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Amor, Mentiras e Rock & Roll - David Yoon

23 de dezembro de 2021

Título:
Amor, Mentiras e Rock & Roll
Autor: David Yoon
Editora: Seguinte
Gênero: Romance/Juvenil
Ano: 2021
Páginas: 368
Nota:★★★☆☆
Compre: Amazon
Sinopse: Sunny Dae é nerd ― e com orgulho. Essa é a fama que ele e seus dois melhores amigos conquistaram na escola, onde curtir RPG definitivamente não é visto com bons olhos. E estava tudo bem, até Sunny conhecer Cirrus Soh, a garota mais descolada e confiante que ele já viu. Quando Cirrus acha que o quarto do irmão de Sunny é na verdade o dele, o garoto não consegue corrigir o engano. Com os olhos dela brilhando ao ver as guitarras e os pôsteres de rock na parede, ele acaba dizendo que tem uma banda ― embora não saiba nem segurar uma guitarra, ops.
Agora sua única esperança para sustentar a história e conquistar Cirrus é fazer com que seus amigos nerds topem participar de seu plano maluco de tornar essa banda realidade, vestindo as roupas que o irmão mais velho deixou para trás quando se mudou para Hollywood e ensaiando na sala de música da escola. O problema é que logo Sunny descobre que a vida de um rockstar mentiroso não é só fama e glória…

Resenha: Seguindo o estilo de premissa de Frank e o Amor, o primeiro livro do autor, Amor, Mentiras e Rock & Roll também vai abordar as questões de um personagem que conta uma "mentira inocente" pra tentar resolver um problema, quando na verdade ele está criando vários outros.
Sunny Dae é um nerd de carteirinha e sente o maior orgulho disso. Ele e seus dois melhores amigos, Jamal e Milo, são apaixonados por RPG e têm até um canal onde compartilham dessa paixão. Por serem nerds level hard, eles acabam sobrendo bullying no colégio porque, como sempre, os atletas super populares acham os três grandes imbecis que não devem ser levados a sério.
O irmão mais velho de Sunny, Gray, é seu total oposto. Ele é um rockeiro nato, todo descolado, que foi embora pra Hollywood pra seguir seu sonho e está iniciando a carreira como vocalista de uma banda de sucesso. Ao ir embora, ele deixou seu quarto cheio de referências e todo decorado nesse estilo musical. Isso acabou causando uma grande confusão, pois quando Cirrus Soh, uma garota bonita, inteligente e super divertida, se muda pra casa ao lado e o conhece, ela acredita que o quarto de Gray é o de Sunny, e pensando que ela vai rejeitá-lo caso ele mencione sobre seu hobby de nerd, ele acha uma ótima ideia mentir pra impressionar a menina, incorporar a personalidade do irmão, e dizer que ele, junto com seus amigos, fazem parte de uma banda de rock, "Os Imortais".

Como Sunny está naquela fase onde se sente inseguro com várias questões, se sente um ninguém se comparado ao irmão, e acha que não tem nenhuma qualidade interessante pra chamar atenção de alguma garota, ele deixa essa mentira crescer cada vez mais na intenção de continuar mantendo Cirrus interessada nele, mas em vez de contar a verdade pra acabar logo com essa patifaria, ele resolve envolver os amigos no rolo pra formarem uma banda de verdade e tornar essa mentira algo real.

Sendo assim, o foco da história em si não é apenas o romance de Sunny e Cirrus, mas sim o desenvolvimento e o crescimento dele tentando ser o que ele criou, aprendendo a cantar e tocar, mesmo que esteja fingindo ser quem não é, tudo isso pra tornar a sua fic real. Ele e os amigos realmente chegam ao ponto de formarem a banda e pra poderem se apresentar. Esse foi um motivo pra eu não conseguir me apegar aos personagens, não senti nenhuma empatia por Sunny tentar construir um relacionamento que começou todo errado. Em alguns momentos ele se mostra tão egoísta e arrogante, que a vontade era de dar um soco. Cirrus também não fica muito atrás, pois por mais divertida que seja, em muitos momentos ela demonstrou ser alguém sonsa demais e muito superficial, e penso que por ela não ter sido muito bem desenvolvida, ela acabou não tendo atributos marcantes que fizessem alguma diferença. É aquela tipo de casal que, aparentemente, combina, mas a química é zero.

Mas apesar disso, o livro tem seus pontos positivos, sim. A escrita do autor é muito boa, fluída e envolvente, então não dá pra segurar a curiosidade de terminar a leitura e saber que fim essa confusão vai levar. Ele aborda questões sociais relevantes como o racismo e o preconceito, descontrói o valentão da escola mostrando que ele ataca como forma de se defender pra manter sua posição, mas que no fundo se parece muito mais com Sunny do que eles imaginaram. Outro ponto interessante é sobre a relação de Sunny com o irmão. Num determinado momento Gray retorna pra casa, se mostra um idiota, e o conflito que eles travam por causa do "novo Sunny" acaba sendo um estopim para que ambos se enxerguem de uma maneira diferente e amadureçam.

No fim das contas, Amor, Mentiras e Rock & Roll não foi uma leitura perfeita, mas fiquei satisfeita com a história por mostrar as questões das descobertas adolescentes, das confusões que eles se mentem por ainda não terem se encontrado, e da conclusão que se chega mostrando que ser famoso e ter glória pode trazer algumas coisas inesperadas, mas o importante é saber que somos quem somos, e é preciso respeitar e aceitar as qualidades que temos.

Frank e o Amor - David Yoon

3 de janeiro de 2020

Título: Frank e o Amor
Autor: David Yoon
Editora: Seguinte
Gênero: Jovem Adulto
Ano: 2019
Páginas: 400
Nota:★★★★☆
Sinopse: Frank está descobrindo o amor ― e você está prestes a se apaixonar por este livro.
Frank nunca conseguiu conciliar as expectativas de sua família tradicional coreana com sua vida de adolescente na Califórnia. E tudo se complica quando ele começa a sair com a garota de seus sonhos, Brit Means, que é engraçada, inteligente, linda… Basicamente a nora perfeita para seus pais ― caso tivesse origem coreana também.
Para poder continuar saindo com quem quiser, Frank começa um namoro de mentira com Joy Song, filha de um casal de amigos da família, que está passando pelo mesmo problema. Parece o plano perfeito, mas logo Frank vai perceber que talvez não entenda o amor ― e a si mesmo ― tão bem assim.


Resenha:  Frank é um garoto que nasceu na Califórnia, mas seus pais são coreanos e seguem a tradição e a cultura do país de origem deles à risca. Embora eles já vivam nos EUA há anos, eles não parecem estar dispostos a se adaptarem à cultura americana e vivem numa "bolha coreana". Eles são radicais a ponto de Frank nem poder levar seu melhor amigo em casa porque ele é negro, ou um relacionamento só ser aceitável desde que seja com outro coreano, e o maior exemplo disso é a irmã mais velha de Frank, Hanna, que foi expulsa de casa e obrigada a se afastar da família por ter se envolvido com um rapaz que não é coreano. Mas Frank, apesar de querer estar junto com sua família, sonha em poder ser ele mesmo e fazer suas próprias escolhas, e quando ele começa a sair com Brit, sua colega de escola super gente boa, ele vai precisar de um plano já que ela é americana... Então ele se junta a sua, Joy Song, que é coreana e está passando pela mesma situação que ele. Eles vão forjar um namoro para enganar seus pais e poderem sair com seus verdadeiros namorados as escondidas e, a princípio, tudo dá certo, até Frank perceber que ele não entende nada de amor.

Narrado em primeira pessoa, vamos acompanhando Frank e seu dilema de não ir contra seus pais numa tentativa de mostrar pra eles um rapaz que ele não é, e nem gostaria de ser, ao mesmo tempo que ele passa a se conhecer melhor quando está na companhia de Brit e Joy.

Pra quem acompanhou a série Gilmore Girls, essa história vai soar muito familiar quando pensarmos na personagem Lane (interpretada pela atriz Keiko Agena) e na mãe dela, a Sra. Kim (Emily Kuroda), porém, o livro Frank e o Amor tem alguns pontos mais profundos e agravantes, mas muito necessários para levantar questionamentos e discussões que causem reflexão sobre cultura, família, amor, preconceito e racismo.

Não vou negar que por mais interessante que o livro seja, ele não está livre de alguns clichês românticos e adolescentes de livros do gênero. Talvez o que tenha me agradado mais foi a dinâmica familiar, que é insuportável e é a causa das reflexões que tive. Não consigo me imaginar com pais tão preconceituosos e de mente tão fechada que nem os de Frank, e o autor mostra de uma forma muito crua o que eles pensam sobre quem é "diferente", e chega a ser tão triste quanto horrível.
Nesse relacionamento familiar também vi a dificuldade do próprio Frank em demonstrar seus sentimentos e expor o que ele pensa por medo de ir contra a família. Não acho que os pais tem que ser melhores amigos dos filhos, mas se não existe confiança e abertura para um simples diálogo para que possam chegar a um consenso sobre algum assunto que pode envolver o futuro do menino, pra que ele possa receber orientações ou coisa do tipo e parece estar ali só pra obedecer e nada mais, não se pode esperar que os filhos não se revoltem e saiam por aí fazendo o que não deve. Se não quisessem expor os filhos a outra cultura e a outros modos de vida por não aceitarem aquilo, que tivessem ficado no país deles em vez de irem viver o "sonho americano" enquanto causam pesadelos na vida dos filhos com uma tradição que nos EUA (e em vários lugares do mundo) é ultrapassada. A sensação que fica é que ele não ganhou amor dos pais o suficiente, somente imposições absurdas, então esse é um dos motivos de ele também não saber muito bem o que ele está sentindo.

Alguns trechos de conversas entre os pais de Frank e os pais de Joy são em coreano, e sem uma nota de rodapé com a tradução daquele monte de símbolos que o próprio Frank tem dificuldades em entender, não faço a menor ideia do que estava sendo dito e ficamos tão perdidos quanto o menino. Por um lado é legal mostrar o idioma deles, mas me senti assistindo um filme legendado, daqueles que quando o personagem não fala inglês, não tem legenda e a gente só imagina que boa coisa aquilo não deve ser.

Por ser livro de estreia do autor, achei a escrita fluída e com toques de bom humor na medida certa. O tema escolhido também é muito pertinente na nossa realidade pelo fato de criticar explicitamente o racismo na sociedade, enquanto aborda a diversidade e a cultura entre países tão diferentes.

Pra quem gosta de romances juvenis, com seus vários dilemas e descobertas sobre quem somos nesse mundão, e ainda aprendermos um pouco mais sobre uma cultura diferente e sobre os males do preconceito, é leitura super recomendada.