine criticando os outros sem olhar pra si mesmo e para os próprios erros.

Talvez a intenção da autora tenha sido mostrar de forma crua e verdadeira como é a vida de uma pessoa obsessiva para vermos esse lado complexo de quem sofre desses transtornos. Talvez a ideia seja mostrar como isso interfere na vida de quem a cerca de forma que seja possível entender um pouco sobre como é difícil pra todos os envolvidos lidar com esse problema. Bea persegue o casal e acha isso algo normal e que faz bem a ela... mas como deve ser a sensação de descobrir que alguém que você nunca viu sabe seus segredos mais íntimos?

Uma História de Amor e TOC é um daqueles livros que beiram o brilhantismo e que só ao final paramos pra analisar se realmente gostamos ou não. Com ele é possível aprender sobre TOC quase de forma didática. Ele retrata de forma real, honesta e sensível como funciona a cabeça de uma pessoa obsessiva e do que ela, de forma consciente ou não, é capaz de fazer só para tentar seguir em frente, ou dar passos cada vez maiores pra trás...

Antes eu pensava que tinha algum TOC por ter mania de organização, mas essa leitura me pôs no meu devido lugar... Meu caso é frescura perto do que encontrei aqui...
Pra mim o livro não mostra necessariamente uma história de amor feliz, pois por mais que Bea e Beck se entendam e consigam, do jeito deles, ajudar um ao outro, não acredito que nada de bom, pelo menos a longo prazo, possa vir de um romance entre duas pessoas cujas mentes não estão sãs. Entendo que mesmo na dificuldade eles descobrem a paixão e se completam de acordo com seus problemas e necessidades emocionais, mas isso ainda é diferente de amor. O amor é um sentimento que vai além do que eles são capazes de administrar no momento...

Talvez a história de amor em questão não seja necessariamente a de Bea e Beck, mas de Austin e Sylvia, que mesmo sendo personagens secundários tendo a vida explorada por quem os está perseguindo, buscam ajuda para reascender a chama de um relacionamento que foi estragado por alguns erros cometidos, afinal, é válido tentar consertar as coisas antes de desistir de vez...
Não acho que seja um livro indicado a todos pois só quem é dotado de muita sensibilidade e paciência vai conseguir aceitar, entender ou ter afeição por Bea pela forma como ela é, mesmo que não concorde ou se assuste com suas atitudes desagradáveis... O tema abordado é sério pois a obsessão não é algo saudável. É uma leitura que causa desconforto e pode ser emocionalmente dolorosa, confesso, mas posso dizer que, a partir do que absorvi, vai trazer reflexões profundas e intensas sobre a tentativa de compreensão do comportamento das pessoas ao nosso redor.

A Morte de Rachel - Anne Cassidy

8 de julho de 2015

Título: A Morte de Rachel - The Murder Notebooks #2
Autora: Anne Cassidy
Editora: Jovens Leitores/Rocco
Tradutora: Viviane Diniz
Gênero: Juvenil/Policial/Mistério
Ano: 2015
Páginas: 272
Nota: ★★★★☆
Sinopse: Descobrir toda a verdade pode ter consequência fatais.
A mãe de Rose e o pai de Joshua desapareceram. As investigações da polícia não deram em nada, e o caso foi arquivado: tudo indica que seus pais estão mortos.
Enquanto isso, Rose recebe cartas estranhas e desesperadas de Rachel, um antiga amiga da escola, e, pouco depois, a terrível notícia de que ela morreu.
Existiria alguma ligação entre a morte de Rachel e o desaparecimento dos pais deles?
Mais e mais perguntas vão surgindo à medida que Rose e Joshua tentam resolver o quebra-cabeça sobre o que houve com seus pais. Será que os cadernos cheios de códigos podem ajudá-los a encontrar as respostas?
Os códigos precisam ser decifrados - mesmo que seja uma questão de vida ou morte.

Resenha: A Morte de Rachel é o segundo livro da série The Murder Notebooks, escrito pela autora Anne Cassidy e lançado no Brasil pelo selo Jovens Leitores da Editora Rocco.
Não é obrigatório que o primeiro livro seja lido para entender o segundo, mas é interessante acompanhar a série do início para que os vínculos entre eles sejam melhores compreendidos.
Resumindo a história do primeiro livro, Rose e Joshua são irmãos postiços e seus pais desapareceram sem deixar rastros há cinco anos. Eles ficaram separados durante esse tempo e se reencontraram depois. Os jovens, então, ao mesmo tempo que tentavam descobrir o que houve com seus pais, se depararam com outro mistério que envolvia mortes de pessoas do colégio. Dessa forma, a história segue com o mistério principal sobre o sumiço dos pais e paralelamente traz um mistério a parte do qual eles acabam se envolvendo também.

Dessa vez, tudo indica que os pais de Rose e Joshua estão mortos, pois as investigações da polícia não deram resultado, e o caso acabou sendo arquivado. Mas, com a ajuda de Frank Richards e seus cadernos cheio de informações, códigos e textos em russo, eles tiveram motivos suficientes para acreditarem que os pais ainda estão vivos e querem continuar com a própria investigação junto com Skeggsie, o melhor amigo deles.
Quando Rose começa a receber cartas estranhas e telefonemas angustiantes de Rachel, uma antiga amiga da época do internato, ela acredita se tratar de brincadeiras de mau gosto já que a garota tinha costume de mentir muito e fazer drama pra qualquer situação a fim de ser o centro das atenções a ponto de Rose cortar relações com ela, tanto que, mesmo desconfiada, pede para a avó ligar para a diretora do internato para saber notícias da ex-amiga, e é aí que vem a notícia de que a garota supostamente se afogou e seu corpo foi encontrado.. Diante dessa notícia trágica, Rose acaba indo visitar o internato para prestar as condolências e decide ajudar nas investigações da polícia entregando as cartas que recebeu, além de descobrir alguns segredos deixados por Rachel. E enquanto isso, Joshua continua seguindo as pistas dos pais e parece estar mais perto da verdade do que nunca...

É bastante perceptível, mesmo que com algumas ressalvas, um amadurecimento de Rose na história assim como uma melhora bastante significativa na escrita da autora. A narrativa é feita em terceira pessoa e está muito mais fluída se comparada ao primeiro livro da série, cheia de descrições que possibilitam que as cenas sejam perfeitamente visualizadas pelo leitor.. Dessa vez, a história está mais complexa e envolvente pois a trama está muito bem construída com uma conclusão que se encaixa perfeitamente com o que foi discorrido. O desaparecimento dos pais e o mistério da morte de Rachel fazem com que a histórias fiquem interligadas mantendo um ritmo rápido e a leitura fixa, assim, o leitor fica ansioso para descobrir mais e qual é o próximo passo dos irmãos. É bastante surpreendente a forma como Rachel acaba deixando informações que dão esperanças a Rose e Josh sobre o desaparecimento dos pais.

Rose é uma personagem bastante desconfiada e mal tem amigos, e é interessante acompanhá-la quando ela precisa lidar com o com o desaparecimento de sua mãe. Ela se sente confusa com relação ao seus sentimentos por Joshua e é possível desenvolver uma certa pena dela pelo que ela passa. Os momentos com Joshua são significativos mas não curti muito a ideia de ela ser descrente ou fazer desfeita com as coisas que ele descobria, o que o deixava profundamente irritado. Joshua é prestativo, compreensivo e nunca deixa Rose em segundo plano mesmo que pareça ter encarado a morte de Rachel com certa indiferença. Sempre lhe dá atenção, se preocupa com ela e se importa com o que lhe acontece.

Um ponto bacana é que o leitor se depara com alguns flashbacks onde podemos saber um pouco mais sobre como era a amizade de Rose com Rachel, o que nos faz entender o porquê ela ter relutado tanto em ajudar a colega logo de cara em seus pedidos de socorro desesperados. Esses flashbacks despertaram muito a minha curiosidade pois através deles é possível perceber que havia algo de mais profundo e particular nessa história e que se a garota fazia o que fazia, era porque deveria ter motivos para isso que não fossem, necessariamente, chamar atenção.
Uma coisa a ser destacada é que pela mãe de Rose ter se casado com o pai de Joshua, biologicamente falando, eles não são irmãos de sangue, logo, devido a aproximação entre eles que veio desde o primeiro livro, um sentimento maior começa a ser despertado nela... Acredito que seja uma abordagem ousada e bem diferente pois o relacionamento vem de forma sutil e gradual sem que fique forçado ou superficial.

Só achei que os personagens de forma geral não são tão simpáticos a ponto de o leitor torcer pela felicidade deles, mas se sentir preocupado ou ansioso para que resolvam logo o mistério e a situação em que se encontram. Só me afeiçoei mais a Skeggsie, não pela personalidade, mas pela dedicação em ajudar os amigos na investigação do sumiço dos pais.
Ao final, mesmo que o desfecho tenha sido bombástico, muitas perguntas ficaram sem respostas e senti falta de maiores explicações para determinados acontecimentos. O que importa é que por mais que haja várias histórias que se conectam e levam em direção a uma coisa só, o mistério é o que faz com que tudo valha a pena.

A capa, fazendo o mesmo estilo da primeira, é linda e bastante sugestiva dando enfoque no nome do projeto dos personagens. A borboleta, o título e o nome da autora são em alto relevo e possuem verniz localizado. A parte interna da capa é amarelo vivo, as páginas são amareladas, cada capítulo é representado por um numeral romano assim como traz o desenho da borboleta no canto superior da página. A fonte tem um tamanho agradável e o espaçamento das margens externas também está perfeito.

É muito bacana quando o leitor se envolve com a história a ponto de se sentir parte dela, e foi essa a sensação que tive ao ler A Morte de Rachel. Foi como se eu estivesse com um quebra cabeça nas mãos tentando resolver o crime da vez.
Para quem está a procura de um bom mistério policial envolvendo assassinatos e desaparecimentos, que se desenrola de forma nova e bastante perspicaz, a leitura da série é mais do que indicada. Ansiosa pelo terceiro volume, "Butterfly Grave", ainda não lançado no Brasil.

Novidades de Julho - Gente e Única

Única
Incrível - Sara Benincasa
Eram olhos repletos de esperança - esperança irracional, espantosa e, às vezes, até irritante. Esperança de que, de alguma forma, tudo daria certo, mesmo quando estava claro que seu sonho lhe escapava como areia por entre os dedos de uma criança.
Naomi Rye simplesmente odeia quando chega o verão e ela é obrigada a ficar com sua mãe socialite em East Hampton. Afinal, ela definitivamente não pertence àquele mundo de glamour e adolescentes mimados. No entanto, tudo pode ser diferente neste verão, pois a casa vizinha foi alugada pela linda e misteriosa Jacinta Trimalchio, que sabe como impressionar com suas festas suntuosas e selvagens e, claro, seu badalado blog Incrivel.com.
Jacinta tem as próprias razões para se aproximar de Naomi: Delilah Fairweather. O envolvimento dessas garotas poderá culminar em grandes tragédias, e o mundo de riqueza e esbanjação cuidadosamente construído por aqueles jovens ricos poderá cair em pedaços. Naomi agora precisa decidir se está disposta a ser puxada por essa vida que por tantos anos rejeitou, ou se enfim cederá aos encantos da misteriosa e fascinante vizinha.
Inspirada no clássico O grande Gatsby, Sara Benincasa traz todo drama, glamour e romance com um toque moderno (e escandaloso)!

Única
O que vale é a intenção - Mallika Chopra
Intenções não são meramente objetivos. Elas vêm da alma, de algum lugar profundo dentro de nós, onde temos clareza acerca de nossos desejos sinceros de felicidade, aceitação, saúde e amor.
Todos nós, em dado momento da vida, nos sentimos soterrados pela rotina e pelas responsabilidades. Lidar com o trabalho, cuidar dos ilhos, nutrir um relacionamento, gerir a casa... É tanta coisa a fazer em tão pouco tempo que nos esquecemos de prestar atenção em como estamos de fato vivendo.
Mallika Chopra quer mudar esse cenário. Por isso, trabalha incentivando homens e mulheres a buscarem mais propósito para si. Nesta tocante narrativa, repleta de altos e baixos e de amor e compaixão, ela nos conduz pelos seis passos para uma vida em que nossas intenções enfim se concretizam.
- Descubra como dar mais sentido à sua existência.
- Trilhe o caminho que transforma intenções em ações.
- Seja protagonista da sua história.
- Tenha mais equilíbrio, paz e alegria em sua vida.
Não deixe para depois a conquista de uma vida mais realizada. Busque agora a intenção que faltava para sua história ser feliz.

Tudo o que você precisa saber sobre Mitologia - Kathleen Sears
Mitologia como você sempre quis: sem embaraos e com muito bom humor.
Quem nunca se interessou por mitologia que atire a primeira flecha... ops, pedra! A verdade, porém, é que a gente acaba se perdendo entre tantos mitos, tantos deuses e deusas e monstros, tantos nomes e acontecimentos. E vários pontos ficam meio sem resposta na nossa cabeça:
- Quem Zeus puniu por desobediência?
- De quem Hera se vingou?
- Quais são, afinal, os 12 trabalhos de Hércules?
- Édipo era mesmo apaixonado pela mãe?
Essas respostas – e muitas outras – estão neste livro!
Navegue por capítulos dedicados a cada imortal e mortal da mitologia antiga, grega e romana, e descubra os pontos em que os mitos se encontram. Não importa se quer saber por curiosidade ou se quer arrasar mostrando seus conhecimentos em conversas por aí: Tudo o que você precisa saber sobre mitologia tem o que você precisa saber!
Tudo o que você precisa saber para ser promovido - Geoffrey James
Os 49 segredos que vão salvar sua pele no trabalho e fazer você
se destacar de verdade!
Para ser contratado, promovido, respeitado e para não sentir como se nunca soubesse o que realmente está acontecendo ou o que seu chefe quer de você, é preciso descobrir os atalhos que o levam a dar a resposta certa, não importa a pergunta.
Para ajudá-lo nesse grande desafio, Geoffrey James, autor reconhecido internacionalmente por sua visão prática sobre o mundo profissional, revela os passos para que você supere suas maiores dificuldades, sejam elas:
- Sentir-se travado na hora em que mais precisa se comunicar com aqueles que têm poder para melhorar sua posição.
- Ter de gerenciar não só a si mesmo como também seu chefe e sua equipe para que as coisas enfim aconteçam.
- Ter de lidar com conflitos de cunho pessoal dentro da empresa – o que dá muito mais trabalho do que trabalhar de fato.
- Estar em meio a uma check-list de pendências na qual todas são urgentes.
E tantas outras situações que tiram sua paz – e que acontecem com todo mundo.
Esqueça todas as baboseiras e, sem enrolação, descubra como focar o que realmente faz a diferença, ser mais produtivo e alcançar uma carreira segura e duradoura!
Esta é a obra que deveria ser leitura obrigatória para qualquer profissão!

Novidades de Julho - Seguinte

O Círculo Rubi - Bloodlines #6 - Richelle Mead
Depois que Sydney Sage escapou das garras dos alquimistas, que a torturaram por viver um romance proibido com Adrian Ivashkov, o casal se exilou na Corte Moroi. Hostilizada por todos ao seu redor por ser uma humana casada com um vampiro, a garota quase não sai de casa e perde a noção do tempo, trocando o dia pela noite.
Mas logo Sydney se vê obrigada a abandonar seu refúgio, já que seu coração continua apertado desde que Jill Dragomir desapareceu. O sumiço da jovem princesa vampira coloca em risco toda a estabilidade política dos Moroi… Agora Sydney precisa descobrir quem está por trás desse sequestro para dar um jeito de trazer a amiga de volta - e ao mesmo tempo alcançar sua própria liberdade.

Encruzilhada - Kasie West
Conhecer o futuro nem sempre torna a escolha mais fácil.
A vida de Addison Coleman é um grande “e se…?”, graças à sua habilidade especial: Investigar Destinos. Addie é capaz de prever duas possibilidades de seu futuro toda vez que precisa tomar uma decisão.
Quando os pais dela anunciam o divórcio, a garota deve escolher se vai morar com o pai entre os Normais ou se prefere ficar com a mãe no Complexo Paranormal. Para ter certeza do que a espera, Addie resolve Investigar.
Em uma alternativa, ela conhece Trevor, um Normal sensível com quem logo sente uma conexão. Na outra, se envolve com Duke, o garoto mais popular da escola Paranormal. Mas aos poucos ela percebe que esses dois destinos aparentemente maravilhosos podem causar muitos estragos e sofrimento. Isso porque nos dois cenários o pai de Addie se torna consultor da polícia num caso de assassinato no Complexo, e a garota acaba envolvida em um jogo perigoso que ameaça tudo o que mais importa para ela.
Addie encontra amor e perdas nas duas versões do futuro, mas só pode viver em uma dessas realidades.