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Na Telinha - Big Little Lies (1ª Temporada)

9 de julho de 2019

Título: Big Little Lies
Temporada: 1 | Episódios: 7
Distribuidora: HBO
Elenco: Reese Whiterspoon, Nicole Kidman, Shailene Woodley, Laura Dern, Zoë Kravitz, Alexander Skarsgård, Adam Scott
Gênero: Drama/Suspense
Ano: 2017
Duração: 52min
Classificação: +16
Nota: ★★★★★
Sinopse: Na cidade litorânea de Monterey, estado da Califórnia, nada é o que parece. Madeline (Reese Witherspoon), Celeste (Nicole Kidman) e Jane (Shailene Woodley) são três mulheres, com vidas aparentemente perfeitas, que se unem depois que seus filhos passam a estudar juntos no jardim de infância. Mas alguns acontecimentos as envolvem numa trama de assassinato.

Em 2015, o terceiro livro escolhido para o finado Clube do Livro da Liga foi o Pequenas Grandes Mentiras, da autora Liane Moriarty, e lembro de ter sido uma das melhores e mais empolgantes leituras que fiz naquele ano. Pouco tempo depois, a HBO anunciou que havia adquirido os direitos para produzir uma minissérie baseada na obra, ficamos todos na expectativa, e em 2017 ela foi ao ar. Eu cheguei a esboçar uma postagem para fazer a crítica, mas o tempo foi passando, eu fui adiando e, no final das contas, já não lembrava dos detalhes com tanta clareza para falar sobre a série com a devida propriedade, e acabei desistindo da crítica. Agora, com o recente lançamento da segunda temporada (que na época não havia sido mencionada e eu nem imaginava que iriam produzir), eu aproveitei o gancho para rever e relembrar do que havia esquecido, assim, eu poderia acompanhar os episódios da temporada nova estando por dentro do assunto.



Resumindo, a história se passa na cidade litorânea - e maravilhosa - de Monterey, norte da Califórnia. Inicialmente sabemos que houve um assassinato, o que nos leva a uma narrativa que se alterna entre presente e passado, com os potenciais suspeitos sendo interrogados e dando seus depoimentos sobre o incidente para os investigadores. O espectador não sabe quem matou, quem morreu, e o quê, de fato, aconteceu. Assim, em paralelo a esses relatos, acompanhamos os momentos que antecedem a dita morte naquela comunidade onde tudo parece tão perfeito, principalmente através da vida de três mulheres, Madeline, Celeste e Jane, nos levando à uma jornada de completa desconstrução de conceitos. Há também a questão das crianças e da confusão que um enorme mal entendido causa no relacionamento entre essas mulheres, como mães, e o que ele desencadeia em toda a comunidade. As camadas das personagens são relevadas gradualmente nos menores detalhes, e são responsáveis por nos mostrar que nem sempre as coisas são o que aparentam ser. Os traumas causados pela violência vem em diferentes nuances, pois cada uma lida com os problemas à própria maneira, assim como o impacto que isso tem em suas vidas. Cada uma é afetada de forma diferente e requer um tipo de atenção diferente.



Por se tratar de uma adaptação, algumas diferenças entre série e livro são notáveis, mas nada que prejudique o enredo ou fuja do tema. O início é um pouco lento e o suspense, mesmo que desperte muito nossa curiosidade, é construído devagar. Alguns personagens inclusive ganham destaque e profundidade a mais ao terem os próprios arcos desenvolvidos e explorados. É o caso de Renata (Laura Dern), por exemplo, que acaba representando o papel da mulher competitiva que batalhou duro para ser bem sucedida na vida, ao mesmo tempo que é mãe e super protetora.



Obviamente a realidade dessas mulheres na questão social é bem diferente da maioria das pessoas comuns, de gente como a gente. O estilo de vida que levam, as mansões que moram e afins estão longe da realidade da maioria, principalmente aqui no Brasil, mas a questão que envolve o emocional e a moral é o que ganha o maior destaque, e é o que realmente importa. A questão do mistério acerca do assassinato acaba sendo mero pano de fundo para destacar uma temática profunda e relevante sobre traumas, abusos, sororidade, relacionamentos, maternidade e superação, e também para deixar evidente que sustentar pequenas mentiras pode resultar em algo não só indesejado, mas que pode vir a se tornar grande o bastante para sair do controle.



Madeline (Reese Whiterspoon) é teimosa, controladora, invasiva e curiosa sobre tudo o que se passa com a vida alheia a ponto de ser inconveniente. Mesmo no segundo casamento, ela não lida bem com o entrosamento da filha mais velha com o ex-marido e sua atual esposa, Bonnie (Zoë Kravitz). Muito da sua personalidade e escolhas acaba interferindo no seu atual o casamento. Celeste (Nicole Kidman) abriu mão de tudo para se dedicar aos filhos e ao marido, mas por trás da vida perfeita e do casamento feliz, ela esconde segredos terríveis sobre o que vive dentro de casa. Jane (Shailenne Woodley) é a mãe solteira recém chegada à cidade. Ela já carrega um trauma do passado que ainda não conseguiu superar, e em Monterey ainda precisa lidar com julgamentos alheios por não se encaixar totalmente ao "padrão perfeito" dos moradores dalí. Jane constantemente se sente deslocada, mas em busca de um novo começo e uma vida melhor para seu filho, ela está decidida a enfrentar o que vier pela frente.



Os personagens masculinos, que geralmente representam papéis dos maridos ou alguma figura masculina familiar, mesmo que tenham certa importância para o desenrolar da história, ainda são coadjuvantes perto das mulheres. Elas são complexas, trazem um pouco de representatividade com seus defeitos e virtudes, e são elas quem movimentam a trama em meio aos temas delicados e polêmicos que se conectam com todo tipo de público.

A primeira temporada acaba tendo o mesmo desfecho do livro e o final é bem fechado, mas não deixa de atiçar nossa curiosidade acerca do que o futuro reservaria para essas mulheres peculiares e únicas. Talvez por isso, e pelo enorme sucesso que a série fez, tenham decidido fazer a segunda temporada trazendo as respostas para as perguntas que ficaram sobre o que viria depois.



No mais, com uma boa dose de drama, suspense e toques de bom humor, Big Little Lies é uma excelente pedida pra quem quer acompanhar uma história relevante sobre mulheres que, aos poucos, vão aprendendo que ser feliz e dar valor as pequenas coisas é mais importante do que viver de aparências.

Minha Coisa Favorita é Monstro - Emil Ferris

4 de julho de 2019

Título: Minha Coisa Favorita é Monstro - Livro 1
Autora e Ilustradora: Emil Ferris
Editora: Quadrinhos na Cia
Gênero: Fantasia/Drama/Thriller/HQ
Ano: 2019
Páginas: 416
Nota:★★★★★
Sinopse: Com o tumultuado cenário político da Chicago dos anos 1960 como pano de fundo, Minha Coisa Favorita é Monstro é narrado por Karen Reyes, uma garota de dez anos completamente alucinada por histórias de terror. No seu diário, todo feito em esferográfica, ela se desenha como uma jovem lobismoça e leva o leitor a uma incrível jornada pela iconografia dos filmes B de horror e das revistinhas de monstro.
Quando Karen tenta desvendar o assassinato de sua bela e enigmática vizinha do andar de cima — Anka Silverberg, uma sobrevivente do Holocausto — assistimos ao desenrolar de histórias fascinantes de um elenco bizarro e sombrio de personagens: seu irmão Dezê, convocado a servir nas forças armadas e assombrado por um segredo do passado; o marido de Anka, Sam Silverberg, também conhecido como o jazzman “Hotstep”; o mafioso Sr. Gronan; a drag queen Franklin; e Sr. Chugg, o ventríloquo.
Num estilo caleidoscópico e de virtuosismo estonteante, Minha Coisa Favorita é Monstro é uma obra magistral e de originalidade ímpar.

Resenha: Karen Reyes é uma garotinha de dez anos bem diferente das outras meninas da sua idade. Em vez de bonecas, Karen é alucinada por histórias de terror, com direito a todo tipo de monstro, afinal, os monstros são fortes, ferozes, e capazes de se proteger. Assim, ela mantém um diário onde faz várias ilustrações, inclui seu relatos e faz observações do que está à sua volta. Nesse diário ela reproduz a si mesma como uma "lobismoça", fazendo referências aos filmes B de terror e das HQ's de monstro que ela tanto adora. Karen acredita que ser um monstro lhe dá coragem para lidar com as crianças cruéis da escola e outros infortúnios da vida. Um dia, Anka Silverber, a bela vizinha do andar de cima - que inclusive sobreviveu ao Holocausto -, é encontrada morta em seu apartamento em circunstâncias muito misteriosas. Aparentemente, trata-se de um suicídio, mas Karen suspeita de alguns detalhes e acredita que a Anka foi assassinada. Assim, em meio a personagens bizarros e um cenário tumultuado e sombrio que se mescla às paisagens urbanas de Chicago dos anos 60, acompanhamos a tentativa da garota de investigar e desvendar esse mistério.


O projeto gráfico do livro é um dos mais bonitos que já vi numa obra literária. Ele simula o diário de Karen, um enorme caderno pautado e todo ilustrado com canetas esferográficas, cujas cores se misturam para que vários tons, camadas, sombreados e efeitos enriqueçam ainda mais a história e encham nossos olhos. Há várias anotações nos cantos das páginas junto com os relatos da protagonista, com observações, informações e afins. A riqueza dos detalhes, assim como a forma como a história é contada, é surpreendente.


Assim, a narrativa é feita pela protagonista e mostra a forma como ela precisa lidar com as coisas, geralmente do modo mais difícil, e tudo que ela desenha e escreve se refere aos seus pensamentos e as próprias experiências durante essa jornada. Acompanhamos também alguns dramas pessoais e familiares bastante comoventes, alguns abordam temáticas mais delicadas e outras mais pesadas (como preconceito, homofobia, intolerância, solidão, abusos, sexualidade e afins), com uma boa e necessária dose de crítica social, ao mesmo tempo em que a garotinha faz suas investigações, todas sempre regadas a suspense, mistério, horror e um toque impressionante de inocência em meio ao cenário político, caótico e cheio de brutalidade da época, ou das décadas passadas onde muitos sofreram com a Guerra. É de partir o coração quando a história de Anka vem á tona, pois aborda os horrores que os judeus sofreram durante a Segunda Guerra, mas Karen, que está narrando e ilustrando o que ouviu, não entende muito bem o que tudo aquilo significou.


A história é um pouco complexa e é o tipo de leitura que deve ser feita com calma até engatar e se acostumar com o estilo, apreciando os detalhes das ilustrações e sempre atenta às observações da menina e às metáforas que se fazem presentes. Como se trata de um diário, a diagramação remete ao mesmo com perfeição, logo as páginas simulam colagens, papéis presos com clipes, rabiscos aleatórios, anotações em todos os cantos, fora as ilustrações maravilhosas cujos traços são únicos, e é preciso uma interação maior com o livro. Como é um livrão enorme e pesado, pode ser um pouco desconfortável no começo girar o livro ou ficar virando a cabeça para ler as laterais, mas acho que faz parte da experiência de ter esse "diário" em mãos, e achei o máximo.


O livro foi dividido em duas partes, a segunda ainda não foi lançada, então não esperem por um desfecho que encerra essa jornada. Pra quem gosta de obras emocionantes com foco no visual, que trazem personagens sólidos e bem construídos, com toques de mistérios, sensibilidade, e com uma abordagem cirúrgica e emocionante sobre questões relevantes para a sociedade e para nós mesmos, é leitura mais do que indicada.


Na Telinha - Chernobyl

3 de julho de 2019

Título: Chernobyl (Chernobyl)
Temporada: 1 | Episódios: 5
Distribuidora: HBO
Elenco: Jared Harris, Emily Watson, Stellan Skarsgård, Paul Ritter, Jessie Buckley
Gênero: Drama/Obra de época
Ano: 2019
Duração: 60min
Classificação: +16
Nota:★★★★★
Sinopse: Ucrânia, 1986. Uma explosão seguida de um incêndio na Usina Nuclear de Chernobyl dizima dezenas de pessoas e acaba por se tornar o maior desastre nuclear da história. Enquanto o mundo lamenta o ocorrido, o cientista Valery Legasov, a física Ulana Khomyuk e o vice-presidente do Conselho de Ministros Boris Shcherbina tentam descobrir as causas do acidente.

Pripyat, Ucrânia: Em 26 de abril de 1986, um reator da Usina Nuclear de Chernobyl explodiu durante um teste de segurança, causando o maior desastre nuclear da história da humanidade. A contaminação atingiu 3/4 do território europeu, e a radioatividade lançada na atmosfera era equivalente a mais de 200 bombas atômicas, iguais a que atingiu Hiroshima.
Porém, os soviéticos jamais cogitaram a hipótese de que o reator em questão pudesse explodir. Eles não tomaram as medidas de segurança necessárias antes ou depois da tragédia e catástrofe não só afetou - e matou - milhares de pessoas, como foi o estopim para a quase falência e dissolução da União Soviética.


Baseada nesse contexto histórico, a HBO não perdeu tempo em produzir Chernobyl, uma minissérie intensa, significativa e relevante, e que retrata as causas e as consequências - sociais e políticas - do acidente. E se levarmos em consideração as questões políticas da atualidade, as coisas se tornam ainda mais preocupantes do que parece.
Assim, vamos acompanhando as explicações de como funciona um reator nuclear e o porquê, na teoria, o mesmo jamais poderia explodir, mas a medida que os fatos vão sendo levantados, percebemos que ambição e negligência foi a combinação responsável pelas falhas que ocasionaram a terrível explosão, que jogou no ar incontáveis partículas radioativas, e que poderia vir a ser um desastre de nível global, caso o problema não fosse contido a tempo.


Dividida em cinco episódios com arcos distintos, a série começa com um suicídio e logo em seguida volta exatos dois anos no tempo para mostrar a explosão do reator e as circunstâncias que envolveram o acidente, desde a arrogância como os trabalhadores eram tratados, a descrença do chefe da usina de que algo deu errado, a negligência dos responsáveis em não conter o incêndio da maneira correta expondo de imediato dezenas de pessoas à radiação, a percepção tardia de que o problema era muito mais grave do que imaginaram, e a demora para tomarem providências contra o desastre até assumirem que algo deu muito errado. E enquanto isso, as informações eram omitidas ou adulteradas para que ninguém soubesse da real gravidade da situação. A União Soviética não poderia assumir que seus métodos eram passíveis de falhas. Isso significaria um atraso nas corridas tecnológicas contra os EUA e uma imagem manchada que precisaria ser evitada a todo custo, mesmo que pra isso sacrifícios tivessem que ser feitos enquanto o governo tentava acobertar o desastre.


E é exatamente esse tipo de resistência que torna a vida dos cientistas e dos demais envolvidos um verdadeiro inferno, pois eles precisam trabalhar sem descanso para resolverem o problema, ao mesmo tempo que devem cumprir ordens dos poderosos que não querem perder suas posições políticas, e isso incluía a proibição de vazar informações confidenciais e afins para que a reputação da grande potência que era a URSS, não fosse comprometida perante ao mundo. Os responsáveis não hesitavam em afirmar que o acidente estava sob controle, que não representava riscos pra população, mas mandavam seus subordinados por a vida em risco em direção ao buraco no teto aberto pelo reator, pondo a cara dentro da fumaça radioativa e sofrendo queimaduras instantâneas de sabe-se lá qual grau, enquanto eles se escondiam do perigo que eles mesmos negavam existir, os hipócritas. Se não tinha perigo, por que não iam eles mesmos?

Nos demais episódios, a série se encarrega de mostrar os efeitos causados pela radiação naqueles que ficaram mais próximos da área contaminada e com maior nível de radioatividade, como os bombeiros que chegaram lá acreditando se tratar de um incêndio comum; a forma como o governo evacuou as cidades, alegando se tratar de uma evacuação temporária; as reuniões feitas entre políticos e cientistas em busca de solucionar o problema, mas sempre relutantes em assumir a culpa; e o que começou a ser feito para amenizar os efeitos da catástrofe. Acompanhar civis que se apresentaram para ajudar, sabendo que aquela ajuda resultaria em seus sacrifícios, é tão gratificante quanto devastadora. Se não fosse por eles, sabe-se lá o que poderia ter acontecido, mas o preço foi pago com suas vidas, ou com a qualidade delas. Os liquidadores, como foram chamadas essas pessoas, literalmente, se sacrificaram para limpar os focos de contaminação para que a radiação não se espalhasse ainda mais, e por mais heroico que isso possa ter sido, é extremamente angustiante saber que as pessoas se arriscaram tanto. Eu ficava aflita de ver as pessoas tão próximas às áreas contaminadas e que isso as condenaria à própria morte. Meu coração se partia em ver animais de estimação e indefesos sendo caçados por estarem contaminados. Eles eram abatidos e enterrados em enormes valas cobertas com cimento para impedir a emissão de radiação de seus corpos e por mais triste que fosse, era um trabalho necessário para evitar que as partículas radioativas se espalhassem ainda mais. A própria usina foi coberta com um gigantesco sarcófago. A radiação emitida dos destroços não vai desaparecer por milhares e milhares de anos...
Mesmo que o desastre tenha acontecido há mais de 30 anos, as consequências existem até hoje e vão continuar existindo por centenas de gerações. A maior área afetada abrange 2600km e é inabitável. Vários objetos permanecem isolados, como as roupas usadas pelos bombeiros que foram descartadas num porão do hospital e estão intocadas até então devido ao altíssimo e mortal nível de radioatividade que elas apresentam.


Um ponto bastante positivo da série remete à forma utilizada para exposição de informações, assim como o desenvolvimento dos relacionamentos entre os envolvidos. Muitas vezes os espectadores precisam de explicações para compreenderem a história e a situação vivenciada pelos personagens, e a série consegue passar tudo com a devida maestria, sem que nada soasse forçado ou subestimando a inteligência de quem assiste. A atuação dos atores é impecável, e eles convencem se passando por profissionais qualificados que realmente entendem do assunto e sabem do que estão falando, e isso torna as coisas muito mais realistas, sólidas e críveis. É diferente quando você assiste um filme e percebe que o ator só está reproduzindo frases decoradas de um tema complexo sem ter a menor noção do que se trata, mas aqui não ficamos com essa sensação, até mesmo porque um tema aparentemente complexo é explicado de uma força acessível, e que todos conseguem entender sem dificuldades. Nós terminamos a série sabendo, por exemplo, da forma mais natural, interessante e prática possível, como um reator nuclear do modelo RBMK funciona, sem que pareça uma aula chata de física. É interessante acompanhar alguns profissionais que representam figuras de autoridade e cheios de si deixando o orgulho de lado a medida que vão compreendendo a gravidade da situação e formando amizades.

A parte técnica da minissérie também é executada com perfeição, desde a fotografia, que expõe um cenário que vai morrendo e se acinzentando a medida que o perigo se espalha, até a trilha sonora, que é composta por sons metálicos e que colaboram para gerar tensão, desconforto e termos a sensação de um ar carregado, como se fosse possível sentir na pele não só o perigo que paira no ar, mas também o gosto do metal.


A maquiagem também é incrível, tanto para mostrar as vítimas com seus corpos em processo de deterioração após as queimaduras, quanto para evidenciar o quanto a radiação afetou e diminuiu a expectativa de vida dos envolvidos. É incrível ver que em poucos meses a pessoa afetada parece ter envelhecido décadas e ter virado um caco humano.
No episódio final, temos um julgamento em busca de condenar os culpados e a reconstituição do momento em que houve a explosão, e ali podemos compreender não só o que realmente aconteceu, mas também quais as consequências e o custo das mentiras.
Assim, por mais que a minissérie não se aprofunde ou dê maiores detalhes sobre o contexto político da época, é inegável que ele está implícito em cada decisão tomada, seja antes da tragédia e depois dela. Isso acaba levando os mais curiosos a pesquisarem sobre os fatos para complementar as informações passadas e, assim, descobrimos que as mentiras e as sujeiras vinham sendo implantadas ali há vários e vários anos, e são bem piores do que a ficção mostra...


Com a Guerra Fria vivendo um dos momentos mais decisivos da História, e justamente para ficar à frente dos EUA, a União Soviética não media esforços para se expandir cada vez mais, ter mais poder, e usar toda a tecnologia disponível ao seu favor para superar seu maior concorrente e inimigo. O problema é que isso foi feito de forma inconsequente e irresponsável, o governo prezava por números e quantidade, e não por qualidade, e isso não poderia acabar bem... O desespero para não ficar atrás dos EUA era tanto que as coisas eram construídas às pressas, com materiais baratos e que não garantiam a segurança de ninguém. E como se isso não fosse surreal e absurdo o bastante, os próprios engenheiros das usinas, sejam eles chefes ou não, não eram informados pelo governo que investia naquilo sobre as reais condições das máquinas e reatores que precisavam controlar para gerar energia para as cidades, logo, eles se recusavam a acreditar ou não entendiam como algo poderia dar errado. E se algum subordinado questionasse a autoridade ou as ordens de um engenheiro-chefe, ele corria o risco de nunca mais conseguir um emprego na vida. É inevitável sermos consumidos pela indignação, pelo sentimento de impunidade e descaso por parte daqueles que deveriam priorizar a segurança e o bem estar de todo um país.


Se embates ideológicos e empreitadas políticas estão acima dos interesses do povo, o que será de nós se algo do mesmo nível acontecer e ninguém ser informado a tempo por "questões de imagem"?  A mistura de fascínio com terror segue inspirando as pessoas a conhecerem mais desse fatídico evento que marcou a história. Após assistir a série, é inevitável sair em busca de maiores informações sobre a tragédia, e é impressionante descobrir que, embora a minissérie tenha sido bastante completa e esclarecedora, ainda há muita informação sobre o ocorrido, sobre alguns sobreviventes, sobre o local hoje em dia, e sobre o governo em si, que deixa qualquer um chocado em cristo. Com exceção da personagem Ulana Khomyuk, que foi criada para representar a comunidade de cientistas que auxiliaram Valery Legasov, todos os demais representam as pessoas reais envolvidas e afetadas pelo desastre. A série acerta em todos os aspectos, drama, ambição, ganância, negligência, mentiras, desespero, sacrifício, redenção e tudo que rege a humanidade como um todo

Chernobyl confrontou o governo russo ao expor dados, até então, omitidos e adulterados acerca do desastre de forma objetiva e imparcial. A minissérie não se encarrega apenas de retratar o que a tragédia desencadeou no mundo todo com a devida maestria, como também nos fazer questionar sobre o preço que se paga pelas mentiras e até onde podemos confiar (ou não) no nosso governo...

Na Telinha - Aggretsuko (2ª temporada)

22 de junho de 2019

Título: Aggretsuko (アグレッシブ烈子)
Temporada: 2 | Episódios: 10
Distribuidora: Netflix/Sanrio
Elenco: Kaolip e Rarecho (death metal voice), Sohta Arai, Rina Inoue, Shingo Kato, Maki Tsuruta, Komegumi Koiwasaki, Yuki Takahashi, Chiharu Sasa
Gênero: Anime/Drama/Comédia
Ano: 2019
Duração: 15min
Classificação: +12
Nota:★★★★★
Sinopse: Retsuko vive momentos difíceis no mundo corporativista, tendo uma pitada de humor e muita música death metal. A mistura do anime animou o público e o transformou em um dos mais populares da plataforma de streaming.

Após uma espera bastante considerável (principalmente se levarmos em conta a quantidade de episódios e sua duração), eis que a Netflix libera a segunda temporada de Aggretsuko, mostrando a batalha diária que é a vida da pandinha vermelha mais fofa que já se viu na televisão.
Depois de ter sofrido uma decepção num relacionamento que fracassou e conseguido dar a volta por cima, Retsuko volta pra casa e precisa lidar com sua mãe que, preocupada - e sem muita noção -, invade seu apartamento, logo, a "ajuda" que ninguém pediu, acaba não sendo muito bem vinda.


Além dela querer cuidar e controlar a vida da filha, limpando a casa, fazendo comidas caseiras, insistindo pra que ela "cresça", afinal, ela já tem seus vinte e poucos anos e ainda está "encalhada", sua mãe ainda fica arranjando vários encontros às escuras numa tentativa desesperada de conseguir um possível casamento para Retsuko. A ideia da mãe mostrar fotos cheias de edições dos pretendentes pra deixá-los mais atraentes e tentar aumentar o interesse de Retsuko por eles é tão trágica quanto cômica, principalmente porque a reação dela é de desgosto puro. E enquanto atura as exigências e inconveniências absurdas da mãe, Retsuko, bastante estressada, tenta encontrar motivação no trabalho enquanto precisa tirar paciência do além para treinar Anai, um funcionário recém contratado com comportamento mui esquisito e suspeito.


Embora a vida profissional de Retsuko tenha seu devido espaço no enredo, mostrando que é um ambiente com várias cobranças e pressão suficientes pra deixar qualquer um maluco; ou que trabalho em equipe, mesmo com alguém insuportável, é importante; essa temporada dá um destaque bem maior para as relações interpessoais - e imperfeitas - da protagonista. Retsuko vai aguentando o tranco de tudo calada, com aquele sorrisinho amarelo no rosto, engolindo o choro, pra mostrar que está tudo bem, e quando não aguenta mais, ela explode num estado de fúria suprema e sua única válvula de escape é cantar/gritar seu tão amado death metal para extravasar como se não houvesse amanhã. Agora, cansada de ser vista como certinha, ela sente vontade de quebrar padrões e fazer coisas que nunca teve coragem de fazer, mas ao mesmo, enquanto enfrenta alguns desafios, ela não quer abrir mão de seus sonhos, e nem mudar sua essência por causa de ninguém.


Um ponto interessante da personalidade de Retsuko é que ela tem o sonho de encontrar sua alma gêmea, se casar, ter filhos e formar uma família feliz, pois ela acredita que o casamento faz parte da vida. Ela busca estabilidade, alguém que se importe com ela e que, principalmente, seja bem sucedido. Assim, quando Retsuko, enfim, parece ter encontrado o amor de sua vida, com direito a todos os atributos que ela sempre procurou em alguém, ela descobre que não adianta insistir num relacionamento se cada um acredita - e investe - em coisas diferentes.


Os personagens são únicos e possuem características bastante peculiares e que os aproximam da nossa realidade, retratando cada um deles como alguém que poderia se passar por algum conhecido, amigo, familiar, ou nós mesmos. Neles podemos ver que nem sempre alguém é o que parece, e que podemos ficar surpreendidos com as ideias de quem pensávamos conhecer bem. Os amigos de Retsuko são sempre muito solícitos e, na maioria das vezes, compreensivos, mas eles também estão longe de serem perfeitos. Haida, a hiena, trabalha com Retsuko e é apaixonado por ela faz anos, mas a dificuldade que ele tem em se expressar acaba impedindo que ele se aproxime mais.

Eu não sei, mas tenho meus palpites... Mesmo que Haida já tenha tomado coragem e se declarado pra Retsuko na primeira temporada (e ter sido rejeitado), ainda acredito que, por ele ser um cara legal, ou ele vai encontrar alguém tão legal quanto ele pra fazê-lo feliz, ou Retsuko vai acabar lhe dando uma chance... Fico com uma dó danada de ver o coitado olhando pra ela com tanta ternura enquanto ela não dá a mínima. Mas como, até então, ela só consegue enxergá-lo como amigo, o jeito é aguardar as próximas temporadas e as cenas dos próximos capítulos pra ver onde isso vai dar...


Washimi e Gori são super compreensivas, conseguem separar a vida pessoal da profissional como ninguém, e aceitam a amiga do jeitinho que ela é, mas elas também tem seus segredos, brigam entre si e, às vezes, não conseguem ceder por não concordarem com uma opinião contrária à delas. Enquanto Gori acredita que contar uma "mentirinha" para conseguir alguma coisa não é um problema, Washimi não se importa em magoar os outros com sua sinceridade, e Retsuko fica no meio das duas tentando acalmar os ânimos, mas sem saber o que fazer.


Outro ponto legal é que, através da panda vermelha, podemos refletir um pouco acerca de preconceitos e julgamentos que são feitos baseados em achismos, e que nem sempre correspondem com a realidade. Isso acaba mostrando que Retsuko (assim como todos os demais personagens) não é perfeita, mesmo que seja tão boazinha. Um exemplo disso é a personagem Kabae, uma hipopótamo que é sempre muito exagerada, fofoqueira e escandalosa, vive pulando, fazendo o chão tremer, e atormentando todo mundo por aí, mas que consegue enxergar em Anai algo que os outros não conseguem ver. Enquanto para os outros Anai é um maluco que se sente perseguido e assediado por todo mundo, coisa que ninguém sabe lidar, para Kabae ele é um pobre incompreendido que só precisa de atenção, carinho e orientação. Retsuko começa a enxergar a colega sob uma nova perspectiva depois de perceber que ela é alguém bastante compreensiva com aqueles que mais precisam, mas mesmo que seja legal e tenha alguma sabedoria, Kabae ainda é a maior fofoqueira do escritório. Esses contrastes mostram que alguém pode ser muito chato, irritante, ter seus momentos de loucura e ser difícil de lidar, mas ninguém é totalmente desprovido de virtudes, basta que encontre seu espaço, se esforce um pouco para conviver em sociedade e saiba aproveitar oportunidades e momentos certos.


Embora o desenho tenha o visual infantil, todo coloridinho e super cute que, inevitavelmente, desperta a atenção da criançada, não se deixe enganar. A animação faz jus ao estilo dos animes, ainda mais quando se trata de expressões caricatas e exageradas para reforçar um sentimento mais intenso, e isso deixa os episódios super engraçados. A temática é indicada pro público adulto e, por mais que tenha cenas cômicas e toques de muito bom humor (a carteira de motorista de Retsuko é impagável), mostra uma realidade crua e complexa sobre os dramas da vida do jeitinho como ela é, assim como relacionamentos que idealizamos, desafios que enfrentamos, sonhos e decepções inevitáveis, e é impossível não se identificar, não sentir empatia, ou tomar as dores dos personagens.


Games - Fabulous: Angela's Wedding Disaster

5 de junho de 2019

Título: Fabulous: Angela's Wedding Disaster
Desenvolvedora: GameHouse
Plataforma: Android e iOS
Categoria: Estratégia/Drama/Casual
Ano: 2018
Classificação Indicativa: Livre
Nota: 
Sinopse: Diga sim para o vestido nesse jogo de gerenciamento de tempo, com temática de casamentos!
Prepare-se para dominar a cena dos casamentos de Nova Iorque!
Trabalhando com um novo mentor, noivazillas e até mãezillas, as habilidades da Angela de criar modelitos são testadas em Fabulous – Angela’s Wedding Disaster! Angela vai encarar seu maior desafio até agora, quando ela e suas amigas, o Quarteto Fabuloso, se unem para planejar um casamento. Será que ela consegue lidar com o estresse? Ou isso vai acabar num desastre? Descubra nesse jogo hilário de gerenciamento de tempo, com temática de casamentos!
Após seu sucesso com a linha 'Rainha por Um Dia', Angela continua a desenhar vestidos para deixar as mulheres se sentindo Fabulosas! Agora, ela vai entrar no mundo atribulado de butiques para noivas. Quando se trata de casamento, você só precisa de amor e... do vestido perfeito, é claro! Angela dependerá de sua ajuda para deixar todas as noivas lindas em seu dia especial!
O casamento mais importante será para o seu amigo, Fran. Angela e o resto do Quarteto Fabuloso se unirão para dar a ele a mais incrível festa possível. No entanto, como tudo que a Angela faz, as coisas não seguirão bem como planejadas. Será que Angela poderá salvar o casamento de Fran do desastre ou será que só vai piorar as coisas?

Eu adoro joguinhos de gerenciamento de tempo com uma mecânica simples, e o diferencial dos da Game House são que eles vem com histórias divertidas, engraçadas, cheias de drama, e até emocionantes, o que torna os jogos envolventes e difíceis de largar.


Dessa vez escolhi o Angela's Wedding Disaster, o quarto da franquia Fabulous. Ele gira em torno do universo da moda em geral, e este, cuja história tem foco num casamento bastante especial, traz Angela Napoli como a protagonista. É divertido acompanhá-la em sua jornada para realizar seu sonho de se tornar uma estilista, e embora ela tenha bastante potencial, seja super competente e tenha Sebastian Worth, um renomado guru da moda, como seu mentor, ela também tem suas inseguranças, erra, reconhece e se esforça para que tudo fique perfeito.
Às vezes ela não sabe o que fazer diante de alguns pepinos, e é engraçado vê-la dividida entre suas mini versões do bem e do mal lhe dando conselhos, mas o bacana é que ela tem amigas que, juntas, formam o Quarteto Fabuloso, e sempre estão dispostas a ajudá-la, mesmo que entrem em algumas enrascadas junto com ela.

O jogo tem 60 fases e 24 desafios que complementam a história, e se dividem em 6 locais diferentes, todos eles com novos e simpáticos (ou não) personagens secundários. Cada local também conta com uma fase bônus e infinita, onde é possível jogar sem limite de tempo ou pontuação para quebrar records (não consegui mais do que 2 estrelas nessa peleja hahahaha). As histórias são individuais e envolvem relacionamentos e dramas com os moradores locais que, indiretamente, estão ligados com alguma das meninas do Quarteto, mas sem deixar de lado a história do casamento principal que gira em torno de Fran, o dono de um Café frequentado pelo Quarteto, e sua paixão por Caroline. Com ajuda das amigas, Angela começa a dar um jeitinho de reparar um grande prejuízo, preparar o casamento de Fran e criar o glorioso vestido para a noiva, mas até lá as meninas passam por lugares com estilos e cultura própria, o que acaba sendo bem interessante de se ver.


Confesso que o funcionamento em si não tem muita diferença dos demais jogos do gênero. Basicamente é pegar ou montar o item solicitado pelas clientes em tempo hábil o bastante para que elas não fiquem nervosas e não desistam do atendimento, pontuar, ganhar dinheiro e trocar por recompensas que vão facilitar a jogabilidade e o trabalho de Angela. Há também uma área exclusiva para coleções de roupas que podem ser iniciadas a partir dos diamantes coletados nas fases, ou um scrapbook descolado montado a partir de conquistas no jogo. O diferencial é o roteiro da história, é acompanhar a trajetória de Angela e suas amigas para saber o desfecho, que é bem bacana inclusive.


As fases são desbloqueadas assim que a anterior é completada, e uma grande vantagem é que, embora seja possível pagar para não assistir anúncios, é possível desbloquear o jogo por completo desde que os anúncios sejam assistidos. Basta ter internet disponível no celular para assisti-los (que variem entre 30 e 5 segundos) poder avançar nas fases e se divertir bastante.
No mais, é um joguinho viciante pra quem curte o gênero e quer passar passar o tempo! Super recomendo!

Na Telinha - Gilmore Girls (2ª Temporada)

5 de abril de 2019

Título: Gilmore Girls (Gilmore Girls)
Temporada: 2 | Episódios: 22
Elenco: Lauren Graham, Alexis Bledel, Melissa McCarthy, Keiko Agena, Scott Patterson, Yanic Truesdale, Kelly Bishop, Edward Herrmann, Liza Weil, Milo Ventimiglia, Jared Padalecki
Gênero: Família/Comédia/Drama
Ano: 2001
Duração: 44min
Classificação: +12
Nota: ★★★★☆
Sinopse: As adoradas Gilmore Girls estão de volta para uma segunda temporada de charme, diálogos inteligentes e engraçados e momentos dramáticos de tirar o fôlego. Nessa temporada vamos ter a companhia dos personagens que aprendemos a adorar: a linda e jovem mãe solteira Lorelai, sua filha-prodígio Rory, seus pais elitistas Emily e Richard, e toda uma cidade repleta de excentricidades. Novos moradores também chegam a Stars Hollow, incluindo Jess, sobrinho de Luke, cuja rebeldia vai causar estranheza aos moradores da cidade, mas cujo gosto literário atrairá a atenção de Rory. Corações quebram e se consertam, carreiras começam e terminam, e a vida segue nessa série adorável.

Por se tratar de uma continuação, é possível que eu solte alguns spoilerzinhos básicos de acontecimentos anteriores, sorry. Assim, partindo de onde terminou a primeira temporada, Gilmore Girls continua dando sequência ao cotidiano maluco de Lorelai e Rory Gilmore, na cidadezinha de Stars Hollow.


Depois do relacionamento ficar mais sério e Lorelai ficar noiva de Max Medina, o professor de Rory, ela - e todo mundo - se ocupa com os preparativos para o "casamento do século" de Stars Hollow. Porém, com Christopher, o pai de Rory, de volta à vida das garotas, Lorelai muitas vezes se pega indecisa sobre o que ela quer pra si mesma e pra Rory, e questiona como seria se pudesse ter um família tradicional com o pai de sua filha, mesmo que Chris já esteja num outro relacionamento.
Rory e Dean estão namorando e tudo ia bem, até Jess, o sobrinho de Luke, vir morar com o tio. Jess é o típico adolescente bad boy que, embora muito inteligente, só causa problemas por onde passa, sendo evitado ou acusado de algum vandalismo por todos. Ir morar com Luke é uma tentativa desesperada da mãe dele para Luke corrigir o filho. Mas é esse jeito transgressor de Jess, sua inteligência e seu amor por livros que chama a atenção de Rory, e ela, inevitavelmente, fica dividida entre ele e Dean. E assim, a série segue com foco no relacionamento entre mãe e filha. Enquanto Lorelai tem suas questões amorosas e lida com as exigências dos pais de um lado, Rory tem suas preocupações com seu relacionamento com Dean, sua curiosidade e atração por Jess e as obrigações e cobranças da escola de outro.


Antes de mais nada, é impossível assistir essa série e não ficar claro que no final Lorelai e Luke vão ficar juntos, aconteça o que acontecer. Não vai ser agora, mas uma hora eles vão se acertar e ponto. Levando isso em consideração, tudo que existe no roteiro que faça com que o processo seja mais longo e complicado, não passa de drama extra, seja para a sofrência da própria Lorelai, quanto de quem assiste. Um noivado com um personagem secundário, um "afastamento" de Luke por qualquer motivo, a recusa impossível dela de enxergar algo além de amizade entre eles, ou a ideia de Christopher retornar para a vida delas com intenção de ser o pai e o marido que ele nunca foi, não me convenceram, por mais bonito que pudesse soar.



Digo isso por que a ideia geral da série, ao meu ver, é mostrar o cotidiano de mãe e filha que se viraram sozinhas desde a gravidez de Lorelai, aos dezesseis anos, e a única certeza que elas têm na vida é a de poder contar uma com a outra. As demais pessoas, por mais que ajudem e se preocupem com elas, ainda são personagens secundárias que não fazem parte desse "círculo", dessa dupla imbatível. Emily e Richard, os avós de Rory, são exemplos disso, e nem os jantares semanais dos quais as duas são obrigadas a comparecer a fim de "fortalecer" os laços familiares, é o bastante para mudar a cabeça das duas, principalmente a de Lorelai. Talvez pelo fato da aproximação ser forçada é que Lor cria tanta resistência e, por mais que faça alguns esforços para quebrar as barreiras com Emily, ela continua cabeça dura e muito teimosa com as exigências da mãe, e impede que qualquer um se meta na sua vida, nas suas escolhas, e no que ela construiu com Rory. Ainda não consigo gostar tanto de Lorelai quanto eu deveria (eu deveria?) pois ela tem mania de se fingir de vítima em várias situações, é egoísta, e não é nada humilde quando se acha a própria dona da razão. Ela não assume muitos dos erros que comete, prefere jogar a responsabilidade nas costas dos outros, e não sabe lidar com as verdades que sua mãe joga em sua cara.


Para Rory, o desafio maior a ser enfrentado nessa temporada não é só conseguir dar conta das cobranças quase impossíveis da Chilton e lidar com os surtos e os xiliques de Paris, mas conciliar seus sentimentos em relação ao namorado e ao novo morador da cidade que já chegou despertando sua curiosidade, Jess.

O impacto que o relacionamento sem sal de Rory e Dean sofreu com a aparição de Jess deu uma apimentada nas coisas e, para o desespero de Lorelai, trouxe aquela ideia de que as meninas deixam os caras bonzinhos de lado e se interessam pelos que não prestam, como se Rory, que era exemplo de boa garota, começou a se "rebelar" por causa do novo bad boy com suas jaquetas de couro e seus cigarros. Não é bem por aí que as coisas seguem, graças a Deus, até mesmo porque Jess só age mesmo como um encrenqueiro por ter dificuldades em lidar com figuras de autoridade, odiar competições, ser extremamente inteligente e ficar entediado com a falta de desafios maiores no colégio, ou com a monotonia de uma cidadezinha minúscula e cheia de gente intrometida.


Através de Jess (e de Tristan também), Dean acaba revelando ser um garoto muito mais ciumento e obcecado por Rory do que parecia, querendo provar a todo custo que ele é O namorado, é ele o único cara que a ama, e o resto deveria tomar uma surra. Porém esse comportamento acaba afastando Rory cada vez mais, pois ele acaba se mostrando extremamente machista e possessivo. Quando Rory e Tristan estavam ensaiando para uma peça da escola e Dean queria ir a todos os ensaios para garantir que tudo ficasse sob seu controle, foi péssimo. Quando ele quer que Rory desmarque seus compromissos para ficar com ele, a vontade é de desistir. Não adianta agradar Lorelai e se fazer de bom moço com pequenas atitudes ou presentes se, na hora que ele devia se garantir e mostrar que é decente, ele se comporta feito um imbecil. Dean não sabe lidar com a ideia de que existem coisas importantes ou outras pessoas na vida de Rory que não seja só ele, e isso quebrou qualquer encanto que ele demonstrou ter no começo. Um completo embuste.


Os conflitos com Paris, a rival de Rory no colégio, começaram a ser desconstruídos e demonstrar a dita amizade que iria surgir que já era previsível desde o início. Paris ainda é difícil de lidar, ela é ofensiva, competitiva, mas Rory é compreensiva e consegue enxergar um lado nela que ninguém mais conseguia, o da carência. A defesa de Paris para evitar decepções é o ataque, como se afastar as pessoas primeiro impedisse que ela vá quebrar a cara depois.


Os diálogos dessa série são super famosos por serem tão dinâmicos e rápidos, e fica até difícil acompanhar se não tiver atenção o bastante, mas embora sejam engraçados e inteligentes, fica meio óbvio o quanto a coisa toda é ensaiada e muito forçada, por sinal. É meio impossível todo mundo ter um resposta pronta e genial pra dar sem antes pensar ou digerir o que foi dito.

No mais, alguns episódios pontuais foram bastante emocionantes e merecem uma menção honrosa, como a viagem não planejada que Lor e Rory fazem para conhecer Harvard, a formatura de Lorelai ou a estadia dela com a mãe num spa. Michel (me representa) continua impagável, principalmente quando recebe a visita da mãe. Kirk é o personagem mais engraçado da série, seja por ele não ter noção nenhuma, ou por aparecer do nada em qualquer lugar trabalhando com qualquer coisa. E a própria Stars Hollow, que é uma cidadezinha super peculiar e cheia de personalidade.


Pra finalizar, Gilmore Girls não é a série da minha vida mas melhora a cada episódio, e mesmo que tenha algumas situações dramáticas ou enroladas, sabemos que no final tudo há de se resolver, e talvez por isso seja tão gostosa de se acompanhar.


Games - Amber's Airline: High Hopes

25 de março de 2019

Título: Amber's Airline: High Hopes
Desenvolvedora: GameHouse
Plataforma: Android e iOS
Categoria: Estratégia/Drama/Casual
Ano: 2018
Classificação Indicativa: 10+
Nota: 
Sinopse: Aperte os cintos e decole com Amber Hope em um novo jogo de companhia aérea!
A GameHouse, criadora de Delicious, Fabulous e Heart’s Medicine, lança uma nova aventura de gerenciamento de tempo que vai fazer seu coração decolar!
Em Amber’s Airline: High Hopes, você vai experimentar a vida charmosa de uma comissária de bordo.
Conheça Amber Hope, aspirante a comissária nas Linhas Aéreas Snuggford. Amber sonhava em voar para destinos exóticos em todo o mundo desde que era menina. Mas para entrar nessa tripulação de elite, ela precisa passar nos exames. Não vai ser fácil e ela vai precisar da sua ajuda.

Depois do lançamento de joguinhos como Delicious e Heart's Medicine, a GameHouse desenvolveu mais um game nessa linha de aventuras de gerenciamento de tempo envolvendo o universo aéreo e os desafios das comissárias de bordo em suas carreiras.
Conhecemos Amber Hope, uma jovem aspirante a comissária que trabalha nas Linhas Aéreas Snuggford. Ela precisa realizar vários exames, provas, enfrentar vários desafios para conseguir entrar para a tripulação de elite, se tornar uma comissária e realizar o sonho de sua vida.


O game oferece 60 fases (e outros 30 desafios extras) divididas em 6 setores do aeroporto ou partes do avião onde Amber deve servir, auxiliar e até acalmar os passageiros, fazer inspeções de segurança, e lidar não só com a pressão de um trabalho cheio de exigências e chefes autoritários, mas também com novos amigos, possibilidades de relacionamentos amorosos, e claro, os próprios conflitos pessoais.


Amber mora num apartamento, adora tocar bateria e tem um peixinho dourado chamado Sushi. Ela adora seu trabalho, mas um trauma de infância faz com que ela se culpe por algo terrível que aconteceu, e isso ainda não permite que ela siga em frente, seja no âmbito profissional ou no pessoal.

A medida que vamos avançando as fases, o diário de Amber vai sendo preenchido, assim como a possibilidade de personalizá-lo com itens comprados com as conquistas de cada fase, e ali temos acesso ao que Amber escreve, seus pensamentos, medos e sonhos, e aos poucos sua história vai sendo revelada para que possamos entender o que, de fato, aconteceu, e isso acaba enriquecendo a história, deixando o jogo mais envolvente e até emocionante.


A mecânica do jogo é a mesma dos outros da desenvolvedora. A gente toca no passageiro que deve ser atendido, toca no item que ele quer, e toca no passageiro de volta para lhe entregar o item. A dificuldade aumenta a medida que o jogo avança, então é preciso ficar cada vez mais ágil nos atendimentos para terminar a fase com uma boa pontuação, ganhar os bônus e completar o diário e o quadro de desafios (que é opcional).






Diferente do Heart's Medicine, este tem as 10 primeiras fases gratuitas e as demais podem ser liberadas após assistir anúncios (o que requer uma conexão com a internet). Há a possibilidade de fazer uma assinatura mensal para desbloquear todas as fases, mas pra quem não pode pagar, é uma forma bem bacana e justa de poder avançar no jogo. Após as sessenta fases o jogo termina, mas nada impede que as fases sejam acessadas outra vez. Às vezes não fechamos a fase com as 3 estrelas ou com a captura do ratinho que aparece, e posteriormente é possível retornar para tentar completar.


A jogabilidade é bem intuitiva e fácil, os gráficos são bem caprichados e coloridos, e cada "mundo" é cheio de detalhes incríveis e super bem feitos. Assim, pra quem curte jogos desse gênero, Amber's Airline nos transporta para um game que não mostra apenas os vislumbres dos bastidores dessa carreira tão cobiçada pela possibilidade de conhecer lugares novos e incríveis, mas também diverte com os pequenos desafios que nos faz correr contra o tempo, e ainda conta uma história de amor, perda e superação tão divertida quanto emocionante. Recomendo!