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Na Telinha - Aggretsuko (3ª temporada)

9 de novembro de 2020

Título: Aggretsuko (アグレッシブ烈子)
Temporada: 3 | Episódios: 10
Distribuidora: Netflix/Sanrio
Elenco: Kaolip e Rarecho (death metal voice), Sohta Arai, Rina Inoue, Shingo Kato, Maki Tsuruta, Komegumi Koiwasaki, Yuki Takahashi, Chiharu Sasa
Gênero: Anime/Drama/Comédia
Ano: 2020
Duração: 15min
Classificação: +12
Nota:★★★★★
Sinopse: Retsuko vive momentos difíceis no mundo corporativista, tendo uma pitada de humor e muita música death metal. A mistura do anime animou o público e o transformou em um dos mais populares da plataforma de streaming.

Depois de um longo ano esperando, até que enfim a Netflix liberou a terceira - e tão esperada - temporada de Aggretsuko, e já começo falando que, mais uma vez, a temporada superou minhas expectativas, e só me resta torcer para que em breve haja uma bendita confirmação de que irão produzir a quarta. Pelo amor de Deus, Netflix, nunca te pedi nada.

Pra quem ainda não conhece, Retsuko é uma pandinha vermelha de vinte e poucos anos, escorpiana, que trabalha como contadora numa grande empresa. Ela libera todo o seu estresse e fúria de ter que lidar com as frustrações e desgostos do trabalho cantando o mais escandaloso death metal num karaokê após o expediente.



Dessa vez, Retsuko já começa a temporada viciada num game virtual que proporciona o romance dos sonhos. O que ela demora a entender é que o jogo estava consumindo e prejudicando sua vida. Ela não estava mais dormindo, seu rendimento no trabalho estava abaixo de zero, e a coitada começou a gastar todo o seu dinheiro pra ter "vantagens" no namoro com alguém que não existe a ponto dela ir praticamente a falência, a viver de biscoito com água. Sem coragem de contar pros outros sobre a furada financeira que se meteu para pedir socorro, ela não sabe o que fazer para conseguir mais dinheiro pra pagar as próprias contas e nem enxerga nenhuma solução, até ela causar um pequeno acidente batendo o carro alugado que dirigia no carro do Sr. Hyodo, um leopardo (?) bastante rígido e misterioso que vai querer que Retsuko pague pelo conserto com um dinheiro que ela não tem. E é justamente por não ter esse dinheiro que ela começa a trabalhar - sem receber - como contadora para o Sr. Hyodo, que é empresário do OTMGirls, um grupo de idols em ascensão.



E partindo dessa premissa e mudando um pouco os ares típicos das temporadas anteriores, a 3º temporada vai se desenvolvendo trabalhando as questões e os dilemas pessoais de Retsuko, que, deixando um pouco a sua vida no escritório de lado, foca nesse "bico" no mundo das subcelebridades que estão buscando reconhecimento e sucesso. E como sua válvula de escape é praticar o bom e velho death metal no karaokê, talvez esse dom da pandinha vermelha venha a ser bastante útil para os negócios do Sr. Hyodo. O que Retsuko não esperava era que talvez a habilidade que ela fazia questão de manter em segredo, seja aquilo que a faça se encontrar e se sentir aceita, por mais diferente que seja, logo ela passa a ter mais controle sobre as coisas que ela quer e passa a se impor. Tem coisa mais libertadora do que soltar um grande e sonoro NÃO em vez de fazer o que os outros querem contra a nossa vontade, só pra agradar?



Os demais personagens mais relevantes e próximos a Retsuko também são mais bem trabalhados nessa temporada. Seus arcos acabam estando diretamente ligados a ela e coincidem com alguma escolha que ela faz. Gori, umas das melhores amigas de Retsuko, investiu num aplicativo para casamentos e Retsuko poderia ser uma ótima cobaia para testá-lo. Haida teve muito mais espaço nessa temporada. Ele continua apaixonado por Retsuko, mas a aproximação dele com Inui, uma colega de trabalho em comum, faz com que ele fique dividido e passe a fazer questionamentos sobre seus sentimentos. Vale a pena continuar esperando ou investindo em alguém que só o vê como amigo?



Talvez pegando o gancho da popularidade do k-pop, essa temporada adentra nos assuntos que remetem a esse mundo, mostrando como esses idols lidam com fãs, com stalkers, com as críticas e com a própria vida financeira que começa a alavancar de repente. E enquanto uns são mais pé no chão, tentando ir com calma, outros querem entrar de cabeça e seja o que Deus quiser. Logo, mostra um pouco dessa geração atual, e unido isso aos outros personagens e ao tema ligado aos fatos da vida adulta da série, é impossível não ter um personagem com alguma característica que faz com que alguém se identifique.

Na Telinha - Aggretsuko (2ª temporada)

22 de junho de 2019

Título: Aggretsuko (アグレッシブ烈子)
Temporada: 2 | Episódios: 10
Distribuidora: Netflix/Sanrio
Elenco: Kaolip e Rarecho (death metal voice), Sohta Arai, Rina Inoue, Shingo Kato, Maki Tsuruta, Komegumi Koiwasaki, Yuki Takahashi, Chiharu Sasa
Gênero: Anime/Drama/Comédia
Ano: 2019
Duração: 15min
Classificação: +12
Nota:★★★★★
Sinopse: Retsuko vive momentos difíceis no mundo corporativista, tendo uma pitada de humor e muita música death metal. A mistura do anime animou o público e o transformou em um dos mais populares da plataforma de streaming.

Após uma espera bastante considerável (principalmente se levarmos em conta a quantidade de episódios e sua duração), eis que a Netflix libera a segunda temporada de Aggretsuko, mostrando a batalha diária que é a vida da pandinha vermelha mais fofa que já se viu na televisão.
Depois de ter sofrido uma decepção num relacionamento que fracassou e conseguido dar a volta por cima, Retsuko volta pra casa e precisa lidar com sua mãe que, preocupada - e sem muita noção -, invade seu apartamento, logo, a "ajuda" que ninguém pediu, acaba não sendo muito bem vinda.


Além dela querer cuidar e controlar a vida da filha, limpando a casa, fazendo comidas caseiras, insistindo pra que ela "cresça", afinal, ela já tem seus vinte e poucos anos e ainda está "encalhada", sua mãe ainda fica arranjando vários encontros às escuras numa tentativa desesperada de conseguir um possível casamento para Retsuko. A ideia da mãe mostrar fotos cheias de edições dos pretendentes pra deixá-los mais atraentes e tentar aumentar o interesse de Retsuko por eles é tão trágica quanto cômica, principalmente porque a reação dela é de desgosto puro. E enquanto atura as exigências e inconveniências absurdas da mãe, Retsuko, bastante estressada, tenta encontrar motivação no trabalho enquanto precisa tirar paciência do além para treinar Anai, um funcionário recém contratado com comportamento mui esquisito e suspeito.


Embora a vida profissional de Retsuko tenha seu devido espaço no enredo, mostrando que é um ambiente com várias cobranças e pressão suficientes pra deixar qualquer um maluco; ou que trabalho em equipe, mesmo com alguém insuportável, é importante; essa temporada dá um destaque bem maior para as relações interpessoais - e imperfeitas - da protagonista. Retsuko vai aguentando o tranco de tudo calada, com aquele sorrisinho amarelo no rosto, engolindo o choro, pra mostrar que está tudo bem, e quando não aguenta mais, ela explode num estado de fúria suprema e sua única válvula de escape é cantar/gritar seu tão amado death metal para extravasar como se não houvesse amanhã. Agora, cansada de ser vista como certinha, ela sente vontade de quebrar padrões e fazer coisas que nunca teve coragem de fazer, mas ao mesmo, enquanto enfrenta alguns desafios, ela não quer abrir mão de seus sonhos, e nem mudar sua essência por causa de ninguém.


Um ponto interessante da personalidade de Retsuko é que ela tem o sonho de encontrar sua alma gêmea, se casar, ter filhos e formar uma família feliz, pois ela acredita que o casamento faz parte da vida. Ela busca estabilidade, alguém que se importe com ela e que, principalmente, seja bem sucedido. Assim, quando Retsuko, enfim, parece ter encontrado o amor de sua vida, com direito a todos os atributos que ela sempre procurou em alguém, ela descobre que não adianta insistir num relacionamento se cada um acredita - e investe - em coisas diferentes.


Os personagens são únicos e possuem características bastante peculiares e que os aproximam da nossa realidade, retratando cada um deles como alguém que poderia se passar por algum conhecido, amigo, familiar, ou nós mesmos. Neles podemos ver que nem sempre alguém é o que parece, e que podemos ficar surpreendidos com as ideias de quem pensávamos conhecer bem. Os amigos de Retsuko são sempre muito solícitos e, na maioria das vezes, compreensivos, mas eles também estão longe de serem perfeitos. Haida, a hiena, trabalha com Retsuko e é apaixonado por ela faz anos, mas a dificuldade que ele tem em se expressar acaba impedindo que ele se aproxime mais.

Eu não sei, mas tenho meus palpites... Mesmo que Haida já tenha tomado coragem e se declarado pra Retsuko na primeira temporada (e ter sido rejeitado), ainda acredito que, por ele ser um cara legal, ou ele vai encontrar alguém tão legal quanto ele pra fazê-lo feliz, ou Retsuko vai acabar lhe dando uma chance... Fico com uma dó danada de ver o coitado olhando pra ela com tanta ternura enquanto ela não dá a mínima. Mas como, até então, ela só consegue enxergá-lo como amigo, o jeito é aguardar as próximas temporadas e as cenas dos próximos capítulos pra ver onde isso vai dar...


Washimi e Gori são super compreensivas, conseguem separar a vida pessoal da profissional como ninguém, e aceitam a amiga do jeitinho que ela é, mas elas também tem seus segredos, brigam entre si e, às vezes, não conseguem ceder por não concordarem com uma opinião contrária à delas. Enquanto Gori acredita que contar uma "mentirinha" para conseguir alguma coisa não é um problema, Washimi não se importa em magoar os outros com sua sinceridade, e Retsuko fica no meio das duas tentando acalmar os ânimos, mas sem saber o que fazer.


Outro ponto legal é que, através da panda vermelha, podemos refletir um pouco acerca de preconceitos e julgamentos que são feitos baseados em achismos, e que nem sempre correspondem com a realidade. Isso acaba mostrando que Retsuko (assim como todos os demais personagens) não é perfeita, mesmo que seja tão boazinha. Um exemplo disso é a personagem Kabae, uma hipopótamo que é sempre muito exagerada, fofoqueira e escandalosa, vive pulando, fazendo o chão tremer, e atormentando todo mundo por aí, mas que consegue enxergar em Anai algo que os outros não conseguem ver. Enquanto para os outros Anai é um maluco que se sente perseguido e assediado por todo mundo, coisa que ninguém sabe lidar, para Kabae ele é um pobre incompreendido que só precisa de atenção, carinho e orientação. Retsuko começa a enxergar a colega sob uma nova perspectiva depois de perceber que ela é alguém bastante compreensiva com aqueles que mais precisam, mas mesmo que seja legal e tenha alguma sabedoria, Kabae ainda é a maior fofoqueira do escritório. Esses contrastes mostram que alguém pode ser muito chato, irritante, ter seus momentos de loucura e ser difícil de lidar, mas ninguém é totalmente desprovido de virtudes, basta que encontre seu espaço, se esforce um pouco para conviver em sociedade e saiba aproveitar oportunidades e momentos certos.


Embora o desenho tenha o visual infantil, todo coloridinho e super cute que, inevitavelmente, desperta a atenção da criançada, não se deixe enganar. A animação faz jus ao estilo dos animes, ainda mais quando se trata de expressões caricatas e exageradas para reforçar um sentimento mais intenso, e isso deixa os episódios super engraçados. A temática é indicada pro público adulto e, por mais que tenha cenas cômicas e toques de muito bom humor (a carteira de motorista de Retsuko é impagável), mostra uma realidade crua e complexa sobre os dramas da vida do jeitinho como ela é, assim como relacionamentos que idealizamos, desafios que enfrentamos, sonhos e decepções inevitáveis, e é impossível não se identificar, não sentir empatia, ou tomar as dores dos personagens.


Na Telinha - Aggretsuko (1ª Temporada)

10 de maio de 2018

Título: Aggretsuko (アグレッシブ烈子)
Temporada: 1 | Episódios: 10
Distribuidora: Netflix/Sanrio
Elenco: Kaolip e Rarecho (death metal voice), Sohta Arai, Rina Inoue, Shingo Kato, Maki Tsuruta, Komegumi Koiwasaki, Yuki Takahashi
Gênero: Anime/Drama/Comédia
Ano: 2018
Duração: 15min
Classificação: +12
Nota:★★★★★
Sinopse: Frustrada com o emprego, Retsuko, a panda vermelha, encara a luta diária cantando death metal em um karaokê depois do expediente.

A Sanrio e seus personagens gracinhas que esbanjam fofuras surpreendem cada vez mais, vide Hello Kitty, Chococat e companhia. Agora, baseado na panda vermelha Retsuko, a Netflix, nessa super parceria, recentemente lançou o anime Aggretsuko (Agressive Retsuko), voltado a um público mais adulto devido às questões abordadas e que, pra mim, acertou em cheio, tanto pela animação super cute e colorida quanto pela temática que faz qualquer um refletir sobre a própria vida.



"Retsuko, escorpiana, 25 anos, solteira, sangue tipo A", como ela se denomina, trabalha no setor contábil de uma grande empresa há cinco anos mas está exausta e muito insatisfeita, tanto pela rotina de pegar metrô lotado todo santo dia, pelo trabalho ser completamente desgastante e quanto por ter que lidar com um chefe que abusa de seu poder e com colegas inconvenientes no ambiente profissional. Para espairecer um pouco, ela frequenta um karaokê onde virou cliente assídua e, numa sala reservada, se joga - e se transforma em quem é de verdade - cantando/gritando death metal como ninguém.



Não se deixem enganar pelos traços infantis e bonitinhos do anime. Ele mostra com bastante fidelidade o cotidiano exaustivo do trajeto para o trabalho e do dia-a-dia, dos funcionários dentro de uma empresa e, por isso, vai se bem fácil que muitos se identifiquem com as situações abordadas, desde as mais simples, como colegas que adoram espalhar fofocas, chefes folgados, puxa-sacos, gente que vive de aparências e etc, até as mais delicadas como o abuso de poder, agressões e abusos psicológicos.



Retsuko é aquela personagem que acabou se acomodando a esse tipo de vida, e, por ser insegura e certinha demais, ela tem medo de arriscar, deixando de aproveitar oportunidades e explorar novos horizontes por se agarrar a ideia de que deve se prender naquilo que acha certo e estável, por mais que aquilo a faça infeliz, em vez de apostar no que é ''duvidoso". Ela engole desaforo porque tem contas pra pagar e se conforma com o que tem. Todos os problemas que a deixam saturada vão se acumulando, e o death metal é sua única válvula de escape, seu refúgio que lhe serve de consolo, principalmente porque as letras resumem tudo aquilo que ela gostaria de por pra fora, como mandar o chefe a merda por exemplo, mas guarda pra si pra não colocar o emprego em risco. Quando a situação sai de controle e o expediente ainda não acabou, ela corre pro banheiro com seu inseparável microfone e dá seus berros por lá mesmo.



Ainda dentro do universo dos embustes da vida, a segunda metade do anime ainda mostra que nada é tão ruim que não possa piorar. Retsuko conhece Resasuke, que trabalha no setor de vendas da empresa. Além dele ser tratado pelos amigos como um objeto de decoração no escritório, ele ganhou o apelido de "Príncipe Egoísta" por sempre pensar em si mesmo, mas Retsuko é a única que não consegue enxergar isso quando se pega apaixonada por ele, mesmo com os constantes avisos de suas amigas de que o cara não tem nada demais e não é alguém que se importe de verdade com ela, ou com o quanto fica evidente que ele está nesse relacionamento por livre e espontânea pressão dos colegas de trabalho. Este acaba sendo um exemplo claro e direto sobre as armadilhas do romance é o quanto é prejudicial, em todos os sentidos, estar num relacionamento onde o sentimento não é recíproco. Enquanto ela o enxerga como um príncipe encantado, maravilhoso e de olhos brilhantes, ele é totalmente aéreo e alheio a qualquer coisa à sua volta e não está nem um pouco interessado em manter um relacionamento com ninguém, e nem parece se importar com isso, e Retsuko, no mundo da lua, não enxerga que está numa furada e ainda acaba prejudicando seu desempenho no trabalho por estar envolvida com alguém que não liga e nem se preocupa em fazê-la feliz.





Assim ela vai aprendendo com as próprias experiências que, apesar de tudo, ela não deve deixar de ser quem é para agradar os outros ou pra se sentir realizada de alguma forma. E suas boas amigas e aqueles que realmente se importam com ela estão ali pra ajudá-la nessa jornada que é a vida adulta.

Ter responsabilidades não significa precisar se submeter a qualquer coisa em nome dos boletos que precisamos pagar. Estar num relacionamento não impede que nossos olhos fiquem fechados para os defeitos que o outro tem, idealizando o que queremos enquanto ignoramos o que temos. Pra mim, foi simplesmente incrível acompanhar um anime, aparentemente bobinho, que aborda questões relevantes de uma forma descomplicada, engraçada e inspiradora.
Aggretsuko é uma pequena lição de vida em forma de anime e já estou ansiosa por uma segunda temporada, com mais episódios, por favor.

Na Telinha - Violet Evergarden (1ª Temporada)

10 de abril de 2018

Título: Violet Evergarden (ヴァイオレット・エヴァーガーデン)
Temporada: 1 | Episódios: 13
Produção: Kyoto Animation
Elenco: Yui Ishikawa, Takehito Koyasu, Daisuke Namikawa, Aya Endo, Kouki Uchiyama, Minori Chihara, Haruka Tomatsu
Gênero: Anime/Drama/Romance
Ano: 2018
Duração: 24min
Classificação: +16
Nota:
Sinopse: A guerra acabou, e Violet Evergarden precisa de um emprego. Com cicatrizes e insensível, ela aceita trabalhar como escritora de cartas para entender a si mesma e seu passado.
Baseada na light novel dividida em dois volumes de Kana Akatsuki, temos uma realidade alternativa no continente de Telesis, que foi dividido entre norte e sul. Acompanhamos uma jovem adolescente que, no passado, fora conhecida como "a arma". Violet cresceu no campo de batalha em meio aos soldados e foi usada como ferramenta de guerra no auxílio ao combate aos inimigos, e podia ser considerada uma das armas mais letais já vistas. Quatro anos depois, a guerra terminou, e a garota, que perdeu os braços numa terrível explosão, vai tentar recomeçar sua vida com as novas próteses que ganhou, trabalhando na empresa de serviço postal da cidade.



Porém, por ter crescido num ambiente hostil e sempre seguindo ordens de Gilbert, seu major, Violet não sabe identificar sentimentos, não demonstra emoções, e nem sequer possui expressões. Seu rosto é um misto de melancolia com seriedade, ela nunca aprendeu a sorrir e tudo que lhe é dito é entendido de forma literal ou abstrata. Mas o que Violet mais queria no mundo era entender a essência humana e o que são os sentimentos, e quando as últimas palavras ditas à ela pelo major foram "eu te amo", ela decide se tornar uma Autômata de Automemórias (ou Auto Memory Doll) para poder compreender o significado dessa frase tão intensa que ela não consegue esquecer.

As Autômatas captam os sentimentos mais profundos das pessoas e os transformam em palavras, assim, as cartas escritas podem transmitir esses sentimentos, independente da distância, e tocar os corações dos seus destinatários.



Sendo incapaz de decifrar um sentimento verdadeiro, e sem a menor sutileza para enxergar mensagens nas entrelinhas, Violet vai precisar de muito treino para aprender a se tornar uma Autômata de Automemórias, para, enfim, aprender sobre as pessoas e sobre si mesma.
Assim, sempre carregando um broche da cor dos olhos de seu major, ela vai contar com o ajuda de suas colegas de trabalho para ensiná-la muito do que ela precisa saber, e do apoio de Hodgins, o presidente da empresa postal onde trabalha e que costumava ser seu tenente coronel no exército, e agora cuida dela por ter feito uma promessa a Gilbert.



Com um visual de tirar o fôlego, mesmo que o cenário seja pós guerra, o anime não só retrata a jornada de uma Autômata ao atender os desejos de pessoas diferentes, com necessidades diferentes e com arcos próprios e cheios de profundidade, mas também mostra um vislumbre da sociedade se recuperando e, claro, o crescimento da protagonista em sua busca incessante por compreensão e num processo onde ela se torna mais humana, mesmo que, a princípio, ela tenha o comportamento e a frieza de um robô, de forma que seus braços mecânicos ainda reforçam esse conceito.



A ideia é que Violet coloque no papel os sentimentos das pessoas que não sabem escrever ou não sabem como se expressar, e ela, sendo tão insensível, mal compreende o que está fazendo. Sua frieza e falta de tato em alguns momentos chega a ser impressionante, e não no bom sentido. Quando alguém lhe cobra um sorriso, por exemplo, ela precisa puxar as próprias bochechas e age como se isso fosse muito natural, quando é meio assustador (mesmo que no contexto possa ser engraçado).

Mas a medida que a garota viaja, ela conhece lugares novos e aprimora sua habilidade quando conecta as pessoas através de suas cartas, e assim, gradualmente começa a entender como os sentimentos funcionam, assim como o que as pessoas são capazes de fazer quando estão tão felizes que mal conseguem se conter, ou tão arrasadas que nada parece ser capaz de tirá-la do fundo do poço, mas movidas pela necessidade de enviarem uma carta especial a alguém ainda mais especial.



Algumas cenas em meio aos episódios são bem pesadas, com violência, mortes horríveis e muito sangue, e mostram um pouco do passado da garota enquanto ela lutava na guerra, mas nada foi explicado sobre suas verdadeiras origens ou como ela se tornou um soldado com habilidades tão letais. O que é sempre frisado é sobre o paradeiro do major, que é dado como morto, mesmo que seu corpo não tenha sido encontrado em meio aos escombros, assim Violet não perde as esperanças de um dia poder encontrá-lo.



Sim, ela tinha míseros dez anos de idade quando era considerada uma ferramenta de guerra, e com isso há também a questão da culpa do major em usá-la dessa forma. No fundo ele acredita que ela tenha sentimentos, mas a situação, e ele próprio, se encarregou se reprimir qualquer emoção que ela poderia vir a ter. Não fica claro se o dito amor do major por Violet é algo fraternal ou não, mas um episódio em questão me deixou com o pé atrás quando um casamento entre uma menina de quatorze anos é arranjado com um jovem de vinte e quatro e Violet não vê mal nisso. Na época pode ter sido algo normal, mas, por mais"romântico" que tenha sido, não deixa de ser estranho e incômodo.



Embora os episódios sejam curtos e poucos, o enredo se desenvolve de uma forma bem lenta e se preocupa em focar em detalhes, como pés inquietos, mãos se apertando, objetos, cabelos ao vento e afins, e por mais bobo que pareça, são detalhes que, em conjunto com a linda trilha sonora, conseguem transpassar as emoções dos personagens, intensificando seus sentimentos de acordo com a situação em que se encontram. Só posso afirmar que a cada episódio, as histórias se tornam mais bonitas e emocionantes do que as outras.
"Palavras podem ter diferentes interpretações. O que a pessoa diz não é toda a verdade. É uma fraqueza humana. Elas testam as outras pessoas para confirmar a própria existência."
- Episódio 2
Não posso palpitar sobre o trabalho de dublagem da série, pois sempre assisto tudo que posso no idioma original (mesmo que a única coisa que eu entenda em japonês seja "arigatô"). Acho que a experiência se torna muito mais real e emocionante assim.



O final fica em aberto, clamando por uma segunda temporada urgentemente, mas termina com aquele gostinho agridoce, deixando qualquer um que tenha acompanhado super satisfeito com tamanha beleza. Enfim, Violet Evergarden emociona e consegue arrancar algumas lágrimas facilmente, até dos "robôs mais insensíveis", como Violet costumava ser. O anime mostra como alguém marcada pelos horrores da guerra pode, sim, ter bondade no coração e ajudar as pessoas que precisam, ter esperanças e, acima de tudo, ser capaz de sorrir e amar.

Na Telinha - Death Note (Anime)

14 de setembro de 2017

Série baseada no mangá de Takeshi Obata e Tsugumi Ôba
Título: Death Note
Episódios: 37
Produção: Madhouse
Gênero: Anime/Thriller/Sobrenatural
Ano: 2006
Duração: 22min
Classificação: 16 anos
Nota:
Sinopse: Light Yagami é um genial estudante entediado com a vida que leva. Mas sua via está prestes a mudar de uma forma que ele nunca poderia imaginar. Light encontra um misterioso caderno chamado Death Note e descobre que com ele é possível matar quem quiser – desde que siga as regras escritas no próprio caderno. O rapaz então passa a testar o Death Note e pouco a pouco vai aprendendo a usá-lo até o ponto que decide varrer a escória da sociedade do planeta. Dotado de grande senso de justiça, ele começa a usar o caderno maldito para eliminar criminosos do mundo inteiro e começa a ganhar notoriedade na internet e nos demais meios de comunicação. Os atos do estudante começam a ser vistos com bons olhos por muitas pessoas que, sem saber sua identidade, passam a chamá-lo de Kira, termo adaptado do inglês “Killer” (assassino). Os atos de Light começam a chamar a atenção das autoridades mundiais. Sem pistas de quem seria Kira, entra em cena o exótico detetive conhecido apenas como L. Começa aí um jogo de “gato e rato” entre duas mentes brilhantes. De um lado Light e seu Death Note, do outro L e a polícia do Japão. E, assistindo a tudo, está Ryuk, o Shinigami – ou Deus da Morte – que jogou de propósito o Death Note no Mundo dos Humanos para se divertir um pouco. 

Quando Ryuk, um dos deuses da morte do reino dos Shinigamis, não suporta mais o tédio de sua vida e do lugar em que vive, ele lança seu caderno na Terra esperando que alguém o encontre...
O caderno, chamado de Death Note, é um instrumento sobrenatural que funciona a base de várias regras, mas, basicamente, faz com que quem tenha o nome escrito nele, morra.


Light Yagami, um estudante excepcional de dezessete anos, mas entediado com a sua rotina, acaba encontrando o Death Note, que cai na área da escola onde ele estuda. Quando Light descobre o que o caderno faz, decide usá-lo anonimamente para varrer o mundo dos criminosos e se tornar um tipo de deus da justiça, criando um mundo melhor e livre de todo o mal e podridão. Cinco dias depois de Light tomar posse do Death Note e ter dado fim nos piores criminosos do mundo, Ryuk desce à Terra, mais precisamente em Tóquio, e se surpreende com a frequência com que o caderno foi usado por Light. Assim, Ryuk passa a acompanhá-lo para observar os acontecimentos que surgem em decorrência do caderno, só pra se divertir, já que Light é o único humano que ele conheceu que não está poupando esforços para disparar nomes alí desenfreadamente.
Mas, com as mortes de tantos criminosos acontecendo e sendo noticiadas pela mídia sensacionalista e aproveitadora que busca audiência incessantemente, a população teme, mas aclama o justiceiro anônimo como Kira. Porém, a onda de mortes desses criminosos, que tiveram seus nomes escritos no caderno por Light, imediatamente chama a atenção da polícia. As mortes em massa, mesmo que todas tenham sido paradas cardíacas, são consideradas assassinatos, e o responsável é tão criminoso quanto os que morreram, portanto deve ser condenado.



Sem pistas de como os bandidos estão sendo mortos, resta a polícia recorrer ao misterioso e anônimo L, o detetive mais inteligente e sagaz que existe e que sempre solucionou um caso, por mais impossível que pareça. L, então, inicialmente representado por seu tutor, Watari, se une a polícia e começa a usar sua genialidade para liderar o caso a fim de desvendar a verdadeira identidade de Kira para que ele possa ser responsabilizado pelas mortes e pagar por esses crimes.
Aproveitando que seu pai é um policial que está trabalhando no caso, Light tem acesso a informações exclusivas que o ajudam a tomar decisões baseadas nos próximos passos de L.
Porém, Light/Kira não tem a menor intenção de ser pego, e aproveitando de sua inteligência fora do comum, fará de tudo para não só evitar ser descoberto, como também descobrir a identidade de L para impedi-lo de progredir com as investigações, nem que para isso Light tenha que anotar o nome dele no Death Note...


Assim, uma incrível batalha intelectual é travada entre Light e L, onde um tenta descobrir a identidade do outro, usando de artimanhas psicológicas, genialidade, brilhantismo, poderes incríveis de dedução, manipulação e persuasão, para atingir seus objetivos. É como se um pudesse entrar na cabeça do outro para saber o que pensam, e assim tentam agir de acordo com o que o outro não espera.

Pra ser sincera, eu acho que devia estar morando numa caverna, pois nunca tinha ouvido falar de Death Note na minha vida até recentemente ter visto a empolgação do povão quando a Netflix anunciou que faria uma adaptação do mesmo. Porém, com o lançamento do dito filme e as posteriores manifestações descontentes e indignadas dos fãs (incluindo ameaças de morte ao infeliz diretor), decidi conferir a fonte antes de arriscar assistir ao filme, pois assim já saberia exatamente do que se trata, além de não criar expectativas que poderiam não ser superadas (coisa que geralmente acontece em adaptações na maioria das vezes). Para a minha satisfação e alegria, eu simplesmente amei o anime, tanto que assisti os 37 episódios em dois dias. É viciante, empolgante, e a curiosidade pelos próximos acontecimentos é algo incontrolável. É aquele tipo de material que a gente assiste e quer sair por aí comentando e indicando pra todo mundo que aparece pela frente como se não houvesse amanhã.

Light Yagami


Light é um adolescente que tem total ciência dos poderes do Death Note, e a medida que a trama se desenvolve, ele vai se revelando cada vez mais perspicaz, conseguindo enganar L e a polícia e se deixando corromper, de forma gradual, por ter algo em mãos que o torna tão poderoso. Inicialmente ele mesmo se questiona sobre ser um assassino e sobre o direito de julgar os outros, mas Light acaba usando sua inteligência para convencer, manipular e enganar os outros para preservar sua identidade, mesmo que pra isso ele tenha que eliminar gente de bem que possa representar um possível risco a ele, e assim, poder concretizar seus planos de se tornar o deus que quer transformar o mundo num lugar melhor.

L

L é um detetive genial e excêntrico, que adora açúcar e vive rodeado de doces. Ele tem um comportamento muito peculiar, principalmente na forma de se sentar. L preserva sua identidade até que num determinado ponto, a fim de obter mais informações sobre Light, assim como a total confiança da polícia, não tem outra alternativa a não ser revelar seu rosto. Com o progresso das investigações e deduções, ele passa a suspeitar de Light, mas por falta de provas não pode acusá-lo, o que leva L a vigiá-lo o tempo todo.

A forma como o núcleo da família Yagama é trabalhado também é um dos pontos altos do anime, seja pela preocupação da mãe com as notas do filho para que ele entre na faculdade e seja bem sucedido, o amor fraterno com a irmã mais nova que é empolgada e grande admiradora do irmão, mas principalmente com relação ao pai de Light, pois por mais que ele seja ausente devido ao trabalho, a família é unida e amorosa, e a ideia de ter um filho criminoso não é aceitável, tanto que o pai colabora com L nas investigações contra o próprio filho, mesmo que esperando provas de que Light não seja Kira.

Ryuk e Light

Ryuk é espectador de tudo o que acontece. Ele está alí apenas para observar Light/Kira sem interferir em absolutamente nada no que diz respeito as suas decisões. Ryuk não ajuda e não atrapalha, mas faz alguns pequenos favores para Light em troca de ganhar maças. Ele chega a oferecer seus olhos para Light, pois dessa forma ele conseguiria ver o nome da pessoa e os dias de vida que lhe restam, desde que olhe pra ela, mas esse acordo faz com que metade de sua expectativa de vida seja dada a Ryuk, e Light recusa, preferindo usar de sua inteligência para descobrir o que precisa.


Num determinado ponto da história, Misa Amane é inserida na trama e causa algumas reviravoltas bastante intrigantes. Ela é uma jovem celebridade que carrega o trauma de ter tido os pais assassinados, mas se tornou devota a Kira por ele ter matado o criminoso responsável pelo assassinato. Assim, ela passa a viver sua vida praticamente em função de encontrar Kira para se dedicar a ele como namorada submissa. E quando ele descobre que ela também tem um Death Note e pode lhe ser útil como a segunda Kira, não pensa duas vezes em usá-la, por mais que ele não tenha a menor paciência e não goste dela. Isso é bastante revoltante pois Misa, muitas vezes, sabe que está sendo usada e manipulada por Light, de forma até cruel, mas não se importa, desde que tenha ele por perto. É triste e revoltante ver que esse tipo de obsessão, pois ela não se dá o devido valor e Light se aproveita disso tirando o máximo de vantagem que pode.

Rem é a Shinigami, dona original do segundo caderno, que acompanha Misa, e diferente de Light e Ryuk, as duas fizeram o trato dos olhos. Assim Misa consegue ver o nome das pessoas flutuando em suas cabeças. Tal habilidade é extremamente atrativa e útil para Ligh/Kira, e esse é mais um dos motivos que o leva a mantê-la por perto.

Misa Amane

Ela inclusive dá um ar bastante cômico ao anime, principalmente por ser aquele tipo de personagem caricata e estereotipada, com corpão violão, peitolas, roupas provocantes, comportamento infantilizado e voz esganiçada que a tornam um tipo de ícone sexual para pervertidos ou coisa do tipo.

Rem acaba sendo uma deusa da morte oposta a Ryuk, pois embora ela também seja uma observadora, ela desenvolveu sentimentos por Misa a ponto de se preocupar com sua segurança e bem estar, e isso acaba sendo um grande problema já que há algumas regras com relação a isso que podem colocar várias coisas em risco.

Rem


Os demais personagens, mesmo que morram ou continuem vivos até o fim, são importantes e suas particularidades que os definem, desde suas personalidades, atitudes e características físicas. Ninguém aparece sem motivo, e mesmo que a participação seja curta, eles estão alí para mostrar as facetas e as várias camadas de Light, e até onde ele é capaz de ir para se manter Kira.

Um ponto mui importante é que a equipe investigativa sempre está alí dando duro para ajudar L na resolução do caso, e Matsuda, um dos policiais envolvidos, levanta questões morais bastante relevantes com relação as atitudes de Kira. Se Kira está matando todo o bando responsável por causar caos e sofrimento no mundo a ponto da população em sua grande maioria estar ao seu lado, é certo condená-lo?

L e a equipe de investigação


Não posso deixar de falar um pouquinho sobre o projeto gráfico da animação de forma geral e os detalhes que são impossíveis de não considerar. Os movimentos de câmera são dinâmicos e se encaixam com o momento. Alguns são lentos, outros apenas closes estáticos ou com enquadramentos específicos, outros são bem rápidos com alternância de focos em personagens distintos. É incrível como conseguiram transformar as cenas de um cara escrevendo de forma alucinada num caderno em verdadeiras cenas de ação que você vê e pensa "Noooooooooosssaaa, que doideira é essa!!".


O jogo de cores também é bem definido e contrastam uma com a outra de forma e tentar mostrar o "bem e o mal". O tom vermelho que paira sobre Kira durante suas "limpeza" acaba sendo um recurso bastante utilizado, assim como a iluminação que o retrata como alguém superior quando vem do alto, como se ele realmente estivesse se tornando uma divindade com o poder de decidir o destino alheio, ou quando tudo fica escuro, dando aquele ar sombrio e mostrando que da mesma forma que ele pode agir para um bem maior, ele também consegue ser extremamente demoníaco. Em contrapartida, os tons sobre L são azuis, de forma a evidenciar um tipo de neutralidade e até mesmo o mistério acerca de sua figura. As próprias características físicas de Light e L são opostas. L é pálido, desleixado, tem olheiras e aparenta ser maluco, enquanto Light é bem mais atraente. A trilha sonora também se encaixa perfeitamente com cada momento e dá o tom exato para cada cena e personagem. É algo voltado para o metal, que não curto muito, mas no caso desse anime a trilha se encaixou como uma luva.



E sim, como todo anime, há várias cenas exageradas, principalmente as de morte, algumas bem cômicas, e outras que estão alí sem nada acontecendo, apenas pra enrolar e ganhar tempo (lembra até aquelas lutas em Dragon Ball onde a poeira levava uma semana inteira pra abaixar), mas penso que tudo é um jogo psicológico para manter o espectador atento enquanto vibra pelo próximo passo inesperado e surpreendente de Light ou L.

Enfim, eu poderia continuar escrevendo um testamento eterno elogiando o anime e refletindo acerca das questões morais que ele aborda e como o intelecto é algo que com certeza define uma pessoa, mas é melhor você correr pra assistir e se empolgar, como eu e toda a legião de fãs se empolgou, caso ainda não tenha visto, ou principalmente se tiver assistido só ao filme e ter tirado conclusões baseadas somente nele.
Super indico!