A Busca Sofrida de Martha Perdida - Caroline Wallace

20 de junho de 2017

Título: A Busca Sofrida de Martha Perdida
Autora: Caroline Wallace
Editora: Fábrica 231/Rocco
Gênero: YA
Ano: 2017
Páginas: 304
Nota:★★★★☆
Sinopse: Liverpool, 1976. Martha tem 16 anos e mora numa estação de trem desde que se entende por gente. Mais especificamente, desde que foi encontrada, ainda bebê, em uma mala na estação Lime Street, ficando sob os “cuidados” da dona da loja de achados e perdidos do local. Proibida de deixar a estação, sob a ameaça de uma maldição, Martha espera diariamente que alguém venha buscá-la. Enquanto isso, passa seus dias atendendo os passageiros que circulam por ali, conhece todos os segredos da estação e acaba se envolvendo em alguns mistérios, entre eles o aparecimento de uma mala que talvez tenha pertencido aos Beatles e que coloca a cidade em polvorosa. Mas o maior mistério começa quando ela passa a receber livros com cartas de um desconhecido que parece saber tudo sobre a sua vida. Martha precisará correr contra o tempo se quiser encontrar respostas e não se perder novamente.

Resenha: Martha Perdida mora e trabalha na Estação Lime Street desde que se entende por gente. Ainda bebê, Martha foi deixada no Achados e Perdidos e nunca foi reivindicada por ninguém. Desde então, a responsável pelo escritório, mais conhecida como "Mãe", foi obrigada a reinvindicar a menina para si, e a criou para que ela acreditasse que, caso fosse embora, Lime Street desmoronaria, destruindo o único lugar que ela poderia chamar de lar.
Mãe é uma mulher fanática que não só tenta converter os outros com baldes de água benta, como também acredita que tudo é obra do diabo, e por mais que essa mulher seja abusiva e manipuladora, Martha é um doce de menina que vive para obedecê-la. Ela é ingênua, iludida ao acreditar em tudo que dizem, adora rodopiar pela estação, gosta de cumprimentar as pessoas em francês e, embora a Mãe diga que livros são demoníacos, Martha adora ler, principalmente os livros perdidos. Apesar de ter se conformado com aquela vidinha limitada a qual foi submetida, Martha também tem vontade de conhecer o mundo lá fora e espera que alguém apareça para buscá-la, mas enquanto isso não acontece, e por medo de por os pés pra fora da estação e ela perecer, ela passa os dias atendendo os passageiros que circulam pela estação, e dá atenção aos poucos amigos que fez no local: Drac, o carteiro que vive sendo perseguido pela Mãe, Elisabeth, a garçonete do café ao lado que parece uma atriz de Hollywood, e Stanley, o faxineiro.
Seria difícil para Martha sair de sua zona de conforto e quebrar essa redoma sobre si mesma, mas em determinado momento, ela precisa descobrir como quebrar a maldição para, enfim, poder encarar a realidade do mundo lá fora.
Martha quer saber sobre os primeiros capítulos de sua vida, de onde veio, quem são seus pais verdadeiros e, principalmemte, quem ela é. E com a ajuda de Elisabeth e outros amigos que faz, Martha parte numa jornada de descobertas, aprendizados e autoconhecimento que ela jamais imaginou.

Posso dizer que a primeira coisa que me chamou atenção nesse livro foi o título grande e sugestivo seguido pela capa, e só depois fui me atentar a sinopse. No decorrer da leitura, que é feita em primeira pessoa pelo ponto de vista de Martha (onde alguns pontos não soa muito confiável), fui fisgada pelo universo criado pela autora em transformar uma simples estação de trem em um lugar tão peculiar e convidativo a ponto de parecer um personagem a parte em vez de mero pano de fundo. Até então a única autora que me fez ver uma estação de trem de forma tão mágica foi J.K. Rowling em King's Cross e a plataforma 9 ¾.

Martha é uma protagonista que amamos ou odiamos. É impossível ficar num meio termo e o sentimento com relação a ela vai depender de como a enxergamos. Como ela é extramente ingênua, sensível e inocente, pode ser muito irritante acompanhar uma personagem tão frágil e manipulável que em alguns pontos parece ser irreal pelo tipo de comportamento que ela apresenta. Compreendo que ela cresceu num espaço limitado, com uma megera que a criou de forma totalmente absurda, e que a levou a acreditar em coisas irreais e sem sentido as quais a menina ouvia desde pequena, mas penso que o mínimo de contato com outras pessoas seria o bastante para que ela não fosse tão paspalhona. Em alguns momentos fiz algumas comparações e imaginei a mãe psicótica de Carrie, a Estranha, ao lado de Matilda, aquela garotinha pura e autodidata interpretada nas telinhas pela atriz Mara Wilson. Tal contraste chega a ser meio assustador, convenhamos.
Não odiei Martha pra ser sincera. Apesar de ter minhas dúvidas com relação ao funcionamento de sua cabeça, eu adorei o fato dela amar livros e ter uma conexão emocional com eles, tanto que foi através dos livros que ela, enfim, desperta para a busca da verdade sobre si mesma.

Os demais personagens preenchem o mundo de Martha e a maioria deles é adorável e de grande importância para o desenrolar do enredo e amadurecimento da protagonista. O romance presente na história é questionável e de cara já causa aversão. Pra mim quando amor se mistura a oportunismo e interesse a coisa desanda e esse elemento só me fez revirar os olhos e querer evitar as páginas destinadas a essas cenas.

Pela época em que a história se passa e elas referências musicais presentes, é possível que o leitores um pouco mais velhos se deparem com algumas cenas nostálgicas ou frases memoráveis, mas eu particularmente não dei muita importância para essa parte por não considerar fundamental para o desenvolvimento da trama, apesar de ser interessante.

A capa tráz uma ilustração simples, mas o título em dourado dá um toque todo especial ao livro. A diagramação é simples, os capítulos não possuem títulos ou numeração, somente o espaço superior da página que fica em branco. Cartas, bilhetes, artigos, e pequenos questionamentos que a protagonista escreve por aí se intercalam com a narrativa tornando a história mais dinâmica e divertida com essas informações extras.

De forma geral, A Busca Sofrida de Martha Perdida é um livro bem poético e que funciona, sim, como um conto de fadas, mostrando que as pessoas de boa índole, apesar de escassas nesse mundo, ainda existem e podem ter finais felizes.

A Rosa Branca - Amy Ewing

19 de junho de 2017

Título: A Rosa Branca - A Cidade Solitária #2
Autora: Amy Ewing
Editora: Leya
Gênero: Fantasia/YA
Ano: 2016
Páginas: 320
Nota:★★★★☆
Sinopse: No livro "A Joia", primeiro volume da série - A Cidade Solitária - Violet Lasting é comprada por uma das mulheres mais poderosas da realeza, a Duquesa do Lago, e vai viver com ela na Joia, o círculo onde mora toda a nobreza. Agora, Violet tem de fugir da Joia, do círculo nobre da Cidade Solitária para salvar a própria vida e a do seu amor, Ash. Junto com seu amado e Raven, sua melhor amiga, Violet tenta se libertar da terrível vida de servidão e crueldade. Só que ninguém disse que deixar a Joia seria fácil, e ela terá que passar por grandes obstáculos. No meio disso tudo, a jovem ainda descobre que há uma revolução sendo planejada contra a realeza e que seu papel nisso é fundamental. É hora de Violet descobrir que é muito mais poderosa do que sempre imaginou! A Rosa Branca é o segundo volume da trilogia "A Cidade Solitária" e traz novas e incríveis reviravoltas. Será impossível não ficar ansioso pelo último livro da saga.

Resenha: Segundo volume da trilogia Cidade SolitáriaA Rosa Branca foi escrita por Amy Ewing e publicada pela Editora Leya.
A resenha pode apresentar spoiler do primeiro livro!

A Rosa Branca começa bem de onde A Joia terminou. Violet e Ash foram descobertos lá no fim do primeiro livro, a Duquesa prendeu a menina e tirou quaisquer benefícios que ela poderia ter, mas a prendeu em seu quarto, afinal, Violet ainda estava apta a ter um filho para a Duquesa, só que Ash era apenas uma acompanhante sem importância, foi preso e seria executado imediatamente e o livro acaba, me deixando curiosa e furiosa, mais curiosa, confesso, já que eu estava com o segundo em mãos... ah, e como um último suspiro do primeiro livro, conhecemos um aliado nada provável.

Então, A Rosa Branca começa, bem a partir daí, o aliado vai ajudar Violet a fugir, mas é claro que ela não vai facilitar e vai libertar Ash, assim como ela já não facilitou antes e deu o remédio que a ajudaria a fugir para sua amiga Raven, antes, seria uma pessoa a fugir do Palácio. Agora serão três! E o aliado improvável??? nada mais nada menos do que o filho da Duquesa, Garnet (não é spoiler, descobrimos isso no fim de A Joia).

Ainda não descobri os motivos de Garnet para ajudar Lucien, que já sabemos, tem como objetivo libertar Violet, se é rebeldia ou algo mais nobre ainda não está claro, mas pelo que tudo indica, o cara é bom, não puxou a Duquesa, ele começa a ver as Substitutas como meninas e não como uma encubadora apenas.

A fuga do Palácio é difícil, mas se concretiza, com muita ajuda e alguns mistérios, quem ajuda tem que mostrar "A Chave" para provar que é de confiança, esta é uma tatuagem, pois é, existe um grupo de pessoas se rebelando já, para libertar não só as Substitutas, mas todo o povo escravizado e explorado da Cidade Solitária.

Violet, Ash e Raven são levados para uma velha senhora que para o pavor de todos, já foi uma Substituta e sobreviveu. Agora sabemos que elas dão à luz e morrem no parto, então conhecer uma senhora de 60 anos que já passou por isso e não morreu é no mínimo assustador para Violet, mas como nada é para facilitar, Violet vai descobrir que ela tem mais poderes do que imaginava e é por isso que Lucien "encasquetou" com ela desde o começo.

Para todos os efeitos, perante a sociedade, Ash fez algo terrível e agora é um fugitivo, mas ninguém sabe da fuga de Violet, a Duquesa guardou segredo e enquanto esse improvável grupo se prepara para derrubar os nobres, a Duquesa faz algo inesperado com alguém muito querido que eu não vou contar o que ou quem é!

E mais uma vez a autora nos deixa na expectativa de o que virá por aí, por enquanto temos um pequeno grupo, liderado por alguém maior que não sabemos quem é, que conta com a ajuda de Ash, Raven, Sil (a senhora), Garnet e Lucien, um pequeno grupo que está crescendo e se preparando para derrubar de uma vez por todas os nobres e acabar com as suas explorações e maldades.

A estória é bem mais complexa do que imaginei, muito mais interessante do que eu esperava. o enredo é todo intrincado, cheio de surpresas e bem empolgante. Os personagens são bem construídos, a Violet demorou um pouco para crescer, é meio devagar, mas parece-me que veremos um bom desabrochar daqui pra frente

O livro tem 28 capítulos, nem curtos, nem longos, distribuídos em 320 páginas, as folhas são amarelas, o que muito me agrada! A capa é linda, coerente com o contexto, de certa forma...

É uma leitura gostosa fluída, cheia de surpresas emocionantes. A autora realmente conseguiu me cativar.

A Joia - Amy Ewing

18 de junho de 2017

Título: A Joia - A Cidade Solitária #1
Autora: Amy Ewing
Editora: Leya
Gênero: Fantasia/YA
Ano: 2015
Páginas: 352
Nota:★★★★☆
Sinopse: Joias significam riqueza, são sinônimo de encanto. A Joia é a própria realeza. Para garotas como Violet, no entanto, a Joia quer dizer uma vida de servidão. Violet nasceu e cresceu no Pântano, um dos cinco círculos da Cidade Solitária. Por ser fértil, Violet é especial, tendo sido separada de sua família ainda criança para ser treinada durante anos a fim de servir aos membros da realeza. Agora, aos dezesseis anos, ela finalmente partirá para a Joia, onde iniciará sua vida como substituta. Mas, aos poucos, Violet descobrirá a crueldade por trás de toda a beleza reluzente - e terá que lutar por sua própria sobrevivência. Quando uma improvável amizade oferece a Violet uma saída que ela jamais achou ser possível, ela irá se agarrar à esperança de uma vida melhor. Mas uma linda e intensa paixão pode colocar tudo em risco!

Resenha: Primeiro volume da trilogia Cidade Solitária, A Joia, escrita por Amy Ewing e publicada pela Editora Leya, é uma fantasia distópica um tanto quanto diferente, e ainda assim, bem parecida com tantas outras que vemos por aí.

A Cidade Solitária é dividida em cinco círculos separados por uma muralha, e todos, com exceção do Pântano, são chamados de acordo com a sua atividade. O Pântano, claro é o mais pobre e é de onde vêm as Substitutas, meninas que, na falta de palavra melhor, são transformadas em barrigas de aluguel para as mulheres das classes mais altas. Lá vivem os operários mais pobres também. O quarto círculo é a Fazenda, que cultiva toda a comida. O terceiro, a Fumaça, onde ficam as fábricas, o segundo círculo é o Banco, onde se concentram as lojas. O círculo mais interno é a Joia, onde vive a nobreza. Essa nobreza, por algum motivo, não pode mais gerar filhos, o que faz com que elas recorram às meninas do Pântano.
Aos 12 anos, Violet foi testada e descobriram que ela era uma Substituta. Na mesma noite, foi arrancada de sua casa, de sua família, levada a um internato e lá vive até hoje. Quase 5 anos se passaram e ela nunca mais viu sua família ou teve noticias deles. Lá ela é treinada, aprende a ter bons modos, tem aulas que ajudam a desenvolver certas habilidades, como mudar forma, cor ou fazer crescer objetos, e isso é muito difícil e dolorido, mas parece que seus professores não se importam muito com isso e seguem exigindo das meninas.

Em contrapartida, elas até que têm uma vida boa... Vivem bem, comem bem, têm liberdade, desde que dentro das grades do internato, mas estão destinadas a irem para o leilão. Lá elas perdem a identidade, ganham números e são compradas pela realeza. A explicação que elas recebem é: terão os filhos para suas donas e depois enviadas para um internato viverem em paz para sempre... Mas hein??? Por que uma pessoa que compra uma menina para servir de incubadora a usaria uma única vez? Fiquei com essa pulga o livro todo, gente.

Violete e Raven, sua melhor amiga são vendidas para famílias muito muito ricas e acham que viverão felizes, mas estão muito enganadas e vão descobrir isso rapidinho. Violet, já no primeiro contato com sua dona, percebe o que a espera, e não é nada legal, não.

Ao longo da narrativa ela faz alguns amigos, e claro, se apaixona. Tinha que ter um amor proibido para atrapalhar - ou ajudar - tudo. Ela se revolta e percebe que não foi feita para essa vida, mas como escapar se ela treinou para isso desde sempre?

Bom, preciso dizer que alguns aspectos me incomodaram, como o fato de uma sociedade inteira produzir meninas que, aos 17 anos, serão inseminadas e gerarão filhos de mulheres azedas que não podem mais gerar elas mesmas. A natureza sabe o que faz e se a realeza foi, de certa forma, esterilizada, deveriam deixar assim, mas não. Eles dão um jeitinho, mesmo "roubando" as filhas dos pais que as amam, só porque são de classes mais baixas. Posso estar enganada, mas espero ver uma revolta no próximo livro que já saiu e loguinho vai ter resenha!!!!

Com relação ao livro físico, posso dizer que capa é linda e coerente com o contexto, as páginas amarelas. Os capítulos não são muito curtos, mas também não são longos demais, o que não cansa e torna a leitura bem rápida.

No mais, A Joia é uma leitura prazerosa e foi mais do que esperava. A autora conseguiu conduzir a trama mostrando que aqueles que detém o poder, na grande maioria das vezes, são egocêntricos a ponto de não se preocuparem com as classes menos favorecidas, desde que se beneficiem de alguma forma.

O Segredo do Diamante - Caleb Krisp

17 de junho de 2017

Título: O Segredo do Diamante - Ivy Pocket #1
Autor: Caleb Krisp
Ilustrações: Bárbara Cantini
Editora: Jovens Leitores/Rocco
Gênero: Infantojuvenil/Fantasia
Ano: 2017
Páginas: 336
Nota:★★★★☆
Sinopse: Em sua primeira aventura, Ivy se vê abandonada em Paris, sem nenhum centavo e completamente perdida. Quando uma duquesa a incumbe de entregar um colar incrível (e possivelmente amaldiçoado) a uma menina chamada Matilda, em seu aniversário de 12 anos, Ivy enxerga a chance de retornar a Londres e embarca num navio para cumprir a missão. A partir daí, a intrépida protagonista conhece uma série de personagens improváveis e se envolve em muitas confusões e mistérios, incluindo um ataque de estranhas criaturas nanicas que usam vestes de monges. Será que Ivy conseguirá entregar o colar a Matilda e, principalmente, chegar sã e salva à última página?

Resenha: Ivy Pocket é uma garotinha de doze anos, órfã e que trabalhava como criada para os Midwinters, uma família inglesa tradicional e encantadoramente excêntrica. Quando a família recebeu a Condessa Carbunkle por um mês em Midwinter Hall, Ivy viu nela uma oportunidade de viajar e conhecer o mundo, e assim, um mês depois de muita "insistência" por parte da condessa, partiu rumo a Paris junto com ela como sua nova criada.
O problema é que Ivy, sem ter a menor noção do que faz, é o próprio desastre em pessoa e causa todo tipo de confusão por onde passa, o que leva Lady Carbunkle a abandoná-la sozinha e ir embora as pressas para a América do Sul, onde nunca mais poderia ser encontrada, deixando apenas um bilhete de despedida e uma mísera libra como pagamento pelos "serviços" da menina, além de mandá-la para o diabo que a carregue. Sozinha e por contra própria, Ivy fica desamparada e perdida, até que tem a chance de voltar para Londres ao aceitar uma missão: Como presente de aniversário de doze anos, ela deveria entregar um diamante raro - e provavelmente amaldiçoado, para Matilda. A partir daí, Ivy embarca num navio rumo a uma grande, e desvairada, aventura.

Narrado em primeira pessoa, vamos acompanhando Ivy nessa aventura hilária e muito divertida. A escrita do autor, apesar de repetitiva, é bem peculiar, com floreios e palavras rebuscadas (até demais para uma garotinha de doze anos), usadas de forma proposital para tornar a trama ainda mais engraçada. É o estilo de escrita que se encontra em autores como Lemony Snicket (autor de Desventuras em Série e Só Perguntas Erradas) ou Alan Bradley (autor de As Crônicas de Flavia de Luce).

Ivy faz descrições sobre os acontecimentos que vê, mas não tem maldade o suficiente para perceber o significado, como uma cena logo no começo da história onde ela fala que encontrou Lady Carbunkle agachada atrás de um baú com um lençol na cabeça. Claramente a velhota está tentando escapar da vista da menina se escondendo de forma desesperada, assim como tantas outras pessoas tentam evitá-la a qualquer custo, mas para Ivy se trata de um "comportamento aristocrático" que define a condessa como doida de pedra. Tais situações talvez carecterizem Ivy como sendo uma garotinha com traços de caráter ridículos e é muito engraçado acompanhá-la com sua mania de grandeza, a forma como ela distribui insultos gratuitos de forma casual, as atitudes questionáveis e insensíveis que ela tem sem sequer perceber o impacto que causa nos outros, e sua total falta de noção para a vida é o que a torna tão especial, adorável e engraçada.

O projeto gráfico do livro é um amor. A capa é uma graça com esse estilo gótico suave e com toques vintage, ilustrando bem o que se pode encontrar na história de Ivy. A diagramação é muito caprichada, com ilustrações em preto e branco que se remetem ao conteúdo do capítulo e que combinam com os traços da capa.

Por ser um livro voltado a um público mais jovem, na faixa dos doze anos em média, não espere encontrar grandes mensagens ou lições valiosas para a vida, apesar de haver uma jornada de autoconhecimento bonitinha, mas tratada de forma bem despretensiosa. O propósito do livro é nos divertir e nos arrancar risadas com as trapalhadas de Ivy, e sim, ele cumpre o que promete e até me surpreendeu.

Pra quem procura por uma leitura para distração ou entrenenimento passageiro, é livro mais do que recomendado. Trocadilhos a parte, quero uma Ivy pra levar no bolso, e a continuação da história, por favor!

Sem Juízo - Emma Chase

16 de junho de 2017

Título: Sem Juízo - Legal Briefs #1
Autora: Emma Chase
Editora: Universo dos Livros
Gênero: Romance
Ano: 2017
Páginas: 304
Nota:★★★★☆
Sinopse: Como advogado em Washington, DC, Stanton Shaw mantém as perguntas afiadas e os argumentos irrefutáveis, além de ser conhecido como “Encantador do Júri” com seu sotaque do sul, sorriso irresistível e olhos verdes cativantes. Embora pareça que sua vida está seguindo pelo caminho que sempre desejou, o advogado perde o rumo ao descobrir que Jenny, sua namorada do colegial e mãe de sua filha, irá se casar.
Como uma medida desesperada, ele implora que Sofia – a amiga alucinantemente colorida – o acompanhe ao Meio do Nada, no Mississippi, para ajudá-lo a reconquistar a mulher que ama. Sofia aceita, mesmo que seu lado racional diga uma coisa e seu coração outra…
O que pode acontecer quando você mistura uma cidade com um único semáforo, dois advogados profissionais, uma rainha do baile de formatura, quatro irmãos mais velhos, a salsicha de Jimmy Dean e uma vovó armada? O uísque rola solto, a paixão cresce e até o mais detalhado dos planos é atropelado pelos desejos do coração.

Resenha: Stanton e Jenny se conhecem desde a infância. Eram crianças que viviam se implicando por qualquer tipo de bobagens e isso só poderia significar uma coisa: amor. O tempo passou, eles cresceram e Jenny foi a primeira em tudo para Stanton. Esse primeiro amor duraria para sempre, mas, quando eles tinham dezessete anos, uma gravidez indesejada no último ano do colégio aconteceu, e isso mudaria a vida dos pombinhos para sempre. Stanton tinha planos de ir para a Universidade de Columbia mas, com um bebê a caminho, ele teria que desistir e se conformar com a vidinha interiorana na cidadezinha sulista de Sunshine, Mississipi. Ele foi criado com a ideia de que o homem deve ser o provedor da casa e não poderia permitir que sua amada ficasse sozinha e sem sua proteção. Mas Jenny, sempre pé no chão e realista, jamais permitiu que ele abrisse mão dos sonhos, de um futuro promissor, e dois meses depois que Presley, a filhinha deles, nasceu, Stanton partiu de mala e cuia com a promessa de que voltaria para buscá-las quando estivesse com a vida financeira bem estruturada. Stanton levava seus estudos a sério e se dedicava muito ao propósito que traçou para sua vida, e visitava Jenny e Presley em raras ocasiões, mas o relacionamento se resumia somente a essas curtas visitas. Ao voltar para Washington, Stanton já estava livre para ficar com a mulher que quisesse, quando quisesse. Pra ele não se tratava de traição, era só uma forma de suprir suas necessidades sexuais desenfreadas já que ele é homem com H maiúsculo, e por mais que Jenny, no começo, ficasse magoada, ela seria seu único amor e o esperaria para sempre, e consequentemente, aceitava que ele se aventurasse por aí.

Dez anos se passaram desde o primeiro aniversário de sua filha, e Stanton teve o tão almejado sucesso como advogado criminal, mas Jenny não abriu mão de Presley crescer feliz no interior, levando uma vida saudável e tranquila em vez da vida corrida e sufocante da cidade grande. Durante esse tempo, Stanton subia na carreira e se aventurava com várias mulheres, incluindo sua conselheira de trabalho, Sofia. Até que um dia, Jenny faz com que o "tão sonhado futuro" de Stanton desmorone ao enviar para ele um convite de seu casamento.
Stanton surta, não aceita que a mulher de sua vida, seu primeiro e único amor, esteja prestes a se casar com outro, e ele leva Sofia como companhia rumo a Sunshine, determinado a impedir o casamento e reconquistar Jenny.
Mas Sofia, diante de tal situação, percebe que essa amizade colorida da qual Stanton não pretende abrir mão, se tornaria muito mais complexa e difícil do que ela poderia imaginar...

O livro é narrado em primeira pessoa e os capítulos se alternam entre Stanton e Sofia. O leitor já sabe desde o início que Stanton e Jenny tiveram uma história muito bonita, assim como sabe que houve motivos justificáveis e plausíveis para que esse relacionamento se dissolvesse cada vez mais com o passar dos anos, então não há surpresas com relação a isso. E todo o processo é isento de dramas, pois da mesma forma que Stanton é focado em seus objetivos, Jenny é direta e determinada em decidir o que acha que será o melhor para ela e Presley, quer Stanton goste ou não.
A escrita da autora é uma delícia, muito fluída, cheia de toques bem humorados, diálogos realistas e sem moderação. Os personagens são gente como a gente. Mesmo que a base da trama não seja muito original, o desenvolvimento em si, apesar de previsível devido aos típicos clichês, foi bem satisfatório. A ideia do primeiro amor ser eterno é trabalhada de uma forma que, propositalmente, só funciona na cabeça limitada de Stanton, e da forma como é conveniente pra ele, e somando isso às suas atitudes extremamente machistas, egoístas e vergonhosas, a história acaba tendo um lado um pouco cansativo e bem irritante, por mais divertida que seja.

Os detalhes acerca da ambientação são bem descritos e funcionam muito bem como pano de fundo da história. As cenas que envolvem as rotinas do juri e afins não são muito aprofundadas, até mesmo porque o foco da história não é a carreira de ninguém, mas, sim, as descobertas íntimas e pessoais dos personagens, assim como o processo de transformação pelo qual eles passam com toda essa confusão.

Durante a leitura é simplesmente impossível torcer a favor de Stanton. Só nos resta rir alto de suas tentativas frustradas de reconquistar Jenny e pensamentos imbecis de que ela é propriedade dele. E o pior é que sabemos que na vida real existem vários Stantons à solta por aí, que querem curtir a vida adoidado enquanto mantém uma pobre iludida como porto seguro, e alegam fazer isso por amor.
O ponto é que os dois possuem uma relação de carinho por terem tido toda uma história juntos, mas parece que ele é o único que não percebeu que nada iria além disso. A fila anda, colega.
Em contrapartida, a relação que ele tem com Sofia é o que mantém as chamas da trama acesas. Eles possuem muita química, seja profissional ou sexualmente, combinam em praticamente tudo e as cenas mais quentes que eles compartilham são de tirar o fôlego.

Sofia é ótima e uma das personagens mais legais que já encontrei. Ela é inteligente, focada, super divertida e sempre está pensando no próximo, mesmo que isso signifique apoiar Stanton em sua missão mirabolante por saber que o homem é teimoso e não desistiria fácil dessa ideia que pôs na cabeça oca. Ela entende que é uma situação que não é nada fácil de encarar já que gosta do imbecil, mas também não fica se fazendo de coitada, e muito menos fica contra Jenny em momento algum.

Stanton já despertou sentimentos controversos em mim. Ele é ridículo por não ter aceitado "perder" Jenny sendo que o maior responsável por cada um seguir com a vida foi ele mesmo, que se acomodou como a maioria dos homens faz. Onde, em nome de Deus, está o bom senso desse sujeito? Por mais que a autora abuse de alguns clichês e fique meio óbvio que fim essa história vai levar, é impossível não querer matar esse cara pela forma como ele age e pensa, por mais que ele tente justificar suas atitudes odiosas e desprezíveis.

Com relação ao projeto gráfico, posso dizer que gosto de capas onde os rostos das pessoas não aparecem, assim é possível deixar a imaginação livre para montarmos os personagens ao nosso modo a partir de suas descrições. A diagramação é simples, os capítulos são numerados e o nome do personagem aparece para sabermos de quem é a voz da vez. Os capítulos são curtinhos, dão brecha para o próximo e não percebi erros na revisão.

No final das contas, entendi que o primeiro amor nem sempre será o último, e que, as vezes, ele está bem na nossa frente, mas não enxergamos por estarmos cegos devido a algum tipo de frustração ou sentimento de impotência. Por essas e outras, posso dizer que Sem Juízo tráz uma história divertida sobre aceitar o óbvio, se conformar que é impossível se ter tudo, e enxergar o que está diante do próprio nariz.

Novidades de Junho - Verus

15 de junho de 2017

O Sorriso da Hiena - Gustavo Ávila

É possível justificar o mal quando há a intenção de fazer o bem? Uma trama complexa de suspense e jogos psicológicos.
Atormentado por achar que não faz o suficiente para tornar o mundo um lugar melhor, William, um respeitado psicólogo infantil, tem a chance de realizar um estudo que pode ajudar a entender o desenvolvimento da maldade humana.
Porém a proposta, feita pelo misterioso David, coloca o psicólogo diante de um complexo dilema moral. Para saber se é um homem cruel por ter testemunhado o brutal assassinato de seus pais quando tinha apenas oito anos, David planeja repetir com outras famílias o mesmo que aconteceu com a sua, dando a William a chance de acompanhar o crescimento das crianças órfãs e descobrir a influência desse trauma no desenvolvimento delas. Mas até onde William será capaz de ir para atingir seus objetivos?
Em O sorriso da hiena, o leitor ficará fisgado até a última página enquanto acompanha o detetive Artur Veiga nas investigações para desvendar essa série de crimes que está aterrorizando a cidade.

Casada Até Quarta - Noivas da Semana #1 - Catherine Bybee

O contrato de casamento deles previa tudo... menos se apaixonar. O primeiro livro da série Noivas da Semana. Blake Harrison: rico, nobre, charmoso... e precisando de uma esposa até quarta-feira. Para isso, Blake recorre a Sam Elliot, que não é o homem de negócios que ele esperava. Em vez disso, ele encontra Samantha Elliot, linda e exuberante, com a voz mais sexy que ele já ouviu. Samantha Elliot: dona da agência de casamentos Alliance, ela não está no menu de pretendentes... até Blake lhe oferecer milhões de dólares por um contrato de um ano. Não há nada de indecente na proposta dele, e além disso o dinheiro vai ser muito útil para quitar as contas médicas da família dela. Samantha só precisa disfarçar a atração que sente por seu novo marido e evitar a todo custo a cama dele. Mas os beijos ardentes de Blake e seu charme inegável se provam muito difíceis de resistir. Era um contrato de casamento que previa tudo... menos se apaixonar. Agora só resta a Samantha proteger seu coração até que o contrato chegue ao fim.

Que Bom Pra Você - Entrelinhas #3 - Tammara Webber

A vida de celebridade de Reid Alexander é um livro aberto. Cada relacionamento fracassado, cada noitada, cada erro estampam as páginas dos jornais. O mais recente desses erros acabou com seu carro, destruiu uma casa e o fez parar no hospital, além de enfrentar um processo por dirigir embriagado. Enquanto sua equipe de assessores trabalha dia e noite para limpar sua imagem, uma coisa é clara: desta vez ele não vai escapar sem pagar por isso. Quando Reid é condenado a prestar serviços comunitários sob a supervisão de Dori Centrell, ela não fica nem um pouco impressionada com a fama dele, além de indiferente à sua proximidade. Logo, tudo o que Reid mais quer é derrubar Dori de seu pedestal e provar que ela é apenas humana. Contando os dias para o mês de serviço dele terminar, Dori luta para ignorar a atração por Reid, enquanto o desafia a reconhecer o próprio potencial desperdiçado. Mas Dori também tem seus segredos, guardados lá no fundo, até que uma noite acaba virando seu mundo de cabeça para baixo. De repente, a única esperança de redenção para Dori e Reid depende de uma escolha que ambos precisam fazer: ter fé um no outro ou não.