Graça Infinita - David Foster Wallace

21 de julho de 2017

Título: Graça Infinita
Autor: David Foster Wallace
Editora: Companhia das Letras
Gênero: Romance
Ano: 2014
Páginas: 1144
Nota:★★★★★
Sinopse: Os Estados Unidos e o Canadá já não existem: eles foram substituídos pela poderosa ONAN, a Organização de Nações Norte Americanas. Uma enorme porção do continente se tornou um depósito de lixo tóxico. Separatistas quebequenses praticam atos terroristas e a contagem dos anos foi vendida às grandes corporações.
Graça Infinita foi o último grande romance do século XX e, como o Ulysses de James Joyce, teve um impacto duradouro e ainda difícil de ser aferido. Ora cômico, ora doloroso, ele encapsulou uma geração ligada à ironia e ao entretenimento, mas desconectada da imaginação, da solidariedade e da empatia.
No romance, seguimos os passos dos irmãos Hal, Orin e Mario Incandenza membros da família mais disfuncional da literatura contemporânea, conforme tentam dar conta do legado do patriarca James Incandenza, um cientista de óptica que se tornou cineasta e cometeu suicídio depois de produzir um misterioso filme que, pela alta voltagem de entretenimento, levava seus espectadores à inanição e à morte.
Enquanto organizações governamentais e terroristas querem usar o filme como arma de guerra, os Incandenza vão se embrenhar numa cômica e filosófica busca pelo sentido da vida. Graça Infinita dobra todas as regras da ficção sem jamais sacrificar seu próprio valor de entretenimento. É uma exuberante e original investigação do que nos torna humanos e um desses raros livros que renovam a ideia do que um romance pode ser.

Resenha: Num futuro não tão distante, EUA, México e Canadá formaram a ONAN (Organização das Nações da América do Norte), boa parte do continente (o Canadá no caso) foi destinado ao despejo de lixo tóxico e até os calendários viraram alvo de publicidade depois que a contagem dos anos se tornou um trabalho remunerado.
Tendo essa noção de cenário escatológico, o autor tece uma trama com vários núcleos de personagens que estão alí para ilustrar temas delicados e a forma como abordados, da forma mais bizarra e genial que alguém pode ter noção.
Embora exista a trama geopolítica, o que importa, de fato, é o que está acontecendo em dois lugares que ficam lado a lado: a Escola de Tênis Enfield e a Clínica de Recuperação Ennet. Na primeira, estão os jovens privilegiados socialmente, atletas cheios de talento que fazem do tênis uma oportunidade para seus futuros. Na segunda, estão os viciados que, como última esperança, agarraram a chance de tentarem se recuperar alí. E por mais que um grupo seja tão distinto do outro, todos estão em busca do sucesso no que estão fazendo.

A família Incandenza é um dos núcleos. Uma família disfuncional com membros excêntricos cujas atitudes são sempre questionáveis. James Incandenza, o patriarca alcoólatra, fundou a academia de tênis na qual seus filhos "privilegiados" estão, mas também se dedicava a ser um cineasta experimental antes de sua morte, e "Graça Infinita" foi um dos seus projetos cinematográficos inacabados. O poder de entretenimento do dito filme é tanto que passa a ser considerado uma arma cultural de massa pelos terroristas de grupos separatistas que pretendem disseminá-lo pelo mundo e acabar com os americanos, pois quem assiste fica tão vidrado na televisão que não é capaz de fazer mais nada na vida, até que morra. Daí o nome é autoexplicativo, pois a graça que as pessoas vêem naquilo, e a forma como exaltam o filme acima de qualquer coisa, não tem fim.
A busca pelo filme impulsiona a trama pois há toda uma questão que envolve a queda da ONAN, mas a família em si e a ligação entre os personagens entre os dois locais é o que a rege.

Orin, o irmão mais velho, é aquele popular jogador de futebol americano com interesses depravados que envolvem até sexo com mães. Ele acredita que mulher é um objeto que se usa e joga no lixo. Orin é odioso, mentiroso, oportunista e só pensa em si mesmo.
Hal é um superdotado chato que se deixa consumir pela alienação social e passa os dias usando drogas. Sendo o personagem principal da família, ele chama atenção pro fato do vício em drogas (Hal é um atleta, joga tênis, mas também é um maconheiro de carteirinha). O que leva alguém a usar, o que os motiva, o que esperam da vida são tratados com profundidade, assim como a overdose é descrita de forma crua e assustadora. O que ele faz e o tempo que passa se dedicando ao esquema para burlar exames antidoping chega a ser um insulto. Esses fatores levam o leitor a querer matar Hal e seus colegas (mas ainda assim levando em consideração as críticas sociais do autor), pois como alguém dotado de tanta inteligência perde tanto tempo da vida se dedicando a esse tipo de mirabolância inútil?
E Mario, o irmão do meio e, dentre todos, é o melhor personagem do livro. Ele é extremamente bondoso, é incapaz de zombar dos outros, e por mais que as pessoas sejam podres, ele procura enxergar o melhor nelas. É como se ele transparecesse exatamente aquilo que falta nas pessoas hoje em dia: a empatia.

Don Gately é um outro personagem que tem ligação com praticamente todas as subtramas do enredo, mesmo que de forma sutil ou até obscura. Ele é membro do AA (Alcoólicos Anônimos) e trabalha na casa de recuperação pra dependentes. Seu arco é aquele que mostra um pobre coitado vindo de uma família destruída que consequentemente se tornará um marginal, mas ele quer mudar, mesmo que tenha feito muitas escolhas erradas na vida. Gately inclusive é apaixonado por Joelle van Dyne, atriz que protagonizou alguns filmes de James, incluindo o Graça Infinita e está na clínica de recuperação.

A escrita é bem verborrágica (aprendi essa palavra no canal "Meus 2 Centavos" e não tem palavra melhor pra descrever a bendita escrita), a linguagem não é muito simples, a complexidade da estrutura e o anacronismo dos acontecimentos não colabora para um entendimento fácil, mas usar a essência da cultura norte-americana, mesmo em sua forma mais bizarra, é simplesmente genial. O autor faz com que o leitor fique por dentro das particularidades do enredo que, ao considerar tal cultura, compreenderá a critica que ele quis inserir aqui.
A narrativa se alterna entre os personagens, que fazem descrições nos mínimos detalhes e em letras miudas que ocupam dezenas de páginas, dando ao leitor uma visão muito, mas muito ampla sobre coisas inimagináveis, das mais simples as mais terríveis e chocantes.
Tantas descrições exaustivas e intermináveis podem ser interpretadas como pura encheção de linguiça pra engrossar o livro que, literalmente, pode ser chamado de ~tijolo~, mas no caso de Graça Infinita a coisa toda é proposital, compreensível e até mesmo necessária. A leitura é pesada, incômoda e não é pra qualquer um, mesmo que a reflexão - e a ressaca - que traga seja válida pra todos, mas a experiência com o livro, de forma geral, parece fazer parte da ideia de diversão e entretenimento do autor. Então, justamente por fazer parte da proposta, não vejo como a história poderia ter sido contada de forma mais simples e com menos páginas, mesmo que isso a torne extremamente cansativa.

É impossível não elogiar o trabalho gráfico que foi feito na obra. A capa minimalista não tráz nada além de linhas finas que traçam uma caveira, e as lombadas externas é que cedem espaço para título e nome do autor dando um diferencial todo especial ao livro.

Embora a história traga muitos pontos chocantes, entendi que foi uma forma do autor mostrar aos leitores sua visão de mundo, de que não importa o quão fundo se cave, sempre é possível recomeçar, e talvez tentar fazer com que as pessoas reflitam sobre como enxergam e lidam com as coisas também. O vício está diretamente ligado ao excesso, e tudo que é demais é prejudicial. Tais vícios, independente do que sejam ou da forma como venham, sempre vão ter como finalidade a busca pela felicidade, pelo conforto, pelo prazer e afins, mas muitos não enxergam o embuste em que estão ao acharem que existe algum atalho para tornar o caminho mais rápido e fácil.

Graça Infinita é um livro que requer muito tempo e dedicação, e até falar sobre ele não é uma tarefa fácil. Suas 1144 páginas de texto maciço e prolixo, com detalhes que se estendem à beira da exaustão, e cuja estrutura desordenada é um completo desafio para o leitor, trazem um romance relevante e necessário, cujo foco recai na devoção que o entretenimento proporciona a ponto de levar os outros do vício à solidão, mas também sobre a excentricidade que não se estende apenas aos personagens irônicos, excêntricos e individualistas, mas às suas próprias consciências que acabam tornando-os prisioneiros de si mesmos.


Na Telinha - O Estranho Mundo de Jack

20 de julho de 2017

Título: O Estranho Mundo de Jack (The Nightmare Before Christmas)
Produção: Walt Disney/Tim Burton
Direção: Henry Selick
Elenco:  Danny Elfman, Chris Sarandon, Catherine O'Hara, William Hickey, Glenn Shadix, Paul Reubens
Gênero: Animação/Fantasia/Musical
Ano: 1993
Duração: 1hr 16min
Classificação: Livre
Nota:
Sinopse: Jack Skellington, o rei da cidade do Halloween, decide espalhar a alegria do Natal por todo o mundo. Mas sua bem-intencionada missão acaba deixando o Papai Noel em perigo e cria um pesadelo para as crianças do mundo inteiro! Quem salvará o Natal?

Jack Skellington é o "Rei do Horror" (King of Pumpking), considerado uma das criaturas mais famosas e assustadoras da Cidade do Halloween. Os habitantes monstruosos passam o ano inteiro organizando a festa de Halloween para que o evento possa ser comemorado em grande estilo, porém, Jack, já cansado dessa rotina, entra numa crise existencial por sempre ter que fazer a mesma coisa todos os anos. Para espairecer as ideias, Jack sai para dar uma volta e acaba se deparando com árvores mágicas, cada uma com um símbolo sazonal indicando passagens para diferentes mundos. A porta do Natal chama a atenção de Jack, que resolve dar uma espiada mais de perto para ver o que encontraria alí...



Encantado com o modelo de comemoração do Natal, e pensando em sair da rotina que tanto o entediava, Jack volta para a Cidade do Halloween querendo fazer uma festa diferente, e por mais que Sally Ragdoll, sua ~namorada~, avise que isso não é uma boa ideia, Jack acaba ignorando-a e convencendo os moradores a sequestrarem o Papai Noel, a quem eles chamam de "Papai Cruel". Porém, com a ausência do bom velhinho, alguém teria que substituí-lo na Cidade do Natal, afinal, quem sairia por aí entregando os presentes para as crianças do mundo? Mas, claro, o projeto acaba virando uma grande confusão!


Tim Burton, o mestre das esquisitices sombrias, só participou da produção e de uma pequena parte do roteiro, mas nem por isso todo o seu estilo ficou de fora dessa encantadora animação em stop-motion.
Os detalhes do cenário e dos personagens são perfeitos, com traços sombrios mas ao mesmo tempo amigáveis, numa sincronia de cair o queixo!
Talvez pela Disney ter participado da produção, todas as cenas ficaram bem equilibradas e com cenas ou diálogos divertidos e engraçados, o que causa um contraste com as cenas mais assustadoras. Dessa forma a animação tem um ritmo variado pra não se tornar casativo. As cores são típicas do Halloween, sempre muito vivas e iluminadas em meio ao escuro.


O que pra mim não foi 100% foram as músicas, que, por mais que se encaixem com a situação (e mesmo algumas delas tendo sido regravadas alguns anos depois por bandas como Fall Out Boy e até Marylin Manson), não me agradaram muito.

A mistura de Halloween com Natal só serve mesmo como pano de fundo para a verdadeira história de amor que existe entre Jack e Sally nessa história, que mesmo mortos foram feitos um para o outro.
O filme ficou tão famoso que hoje existem milhares de itens inspirados nele, que vão desde estampas em camisas e canecas, bonequinhos colecionáveis, cadernos, bolsas, mochilas, e até tatuagens!


Para os fãs de animações em stop-motion, e para os fãs de Tim Burton, é animação mais do que indicada.

Na Telinha - O Mínimo para Viver

18 de julho de 2017

Título: O Mínimo Para Viver (To the Bone)
Produção: Netflix
Direção: Marti Noxon
Elenco: Lily Collins, Keanu Reeves, Carrie Preston
Gênero: Drama
Ano: 2017
Duração: 1hr 7min
Classificação: +14
Nota:
Sinopse: Uma jovem (Lily Collins) está lidando com um problema que afeta muitos jovens no mundo: a anorexia. Sem perspectivas de se livrar da doença e ter uma vida feliz e saudável, a moça passa os dias sem esperança. Porém, quando ela encontra um médico (Keanu Reeves) não convencional que a desafia a enfrentar sua condição e abraçar a vida, tudo pode mudar.

No último dia 14 do mês de Julho, a Netflix adicionou à sua plataforma o filme O Mínimo para Viver, protagonizado por Lily Collins, no papel de Ellen, uma jovem de vinte anos que sofre de anorexia.

A menina enfrenta problemas familiares bem complicados, seus pais são separados e reconstruíram suas vidas com outras pessoas. A mãe de Ellen não tem o menor preparo e parece não ter nenhum interesse no bem estar da filha, deixando que a madrasta cuide da menina e de seus problemas. O pai é ainda mais ausente, pra se ter uma ideia, nem apareceu!



O filme começa mostrando Ellen numa clínica e lá ela inferniza as outras meninas. É irônica com todos, e parece não ter noção do tamanho do problema que enfrenta.

Por fim, acaba saindo da tal clínica e vai morar com a madrasta, o pai inexistente e uma meia-irmã que é uma super amiga para ela. Apesar da situação ser muito complicada, ela tem um lar ali, mas sem ajuda, não vai conseguir se livrar dos seus problemas alimentares.


Com certo esforço, sua madrasta, Susan, consegue vaga em uma clínica pouco convencional, dirigida pelo Dr. William Beckham (Keanu Reeves). Lá, Ellen é muito bem acolhida, faz amizades, aceita a convivência com pessoas com os mesmos problemas que ela, mas continua pensando que não tem um problema tão grave assim. Ela convive com todos, mas não muda, e muito menos tenta mudar já que ela não se vê como realmente é, e isso não vai ser nada fácil de reverter.

Nesta clínica eles são pesados constantemente, há uma regra em que todos têm que sentar à mesa na hora das refeições, mesmo que não comam nada; além das sessões com o Dr. William, e, mesmo que haja regras, o ambiente familiar faz com que a clínica se pareça mais com um casa. Uma casa onde encontramos jovens (homens e mulheres) de idades variadas, com problemas alimentares variados, mas todos com um desejo em comum: uma vida normal.


Apesar de ser um estilo de filme que eu não assisto, nem gosto, me vi fisgada pela trama. Estava curiosa desde que vi a primeira foto da atriz que vive a Ellen, magra daquele jeito, e foi assustador. Pesquisei e vi que ela realmente emagreceu aquele tantão para o papel, só por isso eu já me senti tentada a assistir. O assunto não é uma coisa que faça parte dos meus círculos, não conheço ninguém que tenha este tipo de distúrbio, foi uma experiência completamente nova para mim. Outro dia vi uma reportagem onde a atriz falou que várias meninas a elogiaram pela sua aparência, ela disse se surpreender, e confesso que eu também, pois é uma figura cadavérica que vemos na tela. Não é bonito, não é certo, é prejudicial à saúde, e se tantas jovens acham que é bonito, percebemos quanta gente precisa de ajuda sem fazermos ideia disso.


A iniciativa da Netflix de produzir mais um filme com propósito de trazer reflexões acerca de algum tema delicado ou polêmico (veja Os 13 Porquês ou Okja) é maravilhosa e de extrema importância, pois acredito que é uma forma de colaboração para que as pessoas se conscientizem através do entrenenimento.

Embora o tema seja pesado e difícil, e apesar das cenas fortes, o filme é leve, não é carregado de drama, é bem gostoso de assistir e vale muito a pena. Mesmo que você, como eu, não curta o estilo, precisamos conhecer um pouco sobre o assunto, ele nos cerca, mesmo que não saibamos.


Quinze Dias - Vitor Martins

14 de julho de 2017

Título: Quinze Dias
Autor: Vitor Martins
Editora: Globo Alt
Gênero: Young Adult/Literatura Nacional
Ano: 2017
Páginas: 208
Nota:★★★★★
Sinopse: Felipe está esperando por esse momento desde que as aulas começaram: o início das férias de julho. Finalmente ele vai poder passar alguns dias longe da escola e dos colegas que o maltratam. Os planos envolvem se afundar nos episódios atrasados de suas séries favoritas, colocar a leitura em dia e aprender com tutoriais no Youtube coisas novas que ele nunca vai colocar em prática.
Mas as coisas fogem um pouco do controle quando a mãe de Felipe informa que concordou em hospedar Caio, o vizinho do 57, por longos quinze dias, enquanto os pais dele estão viajando. Felipe entra em desespero porque a) Caio foi sua primeira paixãozinha na infância (e existe uma grande possibilidade dessa paixão não ter passado até hoje) e b) Felipe coleciona uma lista infinita de inseguranças e não tem a menor ideia de como interagir com o vizinho.
Os dias que prometiam paz, tranquilidade e maratonas épicas de Netflix acabam trazendo um turbilhão de sentimentos, que obrigarão Felipe a mergulhar em todas as questões mal resolvidas que ele tem consigo mesmo.

Resenha: Felipe é um jovem de dezessete anos, gordo, gay, que adora boy bands e está terminando o ensino médio. Desde o primeiro dia de aula ele já vinha fazendo uma contagem regressiva para as férias de julho para ficar livre da escola e dos outros estudantes, que sequer poderiam ser chamados de colegas, já que insistiam em fazer piadinhas de mau gosto com ele.
Maratonar séries na Netflix, colocar a leitura em dia e assistir videos no Youtube eram seus planos para os exatos vinte e dois dias de férias, mas tudo desanda quando sua mãe o avisa de que Caio, o vizinho do 57, ficaria hospedado em sua casa enquanto seus pais estivessem viajando.
Os planos de Felipe vão por água abaixo já que agora ele não vai poder ter paz e sossego, mas pior do que isso, vai ser lidar com seus conflitos internos. Felipe não sabe nem como interagir com Caio, e tudo fica ainda mais difícil porque o garoto foi seu crush desde a infância e ainda mexe com seu coração.

O livro é narrado em primeira pessoa pelo ponto de vista de Felipe, o que nos permite participar de suas experiências e ficar por dentro de seus pensamentos mais íntimos. A escrita do autor também é bem fluída e descomplicada, bem estruturada e bem gostosa de se acompanhar. Há referências da cultura pop e uma abordagem mais do que relevante para os conflitos enfrentados pelo protagonista.
Felipe é um personagem que representa com bastante realidade os jovens em condições parecidas com as dele. Ele tem dificuldades para se socializar, é ansioso, inseguro e tem problemas de autoestima e confiança. A presença de Caio mexe com ele de tal forma que ele começa a ter novas percepções pra própria vida, e a mensagem de amor e amizade que fica é memorável.

Embora a temática LGBT da trama seja tratada com a devida naturalidade, o foco maior fica sobre seu problema de autoestima por estar acima do peso, e como grande parte da sociedade ainda é gordofóbica. Através de Felipe, o autor consegue mostrar com uma produndidade e delicadeza a realidade das pessoas que se sentem desconfortáveis com seus corpos por não conseguirem deixar de considerar o que os outros pensam sobre elas, e isso faz com que o leitor reflita sobre esse tipo de preconceito, que sempre vem disfarçado de piadinhas cruéis e brincadeiras de mau gosto, como forma de amenizar sua gravidade, e sem pensar que os alvos dessas palhaçadas tem sentimentos.

Recomendo muito a leitura de Quinze Dias. O romance é fofo e divertido, a história de superação é inspiradora, e a ideia da reflexão sobre inseguranças e aceitação é muito importante. As pessoas querem ser aceitam como são, sem se preocupar com o que os outros vão pensar sobre elas...