A Herdeira da Morte - Melinda Salisbury

18 de fevereiro de 2019

Título: A Herdeira da Morte - A Herdeira da Morte #1
Autora: Melinda Salisbury
Editora: Fantástica Rocco
Gênero: Fantasia/Jovem adulto
Ano: 2016
Páginas: 320
Nota:★★★★☆
Sinopse: Twylla tem 17 anos, vive num castelo e, embora seja noiva do príncipe, não é exatamente um membro da corte. Ela é o carrasco. Primeiro de uma surpreendente série de fantasia, Herdeira da Morte conta a história de uma garota capaz de matar instantaneamente qualquer pessoa que ela toca. Até mesmo seu noivo, cujo sangue real supostamente o torna imune ao toque fatal de Twylla, evita sua companhia. Porém, quando um novo guarda chega ao castelo, ele enxerga a garota por trás da Deusa mortal que ela encarna, e um amor proibido nasce entre os dois. Mas a rainha tem um plano para acabar com seus inimigos, e eles incluem os dons de Twylla. Será que a jovem se manterá fiel a seu reino ou abandonará tudo em nome de um amor condenado?

Resenha: Aos treze anos, Twilla, que era a filha da Devoradora de Pecados num vilarejo modesto do reino de Lomere, foi levada pela própria rainha depois de acreditarem que ela era a Daunem Encarnada, a reencarnação da filha dos deuses Daeg (Sol) e Naeg (Lua). Assim, ela deveria ser treinada para manter a esperança do reino, como futura rainha. Mas, enquanto ela não se casa com o príncipe, sua função é comparecer a um ritual em que deve ingerir a Praga-da-Manhã, um veneno letal, e sobreviver. Isso prova que ela é, de fato, a reencarnação da filha dos deuses. Porém, esse ritual fez com que a pele de Twilla se tornasse mortal devido ao veneno, e qualquer um que recebesse seu toque, mesmo que sem intenção, estaria fadado à morte. Esse "dom" fez dela o carrasco da rainha, e todos aqueles considerados traidores seriam tocados por Twilla como castigo e para reforçar a ideia de que os deuses, assim como a ira deles contra os descrentes, são reais.

Twilla já se sentia solitária por não poder ter muito contato com ninguém, e mesmo sendo vigiada por guardas da rainha o tempo todo, ela se torna ainda mais reclusa depois do melhor amigo ter sido considerado um traidor e ela ter sido obrigada e tocá-lo.
Quatro anos se passaram desde a chegada da garota ao castelo, e Twilla, já com seus dezessete anos, espera pelo príncipe e pelo casamento que está próximo. Até que Dorin, o guarda de confiança mais antigo de Twilla, adoece, e ela passa a ser protegida por um novo guarda, Lief, um jovem bonito que veio de um reino inimigo, e que a trata como se ela fosse normal, como se seu toque não representasse nenhum risco para ele. Por tratá-la como igual, Lief desperta a curiosidade de Twilla, e a chegada do rapaz acaba mudando a rotina da mocinha. mas, mesmo que Twilla seja noiva do príncipe, ela, agora, ficará entre seus deveres e seus mais novos sentimentos...

Narrado em primeira pessoa, acompanhamos Twilla e o fardo que ela carrega ao desempenhar um papel no reino que, ao mesmo tempo que dá esperança e mantém o povo sob controle, gera temor para aqueles que, aos olhos da rainha, não andam na linha. Dessa forma, embora não seja perfeita, é possível ter empatia e entender o comportamento da protagonista, pois por mais que ela viva num castelo cheio de luxos, fartura e tenha o maior conforto possível, ela foi moldada para um propósito e deve servir aos caprichos mais cruéis da rainha, e ainda obedecer a qualquer ordem que lhe é dada. Isso torna Twilla uma jovem infeliz, vazia, isolada devido a sua condição, e que sempre fora usada por aqueles que a tiraram de sua verdadeira família, sem ter poder de escolha, cujo destino não pode ser determinado por ela mesma.

Embora o livro dê essa ideia irritante de um triângulo amoroso entre Twilla, Lief, e Merek (o príncipe), a autora dá um rumo diferente para os acontecimentos, e o conflito emocional que existe aqui não fica inteiramente voltado para essa questão, e isso fica bem evidente quando Twilla e Merek acabam se conformando com a situação e passam a ter pequenos encontros para se conhecerem melhor, mas o incômodo, por sempre estarem pisando em ovos ao fazerem algo em nome de uma tradição que eles são obrigados a seguir, é inevitável. E em contrapartida, é inegável a curiosidade que Twilla passa a ter por Lief e seu jeito descontraído e despreocupado de formalidades. Assim, com a ideia de um casamento arranjado e com chegada de Lief, Twilla começa a enxergar o mundo à sua volta com outros olhos e, aos poucos, vai tomando as rédeas da própria vida, fazendo escolhas pela primeira vez. É um desenvolvimento lento, difícil, mas que rende experiências incríveis e muito satisfatórias a ela, mesmo que Twylla tenha precisado desses dois personagens masculinos para cair em si, em vez de ter se dado conta de tudo sozinha.

Por se tratar do primeiro volume, este livro é bastante introdutório, com várias descrições e detalhes para situar o leitor nesse universo, mas que muitas vezes acabam interrompendo a fluidez da leitura e a deixando um pouco fragmentada. Enquanto Twilla explica determinada situação, ela já aproveita de um gancho para explicar outra coisa, e até retornar e continuar com a primeira, é provável que já tenhamos esquecido do que ela estava falando. Então por mais que eu tenha achado a história bem interessante e original, esse recurso narrativo tornou a leitura um pouco cansativa, e, talvez, se essas explicações tivessem sido encaixadas de outra forma, com capítulos próprios talvez, teria sido melhor.

No mais, A Herdeira da Morte foi um livro que me surpreendeu bastante, não só pela capa bonita e cheia de detalhes, mas por trazer uma história sobre uma garota que descobriu que seu poder é muito maior do que ela poderia imaginar.

Games - Don't Starve

14 de fevereiro de 2019

Título: Don't Starve
Desenvolvedora: Klei Entertainment
Plataforma: Android, PS4, Nintendo Switch, iOS, PC...
Categoria: Sobrevivência/Aventura/Estratégia/Terror
Ano: 2013
Classificação Indicativa: 10+
Nota: 
Sinopse: Don't Starve é um jogo de sobrevivência selvagem intransigente, cheio de ciência e magia. Entre em um mundo estranho e inexplorado cheio de estranhas criaturas, perigos e surpresas. Reúna recursos para criar itens e estruturas que correspondam ao seu estilo de sobrevivência.
Depois de séculos sem jogar alguma coisa que realmente me prendesse a atenção, eis que descubro Don't Starve, um game para PC (e outras várias plataformas) lançado em 2013, onde o personagem selecionado acorda numa terra desolada e macabra, e, a partir daí, ele ou ela terá como objetivo adquirir conhecimento e lutar pela sobrevivência.

Embora cada personagem tenha suas próprias descrições e características peculiares, que dentro do jogo podem ser bem úteis (ou não), não há uma história propriamente dita, e a ideia principal é usar a lógica e montar uma estratégia para jogar a campanha cuja mecânica é até bem simples, envolvendo passar o verão e o inverso rigoroso, coletando recursos, procurando e produzindo comida, construindo uma base de acampamento segura, tentando escapar ou enfrentar os monstros hostis, horripilantes e assustadores que aparecem para te matar, e, principalmente, NUNCA ficar no escuro para evitar ser morto pelos ataques de monstros e das forças sombrias e demoníacas que rondam por alí.


Ao iniciar um jogo, o mundo gerado é totalmente aleatório, e como deve ser explorado para o mapa ser revelado ao mesmo tempo, a dificuldade do jogo é algo imprevisível, pois nunca sabemos onde exatamente encontrar comida, recursos, ou criaturas, sejam aquelas das quais precisamos da ajuda para manter a sobrevivência, ou aquelas das quais devemos fugir desesperadamente para não sermos atacados e mortos. Os tipos de solo e vegetação, os chamados "biomas", podem até dar um indicativo do que pode ou não ser encontrado ali, mas nem sempre existe garantia de que vamos mesmo encontrar o que estamos procurando. Pode ser necessário explorar a ilha por dias até encontrar o que é preciso para colocar o plano estratégico de sobrevivência em prática, mas como cada área reserva uma surpresa, tudo é muito imprevisível e, na maioria das vezes, é preciso improvisar com o que se tem e com o que é encontrado pelo caminho.


Os dias são divididos em três estágios (dia, tarde e noite), e a duração de cada um deles depende da estação. No verão as noites costumam ser mais curtas, e no inverno são bem mais longas, o que indica muito mais perigo. Jogar no inverno sem segurança e sem estar preparado, seja sem roupas quentes ou sem comida suficiente estocada, é pedir pra morrer. No inverno, o personagem sente frio se a temperatura abaixar muito, a tela até "congela", e ele pode morrer de hipotermia, coitado. Durante o dia o momento é ideal para a exploração, pois há muita luz e os perigos costumam ser um pouco menores. A tarde o cenário já fica bem escuro e numa tonalidade avermelhada, e isso pode dificultar um pouco caso seja preciso explorar. A noite a escuridão é total (exceto no período da lua cheia), logo não há muito o que fazer, e se você não tiver recursos para construir uma tocha ou fogueira para clarear o mínimo possível, a espera pela morte certa dura segundos. O nível de dificuldade do jogo vai aumentando de acordo com os dias que você consegue sobreviver, assim como as criaturas, que vão evoluindo, se tornando maiores e bem mais perigosas.


Existe um medidor de fome, vitalidade e sanidade, e é preciso ficar atento a essas necessidades para que o personagem não morra de fome (é o nome do jogo, inclusive), não sofra danos que podem matá-lo, e nem fique pirado por estar com medo ou por fazer coisas que não o deixam feliz. Alguns têm reações bastante negativas quando o nível de sanidade está muto baixo, e vários espíritos malignos começam a persegui-lo.


Embora o jogo seja super divertido e viciante, um ponto bastante frustrante é a questão da própria morte, pois se não tivermos os meios certos de voltar à vida, o jogo acaba e você, literalmente, perde tudo, independente do dia que você conseguiu chegar. Algumas coisas, embora pareçam óbvias, não são muito intuitivas para se fazer ou construir, então, se você não quiser passar séculos jogando e sofrendo na pele todas as inevitáveis milhões de mortes para aprender na marra como se faz, recomendo pesquisar videos e tutoriais sobre o jogo para se ter uma boa noção de como funciona, pra que as coisas servem e etc, assim a vida do seu personagem, seja ele qual for, não vai ser tão difícil.


Como eu, leiga e inexperiente, já tive a paciência testada e passei momentos de raiva e desgosto por ter morrido no primeiro dia, ou ter morrido por bobeira depois de ter construído todos os itens básicos do meu acampamento, minha salvação foi procurar por alguns videos de game play e tutoriais do jogo no YouTube, pois assim fica um pouco mais fácil pegar algumas dicas de quem já joga há anos, e ter uma noção maior da função de cada item, do que fazer e por onde começar, e até que tá dando certo, pelo menos por enquanto.

Outra coisa que me agradou e achei muito legal foi o visual do jogo, que embora seja "fofo" e com animações divertidas, tem toques bem góticos e é bastante sombrio. Os personagens são cabeçudos com corpinhos minúsculos, tem traços de rabisco, como se tivessem sido ilustrados à mão, e com olhos vazios e assustadores parecendo estarem possuídos. O legal é que cada um tem suas vantagens e desvantagens durante o jogo, então por mais que ele tenha alguma característica que seja boa, ele também vai ter alguma coisa que atrapalha. É o caso da Willow, por exemplo, que tem um isqueiro bastante útil mas, quando está com a sanidade baixa, põe fogo em tudo, inclusive na base, fazendo com que a gente perca tudo e precise reconstruir o que virou cinzas. A trilha sonora é sinistra e muito bacana, e já adianto que jogar esse jogo sem som é impossível. É preciso ficar atento aos sinais e a cada barulhinho que aparece, pois são eles que dão os primeiros indícios da chegada dos monstros mais terríveis e temíveis desse universo. A cada rosnado, cada rugido, cada ganido é garantia de sustos e arrepios, e a fuga, quando estamos sendo perseguidos, é uma experiência, no mínimo, frenética.


Vale lembrar que o jogo pode ser comprado pela Steam, e é bem baratinho (eu comprei na promoção por R$26,00 o pacotão com três expansões que são jogadas individualmente, Reign of Giants, Shipwrecked e Hamlet, e junto veio a versão multiplayer que dá pra jogar online com os amigos - não tenho nenhum 😥 -, o Don't Starve Together). Ainda não testei jogar com as expansões, mas logo logo começo os testes. A vantagem da compra é que as atualizações para melhorias, e até inclusão de novos personagens, são automáticas (desde que o jogo não seja pirata, claro).

Enfim, Don't Starve é um jogo que não só desenvolve o raciocínio e a lógica nessa saga pela sobrevivência, mas também é super divertido, cheio de ação, aventura, violência moderada e um pouquinho de fantasia, que no começo até faz a gente passar um pouco de raiva e aperto, mas que é viciante e impossível de largar.

Wishlist #65 - Funko Pop - Kubo and the Two Strings

10 de fevereiro de 2019

Depois que assisti a animação Kubo e as Cordas Mágicas (crítica aqui), fiquei imaginando quando a bendita Funko lançaria os personagens em forma de popinhos. Já faz um tempo desde que lançaram e eu fui enrolando pra poder fazer esse post por não serem as maiores prioridades (Harry Potter que o diga), mas, claro, é um set pequeno (que infelizmente faltou personagens bem marcantes) que não pode ficar de fora da lista de desejos. Só lamento pelo fato de o desenho não ter caído na graça popular, talvez por não ter uma pegada a la Disney e ser mais voltado para um público mais adulto devido ao tema que aborda, então muita gente sequer ouviu falar, mas, com certeza, é um filme que traz uma mensagem super bonita e que vale a pena ser assistido por muitas vezes. Espiem os fofildos:



Os Tambores do Outono - Diana Gabaldon

9 de fevereiro de 2019

Título: Os Tambores do Outono - Outlander #4
Autora: Diana Gabaldon
Editora: Arqueiro
Gênero: Romance histórico/Fantasia
Ano: 2018
Páginas: 880
Nota:★★★★☆
Sinopse: Após tomar a difícil decisão de deixar a filha no século XX e viajar no tempo novamente para reencontrar seu grande amor, Claire Randall tem mais um desafio: criar raízes na América colonial do século XVIII ao lado de Jamie Fraser. Eles partem rumo à Carolina do Norte para achar um novo lar e contam com a ajuda de Jocasta Cameron, tia de Jamie e dona de uma propriedade na região.
Enquanto isso, em 1969, Brianna Randall se une a Roger Wakefield, professor de história e descendente do clã dos MacKenzie, para descobrir as respostas sobre as próprias origens e sobre Jamie, o pai biológico que nunca conheceu.
Em meio às buscas, ambos encontram indícios de um incêndio fatal envolvendo os pais de Brianna. Mas Roger não pode lhe contar isso, porque sabe que a namorada tentaria voltar no tempo para salvá-los. Por outro lado, Brianna também não compartilha sua descoberta, pois tem certeza de que Roger tentaria impedi-la.
Nesse livro emocionante, repleto de ação, intrigas e detalhes históricos, as barreiras do espaço e do tempo são postas à prova pelo amor de um casal e pela coragem de sua filha em mudar o destino.

Resenha:  Depois de terem vivido uma aventura cheia de perigos na África, um furacão atinge o barco onde Claire e Jamie estavam e um naufrágio foi inevitável. Porém, em terras firmes, eles descobrem que atravessaram o oceano e agora estão na América. Sozinhos e desamparados, resta a eles encontrarem Jocasta, uma tia abastada de Jamie com uma grande propriedade e prestígio social. Mas, embora o casal tenha decidido se fixar na América para reconstruir a vida na Carolina do Norte, o convívio nas terras de Jocasta não agrada Claire devido aos inúmeros escravos que a servem, e por mais que Jamie seja o único herdeiro da tia, esse conflito de interesses e moral fazem com que eles decidam procurar outra terra, que posteriormente é chamada de Cordilheira dos Frasers, mas acabam se envolvendo novamente com as questões políticas dos colonizadores ingleses, e, claro, outras dificuldades.
No presente, em 1969, Brianna acaba descobrindo algumas informações preocupantes relacionadas aos seus pais que estão vivendo no século XVIII, e isso faz com que ela tome a importante decisão de viajar no tempo, como sua mãe havia feito, numa tentativa desesperada de tentar evitar um destino trágico. Mas, quando Roger, seu namorado, descobre que Brianna partiu em segredo, ele não pensa duas vezes em atravessar as pedras para ir atrás dela, até acontecer um grande mal entendido que seria o estopim para o desenrolar dramático da história...
E em meio a um século onde a escravidão era algo rotineiro, assim como os constantes confrontos sangrentos entre colonos brancos e índios, Claire, que conhece como a História termina, não poderia fazer nada a não ser arriscarem tentar viver em paz em terras tão hostis.

Narrado em primeira pessoa alternando passado e presente, e também os pontos de vista entre Claire e Brianna, a história se desenvolve num cenário descrito de forma deslumbrante e com detalhes que fazem com que o leitor se imagine dentro das páginas.
A forma como a autora mescla ficção com fatos históricos, assim como a adaptação gradual do casal no Novo Mundo, também deixa o enredo bastante rico e convincente, como é o caso dos escravos e como eles eram obrigados a servirem e se submeterem aos seus senhores para que não fossem castigados ou até mesmo mortos; como os índios foram tratados durante a colonização, entrando em confrontos, e sendo caçados e expulsos das próprias terras; e ainda dá um vislumbre acerca das questões políticas e da pirataria em si, de onde surge Stephen Bonnet, o vilão da vez que está ali para criar problemas e causar o maior número de danos possíveis. Não posso deixar de falar também sobre o relacionamento de Brianna e Jamie, que nunca haviam se visto e vão precisar conhecer um ao outro, lidando com a ideia de pertencerem a épocas diferentes mas cujas personalidades (e aparências) são praticamente iguais, teimosos e impulsivos. Ainda há a questão de Frank Randall que, mesmo estando morto, ainda é lembrado constantemente, afinal, ele é quem criou e foi o pai de Brianna durante toda a sua vida e as comparações da menina, assim como o ciúme de Jamie que também está lidando com a ideia de conviver com a filha já adulta e recém chegada, são inevitáveis.

O romance, como sempre, é muito bonito, cheio de química e sensualidade e é muito inspirador, seja por parte de Claire e Jamie, quanto de Brianna e Roger. A autora consegue mostrar que quando o amor é forte e verdadeiro o bastante, as pessoas fazem loucuras e sacrifícios, e enfrentam coisas inimagináveis para ficarem ao lado de quem amam, porém, achei que houve uma mudança um tanto drástica no desenvolvimento de Claire e Jamie que fogem bastante do que fora apresentado nos livros anteriores. Se antes Jamie era um guerreiro destemido que sempre estava um passo a frente dos outros, neste livro ele se mostra um tanto idiota e cabeça dura como um velho ranzinza. As atitudes e reações de Claire, que está muito mais reservada e introspectiva, na grande maioria das vezes parecem não fazer sentido dentro da situação em que ela se encontra, seja no âmbito emocional e até no que diz respeito às suas habilidades de médica, cirurgiã e curandeira. Algumas cenas são fortes, pesadas e dramáticas o bastante para comover e até arrancar lágrimas, outras de matar qualquer um de revolta e indignação quando fica evidente o quanto as mulheres não tinham direitos e só tinham que s submeterem frente aos homens e suas vontades doentias, mostrando uma sociedade dominada pelo homem branco em busca de riquezas, propriedades e poder.

O livro tem seus altos e baixos, mas o que me fez não tornar essa história digna de cinco estrelas foi o fator "enrolação", pois a falta de comunicação e os milhares de mal entendidos que aparecem desencadeiam uma série de acontecimentos mirabolantes, rendendo uma viagem a pé de mais de mil quilômetros com meses e meses de duração, que colocam os personagens nas piores e mais perigosas furadas que se possa imaginar, e que fazem a trama ter seus momentos de tensão e agonia, mas que poderiam ser evitados se os personagens simplesmente conversassem, em vez de ficarem guardando segredos, ou se dessem ao mínimo trabalho de perguntar o que está acontecendo, e isso acabou sendo um pouco cansativo, pois soa muito mais como encheção de linguiça pra aumentar a história do que um desenvolvimento digno propriamente dito.

Enfim, com tantos acontecimentos interligados, como algo pequeno e que pode passar despercebido lá no início ter um grande impacto lá na frente (elemento bem funcional já utilizado pela autora nos outros livros), e, claro, várias reviravoltas, mesmo com alguns problemas de desenvolvimento, Outlander é uma das melhores e mais bem escritas séries que estou tendo o prazer de acompanhar, seja em forma de livros ou em forma de seriado, e é uma das minhas favoridas da vida. A impressão que tive é que esse livro em particular foi mais lento do que os anteriores, talvez numa tentativa de preparar o terreno para o que ainda está por vir, mesmo que os personagens tenham passado por várias situações complicadas. A história termina com aquele gostinho agridoce de final feliz, o que acaba sendo uma surpresa quando se trata da autora, mas sabemos que ainda tem muito mais pela frente.