Caixa de Correio #63 - Maio

31 de maio de 2017

Hoje é dia de mostrar o que o correio trouxe pra mim ao longo do mês que passou.
Vem conferir que essa caixa tá cheia de coisa boa!

Miga, Sua Louca! - Julianna Costa e Luiza Costa

26 de maio de 2017

Título: Miga, Sua Louca!
Autoras: Julianna Costa e Luiza Costa
Editora: Universo dos Livros
Gênero: Infantojuvenil/Literatura Nacional
Ano: 2017
Páginas: 240
Nota:★★★★☆
Sinopse: Deixe eu te apresentar a Yara.
Ela parece meio certinha e meio louca. Um pouco de tudo. Ou talvez nada disso.
Na verdade, ela é só mais uma adolescente buscando descobrir sua própria identidade. O problema da Yara é que, nessa busca, ela vai encontrar o André, o Danilo, o Diego, o Rodrigo…
Pois é, pessoal. A Yara é meio nervosa. E meio desesperada. E meio tímida. E meio inexperiente.
Mas não precisa se preocupar com ela, porque a Yara pode ser meio tudo isso, mas ela não está sozinha: ela tem a Alexia.
Alexia é a metade que falta da Yara: sua melhor amiga, com experiências, dicas e surtos para compartilhar. E enquanto Yara enfrenta todo tipo de complicação – seja a indecisão sobre qual universidade cursar, os problemas com a mãe ou o interesse recém-descoberto pelo melhor amigo – Alexia vai ficar por perto, guiando sua amiga maluca (com sugestões nem sempre convencionais) em um dos momentos mais delicados de sua vida.

Resenha: Miga, Sua Louca! escrito por Julianna e Luiza Costa, traz a história de duas melhores amigas que sempre estão lá uma pela outra, Yara e Alexia.
Yara, ou Yaya, vive um dilema seríssimo em sua vida. Ela é a garota certinha que não aguenta mais ser a última em tudo a ponto de virar motivo de piada ou até pena entre as amigas. Como ela nunca arrumou um namorado nem fez nada realmente cool, ela está simplesmente maluca para ter experiências mais "radicais" antes de se tornar adulta. E o problema não é apenas ela ser a última nas coisas, mas sua timidez e insegurança não permitem que ela se comporte de forma "normal" quando algum garoto se aproxima dela ou quando ela precisa enfrentar algum tipo de complicação em que seja necessário tomar alguma decisão. E pra piorar a situaçao, Alexia se mudou pra longe e Yara já não pode contar com a presença da melhor amiga com toda a sabedoria que ela tem e com todos os super conselhos que ela costumava dar. Mas ainda bem que os correios existem!

Através de uma linguagem atual e bastante descontraída, acompanhamos uma narrativa epistolar em que Yara e Alexia, por morarem longe uma da outra, decidem manter contato através de cartas por mais que a era digital esteja em seu auge.
Yara e Alexia são personagens opostas mas que se completam, quase como o Yin e Yang. Enquanto Yara é apresentada como alguém toda certinha, inocente e sem experiências interessantes, que está prestes a se aventurar pela vida afora, Alexia é aquela amiga maluca que já viu e viveu muitas coisas e, por ter mais experiência em alguns assuntos, é perfeitamente capaz de dar conselhos e conduzir a amiga desorientada e neurótica. Só que Yara, no calor do momento, nem sempre considera a opinião ou as dicas importantes que a amiga dá, dicas estas que podem servir para as mais diversas situações que muitas meninas que estão fora da ficção estão sujeitas a enfrentar, então, muita confusão pode rolar...

Temas como amizade, família, relacionamentos, traição, sexualidade e afins são abordados de forma super natural e bem humorada, e como fazem parte da adolescência por ser uma fase feia complicada e cheia de descobertas com relação aquilo que é difícil de se compreender ou aceitar, principalmente quando a insegurança e a indecisão tomam conta, tudo é muito bem encaixado de acordo com a situação das meninas, mostrando que é possível aprender com os próprios erros, que é importante considerarmos uma segunda opinião de quem tem experiência no assunto, ou que há consequências desagradaveis quando não há limites ou quando escolhas ruins são feitas.
"Acho que nunca paramos de crescer, de aprender coisas sobre nós mesmos e de descobrir que estávamos errados sobre tantas coisas."
- Pág. 7
O único ponto do livro que não me agradou muito é o fato de que pela narrativa ser feita em forma de cartas, sempre em primeira pessoa pelos pontos de vista das meninas, reproduzir diálogos de forma fiel, com travessão e tudo mais, em meio a um texto corrido onde, na teoria, as personagens deveriam contar o que se passa, dando ou recebendo conselhos e etc, não me soa muito natural nem convincente. Acredito que faria mais sentido se as personagens contassem de forma espontânea que "fulano me disse que... e eu respondi pra ele que.." do que incluir diálogos prontos como foi feito.

Com relação a parte gráfica, só tenho elogios. A capa é bastante chamativa e bonita, as ilustrações e a tipografia tem tudo a ver com o ar adolescente da história e a diagramação é uma fofura só, com detalhes de cartinhas, estrelas e assinaturas com letras cursivas diferentes pra cada uma das meninas.

Miga, Sua Louca! não é só mais um livro infantojuvenil que fala sobre os dilemas e os dramas intermitentes da adolescência. As autoras conseguiram mostrar, através de uma história divertida e descontraída, o quanto devemos valorizar a família, as amizades verdadeiras, como devemos aprender com nossos erros, e como a sororidade é superimportante para nós, mulheres.

A Bela e a Fera - Elizabeth Rudnick

25 de maio de 2017

Título: A Bela e a Fera
Autora: Elizabeth Rudnick
Editora: Universo dos Livros
Gênero: Fantasia/Romance/Conto de Fadas
Ano: 2017
Páginas: 204
Nota:★★★★★
Sinopse: Bela deseja para sua vida muito mais do que a pequena cidade provinciana de Villeneuve pode oferecer. Lá, ela se destaca da multidão com um ponto de vista único, uma independência vigorosa e um notável amor pelos livros. Ela anseia por viagens e aventuras, e por uma vida tão empolgante quanto as histórias que lê, mas, quando seu amado pai é aprisionado por uma fera em um castelo encantado, o destino de Bela muda para sempre. Ao arriscar sua liberdade e seu futuro, ela assume o lugar do pai, jurando-lhe que escaparia em segredo. No entanto, conforme aprende mais sobre a Fera e seu misterioso castelo, Bela descobre que pode haver mais sobre a história dele – e sobre a sua própria – do que ela jamais poderia ter imaginado.

Resenha: Era uma vez, num país distante, um jovem príncipe que vivia num reluzente castelo... Quem já assistiu A Bela e a Fera milhões de vezes, assim como eu, além de ter decorado todas as falas, sabe que essa frase dá início a uma das histórias mais marcantes da história dos desenhos animados, convenhamos...



Diferente do conto original e da animação, a história aqui começa com o rei do camarote príncipe dando uma festa luxuosa em seu castelo com a presença de pessoas ricas, bonitas e glamourosas. Ele sempre fora conhecido por sua arrogância e egoísmo, até que, durante a festa, ele negou ajuda a uma senhora que apareceu em sua porta, expulsando-a dalí. Mal sabia ele que aquela velhinha coberta de andrajos era uma feiticeira que, percebendo que o príncipe não tinha amor ou compaixão em seu coração, e a fim de fazer com que ele aprendesse uma grande lição para que não julgasse os outros pela aparência e fosse mais humilde, o amaldiçoou, transformando-o em uma fera horrenda. A maldição não atingiu somente o príncipe, mas o próprio castelo e todos os seus criados, que foram transformados nos mais variados objetos. A única forma de reverter o feitiço era o amor. Antes que a última pétala da rosa encantada que lhe foi dada caísse, o príncipe deveria aprender a amar alguém de verdade, e este amor deveria ser correspondido, caso contrário, ele permaneceria fera para sempre.
Com o passar dos anos, esquecido por todos e confinado no castelo por causa de sua aparência bizarra, o príncipe estava prestes a desistir de tentar quebrar o feitiço, até que um visitante, Maurice, vindo do vilarejo provinciano de Villeneuve, invadiu o castelo a fim de conseguir uma rosa para presentear Bela, sua filha... Capturado pela Fera, Maurice pensou que sua vida tinha chegado ao fim, mas seu cavalo conseguiu fugir e voltar para casa. Ao vê-lo sozinho, Bela parte para o castelo em busca do pai e, para salvar a vida dele, ela se oferece para ficar em seu lugar.
A partir daí, uma jornada de descobertas, segredos e muita magia se inicia, e quando Bela começa a conhecer mais sobre a Fera, ela descobre que contos de fadas podem estar além das páginas dos livros que ela adora ler...

É difícil falar sobre uma história que todos conhecem e conquistou fãs a nível global, mas bora tentar.
A história possui uma narrativa leve e fluída, e descreve, com bastante fidelidade, a grande maioria dos acontecimentos que aparecem no filme (e vale ressaltar que ele não funciona como um roteiro) com exceção das canções. Já o filme, que apesar de ter algumas pequenas mudanças e algumas cenas a mais para que a história se aprofunde em alguns pontos, é praticamente uma cópia muito parecido com a animação da Disney de 1991.

O príncipe Adam, ou Fera, costumava acreditar que ele era o centro do próprio universo. Mimado e sem noção, ele humilhava e escorraçava qualquer um que não estivesse em seu "alto nível". Mesmo após ter se transformado numa criatura horrível, que era praticamente o reflexo do seu eu interior, ele não aprendeu a ser humilde e nem a pensar nos outros, tanto que aprisionou Maurice sem nenhuma piedade. De início ele também não trata Bela muito bem, talvez por ter ficado recluso por tantos anos e ter perdido a capacidade de conviver socialmente de forma "normal", mas ele teria que ceder caso quisesse aproveitar sua única e última oportunidade de reverter o feitiço.

Bela é uma jovem linda e inteligente que se destaca em meio aos moradores do vilarejo onde mora. Diferente das mulheres de lá, Bela sabe ler e escrever, tem uma paixão incomum por livros e seu maior sonho é ir além, o que não era nada comum para a época já que as mulheres viviam para seus maridos e deviam se submeter a tudo o que eles quisessem. Ela quer muito mais do que aquela vidinha do interior tem a oferecer e não perderia as esperanças de realizar seu sonho. Só por aí já é possível perceber o quanto Bela foi (e ainda é) um grande exemplo de empoderamento feminino no universo literário.
Talvez por estar a frente das pessoas de seu tempo, Bela consegue enxergar a força de vontade de Fera em mudar seu jeito arrogante e violento de ser por sua causa, e percebe que ele, aos poucos, se redime e se revela alguém amoroso e dedicado, com um coração bom e por quem vale a pena lutar, embora vários obstáculos possam surgir em seus caminhos.



Os demais personagens, sejam eles encantados ou não, também movimentam a história dando mais profundidade às questões abordadas, como Maurice, o pai que cria a filha sozinho depois da perda da esposa com aquele amor incondicional, Gaston, um homem rude que quer ter Bela como esposa a qualquer custo e acha certo que assediá-la é o melhor jeito de se conseguir o que quer, ou os personagens do castelo que além de amigos são de suma importância para que a Bela e a Fera deixem o orgulho ferido de lado e se aproximem, fazendo papel inclusive de "voz da razão" para que Fera não cometa mais besteiras e estrague tudo.

A Bela e a Fera é um dos contos de fadas mais bonitos e marcantes de todos os tempos, e a Disney, como sempre, é capaz de transformar entretenimento em nostalgia e muita emoção. Elizabeth Rudnick captou essa essência repleta de magia e adaptou a história do filme neste livro com maestria e perfeição. Pra quem é fã, é leitura mais do que recomendada, e pra quem ainda não leu ou não assistiu ao filme, leia e assista! A magia desse universo adorável e encantador não traz apenas uma história inesquecível sobre redenção e coragem, mas também sobre a beleza ir além das aparências, estando no interior das pessoas, e que a esperança jamais deve ser perdida. Simplesmente maravilhoso!

O Mais Desejado dos Highlanders - Maya Banks

23 de maio de 2017

Título: O Mais Desejado dos Highlanders - Montgomery e Armstrong #2
Autora: Maya Banks
Editora: Universo dos Livros
Gênero: Romance de época
Ano: 2016
Páginas: 400
Nota:★★★★★
Sinopse: Genevieve McInnis está presa no castelo McHugh, no cativeiro de um líder cruel que tem grande prazer em mantê-la distante de qualquer outro homem. Mas, quando Bowen Montgomery invade os portões em uma missão de guerra, Genevieve redescobre a vontade de viver. A sensualidade robusta de Bowen atiça nela uma sensação profunda que anseia por ser prolongada mediante carícias pacientes e gentis. Algo quente, louco e tentador. Bowen toma conta do castelo de seu inimigo, despreparado para a misteriosa e reclusa mulher que captura seu coração. Ele está encantado com sua determinação feroz, sua beleza incomum e sua força silenciosa e infalível. Contudo, para cortejá-la, será necessário mais do que a habilidade de um sedutor experiente. Ele descobre que amar Genevieve significa devolver a liberdade que lhe foi roubada, mesmo isso que signifique perdê-la para sempre.

Resenha: O Mais Desejado dos Highlanders é o segundo volume da série Montgomery e Armstrong escrita por Maya Banks.
A história traz outros personagens como protagonistas mas não acho que o livro deva ser lido de forma independente pois muitas das situações que aparecem neste livro decorrem de acontecimentos do primeiro livro com os personagens que já foram apresentados por lá, então a ideia de ler fora de ordem pode causar uma grande confusão.
Neste volume, vamos conhecer a história de Bowen, irmão de Graeme Montgomery, e Genevieve McInnis, uma jovem que teve a vida destruída por Ian McHugh, do clã McHugh. Ele a sequestrou e a manteve em cativeiro em seu castelo fazendo com que ela sofresse os piores abusos e maus tratos, físicos e psicológicos, que alguém poderia sofrer.
Quando os Montgomery invadem o castelo numa missão de resgate, Genevieve os guia e Ian sofre as consequências, mas Patrick, seu pai e Liard do clã McHugh, demonstrando ser um completo covarde, foge deixando as terras e o próprio povo abandonados à própria sorte. Bowen se torna temporariamente o líder do clã até que se decida o que será feito, mas Genevieve, a moça que havia os ajudado anteriormente e que vive sob um capuz escondendo o rosto arruinado, acaba despertando sua atenção a ponto de ele ficar cada vez mais intrigado com os mistérios que a cercam. Bowen vai descobrindo aos poucos o que aconteceu com ela e se sensibiliza com os horrores pelos quais a jovem passou e ainda passa quando ainda sofre com ofensas e acusações terríveis e injustas. Embora o sofrimento tenha sido enorme, Genevieve ainda tem esperanças de que os Montgomery e os Armstrong permitam que ela vá embora viver numa abadia, pois prefere que sua família continue acreditando que ela esteja morta do que voltar pra casa desonrada, mas o plano de Bowen é cuidar para que o clã McHugh possa se reerguer e volte a se tornar próspero além de encontrar Patrick para cumprir sua vingança, mas o que ele não esperava era que Genevieve tocasse seu coração...

A história é narrada em terceira pessoa onde os pontos de vista de Bowen e Genevieve se alternam para uma visão mais ampla dos fatos e, assim como o livro anterior (e os demais livros da autora), a leitura é muito fluída e gostosa de se acompanhar.
Genevieve é uma personagem cheia de segredos, marcada pela dor e por experiências terrivelmente amargas e não consegue confiar em homem algum, por mais atraente que ele possa ser. Embora ela tenha sido brutalizada por tanto tempo, ela suportou e ainda manteve a mente sã para que não perdesse a força, a coragem e nem sua dignidade. Sua determinação a manteve de pé para que pudesse ter esperanças de que um dia ficaria livre e ainda conseguir lidar com todos aqueles que a humilhavam de cabeça erguida, e quando Bowen chega, ele se revela um verdadeiro cavalheiro, a tratando com respeito e carinho, mostrando que é possível recuperar a vida e voltar a ser feliz, desde que ela se permita.
Obviamente para uma mulher que sofre tantos abusos, como Genevieve sofreu nas mãos de um maníaco como Ian, as marcas acabam se tornando indeléveis, mas Bowen é tão protetor e compreendeu tão bem toda a injustiça que ela enfrentou, sem julgamentos ou preconceitos, que seria impossível ela não dar a ele uma chance de se aproximar, e é justamente a forma como essa aproximaçao é feita que tornou essa relação tão bonita e verdadeira.
A autora ainda teve o cuidado de mencionar os abusos sofridos pela protagonista de forma sutíl e implícita, mas mesmo sem maiores detalhes ou descrições a situação, por ser crua e pesada, ainda incomoda e deixa qualquer leitor indignado apenas de imaginar que alguém possa ser tão doentio.
Talvez devido a situação delicada de Genevieve, a autora se focou mais em desenvolver o drama e os conflitos entre os clãs, logo, as cenas eróticas são aceitáveis por serem bem raras e pontuais.

O Mais Desejado dos Highlanders traz uma história marcante sobre honra, vingança e coragem, mas também explora elementos pesados e difíceis de se lidar, mas ainda assim mostra que o amor puro e verdadeiro pode curar uma alma quebrada e um coraçao partido, e dá forças para que alguém possa voltar a sonhar, ter esperanças e recomeçar uma vida que parecia perdida.

Resistência - Affinity Konar

22 de maio de 2017

Título: Resistência
Autora: Affinity Konar
Editora: Fábrica 231
Gênero: Romance/Holocausto
Ano: 2017
Páginas: 320
Nota:★★★★☆
Sinopse: Auschwitz, 1944. As gêmeas Pearl e Stasha têm 12 anos quando desembarcam no campo de concentração nazista na Polônia. à medida que conhecem o horror e têm suas identidades fraturadas pela dor e sofrimento, tentam confortar uma à outra e criam códigos e jogos para se proteger e recuperar parte da infância deixada para trás. Mas quando Pearl desaparece sem deixar pistas, Stasha se recusa a acreditar que a irmã esteja morta e embarca numa jornada desesperada em busca de justiça, paz e de si mesma. Livro notável pelo The New York Times; Livro do Ano pela Amazon e pela Publishers Weekly; indicação de leitura dos principais veículos de imprensa norte-americanos, Resistência narra, com uma voz poderosa e única, a trajetória de duas irmãs lutando pela sobrevivência em um dos períodos mais devastadores da história contemporânea e mostra que há beleza e esperança até diante do caos.

Resenha: Histórias sobre o Holocausto revivem lembranças amargas, emocionam e nos mostram como a vida das pessoas que o enfrentaram foi trágica o bastante para fazer com que nossos problemas do dia-a-dia sejam reduzidos a nada.
Resistência, romance da autora americana Affinity Konar, foi baseado na história das romenas Miriam e Eva Mozes Kor, irmãs gêmeas sobreviventes dos campos de concentração nazistas, trazendo à tona uma pequena parcela dos horrores dessa época terrível que marcou a humanidade de forma indelével. Uma pequena pesquisa basta para qualquer um ficar aterrorizado com o que é encontrado... Mas em meio aos eventos do Holocausto também foi possível encontrar pequenos gestos e momentos de pessoas que se apoiaram na esperança e no amor a fim de superar as adversidades, ou pelo menos para tentar lutar pela sobrevivência quando tudo parecia estar perdido.

Pearl e Stasha são irmãs gêmeas, inseparáveis desde o útero. Elas se completam, se admiram e se preocupam uma com a outra de uma forma que não se pode medir. Aos doze anos, quando as irmãs são levadas para Aushwitz e são separadas da mãe, que assim como outros pais, acreditou estar protegendo as filhas dos nazistas, elas só podem contar uma com a outra já que tudo o que elas conheciam já não fazem mais parte de suas vidas. Confinadas de maneira sub humana no lugar chamado Zoológico de Mengele junto com várias outras crianças gêmeas ou com características genéticas consideradas peculiares, elas ficam sob o poder de Josef Mengele, o cirurgião nazista mais sádico e sanguinário da história do Holocausto, que podia ser considerado a personificação da própria morte.
As crianças passavam por experimentos genéticos que não serviram para nada a não ser trazer dor, sofrimento, sequelas irreversíveis ou morte.

Quando Stasha e Pearl chegam em Aushwitz e percebem que estão numa nova e sombria realidade, o que lhes resta são suas lembranças, as brincadeiras que criam como válvula de escapa para se desligarem daquela situação e a esperança de que no final tudo vai dar certo, porém, a cada novo teste que elas e as demais crianças são submetidas, mais difícil e doloroso fica para suportar. Por amor a irmã, Stasha ainda deixa com que Mengele a use como cobaia em vários experimentos a fim de poupar mais sofrimento a Pearl, sem considerar as consequências que isso teria futuramente.
Até que Pearl desaparece, e Stasha já não sabe mais como levar o que lhe resta de vida sem a irmã, aquela que é sua metade.

O livro é dividido em duas partes. A primeira mostra o confinamento das irmãs no campo de concentração, e a segunda trabalha os acontecimentos após a invasão da União Soviética ao libertar o campo. O livro é narrado em primeira pessoa e os capítulos se intercalam entre Stasha e Pearl. A história já é iniciada com as meninas sendo levadas, logo não há uma introdução para que o leitor possa conhecê-las melhor antes dos acontecimentos no Zoológico de Mengele, mas logo de início já fica claro o quanto Stasha parece depender muito da irmã.
A escrita da autora é poética e possui uma delicadeza sem igual. Não acredito que seja muito fácil descrever tais horrores de forma que os leitores não queiram largar o livro agoniados com tanto sofrimento, mas a doçura presente na forma de descrever as coisas, talvez pelas personagens serem crianças e ainda não terem plena noção do que realmente estava acontecendo, muitas coisas acabam ficando nas entrelinhas, mexendo com a imaginação do leitor que, obviamente vai saber que alguma coisa muito ruim aconteceu alí, então só nos resta torcer pelas meninas, mesmo que com um aperto no coração. Embora as descrições acerca dos experimentos, e até da obsessão que Stasha desenvolve por essa "ciência", sejam leves, ainda causam um impacto muito grande, nem que seja apenas pela ideia de fazer algo do tipo. Em meio ao sofrimento, é possível perceber que o amor que une as irmãs é algo maior e que vai muito além.

Uma coisa que me deixou um pouco incomodada foi o fato de Stasha amar tanto a irmã que seu maior desejo não era só estar junto com a irmã, mas também SER Pearl. Esse amor me soou mais como uma fixação, um sentimento de posse que não me parecia nada saudável e muito da história se foca nessa relação, talvez a fim de amenizar as partes destinadas as atrocidades cometida por Mengele em seus experimentos horrorosos. Ele inclusive não só realizava testes bizarros e brutais, mas também se comportava de forma amigável a fim de conquistar a confiança das crianças como se aquilo tudo fosse muito normal, o que ainda é mais perturbador. O ponto positivo é que por mais que o leitor fique ciente de quem foi esta criatura abissal, o que ele foi capaz de fazer com milhares de crianças e o quão sombria foi essa atmosfera onde elas se encontravam, isso serviu como pano de fundo para evidenciar o amor entre as irmãs e a jornada que precisaram seguir, mostrando que, por mais árduo e difícil que um caminho seja, em meio ao terror ainda existia o bem, em meio a escuridão ainda era possível encontrar a luz.
Porém, em muitos momentos eu senti que houve algumas divergências com relação ao comportamento das meninas, principalmente Stasha, pois ser testemunha de tantas mortes e ao mesmo tempo acreditar que Mengele era um "tio" legal não me convenceram. De um lado a autora quis mostrar que as duas eram inteligentes, mas em outros tentou forçar uma ingenuidade que não cabia alí, então fiquei agradecida pela história não se concentrar somente nos experimentos, mas também no que estava além daquilo, nos sentimentos e nos pensamentos diante daquele fardo terrível e nas poucas - e arriscadas - escolhas que elas poderiam fazer, Stasha sendo movida pela vingança, e Pearl pelo perdão.

Alguns termos que os nazistas usavam para denominar todos aqueles que eram considerados inferiores também são usados no decorrer da trama, então a história também acaba sendo bastante informativa, nem que seja a título de curiosidade.

As flores presentes na capa tem um significado impossível de se ignorar, e unindo esse pequeno detalhe a esta história tão tocante com um dos maiores exemplos de força, coragem, amor incondicional e esperança que alguém pode ter, mesmo sendo tão jovem.

Resistência mostra a jornada de duas irmãs movidas pelo amor, que estão lutando uma pela outra a fim de sobreviverem num dos eventos mais trágicos presenciados pela humanidade. O caos foi inevitável, mas ter forças para resistir a ele de forma tão marcante como Stasha e Pearl tiveram é coisa pra se ficar na memória...


O Jogo - Elle Kennedy

21 de maio de 2017

Título: O Jogo - Amores Improváveis #3
Autora: Elle Kennedy
Editora: Paralela
Gênero: Romance/NA
Ano: 2017
Páginas: 344
Nota:★★★★☆
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Talentoso, inteligente e festeiro, Dean Di Laurentis sempre consegue o que quer. Sexo, notas altas, sexo, reconhecimento, sexo… É sem dúvida um galanteador de primeira, e ainda está para encontrar uma mulher imune ao seu charme descontraído e seu jeito alegre de encarar a vida. Isto é, até ele se envolver com Allie Hayes. Em uma única noite, essa jovem atriz cheia de personalidade virou o mundo de Dean de cabeça para baixo. E agora ela quer que eles sejam apenas amigos? Dean adora um desafio, e não vai medir esforços para convencer essa mulher tão linda quanto teimosa de que uma vez não é suficiente. Mas o que começa como um simples jogo de sedução logo se torna a experiência mais incrível e surpreendente de sua vida. Afinal, quem disse que sexo, amizade e amor não podem andar de mãos dadas?

Resenha: O Jogo é o terceiro volume da série Amores Improváveis escrita pela autora Elle Kennedy. O livro foi publicado no Brasil pelo selo Paralela, da Companhia das Letras.

Cada livro da série traz um casal diferente que protagoniza a história e em O Jogo, vamos acompanhar o envolvimento de Dean e Allie, que já marcaram presença nos livros anteriores.

Dean é aquele cara cuja vida parece mais do que perfeita. Além de fazer parte do time de hóquei da universidade e usufruir dos privilégios que sua família rica tem, ele aproveita a vida ao máximo frequentando festas e curtindo como ninguém com a mulherada. Dean sempre consegue o que quer, quando quer e como quer, até se ver obrigado a servir de "babá" para Allie, amiga de Hanna, namorada do seu melhor amigo. Dean não gostou nada de ter que cuidar da garota que acabou de terminar um relacionamento de três anos. Allie amava Sean, mas os planos dele para o futuro não correspondiam em nada com o que ela queria e, num relacionamento, ninguém deveria querer mudar ninguém, e muito menos impedir o outro de ser feliz... O problema é que Allie está tão acostumada a estar num relacionamento que um término fez com que ela vivesse um drama que ela jamais esperava passar, e Dean não ficou nada satisfeito em ter que cuidar de alguém num estado emocional tão delicado... Mas, o que parecia ser pra ele um enorme problema, acaba se tornando uma experiência intensa, surpreendente e inesquecível.

A autora não poupa o leitor de aproveitar sua escrita divertida, bem humorada, com toques fofos de romance e com dosagens de drama na medida certa para mexer com nossas emoções, e mesmo que o romance aconteça de forma praticamente instantânea e pareça um pouco superficial, senti que Dean e Allie foram desenvolvidos utilizando de elementos suficientes para tornar o relacionamento plausível já que eles não são perfeitos e nem precisam enfrentar problemas mirabolantes para ficarem juntos. Ambos estão se conhecendo e tudo é encarado de forma bastante madura, sem floreios ou mimimi, e claro, sem deixar o erotismo de lado, já ele que funciona como um fio condutor que colabora bastante para evidenciar a química que há entre esses dois pombinhos. O relacionamento é algo levado de forma bem natural e acredito que a ideia da autora seria mostrar como ele surgiu e foi acontecendo de forma gradual, mas em alguns momentos não senti que o amor era tão profundo e intenso assim, além de muita coisa ser feita as pressas.

Os personagens são cativantes e despertam a simpatia do leitor. Quando Dean aparece nos livros anteriores ele é bastante intragável já que só pensa em pegação e sexo desenfreado, mas a medida que o tempo passa ele vai se revelando um cara bem legal, o que mostra que não devemos julgar um livro pela capa pois a primeira impressão nem sempre é a que fica.
E a mesma coisa acontece com Allie. Aquela mocinha tão dependente de um relacionamento, enfim, acorda pra vida. Ela quer se concentrar em seguir sua carreira de atriz e cuidar do pai doente, mas resistir aos encantos de Dean é algo bastante difícil... Parece até meio contráditório que ela encontre a felicidade em um relacionamento improvável ao qual ela tanto resistiu, mas o diferencial é que com o amadurecimento de ambos, nada é encarado de um jeito que pareça que a vida só pode seguir em frente se ela estiver junto com alguém. Allie aprende que ter alguém ao seu lado é um complemento que lhe acrescenta, desde que ela seja feliz e a pessoa respeite o que ela quer e sonha pra si mesma, e não uma obrigação da qual ela depende. E, claro, Dean consegue oferecer exatamente o que ela precisa naquele momento e ainda encontra nela o que lhe faltava, mesmo que ele não soubesse disso inicialmente.

Diferente dos livros anteriores, este deixa o final em aberto com um enorme gancho para a continuação, logo, A Conquista, que traz a história de Tucker, já está na minha lista de "preciso ler pra ontem".

Pra quem gosta do gênero New Adult de uma forma muito mais bem humorada do que o esperado, é leitura mais do que indicada.