A Invasão de Tearling - Erika Johansen

20 de outubro de 2018

Título: A Invasão de Tearling - A Rainha de Tearling #2
Autora: Erika Johansen
Editora: Suma de Letras
Gênero: Fantasia/Distopia/Jovem Adulto
Ano: 2017
Páginas: 400
Nota:★★★★★
Sinopse: Kelsea Glynn é a rainha de Tearling. Apesar de ter apenas dezenove anos e nenhuma experiência no trono, Kelsea ficou rapidamente conhecida como uma monarca justa e corajosa. No entanto, o poder é uma faca de dois gumes. Ao interromper o comércio de escravos com o reino vizinho e tentar conseguir justiça para seu povo, ela enfurece a Rainha Vermelha, uma feiticeira poderosa com um exército imbatível. Agora, à beira de ver o Tearling invadido pelas tropas inimigas, Kelsea precisa recorrer ao passado, aos tempos de antes da Travessia, para encontrar respostas que podem dar ao seu povo uma chance de sobrevivência. Mas seu tempo está acabando...

Resenha: Depois de ter perdido a mãe e vivido por dezenove anos escondida sob os cuidados de seus tutores, a princesa Kelsea precisou retornar ao reino de Tearling para assumir seu lugar no trono como rainha. Não seria uma tarefa fácil, visto que o atual regente, seu tio, não estava disposto a abrir mão do poder a ponto de contratar mercenários para "cuidar" da garota. Mas, mesmo se sentindo despreparada, Kelsea não iria desistir do seu destino, e se tornar uma rainha determinada, corajosa e justa com o povo não seria uma opção. Assim, quando ela começa a tomar algumas decisões em prol do reino e rompe um acordo com o reino vizinho, a temida e poderosa Rainha Vermelha fica enfurecida e prestes a invadir Tearling com seu exército imbatível sem que haja chances de se defenderem. Agora, resta a Kelsea buscar informações e respostas sobre as origens de seu reino, pois ela acaba se dando conta de que para mudar o futuro, deve conhecer um passado de séculos atrás, do período anterior à Travessia (a viagem a navio que foi feita quando o continente foi deixado pra trás em busca de um mundo melhor), pois isso pode ser a chave para a sobrevivência de todos.

Diferente do primeiro livro que serviu para introduzir o leitor ao universo criado pela autora, talvez por já estarmos situados ao cenário, este já traz uma narrativa com um tom diferente, com uma trama ainda mais complexa e cheia de camadas. Elas vão formando ligações fantásticas e amarrando várias pontas no desenrolar da história fazendo as coisas se encaixarem de forma surpreendente. Umas das questões que ficou em aberto no primeiro livro sobre o motivo da sociedade viver numa era medieval em pleno futuro é trabalhada, e eu adorei as explicações dadas. Até então, o leitor só sabia que o mundo anterior era como o nosso, mas alguma coisa aconteceu e as pessoas começaram a deixar tudo pra trás, embarcando em navios e levando toda a tecnologia que pudessem rumo a algum lugar. Porém, durante essa Travessia, houveram naufrágios e tudo se perdeu, o que levou as pessoas a regredirem, viverem sem tecnologia e maiores recursos e retornarem a monarquia na tentativa de manter a ordem. Não vou me estender sobre essa questão pois a graça é descobrir o que a autora reservou pra gente, mas posso afirmar que partindo de como esse passado é abordado e exposto, nossa visão acerca desse universo começa a se moldar de acordo com o avanço das explicações, e começamos a encarar a história de uma forma muito mais positiva e interessante, principalmente quando percebemos que a quantidade de caminhos que podem ser seguidos, a partir dessas informações sobre o passado, aumenta bastante.

Embora a história seja interessante, super envolvente e ganhe um ritmo frenético com passagens que se alternam entre passado e presente e sob os pontos de vistas de  Kelsea e Lily, a forma como a diagramação do livro foi feita acaba tornando a leitura um pouco cansativa. Os capítulos são muito longos, dispostos em blocos de textos maciços e não possuem um espaçamento legal entre parágrafos que permita com que o leitor dê uma respirada.

Vamos acompanhando o passado sofrido da misteriosa Lily, uma mulher que aparece nas visões de Kelsea e a afeta diretamente, assim como o momento presente que está ameaçado pela Rainha Vermelha.
Inicialmente é incômodo acompanhar os acontecimentos vividos por Lily e a sensação é de estar num looping. Ela viveu numa época em que as mulheres eram oprimidas e foi revoltante acompanhar tantas agressões que ela sofria nas mãos daquele marido odioso. Num primeiro momento isso não parece ter a ver com a história, mas, com o desenrolar dos fatos, as coisas começam a se encaixar e entendemos o motivo dessa parte tão comovente quanto assustadora da vida dela ser abordada.

Kelsea também agrada bastante como protagonista, tanto por, inicialmente, não ter a aparência estereotipada de alguém da realeza, o que traz um diferencial à trama, quanto por suas atitudes nada convencionais de se resolver as coisas. Pode ser contraditório, mas ela faz o que acredita ser o certo, mesmo que, às vezes, não esteja certa. O fato de sua aparência ter começado a mudar para que ela, aos poucos, fosse ficando mais bonita e esbelta, quando ela não era assim, foi bem desnecessário e isso não me agradou muito. Talvez isso tenha um propósito no futuro, então nessa parte vou dar um voto de confiança pela autora, pois ela merece depois de tudo o que ela criou. Mas fora isso, é bem bacana acompanhar sua evolução como rainha, a forma como ela vai amadurecendo e adquirindo mais sabedoria para resolver e lidar com as questões do reino, mas é ainda mais gratificante acompanhar a descoberta da mulher que ela está se tornando. Ela é uma das heroínas imperfeitas mais perfeitas que tive o prazer de acompanhar.

Enfim, este livro ficou livre da "maldição do segundo volume" e é uma sequência criativa, empolgante e que supera o anterior, e pra quem gosta de histórias com cenários bem diferentes dos habituais, que envolvem conquistas e batalhas em busca do poder, e ainda traz personagens empoderadas e únicas, é leitura obrigatória.

A Caçadora de Dragões - Kristen Ciccarelli

18 de outubro de 2018

Título: A Caçadora de Dragões - Iskari #1
Autora: Kristen Ciccarelli
Editora: Seguinte
Gênero: Fantasia/Jovem Adulto
Ano: 2018
Páginas: 386
Nota:★★★★★
Sinopse: Quando era criança, Asha, a filha do rei de Firgaard, era atormentada por sucessivos pesadelos. Para ajudá-la, a única solução que sua mãe encontrou foi lhe contar histórias antigas, que muitos temiam ser capazes de atrair dragões, os maiores inimigos do reino. Envolvida pelos contos, a pequena Asha acabou despertando Kozu, o mais feroz de todos os dragões, que queimou a cidade e matou milhares de pessoas — um peso que a garota ainda carrega nas costas. Agora, aos dezessete anos, ela se tornou uma caçadora de dragões temida por todos. Quando recebe de seu pai a missão de matar Kozu, Asha vê uma oportunidade de se redimir frente a seu povo. Mas a garota não vai conseguir concluir a tarefa sem antes descobrir a verdade sobre si mesma — e perceber que mesmo as pessoas destinadas à maldade podem mudar o próprio destino.

Resenha: Num mundo dividido entre homens e dragões, onde o simples ato de contar histórias pode ser fatal. Quando pequena, Asha sofria com pesadelos terríveis e sua mãe lhe contava histórias antigas que, apesar de acalmar a menina, atraíam dragões para o reino e desencadeava um grande caos. Asha só descobriu o quanto essas histórias eram perigosas quando sua mãe morreu por causa delas, e quando contou, sem saber das consequências, essas histórias para o povo, onde despertou e atraiu o mais terrível dos dragões: Kozu. Ele matou milhares de pessoas, destruiu metade da cidade de Firgaard e marcou a garota pra sempre. As histórias, desde então, foram proibidas. Agora, aos dezessete anos, a jovem princesa é a caçadora de dragões oficial do reino. Ela tomou como missão de sua vida matar todos os dragões que puder encontrar como forma de se redimir. E para reparar o estrago feito na cidade e na vida de muitas pessoas por algo que ela acredita ser sua culpa, ela precisa acabar com Kozu, mas não antes de embarcar numa jornada onde vai descobrir a verdade sobre tudo o que aprendeu e sobre si mesma...

Narrada em terceira pessoa, a história requer um tempinho para que possamos nos adaptar às nomenclaturas diferentes e a estrutura social super complexa de Firgaard, mas logo fisga o leitor com a excelente escrita da autora e com o seu desenvolvimento. Os capítulos se intercalam com trechos das histórias proibidas, as mesmas que atraem dragões e matam as pessoas quando são contadas, e elas expandem nossa visão desse mundo deixando a trama muito mais rica e interessante.

Inicialmente não tive muito simpatia por Asha pois, embora seja forte, leal e feroz, ela é imatura e toma atitudes um tanto questionáveis, principalmente antes de ir atrás de Kozu. Assim, sua jornada não é só para caçar, matar o dragão e trazer a cabeça dele para seu pai, mas também para que ela passe por várias coisas que serão responsáveis pelo seu amadurecimento como pessoa, para torná-la mais humana, mais sensível e menos alheia aos problemas do reino.
Assim, os personagens secundários acabam tendo um papel muito importante não só no desenrolar da trama, mas também no desenvolvimento e amadurecimento da própria protagonista.

Como um bom livro jovem adulto, não poderia faltar o elemento romance, e fiquei super satisfeita com a ideia de que o relacionamento é algo que não desvia o leitor do foco principal, se desenvolve sem pressa, de forma sutil e que aos poucos vai amolecendo o coração de Asha.

Assim, nos deparamos com uma história rica em sua construção e em sua mitologia, e através de sua protagonista podemos perceber que, embora o passado tenha deixado nela várias cicatrizes e a obrigado a seguir por um caminho que ela não pôde escolher, a liberdade é algo que sempre vai falar mais alto.

Eu gostei bastante da diagramação em geral e da capa que a Editora Seguinte escolheu para publicar a obra aqui no Brasil. É simples mas super bonita e condizente com a história. Acho que nem teria como aproveitar a capa original já que a bendita é a mesma usada por J.A. Redmerski em O Retorno de Izabel (e a capa gringa também é igual).


Enfim, A Caçadora de Dragões é o início de uma trilogia fantástica que superou as minhas expectativas, principalmente por ser livro de estreia da autora, e agora só me resta aguardar ansiosa pela continuação. Pra quem é fã de fantasia e adora histórias com dragões, é leitura mais do que recomendada!

O Dueto Sombrio - Victoria Schwab

17 de outubro de 2018

Título: O Dueto Sombrio - Monstros da Violência #2
Autora: Victoria Schwab
Editora: Seguinte
Gênero: Urban Fantasy/Jovem Adulto
Ano: 2018
Páginas: 448
Nota:★★★★☆
Sinopse: Na sequência final de A Melodia Feroz, Kate Harker precisa voltar para Veracidade e se unir ao sunai August Flynn para enfrentar um ser que se alimenta do caos.
Kate Harker não tem medo do escuro. Ela é uma caçadora de monstros - e muito boa nisso. August Flynn é um monstro que tinha medo de nunca se tornar humano, mas agora sabe que não pode escapar do seu destino. Como um sunai, ele tem uma missão - e vai cumprir seu papel, não importam as consequências.
Quase seis meses depois de Kate e August se conhecerem, a guerra entre monstros e humanos continua - e os monstros estão ganhando. Em Veracidade, August transformou-se no líder que nunca quis ser; em Prosperidade, Kate se tornou uma assassina de monstros implacável. Quando uma nova criatura surge - uma que força suas vítimas a cometer atos violentos -, Kate precisa voltar para sua antiga casa, e lá encontra um cenário pior do que esperava. Agora, ela vai ter de encarar um monstro que acreditava estar morto, um garoto que costumava conhecer muito bem, e o demônio que vive dentro de si mesma.

Resenha: Seis meses depois do que aconteceu no livro anterior, Kate está em Prosperidade trabalhando como assassina de monstros, enquanto August está em Veracidade liderando um grupo que visa eliminar quantos monstros puderem. A trégua não existe mais e a guerra entre humanos e monstros parece muito longe de chegar ao fim. Tudo piora ainda mais quando Kate descobre a existência de um monstro com poderes bem diferentes daqueles que já existem: ele força as pessoas a matarem outras, e o caos que esses atos de violência extrema desencadeia, é o que o alimenta. Assim, com receio do que pode acontecer, ela decide voltar para veracidade a fim de combater essa terrível ameaça.

Mantendo o padrão do primeiro volume, o livro é narrado em terceira pessoa trazendo o ponto de vista de Kate e August, com capítulos curtos, e continua tão envolvente e fluído quanto. A diferença é que este apresenta uma sequência muita mais sombria, com mais perigos e outras questões pessoais enfrentadas pelos personagens, que acabam os transformando com relação ao seus desenvolvimentos. É praticamente impossível viver num lugar quando o medo toma conta, não se tem comida, não se pode dormir, e nunca se sabe quando um mostro pode atacar.

August e Kate possuem uma química muito boa. No primeiro volume torcíamos para que eles ficassem juntos, mesmo que fosse algo impossível em meio a todo aquele caos plantado no mundo, e agora torcemos por um reencontro e ficamos felizes por eles se entenderem e fazerem bem um pro outro de uma forma bem natural.

August já está numa posição um pouco mais delicada e ele é um personagem bastante complexo. Se antes, como monstro, ele queria se comportar como um humano sendo gentil e doce, agora, como líder de um grupo de caçadores, não teve outra escolha a não ser abraçar a escuridão, e isso o atormenta muito. A humanidade que ele tanto buscou ainda não foi perdida, porém está escondida, sem que ele saiba quando poderá retornar.
Kate não tem medo do escuro. Ela é corajosa, luta pelo que é certo, fala o que lhe vem a cabeça e é bastante impulsiva. Seu retorno acaba fazendo com que August deixe sua humanidade vir à tona.

Embora eu tenha achado que alguns elementos tenham sido jogados de forma bem aleatória na trama e sem maiores explicações ou continuidade, eu gostei do desfecho, mesmo tendo esperado um pouco mais. Foi trágico/triste, mas ao meu ver, necessário e de acordo com o contexto.
Mesmo que eu tenha aproveitado a leitura, não pude deixar de pensar que toda a metáfora relacionada à violência parece não ter ganhado a devida importância. Aquela vontade dos protagonistas de mudar o mundo para que todos possam viver felizes e longe de tanto caos, parece ter se perdido em algum ponto da história.

A duologia Monstros da Violência não tem nada de feliz e, através de uma crítica sutil acerca do que gera a violência e quais as consequências para isso, acaba sendo um belo de um tapa na nossa cara por ser tão semelhante à nossa própria realidade, principalmente nesses tempo sombrios onde vemos tanta violência partindo de pessoas ignorantes e que usam outras pessoas como desculpa para promoverem ódio e cometerem atrocidades por aí...

Tempestade de Guerra - Victoria Aveyard

15 de outubro de 2018

Título: Tempestade de Guerra - A Rainha Vermelha #4
Autora: Victoria Aveyard
Editora: Seguinte
Gênero: Jovem Adulto/Fantasia
Ano: 2018
Páginas: 702
Nota:★★★★☆
Sinopse: Mare Barrow aprendeu rápido que, para vencer, é preciso pagar um preço muito alto. Depois da traição de Cal, ela se esforça para proteger seu coração e continuar a lutar junto aos rebeldes pela liberdade de todos os vermelhos e sanguenovos de Norta. A jovem fará de tudo para derrubar o governo de uma vez por todas — começando pela coroa de Maven.
Mas nenhuma guerra pode ser vencida sem ajuda, e logo Mare se vê obrigada a se unir ao garoto que partiu seu coração para derrotar aquele que quase a destruiu. Cal tem aliados prateados poderosos que, somados à Guarda Escarlate, se tornam uma força imbatível. Por outro lado, Maven é guiado por uma obsessão profunda e fará qualquer coisa para ter Mare de volta, nem que tenha que passar por cima de tudo — e todos — no caminho.

Resenha: Depois de ter sido traída por Cal, Mare quer continuar sua luta junto aos rebeldes em busca da tão sonhada liberdade para os vermelhos e os sanguenovos de Morta. Ao mesmo tempo em que tenta endurecer emocionalmente a fim de resguardar seu coração partido, ela não hesitará para derrubar o governo dos prateados. O problema é que é impossível vencer uma guerra sozinha, assim, Mare não vê outra alternativa a não ser, junto com a Guarda Escarlate, se unir novamente a Cal e seus aliados. Mas, como nem tudo são flores, Maven, como um bom e velho e doentio vilão, não abriria mão de sua obsessão por Mare e passaria por cima de tudo e de todos para tê-la por perto.

Seguindo o mesmo estilo dos livros anteriores, este realmente cumpre o que promete no quesito batalhas, guerra e sangue. Por um lado isso foi muito bom, principalmente por descrever uma batalha da forma terrível e real como ela é, mas, por outro lado, quebrou boa parte do ritmo com acontecimentos que se arrastaram mais do que deveriam se unindo a intermináveis jogos políticos que variavam de acordo com a conveniência. As situações, assim como as alianças, mudavam a cada instante, e as traições e os inimigos não ficavam de fora, mesmo que se reduzissem com o passar do tempo. Então, por mais que eu tenha ficado envolvida e gostado bastante, foi uma leitura que demorei muito pra finalizar. O livro é longo, ponto. Não acho que seria realmente necessário que algumas partes fossem enxugadas a fim de economizar páginas, pois entendo que numa guerra as coisas não se resolvem de forma instantânea e muita coisa precisa acontecer para ser convincente até que tudo se resolva, se é que vai mesmo se resolver. Eu só precisei de mais tempo pra poder absorver a complexidade da história e as incontáveis reviravoltas da trama. Então fico agradecida pela autora ter uma escrita fluída e ter criado um universo interessante o bastante para nos manter interessados no que está acontecendo, e, claro, curiosos pelo que está por vir. Mas confesso ter sido uma pena que ela não deu respostas pra todas as perguntas que fez surgir.
No meio de toda a confusão não poderia faltar os elementos relacionados aos personagens que, obviamente, faziam com que suas decisões ganhassem um peso extra, de tão grandiosas: Honra, obrigações, deveres, e o trágico - porém necessário - sacrifício. São fatores que fazem parte do processo e que são utilizados de forma inteligente para sustentar o enredo e seu desenvolvimento.

É impossível não nos impressionarmos com a construção de mundo e com a forma como a autora detalha os acontecimentos e os cenários ao mesmo tempo que insere tensão e emoção. A narrativa intercalada entre os personagens também foi necessária para acompanharmos e entendermos o desenvolvimento da história de forma mais ampla

Sobre os personagens, é incrível como cada um deles causa um sentimento diferente na gente.
Eu gostei demais da forma como Mare foi retratada (e não só ela, mas as outras personagens femininas também), pois soa como alguém muito real e humana, digna de admiração. Ela coloca seus princípios acima dela mesma, e dá valor ao que acredita, sempre com muita força e coragem, e ao mesmo tempo em que se mostra uma pessoa bem resolvida e decidida, ela também se mostra vulnerável em algumas situações e apenas seguia o coração.
E por falar em coração, assim como os livros anteriores, lá estava o triângulo amoroso entre Cal, Mare e Maven. No final das contas nem consigo considerar que seja mesmo um triângulo pois a coisa pende mais pro lado psicológico do que o físico. Maven, de forma bem direta, só serve para assombrar a relação de Cal e Mare (não que essa relação seja o principal fator da história, afinal, há uma guerra terrível rolando lá fora pra se preocupar), mas não consigo sequer culpá-lo pois qualquer um em seu lugar já teria cedido e perdido o que restou de sua sanidade e instabilidade mental, mesmo que ele ainda tenha sido capaz de manter a ambição.

Também gostei do desenvolvimento de Evangeline e, devido a todas as experiências que teve, seja sobre as escolhas que precisou tomar, ou o que precisou enfrentar com relação aos seus deveres, família e amor, acho que ela foi a personagem que mais se destacou. Ela começa como uma rival ardilosa de Mare, mas acaba se transformando totalmente quando se liberta do que lhe foi imposto pelos seus pais, dessa forma ela pôde ir em busca do que queria: ficar ao lado de Elane. No final, fica bem evidente que a maior batalha de Evangeline era por ela mesma, e embora o seu final tenha sido de acordo com sua jornada, eu gostei do que aconteceu de forma geral.

Não vou me aprofundar em todos os personagens, caso contrário a resenha vai ficar mais extensa do que já está, mas posso dizer que eles tem suas virtudes, mas também tem seus defeitos, alguns aprendem com os erros, outros não, e todos trazem essas características de maneiras diferentes e únicas.

Enfim, ainda não consigo acreditar que Tempestade de Guerra é o último volume da série. A autora nos deu um desfecho que ainda fica aberto à imaginação e à várias interpretações, mas, mesmo não sendo perfeito, o que acredito ter sido a intenção dela, não deixa de ser sólido e satisfatório. Muitas pontas soltas foram amarradas e a trama principal foi resolvida. E talvez a ideia seja mesmo deixar o resto com a gente.