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Novidades de Agosto - Seguinte

5 de agosto de 2022

Eu Beijei Shara Wheeler - Casey McQuiston (16/08/2022)
Chloe Green está a um passo de terminar o ensino médio e deixar False Beach, a cidadezinha ultraconservadora onde vive, para trás. Mas, antes disso, ela tem um último objetivo a cumprir: ser eleita a melhor aluna do colégio e a oradora da turma. Seu único obstáculo? Shara Wheeler, a garota mais popular da cidade, que arranca suspiros por onde passa.
Só que, faltando pouco mais de um mês para a formatura, Shara simplesmente desaparece. Todos são pegos de surpresa, mas Chloe tem um motivo a mais para ficar chocada: um dia antes, Shara a tinha beijado na boca sem maiores explicações.
Decidida a encontrá-la para tirar a história a limpo, Chloe logo se vê em uma busca bastante inusitada: Shara espalhou vários cartões pela cidade, dando pistas sobre o seu paradeiro e revelando uma personalidade até então desconhecida – e que pode mudar completamente os planos de Chloe.

Amigas que se Encontraram na História: Vol.1 - Angélica Kalil e Amma (30/08/2022)
Política, ciência, arte... Seja qual for a área, pode ter certeza de que as mulheres botaram pra quebrar – e a gente mal ficou sabendo. E se sozinhas elas já são capazes de verdadeiras revoluções, imagina juntasb
Amigas que se encontraram na História traz dez relatos de amizade entre mulheres que impactaram o mundo em várias épocas. São mulheres negras, indígenas, latinas, brancas, asiáticas. Jovens, adultas e idosas. Uma cadeirante e uma surda. Algumas famosas entre as feministas de hoje, outras que viveram em um tempo em que a palavra "feminismo" nem existia. Mas todas têm algo em comum: a coragem de lutar por seus sonhos – e a admiração por suas amigas.
Esta é uma leitura essencial para crianças de todas as idades. É um convite para repensarmos as relações de gênero, e uma fonte riquíssima de inspiração. Afinal, juntas, somos mais fortes. Juntas, fazemos história.

Amigas retratadas: Elizabeth I & Grace O'Malley; Bartolina Sisa & Gregoria Apaza; Qiu & Xu; Annie Jump Cannon & Cecilia Payne-Gaposchkin; Chavela Vargas & Frida Kahlo; Ivone Lara & Nise da Silveira; Ella Fitzgerald & Marilyn Monroe; Mae Jemison & Nichelle Nichols; Emma Watson & Malala Yousafzai; Angélica Kalil & Amma.

Amigas que se Encontraram na História: Vol.2 - Angélica Kalil e Amma (30/08/2022)
Em Amigas que se encontraram na História, vencedor do prêmio Jabuti na categoria juvenil em 2021, conhecemos dez duplas de mulheres que impactaram a história da humanidade – e ainda por cima eram amigas! Mas as amizades femininas que mudaram o mundo não param por aí.
Neste segundo volume, conhecemos mais dez histórias, passando por todos os períodos históricos, desde a Antiguidade até os dias atuais. Também carimbamos nosso passaporte em viagens para novos destinos, como Vietnã, Rússia, Austrália, Dinamarca, Suécia e Uganda.
Esta leitura serve de inspiração para que crianças sonhem com uma sociedade mais humana, em que as diferenças não signifiquem desigualdades. Quem são as amigas que vão construir esse mundo com você?

Amigas retratadas: Tapputi & Ninu; Nhi Trung & Trac Trung; Olympe de Gouges & Sophie de Condorcet; Alexandra Kollontai & Clara Zetkin; Gerda Wegener & Lili Elbe; Faith Bandler & Jessie Street; Elizeth Cardoso & Sarah Vaughan; Lorraine Hansberry & Nina Simone; Cori Gauff & Naomi Osaka; Greta Thunberg & Vanessa Nakate.

Me Leve com Você - Jennifer Niven e David Levithan

24 de julho de 2022

Título:
 Me Leve com Você
Autores: Jennifer Niven e David Levithan
Editora: Seguinte
Gênero: Jovem adulto
Ano: 2022
Páginas: 288
Nota:★★★★☆
Sinopse: Beatriz e Ezra são irmãos e o principal apoio um do outro. Desde que a mãe deles se casou novamente, a vida dos dois ficou bem mais complicada. Mas Bea sempre fez questão de ocupar o posto de encrenqueira da casa e dar tudo de si para proteger Ez dos adultos. Até agora.
Quando Bea vai embora sem avisar ninguém, a situação do garoto muda complemente – ainda mais dentro de casa. Dividido entre a saudade, a raiva e a preocupação, Ez agora só pode contar com a irmã à distância, já que tudo que ela deixou para trás foi um endereço de e-mail secreto para se corresponder com ele.
Enquanto Bea vai em busca de segredos do passado na esperança de mudar seu futuro e Ez tenta encontrar seu lugar no mundo sem a irmã, os dois vão precisar aprender a confiar em si mesmos até poderem se reencontrar.

Resenha: Me Leve com Você, escrito numa parceria entre David Levithan e Jennifer Niven, é um romance jovem adulto publicado no Brasil pela Editora Seguinte.
O livro conta a história conturbada dos irmãos Beatriz e Ezra, que viviam em cumplicidade num lar que se tornou disfuncional após a mãe deles ter se casado outra vez e eles não darem certo com Darren, o padrasto totalmente abusador. Bea enfrentava os adultos pra tentar proteger o irmão, mas um dia ela decidiu fugir de casa deixando escola e família pra trás. Ezra ficou inconsolável, se sentiu abandonado e arrasado, pois seu porto seguro era a irmã, mas talvez houvesse um fio de esperança, já que Bez deixou um endereço de email secreto para que eles pudessem se falar as escondidas. Eles começam a se comunicar, e, de um lado, enquanto Ez conta sobre os problemas que anda enfrentando desde a partida de Bea, do outro lado, ela deixa claro que, embora se culpe por ter deixado o irmão, está atrás de segredos do passado que poderia encontrar com um "cara misterioso", numa tentativa de mudar o futuro até poderem se ver outra vez.

O livro traz uma narrativa epistolar, onde Bea e Ez, que tem um vínculo muito forte, conversam e contam a história de suas vidas trágicas através de emails trocados de forma intercalada. Como são emails, em sua maioria curtos, a leitura não é cansativa, é rápida e flui muito bem, mesmo que em alguns pontos tenha uma pegada de autoajuda. Alguns emails acabam não parecendo ser emails, pois enquanto alguns parecem ser um simples sms, outros são maiores e parecem um capítulo comum narrado em primeira pessoa, onde pensamentos, situações e sentimentos são expostos, assim como sequências consideráveis de diálogos entre terceiros e com os próprios protagonistas são reproduzidos de forma fiel, com travessões e tudo, e não como se eles estivessem contando o que foi dito para soar mais realista. Talvez funcionasse melhor e fosse mais crível se a narrativa não fosse espistolar, porque isso acabou me desconectando várias vezes da ideia de que se tratava de troca de emails entre dois adolescentes.

Tirando esse fato, não há muitas variações de estilo narrativo tamanha a conexão de ideias na história, então nem percebi que o livro foi escrito por dois autores diferentes. Beatriz e Ezra são jovens quebrados, mais infelizes e com sensação de abandono do que nunca, que estão em busca de juntar os cacos se apoiando um no outro, mesmo que estejam distantes, e o leitor vai ficando a par dos acontecimentos a medida que os irmãos vão se abrindo enquanto enviam esses emails, e a história vai se revelando e deixando a gente com o coração em pedaços devido aos traumas dos dois, mas também com um certo alívio por eles teram ajuda, mesmo que de forma bem conveniente em alguns momentos, pra conseguirem se libertar do inferno que viveram na infância causado por pessoas que deveriam protegê-los, para se tornarem pessoas livres do que os fazia mal.

É de uma dor imensa acompanhar a história de dois irmãos que foram negliegenciadas pela mãe quando ela se casa novamente, e parecia não dar a mínima pro fato de que o novo marido causasse estragos psicológicos irreparáveis nos dois. Bea simplesmente não aguentava mais aquela vida e caiu fora depois de ter sido obrigada a amadurecer antes do tempo pra tentar dar conta de enfrentar esses problemas, e como Ez ficou sozinho, acabou tendo que fazer o mesmo enquanto ela o apoiava de longe.

A história trouxe um conceito sobre a solidão que me fez refletir muito: Estar sozinho e sem um lugar pra morar não significa necessariamente que a pessoa está morando nas ruas sem ajuda de ninguém. Às vezes esse sentimento de abandono faz parte, mesmo quando a pessoa está cercada por familiares, e, às vezes, é muito possível ter a sensação de não fazer parte de um lar e se sentir em casa, mesmo que haja um teto sobre a cabeça dela. Nem sempre o acolhimento vem daqueles com mesmo sangue, às vezes vem de pessoas que não fazem parte do círculo familiar, mas que são compreensivas e bondosas o suficiente pra dar o apoio necessário e ajudar quem precisa a seguir em frente.

Pra finalizar, só tenho que falar algo que já é de conhecimento de todos que gostam dos livros e da escrita desses autores: São obras que mexem com os sentimentos, emocionam e tocam lá no fundo da alma, causando angústia e, às vezes, levando o leitor às lágrimas, mas depois eles são capazes de remendar os pedaços e fazer com que a gente possa se recompor.

Novidade de Julho - Seguinte

2 de julho de 2022

Fica Entre Nós - Sophie Gonzales e Cale Dietrich (19/07/2022)
Ruben, Zach, Angel e Jon: é praticamente impossível encontrar um adolescente que não conheça esses nomes ou não tenha o pôster de um deles no quarto. Juntos, eles fazem parte da Saturday, uma das bandas de maior sucesso do momento. O que ninguém imagina é que a personalidade pública dos garotos é controlada pela agência da banda, e por isso Ruben precisa esconder que é gay – e que está a cada dia mais apaixonado por Zach. 
Até que eles partem para uma turnê na Europa e, depois de uma festa, Zach e Ruben se aproximam de uma forma que nenhum dos dois esperava, deixando óbvio que ambos não se viam apenas como amigos. Agora, os garotos vão ter que dar um jeito de viver essa relação sem que ninguém desconfie. Entre altos e baixos, Zach e Ruben vão descobrir mais sobre si mesmos e sobre o preço que estão dispostos a pagar para viver os próprios sonhos. 

Última Parada - Casey McQuiston

22 de junho de 2022

Título:
 Última Parada
Autora: Casey McQuiston
Editora: Seguinte
Gênero: Romance/Sci-fi/Jovem adulto
Ano: 2022
Páginas: 400
Nota:★★★★☆
Compre: Amazon
Sinopse: Aos vinte e três anos, August Landry tem uma visão bastante cética sobre a vida. Quando se muda para Nova York e passa a dividir apartamento com as pessoas mais excêntricas — e encantadoras — que já conheceu, tudo o que quer é construir um futuro sólido e sem surpresas, diferente da vida que teve ao lado da mãe.
Até que Jane aparece. No vagão do metrô, em um dia que tinha tudo para ser um fracasso, August dá de cara com uma garota de jaqueta de couro e jeans rasgado sorrindo para ela. As duas passam a se encontrar o tempo todo e logo se envolvem, mas há um pequeno detalhe: Jane pertence, na verdade, aos anos 1970 e está perdida no tempo — mais especificamente naquela linha de metrô, de onde nunca consegue sair.
August fará de tudo para ajudá-la, mas para isso terá que confrontar o próprio passado — e, de uma vez por todas, começar a acreditar que o impossível às vezes pode se tornar realidade.

Resenha: August é uma garota de vinte e três anos que ainda não se encontrou e nem encontrou um lugar que ela considere como um verdadeiro lar. Enquanto viveu com a mãe, que sempre pareceu um tanto obcecada em desvendar o caso do desaparecimento do seu irmão nos anos 70, August ficou em segundo plano e passou por várias atribulações. Ela nunca teve amigos, sempre viveu beirando a pobreza, e praticamente não tinha rumo.
Agora ela está decidida a mudar, e quando August chega em Nova York para terminar sua graduação, e se muda para um apartamento depois de ter visto um anúncio um tanto duvidoso, ela sente que aquele poderia ser o lugar pra ela chamar de lar. E os responsáveis por isso serão seus novos e despirocados colegas de quarto: Niko, trans, latino e aquele jovem místico irritantemente perceptivo; Myla, engenheira elétrica, negra, queer, filha adotiva e artista; Wes, judeu, tatuador e queer; e seu vizinho e drag queen, Isaiah.

No primeiro dia de aula, August está tendo um dia de merda. Ela pega a linha Q do metrô, alguém derruba café em sua roupa, e quem a salva da vergonha, sem hesitar, é Jane Su, uma garota asiática que lhe oferece um lenço vermelho pra esconder o estrago. Depois de ter o dia salvo, August não consegue parar de pensar em Jane, em como ela é linda, popular, super animada e prestativa, e como seu estilão dos anos 70 é bacana. Ninguém que tenha conhecido Jane se esquece dela.

Quando August começa a encontrar com Jane todos os dias, na mesma linha Q e no mesmo vagão, sua atração e seu interesse aumentam, mas a desconfiança de que há algo de errado com Jane também, afinal, ela sempre aparece do nada, do mesmo jeito, e simplesmente não pode sair do metrô. Teorias de que ela estaria presa numa espécie de lapso temporal há mais de 40 anos começam a surgir enquanto August debate o caso com os amigos, e, se aproveitando dos conhecimentos sobre desaparecimentos que aprendeu observando a mãe, e com a ajuda de Myla, Niko, Wes e Isaias, ela decide investigar e ajudar Jane.
Agora cabe a August descobrir quem é Jane, por que ela não se lembra do seu passado, e por que ela está presa no tempo. E pela investigação, vale tudo...

Narrado em terceira pessoa, o livro tem uma pegada super atual e despojada, o que combina perfeitamente com os personagens e seus estilos de vida, descrições e detalhes muito bem construídos, além de ter várias figuras de linguagem nos diálogos. Os capítulos são bem longos e se iniciam com alguma notícia, com algum bilhete e afins.

Apesar da história trazer personagens caóticos, excêntricos, incríveis e com a melhor representatividade não só LGBTQIA+, mas também sobre raça, espiritualidade e aparência que foge dos padrões sociais que já vi num livro até o momento, e apesar do mistério August quer desvendar ter aquela pegada de ficção científica meio sobrenatural, achei que a leitura demorou um pouco pra engatar e acabou sendo cansativa em alguns pontos (e os capítulos enormes contribuem muito pra isso), e só melhorou e me emocionou quando foi terminando. A investigação parecia não ter fim, e as explicações para o fenômeno não pareciam fazer muito sentido, e por mais que a química entre August e Jane fosse uma coisa absurda de intensa (tudo pela investigação), eu fiquei com aquela sensação de que Jane, mesmo sendo do passado, estava há anos luz de distância pela sua personalidade cativante e por todas as experiências de vida que ela teve até ficar presa no metrô.

É aquele tipo de história onde as envolvidas são o total oposto uma da outra, mas uma acaba sendo responsável por salvar a outra de qual seja a situação que enfrentem: August é cética, descrente, insegura e fechada para sentimentos no início, é a pessoa inexperiente que parece não ter muito a oferecer. Jane, que é a sapatão sonho de consumo de todas as sáficas da face da Terra, é divertida, se joga, vive a vida como se não houvesse amanhã, mas carrega um passado triste e complicado que acabou sendo esquecido quando ela ficou presa no tempo e no metrô sabe-se lá por qual motivo. E por mais que elas sejam conduzidas de uma forma que evidencie descobertas e experiências que surpreendem e aquecem o coração, a história não me convenceu pelo romance em si (pode ser impressão minha, mas durante uma parte considerável da história ele me soa um tanto unilateral e August parece ser muito dependente de Jane), mas sim pelos personagens secundários e como eles tiveram um papel super relevante para August, para ajudar a encaminhar as coisas até onde chegaram, e principalmente para August perceber que ela não só encontrou um lar, mas também uma verdadeira - e maluca - família. August, que passou a vida inteira com aquele sentimento de solidão e não pertencimento, se pegou rodeada de pessoas incríveis que, em meio a brunches com panquecas no meio da noite, um cachorro super fofo, sessões espíritas fracassadas e falidas, e espetáculos com as drags mais fabulosas de Nova York, lhe ofereceram algo que ela jamais teve: amizade, acolhimento e cumplicidade, e isso pra mim supera qualquer história de amor, por mais que ela quebre barreiras e transforme os corações mais vazios ou perdidos.

A autora incluiu várias referências musicais ilustres que rendem uma excelente trilha sonora à história, e ainda presta uma verdadeira homenagem à luta por igualdade que a comunidade LGBTQIA+ e seus ativistas tiveram desde décadas atrás, e o quanto as perdas trágicas pelo caminho foram dolorosas.

Enfim, pra fechar o mês do orgulho, super indico a leitura.

De Mãos Dadas - Alice Oseman

20 de junho de 2022

Título:
 De Mãos Dadas - Heartstopper #4
Autora: Alice Oseman
Editora: Seguinte
Gênero: HQ/Romance/Juvenil
Ano: 2022
Páginas: 384
Nota:★★★★★
Sinopse: Charlie e Nick já não precisam esconder de ninguém no colégio que estão namorando, e agora, mais do que nunca, Charlie quer finalmente dizer "Eu te amo". O que parece um gesto simples se torna bem complicado quando sua ansiedade o faz questionar se Nick se sente da mesma forma…
Nick, por sua vez, está com a cabeça cheia. Afinal, ele ainda não teve a oportunidade de se assumir para o pai, e se preocupa constantemente com Charlie, que dá sinais claros de ter um transtorno alimentar.
Conforme o relacionamento dos dois amadurece, os desafios que vêm pela frente ficam cada vez mais difíceis — mas os garotos logo vão aprender que amar alguém nada mais é do que estar ao seu lado, juntos, de mãos dadas.

Resenha: Nick e Charlie continuam levando o namoro firme depois de assumirem o relacionamento durante a excursão da escola que fizeram pra Paris. Agora eles estão bem felizes por não precisarem mais se preocupar em manter segredo sobre o namoro e poderem, enfim, ser quem são na frente de todo mundo.
Charlie se encontra em mais um dilema, pois ele realmente ama Nick de todo o seu coração, mas tem medo de se declarar e isso assustar ou afastar o garoto mesmo que já esteja óbvio que o sentimento é recíproco. Ele ainda carrega muitas inseguranças e se pega imaginando situações que não existem, como pensar que se ele se declarar, Nick pode se sentir pressionado ou responder algo que não fosse verdade pra não magoá-lo, o que o deixa ainda mais inseguro e com crises de ansiedade com relação a expor seus sentimentos, sem contar com sua necessidade de se desculpar a todo momento por qualquer coisa mínima que fale ou faça. Do outro lado, Nick anda preocupado com duas questões que andam enchendo sua cabeça: o fato de ainda não ter assumido sua bissexualidade para o pai, e por ter percebido, ainda durante a viagem pra Paris, que Charlie tem um transtorno alimentar que parece ser bem grave, o que o levou a querer fazer de tudo pra tentar ajudá-lo.
Nesse quarto volume da série Hearstopper, a autora continua o desenvolvimento do namoro, assim como a cumplicidade e os dilemas entre Charlie e Nick, e dá um aprofundamento um pouco maior na relação dos meninos com seus pais. Diferente de Nick, que pode se abrir com Jane, sua mãe, sobre qualquer assunto, Charlie se retrái por não poder conversar sobre seus sentimentos com a própria mãe, e saber que ela supõe coisas sobre ele que não correspondem com a realidade, só pioram sua ansiedade, sua dependência emocional por Nick, e seu transtorno alimentar. Uma coisa é a mãe ter aceitado o filho se assumir homossexual, outra coisa é ela estar aberta ao diálogo pra entender o que se passa na cabeça de Charlie, então é mais fácil condenar o que ela julga ser mentira ou um comportamento inadequado do que compreender.
O problema é que Nick começa a se sentir responsável por Charlie, como se ele pudesse fazer algo para curar esse distúrbio, mas é algo que está fora de seu alcance. E aqui, Oseman aborda a questão da dificuldade de se estar num relacionamento onde uma das partes desenvolve algum tipo de transtorno psicológico que vai piorando com o passar do tempo, e deixa bem claro que é algo que deve ser tratado por um profissional, pois qualquer pessoa sem a devida formação, incluindo adolescentes de dezesseis anos (por mais preocupados e bem intencionados que possam estar diante da situação), precisam entender que não são capazes de resolver esse tipo de problema, e que a forma de ajudar é justamente aconselhar a procurar a ajuda adequada. Confesso que fiquei angustiada em ver Charlie tão mal por causa da anorexia e como ele descreve como se sentia, o que pensava ao ficar sem comer, e que foram vários traumas que desencadearam esse transtorno. O triste é que nem Nick, nem os amigos, e nem a família de Charlie não podiam fazer nada além de apoiá-lo no que pudessem e torcerem para que as coisas melhorassem.

Além do nível de complexidade e drama que o namoro dos meninos assumiu, os relacionamentos de outros personagens, como Tao e Ellie; Tara e Darcey; e até mesmo dos professores que levaram os alunos pra Paris, Sr. Youssef Farouk e Sr. Nathan Ajayi também ganham destaque e mais profundidade. O interessante nessa parte dos professores é que a autora mostra de uma forma bem direta o que eu já havia mencionado numa das resenhas anteriores, onde a questão da sexualidade é algo que a pessoa já nasce com ela, e é só questão de tempo pra se descobrir e assumir quem é. E por mais que Youssef seja um homem de quase trinta anos, ele se permitiu viver essa experiência pra começar a se libertar do que, até então, não assumia e o mantinha um tanto infeliz. Ao final do livro tem um conto curto sobre os dois que é bem bacana, pois mostra esse processo de aceitação.
No mais, sei que num relacionamento nem tudo são flores, e a autora, como sempre, consegue abordar temas sensíveis e obstáculos de uma forma bem delicada, eu só achei o tema desse volume bem mais pesado por seguir por um rumo muito diferente dos volumes anteriores (que focaram na descoberta, no autoconhecimento, na lealdade e no sentimento verdadeiro entre os meninos). O final fica em aberto quando as famílias dos dois se encontram pra um jantar, e fica no ar aquela expectativa de contar ou não a novidade sobre o namoro para Stéphane, o pai de Nick. Obviamente que a presença do irmão imbecil de Nick é um problema, e as coisas não saem exatamente conforme planejado, então só posso dizer que a ansiedade pelo próximo volume já começou desde já.

Novidades de Junho - Seguinte

4 de junho de 2022

Contos e Lendas da Amazônia - (Ed. revista e atualizada) - Reginaldo Prandi (10/06/2022)
Muitos são aqueles que ajudaram a registrar e transmitir um pouco da mitologia amazônica. Viajantes, exploradores, pesquisadores e amantes da cultura popular repassaram histórias que têm sido fonte de inspiração para romances, poemas e canções, entre outras manifestações artísticas que ajudaram a modelar a identidade cultural do Brasil.
Reginaldo Prandi apresenta vinte e cinco contos sobre o nascimento dos homens, dos bichos e das plantas, todos recheados de encantamento, temática recorrente da mitologia amazônica, eixo sobre o qual foi idealizado e escrito este livro. Nele, há mitos sobre a criação do mundo físico – os rios, as estrelas, a Lua, a noite –, seguidos daqueles que falam do surgimento de plantas e animais. Além das histórias de heróis e personagens míticos característicos da região e de duas lendas bastante recentes, que falam sobre a importância da preservação da floresta.
Em um apêndice, o autor, além de fotos autorais, oferece um retrato breve e objetivo da região, fornecendo dados atualizados de seus três principais aspectos: a floresta, o rio e o homem.

De Mãos Dadas - Heartsopper #4 - Alice Oseman (27/06/2022)
Charlie e Nick já não precisam esconder de ninguém no colégio que estão namorando, e agora, mais do que nunca, Charlie quer finalmente dizer "Eu te amo". O que parece um gesto simples se torna bem complicado quando sua ansiedade o faz questionar se Nick se sente da mesma forma...
Nick, por sua vez, está com a cabeça cheia. Afinal, ele ainda não teve a oportunidade de se assumir para o pai, e se preocupa constantemente com Charlie, que dá sinais claros de ter um transtorno alimentar.
Conforme o relacionamento dos dois amadurece, os desafios que vêm pela frente ficam cada vez mais difíceis – mas os garotos logo vão aprender que amar alguém nada mais é do que estar ao seu lado, juntos, de mãos dadas.
Essa edição contém:
· Capa dura
· Ilustrações em duas cores
· Fichas sobre cada personagem
· Uma história exclusiva sobre sr. Farouk e sr. Ajayi

Família de Mentirosos - E. Lockhart (28/06/2022)
Não é fácil para Carrie ser a principal herdeira da família e carregar todas as expectativas que vêm junto com seu sobrenome. Para ser uma Sinclair perfeita, ela não deveria demonstrar emoções – nem mesmo o sofrimento profundo pela morte recente de sua irmã caçula. Para ser uma Sinclair perfeita, deveria se submeter à cirurgia na mandíbula que seus pais insistem que ela faça, mesmo que isso lhe renda dolorosas semanas de recuperação – e um vício em analgésicos.
No verão de seus dezessete anos, a família vai para Beechwood, a ilha particular onde sempre passa as férias. Mas, dessa vez, há algo de diferente: entre os visitantes da ilha está Pfeff, um garoto que mexe com os sentimentos de Carrie. Mas esse relacionamento está longe de ser um conto de fadas – e essa história dificilmente vai acabar em um "felizes para sempre".

Novidades de Maio - Seguinte

8 de maio de 2022

Dois Garotos, Um Encontro - Heartstopper #1 - Alice Oseman (capa da série)
Charlie Spring e Nick Nelson não têm quase nada em comum. Charlie é um aluno dedicado e bastante inseguro por conta do bullying que sofre no colégio desde que se assumiu gay. Já Nick é superpopular, especialmente querido por ser um ótimo jogador de rúgbi. Quando os dois passam a sentar um ao lado do outro toda manhã, uma amizade intensa se desenvolve, e eles ficam cada vez mais próximos.
Charlie logo começa a se sentir diferente a respeito do novo amigo, apesar de saber que se apaixonar por um garoto hétero só vai gerar frustrações. Mas o próprio Nick está em dúvida sobre o que sente – e talvez os garotos estejam prestes a descobrir que, quando menos se espera, o amor pode funcionar das formas mais incríveis e surpreendentes.

Romance Real - Clara Alves
Dayana deixou o Rio de Janeiro para trás e está de mudança para Londres. Há pouco tempo, seu maior sonho era visitar o país da One Direction, sua banda preferida, mas agora ela tem certeza de que está vivendo um pesadelo. Depois de dez anos sem encontrar o pai, ela se vê obrigada a morar com o homem que a abandonou, a mulher dele e sua filha – a família perfeita que Dayana nunca teve. Tudo isso enquanto tenta lidar com o luto pela morte recente da mãe.
O que ela não imaginava era que, logo em seus primeiros dias ali, iria esbarrar em uma ruiva charmosa pulando as grades do Palácio de Buckingham. À medida que se aproximam e se ajudam a enfrentar os conflitos pelos quais estão passando, as duas se apaixonam. Mas Dayana tem certeza de que a garota está escondendo algo sobre sua relação com a família real...
Será que Londres conseguirá curar o coração de Dayana e dar a ela um final feliz

Um Passo Adiante - Alice Oseman

26 de abril de 2022

Título:
 Um Passo Adiante - Heartstopper #3
Autora: Alice Oseman
Editora: Seguinte
Gênero: HQ/Romance/Juvenil
Ano: 2022
Páginas: 384
Nota:★★★★★
Compre: Amazon
Sinopse: Depois de entenderem o que sentiam um pelo outro, Charlie e Nick se tornaram oficialmente namorados, e cada dia é uma nova oportunidade para se conhecerem um pouco mais. Mas nem tudo é fácil, principalmente quando se trata de se assumir enquanto casal para o mundo. Mesmo com medo da reação das pessoas, os garotos sabem que em breve terão de contar a verdade, pelo menos para os amigos mais próximos ― ainda mais quando a turma toda viaja a Paris.
Enquanto decidem como dar este próximo passo, os dois vão descobrir que, não importa qual seja o desafio, eles podem sempre contar um com o outro.

Resenha: Depois que Nick levou um tempo para entender sobre sua sexualidade e seus sentimentos em relação a Charlie, os dois finalmente engataram um namoro. Nick já havia contado pra sua mãe sobre seu lance com Charlie, e agora foi a vez de Charlie contar para seus pais sobre seu relacionamento com Nick, e todos aceitaram e apoiaram os meninos tratando tudo com a maior naturalidade. Mesmo que haja algumas suspeitas sobre os dois entre alguns alunos, nenhum deles assumiu nada em público ainda, pois Charlie estava esperando Nick entender os próprios conflitos e dúvidas sobre essa nova descoberta sobre si mesmo.

Eles sabem que os sentimentos estão mais intensos e o que há entre eles fica mais sério a cada dia que passa, então é só uma questão de tempo para assumirem que são um casal, mas o medo da reação das pessoas e do preconceito frente a essa "notícia bombástica" ainda é um problema. E tudo fica mais desafiador quando as escolas Truhan e Higgs promovem uma excursão a Paris e os alunos dividiriam quartos e passariam bastante tempo juntos. Agora, Charlie e Nick precisam decidir, com a ajuda dos amigos de confiança, como irão assumir o namoro, quem são e o que sentem um pelo outro. Tara e Darcy não se assumiram oficialmente, mas pararam de esconder o namoro e simplesmente deixaram rolar sem se importar com a opinião alheia, e isso acaba sendo um grande incentivo para os meninos, mas alguns fatores acabam tendo um peso enorme nessa decisão, fazendo com que Charlie se sinta culpado por achar que está pressionando o namorado, e com que Nick se sinta impedido de tomar alguma atitude, mostrando o quão difícil é darem esse grande passo.
Mais uma vez eu venho aqui com o coração quentinho e uma lagriminha no cantinho do olho pra exaltar essa história totalmente adorável. É incrível como a autora consegue dar continuidade à história de Nick e Charlie com tanta naturalidade e sutileza, despertando empatia e emocionando os leitores com as pequenas grandes atitudes que os personagens tomam e ainda ter o cuidado de dar alertas de gatilho pra algumas situaçoes delicadas que aparecem, coisa que fui conferir na edição em inglês, porque nos livros publicados no Brasil não aparecem, infelizmente.

Eles querem se assumir, querem mostrar pro mundo que se amam e estão radiantes de felicidade em companhia um do outro, mas a dificuldade e o medo do preconceito e da homofobia que podem vir a sofrer é real e preocupante pra eles. É inegável que a autora conseguiu mostrar o quanto é difícil pra casais LGBTQIA+ serem vistos como um casal comum, sem que haja piadinhas, comentários ridículos ou olhares atravessados vindos de gente intolerante, e isso acaba dificultando ainda mais a questão de Nick se assumir. Lidar com esse tipo de coisa sem que eles se sintam as piores pessoas do mundo, como se eles tivessem fazendo algo sujo ou errado, é super doloroso. E esses pequenos diálogos onde os meninos expõe esse tipo de sentimento são emocionantes e tocam lá no fundo da alma, a forma como Charlie tenta evitar que Nick sofra algum tipo de bullying como ele sofreu pra protegê-lo é incrível, e o mais legal é que as ilustrações, por mais simples que sejam, trazem expressões tão intensas que alguns quadrinhos sequer precisam de palavras para entendermos o que se passa, o olhar já entrega tudo.

Paris, com direito a Torre Eiffel, Louvre e Arco do Triunfo como pano de fundo foi uma escolha um tanto romântica nesse passo dos meninos, e de alguns outros personagens, e combinou super bem com a proposta. Eu fiquei muito emocionada com a cumplicidade dos meninos, do quanto eles se sentem confortáveis para falar um com o outro sobre seus maiores medos, de como eles funcionam muito bem juntos ou quando enxergam algum problema sem que falem nada, como é o caso de Nick perceber que há algo de errado com a alimentação de Charlie e isso acabar refletindo em algo sobre ele lá na frente.

A forma como o círculo de amigos dos meninos é livre de qualquer tipo de preconceito também é um ponto super bacana e positivo. Outra cena super sensível e marcante é quando a professora de Educação Física flagra os dois se beijando e Nick fica com medo de receber algum tipo de castigo, mas diferente do que esperava, ela oferece todo o apoio caso alguém implique, e ainda lembra da sua época na escola, quando conheceu sua então esposa por quem é totalmente apaixonada. Ou seja, há representatividade em diversos personagens, de qualquer idade ou posição, e os meninos, além de terem suporte, não estão sozinhos nessa.

A autora também dá espaço e cria arcos super interessantes entre os personagens secundários que também enfrentam seus próprios dilemas no que diz respeito aos seus sentimentos e sexualidade, como é o caso de Tao, que tem uma enorme dificuldade em assumir seus sentimentos por Ellie, a amiga trans que faz parte do grupinho, por medo de estragar a amizade dos dois. Enquanto isso, os meninos evitam qualquer coisa que possa denunciar esse relacionamento na frente do amigo pois sentem que ele ainda não está preparado pra saber já que fala alto e é um tanto desmiolado. Foi por causa de comentários que Tao fez no passado que os alunos souberam sobre Charlie ser gay e começaram a importuná-lo, mas Tao não se dá conta que possa ter algo a ver com isso já que não faz nada por mal. Charlie fica numa situação delicada, pois sente que não devia esconder seu namoro do amigo, mas quem garante que ele não vai dar nenhum vacilo caso fique sabendo?

Enfim, os dilemas continuam, mas os meninos se apoiam, têm ajuda dos amigos e da família, e conseguem superar e enfrentar muitas coisas juntos nessa decisão de darem esse passo tão grande. Não é fácil, é muita coisa pra dois adolescentes lidarem, mas a gente acaba percebendo que desde que o amor seja sincero e verdadeiro, no final as coisas vão caminhando pra um final feliz.

Continuo recomendando a série pra todo mundo que gosta de romances leves e sensíveis, que traz toques de parte da realidade do público LGBTQIA+ que está nessa jornada de lidar com conflitos da autodescoberta e da autoafirmação, e que.

Novidades de Abril - Seguinte e Paralela

10 de abril de 2022

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A Ponte Entre Reinos - A Ponte Entre Reinos #1 - Danielle L. Jensen
Lara é uma princesa treinada para ser uma espiã letal. Ela tem duas certezas: 1) o rei Aren de Ithicana é seu maior inimigo; 2) ela será a responsável por destruí-lo.
Por ser a única rota possível num mundo assolado por tempestades, a ponte de Ithicana gera poder e riqueza – e a miséria dos territórios vizinhos, entre eles a terra natal de Lara. Então, quando é enviada para cumprir um acordo de paz e se casar com Aren, Lara está decidida a descobrir todas as fraquezas desse reino impenetrável.
Mas, conforme se infiltra em seu novo lar e entende o preço que Ithicana paga para manter o controle da ponte, Lara começa a questionar suas convicções. E, quando seus sentimentos por Aren passam da hostilidade para uma paixão intensa, ela terá de escolher qual reino vai salvar – e qual vai destruir.

Paralela

Procurando Jane - Heather Marshall
"É só dizer que está procurando Jane."

2017
Quando descobre uma carta surpreendente no trabalho, Angela Creighton decide fazer o possível para encontrar a destinatária. Sua busca a leva para a Toronto dos anos 1970, quando mulheres destemidas operavam uma rede ilegal de abortos conhecida apenas pelo codinome "Jane".
1971
Na adolescência, a médica Evelyn Taylor foi enviada para um abrigo para mulheres "arruinadas" e forçada a entregar seu bebê para adoção. Na vida adulta, ela se junta à Rede Jane, determinada a oferecer a outras mulheres a escolha que nunca teve.
1980
Depois de descobrir um segredo chocante sobre sua família, Nancy Mitchell começa a questionar a própria história. Quando engravida sem querer, ela localiza a Rede Jane e se junta à dra. Taylor na organização. Seus segredos, no entanto, nunca deixam de assombrá-la.

Unindo a vida de três mulheres, este é um romance inesquecível sobre as consequências devastadoras da falta de escolha e o poder duradouro do amor de uma mãe.

Minha Pessoa Favorita - Alice Oseman

28 de dezembro de 2021

Título: Minha Pessoa Favorita - Heartstopper #2
Autora: Alice Oseman
Editora: Seguinte
Gênero: HQ/Romance/Juvenil
Ano: 2021
Páginas: 320
Nota:★★★★★
Compre: Amazon
Sinopse: No segundo volume da série Heartstopper, Charlie e Nick precisam entender o que um beijo significa para a relação dos dois ― e, principalmente, para eles mesmos.
Charlie e Nick são melhores amigos, mas tudo muda depois que eles se beijam em uma festa. Charlie acredita que cometeu um grande erro e arruinou a amizade dos dois para sempre, e Nick está mais confuso do que nunca.
Mas aos poucos Nick começa a enxergar o mundo sob uma nova perspectiva e, com a ajuda de Charlie, descobre muitas coisas sobre o mundo que o cerca, sobre seus amigos ― e, principalmente, sobre ele mesmo.
Resenha: Depois de se beijarem na festa de aniversário de um dos colegas de escola, Charlie e Nick ficaram super confusos com seus sentimentos e com o que aconteceu. Enquanto Charlie acredita que o beijo destruiu essa amizade tão bonita e fica se martirizando, Nick só quer entender como lidar com seus sentimentos e o que fazer pra assumir que gosta de Charlie. Mas sabendo que os garotos da escola são uns imbecis, e sabendo que é algo novo, ele ainda não se sente confiante o bastante pra isso, ele precisa de tempo pra se situar em meio a essa fase totalmente diferente do que estava acostumado, começa a pesquisar sobre a bissexualidade e, inicialmente, acha que é onde ele se encaixa.
O aniversário de quinze anos de Charlie está chegando, e aí está mais um momento super especial que eles vão passar juntos.


O que acontece é que quando a pessoa é gay, é bi, ou como quer que ela se identifique, não é questão de escolha, pois ela já nasce assim, é questão de tempo até se descobrir. Pra uns levam menos tempo, pra outros levam mais tempo dependendo da família, do círculo de amigos, das crenças, enfim, mas uma hora vai acontecer. Pode ser como Charlie, que desde criança já sabia de sua orientação, mas pode ser que nem Nick, que gostava de garotas até se envolver com Charlie e descobrir que essa relação é o que o faz verdadeiramente feliz, onde ele se sente seguro pra poder ser quem é, sem filtros. E aqui temos um Nick que está descobrindo isso, sobre quem ele é e sobre como ele deseja se identificar, mas ainda tem medo de assumir uma nova orientação, e Charlie entende e respeita a necessidade desse tempo. E tudo isso enquanto os dois enfrentam o drama de um relacionamento adolescente e gay.

Mantendo o mesmo estilo de narrativa, nesse segundo volume podemos acompanhar os meninos passando mais tempo juntos, se entendendo cada vez mais, intensificando as demonstrações de afeto um pelo outro, mas ainda mantendo o lance deles em segredo até que Nick saiba o que realmente está acontecendo com ele. Conhecemos Tao, que ajudou Charlie na época em que ele sofria bullying no colégio, e Ellie, sua amiga trans que estuda num colégio para meninas, trazendo ainda mais representatividade para a história.

Claro que a autora não é hipócrita de contar uma história de dois garotos apaixonados que remete somente a contos de fadas onde tudo são flores. A realidade às vezes é muito dura e o público LGBTQIA+ ainda sofre muito com pessoas homofóbicas, preconceituosas e odiosas, e com Charlie e Nick as coisas não são muito diferentes, o que mostra que, embora o amor seja imenso e tente superar tudo, eles ainda precisam enfrentar muita gente intolerante e lidar com muito hate gratuito, e aqui o maior imbecil é Harry, um dos meninos que estuda no colégio junto com eles. As "piadinhas" ofensivas e sem a menor graça são terríveis e juro que fiquei super triste quando Charlie fala que "já está acostumado". Mas por que esse tipo de comportamento deveria ser aceitável a ponto dos outros se acostumarem? Não vejo a hora desse Harry ter seu castigo por ser esse grande idiota.

No mais, enquanto o primeiro volume traz os dois se conhecendo, em Minha Pessoa Favorita, Nick está se descobrindo enquanto Charlie o apoia com toda a paciência que só uma pessoa tão adorável e sensível como ele é capaz.
Já disse e repito: é um livro fofo, pra deixar o coração quentinho, um sorriso no cantinho da boca e uma vontade imensa de sair abraçando todo mundo que a gente ama. O único defeito desse livro é que ele acaba muito rápido e a gente só quer mais um pouquinho de Charlie e Nick. Voltem, meninos!

Dois Garotos, Um Encontro - Alice Oseman

27 de dezembro de 2021

Título: Dois garotos, Um Encontro - Heartstopper #1
Autora: Alice Oseman
Editora: Seguinte
Gênero: HQ/Romance/Juvenil
Ano: 2021
Páginas: 304
Nota:★★★★★
Compre: Amazon
Sinopse: Charlie Spring e Nick Nelson não têm quase nada em comum. Charlie é um aluno dedicado e bastante inseguro por conta do bullying que sofre no colégio desde que se assumiu gay. Já Nick é superpopular, especialmente querido por ser um ótimo jogador de rúgbi. Quando os dois passam a sentar um ao lado do outro toda manhã, uma amizade intensa se desenvolve, e eles ficam cada vez mais próximos.
Charlie logo começa a se sentir diferente a respeito do novo amigo, apesar de saber que se apaixonar por um garoto hétero só vai gerar frustrações. Mas o próprio Nick está em dúvida sobre o que sente – e talvez os garotos estejam prestes a descobrir que, quando menos se espera, o amor pode funcionar das formas mais incríveis e surpreendentes.

Resenha: Charlie Spring é um garoto de 14 anos que estuda no Colégio Truham para Rapazes. Ele é tímido e muito inseguro, pois desde que os garotos descobriram que ele é gay, passaram a importuná-lo em qualquer oportunidade. 
Quando Charlie recebe um comunicado da escola de que deveria comparecer aos grupos interséries para a chamada, ele acaba se sentando ao lado de Nick Nelson, um jogador de rúgbi do segundo ano e super popular. Como eles se sentavam juntos todos os dias, os dois acabaram desenvolvendo uma amizade, ficando cada vez mais próximos. Não demora pra Charlie começar a se sentir diferente com a presença do amigo. Nick é super legal, é um amigo leal, respeitoso e super protetor, mas Charlie sabe que gostar de um garoto hétero só vai machucar seu coração. Ainda assim eles passam o tempo juntos se divertindo e fortalecendo ainda mais essa amizade, até Nick começar a se sentir confuso com seus sentimentos em relação a Charlie...

Eu sou daquelas que ama de paixão histórias contadas em formato de HQ, principalmente essas que deixam o coração quentinho. Dois Garotos, Um Encontro é o primeiro volume de Heartstopper, que vai introduzir o leitor nesse mundinho de descobertas e paixão em sua forma mais pura entre Charlie e Nick.

Enquanto Charlie já sabia sobre sua sexualidade e estava convivendo com isso da melhor forma que podia (mesmo que seja super inseguro e viva pedindo desculpas por tudo), Nick foi pego de surpresa e começou a ter que lidar com esse turbilhão de sensações e sentimentos, além de ficar cheio de dúvidas sobre quem ele é de verdade, o que fazer ou o que dizer. É tão fofa a parte onde ele começa a pesquisar na internet como saber se ele é gay já que começou a se sentir diferente com a presença de Charlie, ou quando eles estão trocando mensagens, digitam toda a frase mas não tem coragem de enviar, que a vontade é de enfiar os dois num potinho, cuidar e proteger pra sempre.
A história é adorável e mostra como é a experiência de se ter um primeiro amor e como ele vai se desenvolvendo aos poucos, dos sentimentos que causam euforia e frio na barriga, da ansiedade de querer ver a pessoa e se sentir bem pertinho dela. A autora consegue tratar do romance com naturalidade e transporta as emoções pro papel de uma forma super delicada e verdadeira, sem romantizar as cenas envolvendo assédio, preconceitos depressão e dependência emocional, com ilustrações que captam a emoção e os conflitos dos personagens com simplicidade e muita perfeição. E é tudo tão fluído e envolvente que mesmo que tenha 300 páginas pode ser lido em questão de minutos.

Uma coisa que achei genial que se refere a diagramação dos quadrinhos é sobre as conversas em grupo e a forma como ela indica quem está falando. Em vez de fazer vários quadrinhos avulsos com vários personagens, ela coloca os balões de conversa alinhados com a cabecinha do personagem indicando que é ele quem está falando. Outro ponto bacana são os quadrinhos se "desfazendo" como folhas ao vento pra formar os próximos, ligando os quadros e os personagens uns nos outros, ou ainda indicando as passagens do tempo. A forma de criação dos quadrinhos foi super bem feita e inteligente.
Pelo que pude perceber a história é uma só e foi dividida em 4 volumes formando a série (por enquanto só os dois primeiros volumes foram traduzidos aqui no Brasil pela Seguinte), e é como se cada volume correspondesse a uma fase, a um passo além que Charlie e Nick dão nesse relacionamento. Essa primeira fase é a fase da aproximação, da amizade que vai sendo construída e fortalecida, dos sentimentos aflorando naturalmente, da curiosidade natural, da ansiedade de não saber o que fazer, e dos questinamentos sobre algo, até então, desconhecido.

Dois Garotos, Um Encontro é uma introdução muito fofa à história de Charlie e Nick, abordando a necessidade do autoconhecimento, as inseguranças relacionadas a sexualidade e a descoberta daquilo que não apenas te faz feliz, mas que te faz se encontrar e ser quem você é.

Amor, Mentiras e Rock & Roll - David Yoon

23 de dezembro de 2021

Título:
Amor, Mentiras e Rock & Roll
Autor: David Yoon
Editora: Seguinte
Gênero: Romance/Juvenil
Ano: 2021
Páginas: 368
Nota:★★★☆☆
Compre: Amazon
Sinopse: Sunny Dae é nerd ― e com orgulho. Essa é a fama que ele e seus dois melhores amigos conquistaram na escola, onde curtir RPG definitivamente não é visto com bons olhos. E estava tudo bem, até Sunny conhecer Cirrus Soh, a garota mais descolada e confiante que ele já viu. Quando Cirrus acha que o quarto do irmão de Sunny é na verdade o dele, o garoto não consegue corrigir o engano. Com os olhos dela brilhando ao ver as guitarras e os pôsteres de rock na parede, ele acaba dizendo que tem uma banda ― embora não saiba nem segurar uma guitarra, ops.
Agora sua única esperança para sustentar a história e conquistar Cirrus é fazer com que seus amigos nerds topem participar de seu plano maluco de tornar essa banda realidade, vestindo as roupas que o irmão mais velho deixou para trás quando se mudou para Hollywood e ensaiando na sala de música da escola. O problema é que logo Sunny descobre que a vida de um rockstar mentiroso não é só fama e glória…

Resenha: Seguindo o estilo de premissa de Frank e o Amor, o primeiro livro do autor, Amor, Mentiras e Rock & Roll também vai abordar as questões de um personagem que conta uma "mentira inocente" pra tentar resolver um problema, quando na verdade ele está criando vários outros.
Sunny Dae é um nerd de carteirinha e sente o maior orgulho disso. Ele e seus dois melhores amigos, Jamal e Milo, são apaixonados por RPG e têm até um canal onde compartilham dessa paixão. Por serem nerds level hard, eles acabam sobrendo bullying no colégio porque, como sempre, os atletas super populares acham os três grandes imbecis que não devem ser levados a sério.
O irmão mais velho de Sunny, Gray, é seu total oposto. Ele é um rockeiro nato, todo descolado, que foi embora pra Hollywood pra seguir seu sonho e está iniciando a carreira como vocalista de uma banda de sucesso. Ao ir embora, ele deixou seu quarto cheio de referências e todo decorado nesse estilo musical. Isso acabou causando uma grande confusão, pois quando Cirrus Soh, uma garota bonita, inteligente e super divertida, se muda pra casa ao lado e o conhece, ela acredita que o quarto de Gray é o de Sunny, e pensando que ela vai rejeitá-lo caso ele mencione sobre seu hobby de nerd, ele acha uma ótima ideia mentir pra impressionar a menina, incorporar a personalidade do irmão, e dizer que ele, junto com seus amigos, fazem parte de uma banda de rock, "Os Imortais".

Como Sunny está naquela fase onde se sente inseguro com várias questões, se sente um ninguém se comparado ao irmão, e acha que não tem nenhuma qualidade interessante pra chamar atenção de alguma garota, ele deixa essa mentira crescer cada vez mais na intenção de continuar mantendo Cirrus interessada nele, mas em vez de contar a verdade pra acabar logo com essa patifaria, ele resolve envolver os amigos no rolo pra formarem uma banda de verdade e tornar essa mentira algo real.

Sendo assim, o foco da história em si não é apenas o romance de Sunny e Cirrus, mas sim o desenvolvimento e o crescimento dele tentando ser o que ele criou, aprendendo a cantar e tocar, mesmo que esteja fingindo ser quem não é, tudo isso pra tornar a sua fic real. Ele e os amigos realmente chegam ao ponto de formarem a banda e pra poderem se apresentar. Esse foi um motivo pra eu não conseguir me apegar aos personagens, não senti nenhuma empatia por Sunny tentar construir um relacionamento que começou todo errado. Em alguns momentos ele se mostra tão egoísta e arrogante, que a vontade era de dar um soco. Cirrus também não fica muito atrás, pois por mais divertida que seja, em muitos momentos ela demonstrou ser alguém sonsa demais e muito superficial, e penso que por ela não ter sido muito bem desenvolvida, ela acabou não tendo atributos marcantes que fizessem alguma diferença. É aquela tipo de casal que, aparentemente, combina, mas a química é zero.

Mas apesar disso, o livro tem seus pontos positivos, sim. A escrita do autor é muito boa, fluída e envolvente, então não dá pra segurar a curiosidade de terminar a leitura e saber que fim essa confusão vai levar. Ele aborda questões sociais relevantes como o racismo e o preconceito, descontrói o valentão da escola mostrando que ele ataca como forma de se defender pra manter sua posição, mas que no fundo se parece muito mais com Sunny do que eles imaginaram. Outro ponto interessante é sobre a relação de Sunny com o irmão. Num determinado momento Gray retorna pra casa, se mostra um idiota, e o conflito que eles travam por causa do "novo Sunny" acaba sendo um estopim para que ambos se enxerguem de uma maneira diferente e amadureçam.

No fim das contas, Amor, Mentiras e Rock & Roll não foi uma leitura perfeita, mas fiquei satisfeita com a história por mostrar as questões das descobertas adolescentes, das confusões que eles se mentem por ainda não terem se encontrado, e da conclusão que se chega mostrando que ser famoso e ter glória pode trazer algumas coisas inesperadas, mas o importante é saber que somos quem somos, e é preciso respeitar e aceitar as qualidades que temos.

Destruidor de Mundos - Victoria Aveyard

22 de dezembro de 2021

Título: Destruidor de Mundos - Realm Breaker #1
Autora: Victoria Aveyard
Editora: Seguinte
Gênero: Alta Fantasia/Jovem adulto
Ano: 2021
Páginas: 560
Nota:★★★★☆
Compre: Amazon
Sinopse: Ano após ano, Corayne assiste sua mãe, uma célebre pirata, partir para o alto-mar e desbravar todos os reinos de Todala, sem jamais poder acompanhá-la. Quando um misterioso imortal e uma assassina de aluguel aparecem dizendo que ela é a última descendente viva de uma poderosa linhagem ― e a única pessoa capaz de salvar o mundo de um perigo iminente ―, ela aproveita a chance para ir em busca de sua própria aventura.
O problema é que o perigo é muito maior do que ela imaginava: um homem sedento por poder, determinado a reabrir os portais que, no passado, levavam para outros mundos, povoados por criaturas sinistras. Com a ajuda de um grupo de bandidos e maltrapilhos, Corayne terá de provar que o heroísmo pode surgir até nos lugares mais inesperados.

Resenha: Destruidor de Mundos é o primeiro volume da trilogia Realm Breaker, escrita pela autora Victoria Aveyard e publicado no Brasil pela Editora Seguinte.

Todala é um reino vasto que está na mira de Taristan. Ele é um homem sedento por poder que está numa missão que envolve abrir os Fusos adormecidos, que são portais para outros reinos. Na batalha épica que inicia a história, Taristan abre um desses Fusos utilizando uma espada especial e liberta criaturas terríveis que acabam aniquilando todos os heróis que tentavam defender Todala. Agora, sem heróis e com o risco de Taristan continuar abrindo os Fusos para desencadear o caos, quem serão os novos heróis que terão que proteger o mundo desse perigo?

Partindo dessa premissa, somos apresentados a Corayne an-Amarat, uma jovem que aparentemente, não tem nenhuma habilidade especial. Desde sempre ela assiste sua mãe, uma mulher forte e destemida, capitã de um navio pirata, partir para desbravar os reinos de Todala contrabandeando tudo que o reino proibe. Sua maior vontade era sair navegando pra viver uma grande aventura, mas sua mãe nunca permitiu que ela a acompanhasse em suas navegações criminosas.

Até que Domacridhan (ou Dom, ou Vedere, ou Ancião), um misterioso imortal de 500 anos, e Sorasa, uma assassina, aparecem dizendo que Corayne é a última descendente de uma linhagem ancestral e poderosa, e que ela é a única pessoa capaz de salvar o mundo do grande perigo que se aproxima. Porém, Corayne não poderia imaginar que essa aventura seria muito mais perigosa do que parece, pois ela não tinha ideia do poder de Taristan e o que ele é capaz de libertar ao abrir os Fusos. Outros personagens também vão aparecendo ao longo da aventura para formar essa guilda, como Andry Trelland, o escudeiro; Valtik, uma bruxa que fala em enigmas chamados; Charlton, um falsificador com um passado secreto; e Sigil, um caçador de recompensas com contas a acertar. Assim, Corayne, com ajuda de seu grupo peculiar, precisa lidar com esse perigo e mostrar que é possível se tornar uma heroína, mesmo que em lugares desconhecidos e de formas inesperadas. 

A narrativa é feita em terceira pessoa e os capítulos são divididos pelo ponto de vista de seis personagens. Às vezes o capítulo termina e pula pra um personagem que não está presente naquela cena anterior, e isso acaba cortando a fluidez da situação, principalmente quando é uma cena cheia de ação.
Por ter gostado bastante da série da Rainha Vermelha, eu fui com as expectativas lá nas alturas pra ler Destruidor de Mundos, e me surpreendi pois são estilos totalmente diferentes. Enquanto a primeira série tem aquela pegada distópica juvenil com direito a triângulo amoroso, Realm Breaker é uma alta fantasia que foi inspirada em Senhor dos Anéis e a jornada da Sociedade do Anel. Ela é voltada a um público mais adulto devido ao estilo narrativo, aos personagens e à construção de mundo. A escrita da autora dispensa comentários, mas aqui ela parece ter pecado pelo excesso de detalhes que só enchem a história mas não contribuem muito para o entendimento, e senti que a leitura foi um tanto maçante e difícil em alguns pontos. Entendo que o primeiro volume de uma saga desse tipo costuma ser introdutório para que os leitores tenham o máximo de informações pra compreender esse novo universo, mas quando não há informações "didáticas", ou quando essas informações soam confusas a ponto de deixar o leitor perdido, acaba sendo um problema. É aquele tipo de história que começa e você não entende quase nada (recomendo inclusive a reler o prólogo lá pela metade do livro), fica esperando explicações sobre lá na frente, mas as respostas não vem e você fica a ver navios. Então, se você é aquele tipo de leitor que gosta de devorar livros num único dia, talvez com esse, a coisa não vá funcionar. O mundo é apresentado devagar, e as conexões entre os personagens também, afinal, não se pode confiar em qualquer um que acabou de aparecer, e é preciso construir essa relação de confiança aos poucos. Um ponto legal é que os supostos heróis não são invencíveis, logo eles também precisam de proteção, e isso rende várias cenas bem humoradas na história.

Este também não é um livro sobre o desenvolvimento dos personagens, ele foca mais na construção de suas relações até que se torne algo mais sólido. Apesar de sabermos como os personagens são e como agem, o livro aborda muito mais o funcionamento desse universo, mostrando basicamente qual o papel de cada personagem e o que eles vão fazendo ou aprendendo durante a jornada. Então, é impossível não sentir falta de um maior aprofundamento, principalmente quando um personagem é interessante, então já fiquei ansiosa pelo segundo volume para ter um gostinho a mais de cada um deles..

Embora Corayne seja a protagonista, ela não tem um maior destaque no grupo, pois todos tem sua importância alí. Corayne parece estar deslumbrada com sua primeira viagem e os locais que ela visita, mostrando que ela ainda é bem ingênua, mas ela é inteligente, pensa rápido e tem talento pra ler mapas. Porém, ela ainda não tem a experiência que os outros da guilda tem, então ficamos esperando que ela se torne tão interessante quanto eles.

Há um mapa no livro e eu me vi consultando o bendito a cada minuto, pois são muitas cidades, os personagens ficam num vai-e-vem sem fim, são muitas viagens de navio, e sem um mapa é quase impossível se situar. Mas ainda assim a geografia é impressionante e super bem feita. Alguns termos no início podem ser difíceis de se acostumar, são muitos nomes esquisitos pra memorizar, mas chega num ponto onde você já nem percebe mais essa "dificuldade".



A autora também não romantiza tragédias e situações horripilantes. Enquanto em outras histórias sangrentas e cheias de ação acompanhamos os personagens rindo na cara do perigo, aqui podemos ver como situações de crise extremas deixam os personagens abalados e posteriormente necessitados de cuidados e uma boa recuperação. Eles hesitam, sentem medo e raiva, ficam traumatizados e fragilizados, e isso mostram o quanto são humanos e verdadeiros independente de terem poderes mágicos ou não. Aqui, a preocupação em salvar o mundo da destruição é muito maior do que qualquer coisa, afinal de contas, não tem como fazer nada na vida se o mundo acabar e todos estiverem mortos, embora isso não anule as pequenas expressões de afeto que estão alí, mesmo que bem discretas, mostrando que é impossível se privar de todo e qualquer sentimento, independente das circunstâncias. Então, fiquei muito feliz em não ter romance nesse livro, principalmente considerando o gênero, e acho que mais autores deviam seguir esse exemplo. Não é preciso existir um romance pra se criar boas histórias.

No mais, apesar de ter um tanto arrastado, Destruidor de Mundos é uma fantasia épica incrível e cheia de ação que vai conquistar os fãs do gênero. Recomendo e já estou na expectativa do volume 2.

Uma Princesa em Tóquio - Emiko Jean

21 de dezembro de 2021

Título:
Uma Princesa em Tóquio
Autora: Emiko Jean
Editora: Seguinte
Gênero: Romance/Juvenil
Ano: 2021
Páginas: 312
Nota:★★★★☆
Compre: Amazon
Sinopse: Izumi Tanaka nunca sentiu que pertence ao lugar onde vive. Afinal, ela é uma das únicas garotas com ascendência japonesa em sua cidadezinha natal, no norte da Califórnia. Criada apenas pela mãe, as duas sempre foram muito unidas ― até Izzy descobrir que seu misterioso pai é ninguém mais, ninguém menos do que o príncipe herdeiro do Japão. O que significa que Izumi é literalmente uma princesa.
Não demora muito até a família imperial japonesa ir atrás de Izzy e ela partir em uma viagem para Tóquio. Em meio a confusões com um jovem guarda-costas mal-humorado (apesar de lindo!) e com primos envolvidos em diversas polêmicas, a garota vai perceber que a vida da realeza está longe de ser só glamour. E, enquanto tenta conhecer o pai, talvez acabe encontrando a si mesma.

Resenha: Izumi Tanaka é uma garota nipo-americana de dezoito anos que vive com a mãe, Hanako, e seu cachorro Tamagochi numa cidadezinha no norte da Califórnia. Sendo uma das únicas garotas de ascendência japonesa da cidade, ela acaba tendo que lidar com todas aquelas questões de uma pessoa que não é branca vivendo num lugar onde quase todo mundo é branco, e que bom que ela tem a Noora, a Hansani e a Glory como amigas (com descendência japonesa também) pra ter com quem contar. Elas inclusive formaram a GGA, a "Gangue de Garotas Asiáticas". Embora tenham personalidades bem diferentes, elas combinam muito bem quando estão juntas

Izumi não conheceu seu pai, e sua mãe sempre disse que ela foi fruto de um romance de uma noite só com quem ela nem se lembra lá na época da faculdade, e ela, por ter uma ótima relação com a mãe, vivia bem com isso, mesmo que, no fundo, ainda sentisse falta de ter uma presença paterna alí ao seu lado e de saber mais detalhes sobre sua origem.
Uma peculiaridade da GGA é descobrir coisas, e quando Noora encontra o livro "Orquídeas Raras da América do Norte" com uma dedicatória de amor à sua mãe escrita por Makoto Mak, lá em 2003, muitas dúvidas começam a surgir. Seria esse tal de Makoto o pai de Izumi? Será que sua mãe estava mentindo esse tempo todo? As meninas resolvem fazer uma investigação pra descobrirem quem é esse cara, custe o que custar, e Noora descobre que Makoto é na verdade Makotonomiya Toshihito, o solteirão mais cobiçado de todo o japão que faz parte da família imperial japonesa. Sim, o príncipe herdeiro na primeira linha de sucessão! Claro que ela confronta a mãe, que acaba assumindo que seu pai é mesmo o príncipe, o que, consequentemente, torna Izumi uma princesa! Como se todo esse rolo não tivesse ido de 0 a 100 muito rápido, o embaixador do Japão ainda aparece em sua casa com um convite para ela ir até o Japão conhecer seu pai, e Izumi topa na mesma hora embarcar nesse conto de fadas contemporâneo onde irá atravessar o mundo em busca de respostas e de um final feliz.

A história é bem divertida e dá pra ler em questão de poucas horas, de tão fluída. O livro traz várias referências da cultura pop e das tradições japonesas, e é como se o leitor estivesse fazendo uma tour por Tóquio, conhecendo de perto os detalhes da realeza.
Izumi é uma protagonista bem divertida, mesmo que ela entre em dilemas adolescentes que são bem bobos pra quem já passou dessa fase, mas que pra ela é motivo de surto e muito drama. Na maioria das vezes eu achei ela infantil demais pra idade, faz escolhas absurdas que a gente sabe que não vai dar certo só de imaginar, e nem acredita que ela realmente toma certos tipos de decisões, mas isso acaba sendo parte dessa jornada do amadurecimento que ela tinha que passar.

Obviamente as coisas não terminam num "felizes para sempre" assim que ela chega ao Japão, afinal, ser uma princesa não é só usar um vestido e uma coroa e sair dando tchau por aí com sua dama de companhia do lado, e as coisas pra ela só estavam começando. Até então ela era uma desconhecida, e agora tem uma nova família pra conhecer, incluindo primas insuportáveis que vão querer infernizar sua vida. A imprensa fica em sua cola querendo saber as novidades e fofocas e ela vira notícia, e Izumi ainda vai ter que aprender séculos de tradições e cultura, que entram em conflito com os costumes da época atual, num piscar de olhos. E como se isso já não fosse muita coisa pra sua cabeça, ela ainda precisa lidar com o fato de se sentir atraída pelo seu guarda-costas, o jovem Akio. Seu pai fez questão de colocar um guarda-costas mais jovem pra Izumi não se sentir desconfortável com um cara mais velho. Apesar de Akio se mostrar irritante no começo fazendo a gente pensar que lá vem o clichê do casal que começa brigando e termina aos beijos, ele é um fofo.

O romance não é o foco da história, até mesmo por ser um tipo de relacionamento que não se encaixa nos padrões tradicionais da realeza. Mas ainda assim, mesmo cientes de que não é algo adequado, as coisas vão evoluindo aos poucos de uma forma bem natural e nenhum dos dois conseguem resistir. Não dá pra negar que eles são almas gêmeas.

A forma como a autora foge de estereótipos representando os asiáticos é bem legal e não vemos essa representatividade amarela na maioria dos livros, pelo menos não da forma como este apresentou.

No mais, Uma Princesa em Tóquio não é um livro que fala apenas de amizade e respeito às tradições da família, mas sobre a busca de Izumi por sua identidade, sobre se encontrar e descobrir quem ela é e de onde veio de verdade. E, a partir de agora, fazendo parte da realeza, qual é o próximo passo? 

Blackout - Dhonielle Clayton, Tiffany D. Jackson, Nic Stone, Angie Thomas, Ashley Woodfolk e Nicola Yoon

15 de dezembro de 2021

Título:
 Blackou
t - O Amor Também Brilha no Escuro
Autoras: Dhonielle Clayton, Tiffany D. Jackson, Nic Stone, Angie Thomas, Ashley Woodfolk e Nicola Yoon
Editora: Seguinte
Gênero: Romance/Jovem adulto
Ano: 2021
Páginas: 272
Nota:★★★☆☆
Compre: Amazon
Sinopse: Uma onda de calor causa um apagão em Nova York. Multidões se formam nas ruas, o metrô para de funcionar e o trânsito fica congestionado. Conforme o sol se põe e a escuridão toma conta da cidade, seis jovens casais veem outro tipo de eletricidade surgir no ar… Um primeiro encontro ao acaso. Amigos de longa data. Ex-namorados ressentidos. Duas garotas feitas uma para a outra. Dois garotos escondidos sob máscaras. Um namoro repleto de dúvidas. Quando as luzes se apagam, os sentimentos se acendem. Relacionamentos se transformam, o amor desperta e novas possibilidades surgem ― até que a noite atinge seu ápice numa festa a céu aberto no Brooklyn.
Neste romance envolvente e apaixonante, composto de seis histórias interligadas, as aclamadas autoras Dhonielle Clayton, Tiffany D. Jackson, Nic Stone, Angie Thomas, Ashley Woodfolk e Nicola Yoon celebram o amor entre adolescentes negros e nos dão esperança mesmo quando já não há mais luz.

Resenha: Blackout é uma antologia de contos que falam sobre histórias de amor e autodescoberta, cheias de representações negras e LGBTQI+.
Era uma sexta-feira, Nova York estava passando por uma onda de calor insuportável e isso acaba causando um grande apagão na cidade. O metrô pára, o trânsito fica congestionado, e a multidão começa a tomar conta das ruas. Embora a cidade esteja no escuro, uma energia diferente vai começar a surgir entre esses casais...

O livro é dividido em seis contos, todos narrados em primeira pessoa, mas há um conto maior, "A Longa Caminhada", escrito pela autora Tiffany D. Jackson, que foi dividido em cinco atos pra intercalar os outros. Eu tive mais facilidade em juntar essas partes do primeiro conto para ler direto e os demais não interrompessem e nem atrapalhassem na fluidez.
Os contos funcionam como capítulos, eles tem o título, o nome da autora, o local e o horário onde os personagens estão enquanto estão enfrentando o apagão, e sempre há menção a uma festa onde conhecem alguém em comum que vai estar lá, ou estão tentando chegar lá. Por serem curtos, não há tanto aprofundamento nas histórias, mas sempre aparece aquela frase de efeito clichê (e algumas não fazem o menor sentido). Alguns tem informações suficientes, abordando bem a situação e a personalidade dos personagens, outras dão aquela sensação de quero mais porque foram construídos de uma forma que é impossível não sentir empatia e se apegar, outros nem tanto quanto eu gostaria.

A Longa Caminhada, traz os personagens Tammi Wright e Kareem Murphy. A história começa com Tammi indo para uma entrevista de estágio que ela queria muito fazer, mas ao chegar lá, se depara com Kareem, seu ex namorado de quem ela ainda guarda muitas mágoas, principalmente porque, aparentemente, ele tem outra namorada. Acontece que houve um erro no disparo de emails da empresa, a vaga era pra uma pessoa só, mas os dois foram chamados. Quando a responsável iria verificar o que houve pra ver de quem era a vaga, ocorre o apagão e eles são despachados pra voltarem na semana seguinte. Eles tentam chegar ao metrô no Central Park, Tammi quer pegar o metrô ir pra casa e Kareem precisa chegar a tempo em uma festa onde ele seria o DJ, os dois esperando que até lá a energia já tenha voltado. O problema é que Tammi não tem dinheiro pra chegar ao centro, e Kareem como está sem celular pra poder se comunicar com os outros pra avisar se está tudo bem ou não, precisa usar o telefone de Tammi, então um acaba ficando "dependente" do outro enquanto eles partem a pé no meio da confusão da cidade.

Esse é um conto que vai abordar como a falta de comunicação e interpretação são fatores prejudiciais para um relacionamento, assim como mostra que, mesmo que tarde, ainda é possível tentar reparar os erros se houver espaço para uma boa conversa, desde que alguém esteja disposto a ceder em vez de se achar dona da razão. Não gostei muito da Tammi porque ela me pareceu um tanto tóxica, irritante e imatura com a ideia de que suas suposições sem fundamento correspondem com a realidade, e as conversas dela com Kareem mostram muito bem isso, mas adorei o rapaz com seu amor por música, com seu jeito descolado e protetor, e como ele se preocupa com aqueles que quer bem.
Nota: ★★★☆☆

Sem Máscara, de Nic Stone, é o segundo conto escrito por Nic Stone, e aqui temos JJ Harding e Tremaine Wright que se conhecem desde a infância. O tempo foi passando, JJ começou a jogar basquete, andar com os caras descolados do time da escola e ficar rodeado de garotas bonitas, e Tremaine era aquele que sofria bullying com esses caras. Depois de muito tempo sem se verem, JJ, que no tempo presente estava no metrô, percebe que Tremaine entra no mesmo vagão onde ele estava, e é quando tudo se apaga, o metrô para e as pessoas ficam bem incomodadas estando presas no escuro e naquele calor infernal. JJ fica hesitante em ir falar com Tremaine, então ele começa a lembrar de quando se conheceram e de alguns eventos que ocorreram nesse período, incluindo um "baile de máscaras".

Aqui temos um conto sobre autoconhecimento e a descoberta sobre a bissexualidade. A autora também tenta abordar algumas discussões sociais importantes, como a amamentação em público, por exemplo, mas achei que não se encaixou muito bem quando essa visão veio de JJ, porque ele é aquele tipo de pessoa que não toma frente de nada, ele sempre fica em cima do muro e parece travar quando precisa agir, como se estivesse perdido. O conto em si é praticamente um relato de JJ se descobrindo como bissexual, qual foi o papel de Tremaine nisso e o que acontece nesse reencontro no metrô. Às vezes fiquei com a impressão de que JJ é um super covarde, mas, pensando melhor, pude perceber que na verdade ele representa muito bem as pessoas que ainda tem dificuldades de se assumir e também se sentem perdidas e muito confusas com seus sentimentos e novas experiências.
Nota: ★★★☆☆

Feitas para se encaixar, escrito por Ashley Woodfolk, começa com Nella Jackson apagando um pequeno incêndio causado por velas na Althea House, uma casa de repouso pra idosos onde seu avô Ike vive. Por causa do apagão na cidade, a tão falada Joss Williams, que frequenta a Althea House uma vez por semana com seu cão terapeuta Ziggy, foi chamada nessa sexta-feira em caráter de urgência pra auxiliar os idosos nessa escuridão. E é assim que Nella, depois de tanto ouvir seu avô falar dela, conhece Joss. A atração de Nella por Joss é praticamente instantânea, e a medida que elas recebem uma "missão" de procurar uma foto que o avô disse ter perdido pela casa, elas começam a se aproximar, começam a falar de experiências que já tiveram, e vemos o quanto elas combinam muito bem.

Não vou dizer que o conto é lésbico por envolver duas mulheres, até mesmo porque enquanto vemos Nella trocar mensagens com alguém que seria sua "ex não-namorada", Joss fala de uma experiência com alguém "não binárie e queer" (sim, aqui a gente vê o uso do pronome neutro pra se referir a esse relacionamento que Joss teve), mas se trata dessa aproximação e da química que elas claramente têm.
Eu gostei desse conto de forma geral pela forma como as meninas se conheceram e foram se envolvendo aos poucos, só não curti a estrutura dele pois acabou me soando confuso devido a forma como as coisas foram apresentadas (tanto que tive que ler duas vezes pra entender), além da quantidade de nomes de personagens secundários que, embora a gente saiba que seja dos moradores da casa, não fazemos ideia de quem são e o que fazem exatamente, com exceção de uns três deles. Parece que a autora vai jogando nomes e espera que o leitor adivinhe quem é quem.
Nota: ★★☆☆

Todas as grandes histórias de amor… e pó, de Dhonielle Clayton, é o terceiro conto do livro onde Lana Beauvais-Simmons e Tristán Nestrepo ficam presos numa biblioteca durante o apagão. Eles são melhores amigos desde a infância, e enquanto Tristán faz o estilo popular, dono de podcast e tal, Lana é mais reservada, mais dedicada aos estudos e está tentando arrumar um jeito de contar pra Tristán que o ama antes de sua viajem pra Paris, mesmo que ele seja bem festeiro e viva mostrando pra ela as mensagens e curtidas que ele recebe de várias garotas.

Antes de tudo, acho válido destacar que há várias notas de rodapé pra expor o pensamento "verdadeiro" de Lana acerca de algumas frases ditas no diálogo com Tristan, e eu confesso não ser nada fã desse recurso por motivo de "interrupção constante" que me faz perder o foco, então deixei pra ler tudo depois do conto.
Eu fiquei um pouco irritada com esse lance de Lana gostar de alguém que, a princípio, só a via como amiga, cheio de contatinhos e etc. É meio triste nutrir sentimentos por uma pessoa, ficar guardando isso pra si (as notas de rodapé mostram bem isso), e ainda ficar triste ou sem saber como agir porque essa pessoa vive a vida (já que ele não tem como adivinhar os pensamentos da outra), e como os dois sempre fazem apostas pra qualquer coisa como forma de brincadeira, essa foi a forma de Lana por tudo pra fora. Mas posso dizer que eu adorei esse conto, amei a forma sensível como foi muito bem escrito, com todos os detalhes poéticos, e ainda com uma biblioteca como pano de fundo.
Nota: ★★★★☆

Sem dormir até o Brooklyn, de Angie Thomas, se passa num ônibus de turismo que estava levando uma turma de alunos numa excursão e fica parado no trânsito por causa do apagão. Kayla namora Tre’Shawn, mas tem uma queda por Micah, e alí, no meio dos dois, ela acaba tendo uma epifania depois de bater um papo no escuro com o motorista do ônibus.

Essa é uma história de um "não-triangulo-amoroso" (?). Isso porque o interesse de Kayla por Micah é recíproco, mas não há traição "física". Kayla sabe o quanto é escroto ficar se derretendo por outro cara enquanto namora com Tre, mas ela não consegue controlar esse impulso. E essa confusão toda pra que? Pra gente chegar a conclusão que é um conto sobre autodescoberta e amor próprio. Mesmo que a autora escreva bem e de uma forma bem fluída, achei essa "jornada" de autodescoberta um tanto mal executada.
Nota: ★★☆☆☆

Seymour & Grace, escrito por Nicola Yoon, encerra a antologia trazendo a história de Seymor, um motorista de aplicativo, e Grace, uma passageira jamaicana que está há dois anos em Nova York estudando. Grace está tentando chegar na famigerada festa de que todos falam nos contos anteriores para encontrar com a amiga e tentar reatar com seu ex namorado que também está lá, mas o congestionamento por causa do apagão não está facilitando as coisas. Ouvir o motorista escutando um podcast filosófico sobre a parábola do Navio de Teseu não está ajudando muito, mas o que ela não imaginava era que no final isso faria muito sentido. O clima está meio desconfortável entre os dois, Seymor parece não ter muita noção, a gasolina do carro acaba no meio do caminho, e ele se oferece para acompanhar Grace até a festa a pé. Ela fica um tanto resistente no início, mas acaba aceitando, e eles vão conversando e se conhecendo um pouco mais durante o caminho.

Esse conto foi o melhor pra mim. Ele intercala os pontos de vista de Seymor e de Grace, então podemos saber o que se passa na cabeça de cada um durante esse momento que eles passam juntos, e é impossível não se encantar por toda a simplicidade de Seymor, ou admirar Grace por ser uma jovem tão decidida. A história se concentra e traz reflexões sobre o senso de identidade, sobre as mudanças pelas quais passamos com o tempo, e sobre como essas mudanças interferem no convívio e nos relacionamentos. Grace percebe que o motorista de aplicativo está longe de ser só mais um cara sem noção, e a conexão que surgiu alí mostra que quando suas pessoas são capazes de se enxergar além das aparências, não se deve ignorar a oportunidade de se conhecerem melhor.
Nota: ★★★★★

Enfim, Blackout pra mim foi um livro mediano, que abordou as temáticas escolhidas na maioria das vezes de uma forma um tanto pobre e com termos que ainda não entendi, como por exemplo,"amor negro". Qual a diferença desse amor para os outros amores quando nada nos contos fez alguma referência ou criou situações que explicassem isso melhor? Acho que as vezes não basta somente a representatividade de cor ou gênero, pois se um livro é escrito com um propósito que nao serve pra nada, principalmente quando a mesma história pode ser contada com qualquer outro personagem no lugar dos que estão ali sem que haja diferença, a sensação final é de perda de tempo. Senti falta de situações que tivessem algum impacto maior pra justificar toda a propaganda, que me envolvesse e realmente me ensinasse algo que ainda não sei, mas não foi o caso.