É hora da escola, Charlie Brown - Charles M. Schulz

23 de junho de 2015

Lido em: Maio de 2015
Título: É hora da escola, Charlie Brown
Autor: Charles M. Schulz
Ilustrações: Nick e Peter  Lobianco
Editora: Companhia das Letrinhas
Gênero: História em Quadrinhos
Ano: 2014
Páginas: 32
Nota: ★★★★★
Sinopse: Charlie Brown está preocupado: as férias estão acabando e a volta às aulas é inevitável.
Mas com a ajuda de Lucy, sua psiquiatra de plantão, de repente ele se sente muito seguro - tanto que logo no primeiro dia de escola se candidata para um concurso de soletrar. Afinal, por que ele não seria capaz? É claro que pode ganhar! Ele só precisa se lembrar: é o N que vem antes do P e do B?   Ou o M? "Casa" se escreve com Z ou com S?
Pobre Charlie Brown!...

Resenha: Quem nunca se preocupou com a volta às aulas? Por medo ou ansiedade, todos nós já vivemos isso um dia. E pra Charlie Brown o fim das férias é um grande problema. Ele é um menino muito, muito inseguro, principalmente porque é péssimo em esportes. Pensando em melhorar sua confiança, Charlie se inscreve pra um concurso de soletrar. E se você já conhece esse garotinho, já imagina no que deu, né?


Não sei se é porque eu tô com olhar da pedagogia politicamente correta, mas achei o final meio pra baixo. Se eu terminei o livro sem entender o que a história queria passar, imagina um leitor mirim. A história só faz sentido se você já está ambientado ao universo do Snoopy, sabendo que cada personagem tem características próprias e marcantes (pra saber um pouco mais, leia este post). Mas, se você não sabe que Charlie Brown é medroso e Lucy é azeda, além de não entender nada pode até se confundir e tirar uma lição errada. Então não recomendo entregar esse livro nas mãos de uma criança que não conheça a turminha.



A editora teve a preocupação em adaptar o original para a realidade brasileira. No desenho que mostra o calendário fazendo referência ao fim das férias, aparece 29 de janeiro com uma imagem de praia. E na parte em que Charlie estuda para o concurso, aparecem questões como M antes P e B e casa com S ou Z.

O livro pode ser um bom retorno ao passado, mas não é uma boa opção pra quem está começando a ler Peanuts.

Amigos para Sempre - Charles M. Schulz

22 de junho de 2015

Lido em: Maio de 2015
Título: Amigos para Sempre
Autor: Charles M. Schulz
Ilustrações: Nick e Peter Lobianco
Editora: Companhia das Letrinhas
Gênero: História em Quadrinhos/Infantil
Ano: 2014
Páginas: 32
Nota: ★★★★★
Sinopse: Além de muito inteligente, Snoopy é um companheiro exemplar. Parceiro, compreensivo, leal... E não era para menos: ao lado de um dono tão carinhoso, não é muito difícil ser o melhor amigo do homem.
Nestas pequenas histórias inspiradas nas mais clássicas tirinhas de Schulz, você vai se divertir com as lições de camaradagem dadas por Snoopy e toda a turma - e descobrir por que Charlie Brown e seu cachorro serão amigos para sempre.

Resenha: Esse senhor de meia idade é amado por muita gente ao redor do mundo. Snoopy atravessou gerações e agora veste uma roupagem nova nessa edição da Companhia das Letrinhas.


Amigos para sempre contém tirinhas em um formato adaptado, com desenhos em alta qualidade e frases soltas no meio da página. A fonte usada chega a descombinar do estilo do desenho, mas torna-se a melhor opção considerando o público-alvo e a necessidade de utilização de letra de imprensa "normal" na fase de alfabetização.

O texto é bem simples, de fácil entendimento para crianças, mas tocante para todas as idades. Com narrativas e diálogos curtos, cada pequena história traz uma situação de amizade vivida por nós no dia a dia. Medo, insegurança, proteção, zoação, tudo isso é retratado. E o título encerra a lição do texto, um resumo bem claro do que será encontrado nas próximas páginas.


Vontade de pegar o Snoopy e o Woodstock e levar pra casa! ♥

O Desafio - Rachel Van Dyken

21 de junho de 2015

Lido em: Junho de 2015
Título: O Desafio - Aposta #2
Autor: Rachel Van Dyken
Editora: Suma de Letras
Gênero: Romance
Ano: 2015
Páginas: 360
Nota: ★★★★★
Sinopse: Jake Titus é rico demais, bonito demais e arrogante demais: qualidades que, anos antes, fizeram Char Lynn viver com ele a melhor noite de sua vida — e em seguida a pior manhã, quando ele a dispensou. Agora terão que se reencontrar no casamento de Kacey, a melhor amiga dos dois. Seria uma situação estranha, mas suportável... Se vovó Nadine não tivesse sido desafiada a uni-los.
Como padrinho e dama de honra dos noivos, Jake e Char têm que passar cada vez mais tempo juntos. Ele é um galinha mimado, e ela é uma garota maluca. Então por que não conseguem resistir um ao outro?
Quando Jake para de se comportar como um babaca e começa a agir como o homem que Char sempre teve esperança de que ele pudesse ser, fica cada vez mais difícil lembrar que ele já a magoou. E agora Jake vê nela tudo que sempre quis — só precisa fazer Char acreditar nisso.
O desafio é a continuação de A aposta, da autora best-seller do New York Times Rachel Van Dyken.

Resenha: O Desafio é continuação de A Aposta, mas com foco em outro casal. Então se você não leu o primeiro é melhor não ler esse, a não ser que queira descobrir com quem Kacey fica (se bem que é tão óbvio que não faz muita diferença, mas ok, tá avisado!).

Jake arrebatou meu coração com seu jeito moleque já no prólogo de A Aposta. Quando cresceu, se revelou um galinha safado, mas mesmo assim torci por ele. Fato é que comecei a leitura sabendo que ele seria preterido pela Kacey (mas formariam um lindo casal) e imaginando quando ia tomar tendência. A resposta está aqui.

Lembram da Vovó Nadine? Ela tá pior do que nunca! A missão cupido agora tem como foco o neto mais novo, e ela decidiu que o par ideal pra ele seria Char, a melhor amiga de Kacey. E é aí que surge o desafio: quem conseguirá arrumar alguém pra Jake? Vovó ou Travis e Kacey? O casal está seguro de que encontrará alguma amiga solteira pra apresentar ao garanhão, mas Vovó veio com artilharia pesada.

Há um "detalhe" no relacionamento Jake/Char que pode fazer toda a diferença. Eles cresceram e estudaram juntos, ela tem uma quedinha por ele desde sempre... e eles já dormiram juntos! Não bastasse ter errado com a melhor amiga na adolescência, repetiu a besteira com Char, se aproveitando de uma bebedeira. No dia seguinte, a tratou como se fosse qualquer outra, e isso refletiu num problemão no trabalho dela, que preza pela imagem já que está em frente às câmeras.

Quase um ano depois, enfrentando uma crise no emprego, Char precisa passar por mais uma prova de fogo: ser madrinha do casamento de Kacey e Travis ao lado de Jake. E ele está vivendo uma situação inusitada, porque foi demitido da empresa da família e agora vai ter que se virar pra convencer Vovó a admiti-lo novamente. Pra piorar, entra em cena Jace, um senador gatíssimo amigo de Travis, que fará de tudo para atrair a atenção de Char. É nesse cenário de preparativos pra uma festa de casamento que tudo acontece. Já viu que a chance de confusão é grande, né?

Me identifiquei muito com Char pelos seus problemas de autoestima. Todo o lance de se achar gorda, ser excessivamente criticada pela família e comparada à irmã perfeita... E fora a pressão de ter que provar que é uma boa profissional, sofrer ameaças do chefe... Fui muito solidária ao sofrimento dela, até por isso entendi seu receio ao dar uma outra chance ao cara por quem sempre foi apaixonada, mas já destruiu seu coração.

Ao mesmo tempo que vivi o drama de Char, acompanhei o processo de transformação emocional e psicológica de Jake. Ele teve que se despir de preconceitos e aceitar que precisaria abrir mão de liberdades para viver um amor. E pra homem isso é mais complicado, ainda mais quando se trata de um com pouca responsabilidade e muito dinheiro.

Curioso foi que, apesar de ser o livro do playboy que pega geral, eu fui conquistada pelo romance, e não pelas cenas hot. Em A Aposta eu fiquei assanhadinha, já O Desafio me deixou romântica. Gostei do foco que a autora deu no conflito interno de ambos os personagens. Ela querendo acreditar que ele mudou, ele fingindo que ela era só mais uma enquanto seu coração estava sendo dominado... Um jogo de gato e rato que envolvia sentimentos e muita tensão sexual.

E a autora não abandonou o Travis e Kacey; o foco era outro, mas vimos o desenrolar da história dos 2 até a festa de casamento. E agora pudemos conhecer melhor o Sr. e Sra. Titus, mas eles nem se comparam à Vovó Nadine, que está mais espevitada do que nunca.
O casal da capa não é o mesmo da original, mas eu preferi mil vezes a nossa. Diagramação e revisão mantêm o padrão apresentado no primeiro livro.

Já quero O Risco, o último livro da trilogia que contará a história de Jace e Beth. Só pelo final de O Desafio, já dá pra ver que será mais uma comédia patrocinada e armada pela Vovó. Ô velhinha danada! Com uma dessas perto, ninguém precisa apelar pra Santo Antônio.

Rachel Van Dyken entrando pra lista de autoras preferidas fácil. Espero que a Suma traga outras séries dela pro Brasil logo. E eu vou querer todas!

A Aposta - Rachel Van Dyken

20 de junho de 2015

Título: A Aposta - Aposta #1
Autor: Rachel Van Dyken
Editora: Suma de Letras
Gênero: Romance
Ano: 2014
Páginas: 288
Nota: ★★★★★
Sinopse: Kacey deveria ter fugido assim que ouviu essas palavras do milionário Jake Titus. O amigo de infância que Kacey não via há anos é hoje um dos homens mais poderosos e cobiçados de Seattle. E ele precisa de um favor dela: que ela finja ser sua noiva em uma viagem para visitar a avó Nadine, que está muito doente. Kacey aceita sem hesitar, afinal, o que poderia acontecer em apenas quatro dias? Mas o que ela não esperava era reencontrar Travis, o irmão mais velho de Jake, Quando mais novo, ele adorava perturbar Kacey: já incendiou uma boneca, colocou uma cobra em seu saco de dormir. Por isso, recebeu dela o apelido de “Satã”. Mas depois de tantos anos, Kacey se vê diante de um homem lindo, por quem se apaixona no momento em que vê o seu sorriso. O que ela não sabe, no entanto, é que os dois irmãos haviam feito uma aposta quando eram meninos: quem se casasse com Kacey receberia um milhão de dólares. Em “A Aposta”, da autora best-seller do New York Times Rachel Van Dyken, Kacey terá que descobrir qual dos irmãos é o cara certo e fazer sua escolha. Essa é a única certeza que lhe resta.

Resenha: Quando li a sinopse, pensei que seria mais um clássico caso de triângulo amoroso de uma mulher tendo que escolher entre 2 homens lindos e ricos. Ok, foi quase isso, mas teve alguma coisa que talvez eu nem consiga explicar direito, mas que me conquistou de jeito.

Kacey cresceu com a família Titus, mas era muito mais próximo do filho mais novo, Jake. O mais velho, Travis, era aquele implicante, que enchia o saco pra perturbar mesmo. Mesmo assim, os irmãos acabaram fazendo uma aposta: um milhão de dólares (coisa de criança mesmo, né? zero noção de dinheiro) praquele que casasse com Kacey.

As famílias se adoravam e conviviam muito bem, até que um acidente interrompeu essa amizade. Jake e Kacey, que já eram melhores amigos, ficaram ainda mais próximos com o passar da idade. Mas sempre tem aquela fase em que álcool e hormônios não combinam muito bem. Numa dessas bebedeiras, a amizade vai além, mas não passa de uma noite; assim que tudo acaba, Jake vai embora, deixando uma Kacey arrasada e traumatizada.

Quatro anos depois, Jake está com a vida bem complicada. Prestes a perder a presidência da empresa da família e vendo a avó doente, resolve fingir que vive muito bem e está prestes a se casar. E a única pessoa a quem pode pedir o favor de ser sua noiva por um fim de semana é sua grande (ex) amiga. Se isso fosse vida real, por mais que o coração de Kacey balançasse, ela iria dizer não, só que é livro, livro precisa de história, e você já sabe o que vai acontecer, né? Lá estão os 2 embarcando no avião rumo ao encontro da família que foi tão importante, mas se transformou apenas em boas lembranças.

Como SEMPRE torço pro cara errado, sabia que meu coração ia bater mais forte por aquele que ela não escolhe, mas logo no comecinho percebi o rumo que a história ia tornar e não levei um baque muito grande. Na verdade, nem chego a considerar como um triângulo, pois já era previsível a escolha de Kacey, mas fiquei curiosa pra saber os caminhos que a autora ia percorrer até chegar lá. E foi isso que fez a diferença.

Não rolou aquele climão de disputa entre irmãos, tudo foi evoluindo de forma natural, colocando o leitor na pele dos três e nos fazendo entender tudo que aconteceu no passado e como estavam seus pensamentos do presente. A narrativa em 3ª pessoal foi mais imparcial, o que dividiu meu coração entre o canalha e o certinho, principalmente porque ambos já tinham traumatizado Kacey - um na infância e outro na adolescência -, mas também mexiam com seus sentimentos e com outras partes do corpo também.

O livro até tem cenas picantes, mas não chega a ser considerado hot, digamos que é a cereja do bolo. E é legal porque, como tem sentimento por trás de tudo, não fica aquela coisa vazia, é uma entrega mútua, uma vontade de agradar o outro e aproveitar o momento ao máximo. Ah, sou romântica mesmo e gostei de ler um livro em que a autora se preocupa em mostrar os personagens fazendo amor, e não sexo.

Destaque mais que especial pra vovó Nadine, que foi inspirada na avó da autora. De longe a melhor das personagens, que conferiu humor à narrativa. Uma senhora de 85 anos que tem a vida sexual mais ativa que eu. E o melhor: não tem papas na língua nem pudor algum, fala o que tiver que falar, causando altos constrangimentos que me fizeram gargalhar durante a leitura.

A Suma fez um bom trabalho mantendo a capa, mas fazendo uma edição muito melhor que a original parece eu mexendo no Paint, tem misericórdia!. Gostei do casal, bem próximo do que eu imaginei. A revisão está bem boa. Só achei a fonte um pouco grande demais, podia ter diminuído um tiquinho e economizado páginas.

No fim, percebi que não sei explicar por que esse livro ganhou um espaço tão grande no meu coração. Não consigo achar um motivo pra falar pra você: leia, é imperdível. Mas, se serve de argumento, eu devorei o livro em um dia e fiquei suspirando durante a leitura e após terminá-la.

Ah! Esse livro faz parte de uma trilogia. Os próximos livros têm outros casais como protagonistas, então cada um tem sua história fechada. Pode ler sem medo de precisar esperar pela continuação, mas mantenha a ordem pra evitar spoilers.

Mesclando romance, conflitos pessoais, bom humor e uma pitada de pimenta, Rachel Van Dyken escreveu um livro despretensioso, que não tem nada demais, mas surpreende pela maneira como cativa o leitor.

Quantas pessoas poderiam dizer isso de fato? Que, pela vida toda, a única pessoa com quem queriam passar a eternidade nunca havia mudado nem hesitado. Ela. Sempre fora ela. E ele ia lhe mostrar o quanto a amava.

A Rainha Vermelha - Victoria Aveyard

19 de junho de 2015

Título: A Rainha Vermelha - A Rainha Vermelha #1
Autora: Victoria Aveyard
Editora: Seguinte
Gênero: Distopia/Jovem Adulto/Fantasia
Ano: 2015
Páginas: 422
Nota: ★★★★★
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: O mundo de Mare Barrow é dividido pelo sangue: vermelho ou prateado. Mare e sua família são vermelhos: plebeus, humildes, destinados a servir uma elite prateada cujos poderes sobrenaturais os tornam quase deuses.
Mare rouba o que pode para ajudar sua família a sobreviver e não tem esperanças de escapar do vilarejo miserável onde mora. Entretanto, numa reviravolta do destino, ela consegue um emprego no palácio real, onde, em frente ao rei e a toda a nobreza, descobre que tem um poder misterioso… Mas como isso seria possível, se seu sangue é vermelho?
Em meio às intrigas dos nobres prateados, as ações da garota vão desencadear uma dança violenta e fatal, que colocará príncipe contra príncipe — e Mare contra seu próprio coração. 

Resenha: A Rainha Vermelha é o primeiro livro de uma trilogia de mesmo nome escrito pela autora Victoria Aveyard e publicado no Brasil pela Editora Seguinte.

O mundo já não é mais o mesmo. O ano é 320 da Nova Era e a sociedade é dividida pelo sangue que corre nas veias dos cidadãos. De um lado estão os vermelhos, que nasceram em condições precárias, miseráveis e vivem para servir. Do outro lado, estão os prateados, que são a elite e se destacam por terem desenvolvido poderes especiais (e algumas vezes terríveis) de manipulação ou controle e, assim, detém o poder sobre os primeiros sendo superiores em todos os sentidos.
Há um sistema político onde a monarquia de Norta dita as leis e o reino vive em uma guerra constante. Por mais que existam soldados prateados ou gladiadores que lutem exibindo seus poderes nas arenas de Efemérides, os vermelhos são os enviados à linha de frente para serem usados como iscas e escudo humano na guerra.

Em meio a este cenário, conhecemos Mare Barrow, uma vermelha que mora no vilarejo de Palafitas e que está prestes a atingir a maioridade e ser enviada ao front. Ela vem de uma família simples e é a quarta de cinco irmãos. Seus três irmãos mais velhos já foram enviados à guerra por não terem conseguido arranjar um emprego fixo antes de completar dezoito anos, e a mais nova, Gisa, tem um emprego como aprendiz de costureira no castelo e é um exemplo do que os pais gostariam que Mare seguisse. Ela odeia os prateados por tudo o que são e por tudo o que fazem contra os vermelhos e não pode fazer nada pra mudar isso. O que Mare faz frequentemente pra ajudar no sustento da família é cometer roubos, e isso é uma vergonha para os seus pais.

Mare cultiva uma amizade fiel com Kilorn desde a infância. Ele também está pra completar dezoito anos e é aprendiz de pescador. A vida dele parece estar garantida longe da guerra, mas as circunstâncias tomam outro rumo quando a situação muda de cenário após uma reviravolta do destino e Mare se encontra com um trabalho no palácio real e descobre ser dona de um poder que jamais imaginou que pudesse ter...

Devido ao grande sucesso da obra seguido pela sua adaptação cinematográfica, as expectativas estavam nas alturas, e tive um pouco de receio ao saber que a história tinha elementos já conhecidos e que, de certa forma, lembravam outras, como X-Men, Jogos Vorazes, As Crônicas de Gelo e Fogo e até A Seleção. Meu medo era me deparar com uma história nada original e que poderia cair em clichês, mas a autora conseguiu construir um enredo super convincente num cenário fantástico e presenteou os leitores com algo incrível e surpreendente, mesmo que já visto. O livro, com certeza, superou as expectativas e se tornou um dos melhores que já li.

Com uma escrita fluída, fácil e completamente viciante, A Rainha Vermelha é uma fantasia épica - e até escura - com um leve toque de distopia contemporânea voltado ao público jovem adulto. Não acredito que possa ser classificado inteiramente como uma distopia pois há uma monarquia e, obviamente, os súditos devem obedecer as leis impostas pelo rei. Inclusive são os prateados que, até então, disputam o poder entre si e buscam por alianças a fim de fortalecer a si próprios através de casamentos arranjados e combinações de poderes.

Narrado em primeira pessoa pelo ponto de vista da protagonista, acompanhamos a saga de Mare, que se encontra numa situação difícil envolvendo questões políticas e pessoas poderosas cujas intenções, além de não serem muito claras, nunca são confiáveis. Mare descobre ser mais especial do que pensa quando, na Prova Real, um evento no palácio onde jovens se apresentam para o príncipe herdeiro em busca de se tornarem a futura rainha, ela descobre possuir poderes, e isso a coloca numa posição delicada e muito perigosa pois é algo jamais visto e que poderá por abaixo o sistema de controle do reino. A rainha quer mantê-la sob vigilância constante para descobrir mais sobre o que houve.

Paralelamente a isso, um grupo rebelde intitulado Guarda Escarlate composto por vermelhos luta por liberdade usando de violência contra os prateados. Mas atacar a elite é um ato imperdoável e eles não irão deixar isso barato tornando a ação da trama frenética e um enorme clima de tensão no ar.
Sobre o romance, não vou negar que não exista, mas o foco não é este e fiquei super agradecida em não encontrar nada que pudesse considerar meloso ou que desviasse a atenção dos personagens que estão num conflito de uma complexidade sem tamanho e não poderiam perder tempo com isso. A questão envolve muito mais confiança do que preocupações com quem ficar ou não ficar, principalmente por Mare estar num lugar onde qualquer um pode trair qualquer um.

Mare vive uma mentira num mundo que pra ela era desconhecido, em meio a pessoas que nunca são quem parecem ser, mas ainda assim precisa continuar com isso a fim de proteger sua família além de ajudar os vermelhos a serem tratados como iguais enquanto luta para derrubar a desigualdade.

A autora caracterizou os personagens de forma genial. Os prateados, por possuírem o sangue desta cor, tem a aparência fria, e combinando isso com a posição hierárquica em que eles se encontram além das Casas que ocupam, tudo fez muito mais sentido e se tornou bastante crível. Seus superpoderes tem classificações de acordo com o que podem fazer, então nos deparamos com "Murmuradores" (telepatas que podem controlar e ler mentes alheias), "Ninfoides" (manipulam a água), "Verdes" (controlam a vegetação), "Clonadores" (se multiplicam), "Magnetrons" (controlam e manipulam metais), "Curandeiros" e etc... Podemos perceber uma enorme referência a X-Men e não pude deixar de "identificar" poderes de alguns personagens já conhecidos e bem famosos nesta história mas que, considerando personalidade e objetivos, seguem por um caminho totalmente diferente usando seus poderes para outros propósitos.

Já os vermelhos são a escória, são escravizados, desumanizados, e representam o povo oprimido e sofredor que está em busca da liberdade que parece impossível ter.

A capa dá ideia do que a história nos reserva e, mesmo que seja aparentemente simples, é cheia de significado e nos permite supor onde a protagonista poderá chegar em sua trajetória...

A Rainha Vermelha é uma história recheada de violência e conspirações, que faz o leitor refletir sobre a inversão de valores, o preconceito e a opressão que alguns enfrentam, mas retrata uma verdadeira luta pelo autoconhecimento e pela superação a fim de atingir objetivos importantes e realmente dignos de se alcançar.
Já entrou para os favoritos e resta aguardar os próximos livros ansiosa...

A Menina Que Brincava Com Fogo - Stieg Larsson

18 de junho de 2015

Lido em: Junho de 2015
Título: A Menina Que Brincava Com Fogo - Millennium #2
Autor: Stieg Larsson
Editora: Companhia das Letras
Gênero: Ficção Policial
Ano: 2009
Páginas: 611
Nota: ★★★★★
Sinopse: Nada é o que parece ser nas histórias de Larsson. A própria Lisbeth parece uma garota frágil, mas é uma mulher determinada, ardilosa, perita tanto nas artimanhas da ciberpirataria quanto nas táticas do pugilismo, que sabe atacar com precisão quando se vê acuada. Mikael Blomkvist pode parecer apenas um jornalista em busca de um furo, mas no fundo é um investigador obstinado em desenterrar os crimes obscuros da sociedade sueca, sejam os cometidos por repórteres sensacionalistas, sejam os praticados por magistrados corruptos ou ainda aqueles perpetrados por lobos em pele de cordeiro. Um destes, o tutor de Lisbeth, foi mor-to a tiros. Na mesma noite, contudo, dois cordeiros também foram assassinados: um jornalista e uma criminologista que estavam prestes a denunciar uma rede de tráfico de mulheres. A arma usada nos crimes - um Colt 45 Magnum - não só foi a mesma como nela foram encontradas as impressões digitais de Lisbeth. Procurada por triplo homicídio, a moça desaparece. Mikael sabe que ela apenas está esperando o momento certo para provar que não é culpada e fazer justiça a seu modo. Mas ele também sabe que precisa encontrá-la o mais rapidamente possível, pois mesmo uma jovem tão talentosa pode deparar-se com inimigos muito mais formidáveis - e que, se a polícia ou os bandidos a acharem primeiro, o resultado pode ser funesto, para ambos os lados.

Resenha: A Menina que Brincava com Fogo, é o segundo livro da série Millennium. Stieg Larsson, falecido logo após entregar o manuscrito da saga de Lisbeth Salander, criouuma incrível aventura sobre um jornalista metido a detetive, Mikael Blomkvist, e uma garota excepcional.

A continuação de Os Homens que Não Amavam as Mulheres traz Lisbeth com um papel maior de protagonista, junto com Mikael. O caso dos Vanger se encerrou dando lugar a um dilema da própria Salander: ela agora é acusada de um triplo assassinato. É com esse pano de fundo que a trama começou a se desenrolar (ou seria enrolar?) e prender a atenção de quem lê.

O livro pode ser separados em duas partes: no começo o ritmo é lento, bem introdutório, conduzindo o leitor a relembrar alguns fatos do volume anterior e as férias de Lisbeth por alguns lugares do mundo. Logo após, a bomba dos assassinatos cai diretamente sobre Salander e a partir disso a trama ganha um ritmo semelhante ao que o volume antecessor teve no final.

O tema central gira em torno do abuso sexual contra a mulher. Tanto no primeiro quanto no segundo temos, em diferentes situações, retratos do sofrimento das figuras femininas e a busca por justiça. Stieg criou nos protagonistas figuras de heroísmo e perspicácia. Não só em Mikael ou Lisbeth; mas também em Erika, Bublanski, Sonja, Malu, Mimmi Wu e outros. Dessa mesma forma ele teve a habilidade para criar vilões bem convincentes. A Menina que Brincava com Fogo tem um abismo que separa seus protagonistas: aqueles nos quais devemos nos espelhar e uns que detém um caráter duvidoso e atitudes tampouco humanas.

A prosa de Larsson é fabulosa. A narrativa é sempre crucial para tornar um livro atrativo, até porque mais de seiscentas páginas não são lidas de uma vez só. Mas Stieg, na construção do texto, criou um dinamismo que torna a leitura agradável e cheia de mistérios que motivam a ir a diante para descobrir o que acontecerá com Lisbeth. Perto do final, principalmente, os capítulos começam a ficar mais curtos e mostram situações diferentes de maneira rápida e eficaz. É bem clichê dizer isso, mas chega a um momento que se tornou impossível largar a leitura.

A protagonista é uma "diva", a seu próprio modo. Lisbeth tem um quê de malícia, é inteligente ao extremo e deixa clara suas intenções: quem com o ferro fere, com fogo será queimado. Estamos tão acostumado com mais fragilidade partindo de personagens femininas que é surpreendente como Stieg personificou tanta força nessa moça. Salander tem fibra e coragem de sobra. É pouco óbvio que ela fosse mostrar algum tipo de vulnerabilidade ao logo da série, mas ela o faz. Assim, o sentimento de torcida pela garota só aumenta.

Toda livraria deveria vir com um cartaz em algum lugar advertindo o visitante a comprar a trilogia Millenium. A Menina que Brincava com Fogo é incrível, sendo ainda melhor que o primeiro. O sucesso de vendas é merecido e ler uma obra como esta é gratificante a qualquer leitor. As últimas páginas trazem a certeza que esta é uma das histórias mais inesquecíveis e bem escritas da literatura contemporânea.