Na Telinha - Zootopia

9 de junho de 2016

Título: Zootopia: Essa Cidade é o Bicho (Zootopia)
Produção: Walt Disney Studios
Elenco: Ginnifer Goodwin, Jason Bateman, Idris Elba, Jenny Slate, Nate Torrence, Bonnie Hunt, Tommy Chong, J.K. Simmons
Gênero: Animação
Ano: 2016
Duração: 1h 48min
Classificação: Livre
Nota:★★
Sinopse: Judy Hopps é a pequena coelha de uma fazenda isolada, filha de agricultores que plantam cenouras há décadas. Mas ela tem sonhos maiores: pretende se mudar para a cidade grande, Zootopia, onde todas as espécies de animais convivem em harmonia, na intenção de se tornar a primeira coelha policial. Judy enfrenta o preconceito e as manipulações dos outros animais, mas conta com a ajuda inesperada da raposa Nick Wilde, conhecida por sua malícia e suas infrações. A inesperada dupla se dedica à busca de um animal desaparecido, descobrindo uma conspiração que afeta toda a cidade.

Num mundo quase utópico, todos os animais evoluíram psicológica e socialmente dispensando conceitos de predador e presa, e agora eles convivem em total harmonia. Na cidadezinha interiorana de Toca do Coelho, conhecemos Judy Hopps, uma coelhinha da pré escola que vive com os pais e centenas de irmãos. Seu maior sonho é ir pra Zootopia, um lugar onde todos podem ser o que e quem quiserem, e lá se tornar uma policial para fazer do mundo um lugar melhor, mas sempre foi desencorajada e desacreditada por todos, pois coelhos sempre foram considerados pequenos, indefesos e frágeis, e nunca na história dos bichos houve um que se tornou policial. Mas Judy está determinada a ser a primeira, e nada irá impedí-la nem fazê-la desistir.


"- A única coisa que devemos temer é o próprio medo."
Quinze anos depois, Judy terminou seu treinamento intenso na Academia de Polícia de Zootopia. Em meio a ursos, tigres, rinocerontes e outros animais enormes e ferozes, ela era a única coelhinha da turma, mas com muita garra e força de vontade ela conseguiu superar os desafios e se formou com louvor sendo encaminhada ao Departamento de Polícia de Zootopia (DPZ) no centro da cidade. Ao se apresentar à delegacia, Judy é muito mal recebida e mesmo que haja um imporante caso em andamento em que 14 mamíferos desapareceram sem pistas, ela é designada pelo chefe de polícia a ser guarda de trânsito aplicando multas. Mas a tarefa "pequena" que lhe foi atribuída não é motivo para que ela desista ou se deixe abater. Judy quer ser uma policial de verdade e não uma guarda de trânsito. Ela trabalha com dedicação e eficiência cumprindo e superando as próprias metas. Até ela conhecer Nick Wilde, uma raposa trapaceira e que não tem o menor respeito pelas leis...
"- Todos chegam em Zootopia achando que podem ser o que quiserem, mas não podem. Só podem ser o que são: Raposa astuta, Coelha burra."
Judy consegue pegar um dos casos de desaparecimento e Nick é obrigado a ajudá-la nas investigações, o problema é que, como castigo por uma perseguição não autorizada por um roubo considerado fútil, ela tem apenas 48 horas para descobrir o que aconteceu e encontrar o desaparecido, caso contrário terá que se demitir e deixar a DPZ. Logo, a improvável dupla passa a correr contra o tempo atrás de pistas e informações para solucionar o caso do sumiço de um dos animais desaparecidos, ou Judy deverá desistir dos seus sonhos e voltar para a vida na fazenda.


A partir dessa premissa a história se desenvolve de forma muito crível tendo como base a investigação policial e elementos que fazem parte da vida cotidiana da nossa própria realidade onde os animais ganham uma roupagem "humanizada" numa cidade moderna e cheia de recursos.

Zootopia é dividida em vários distritos com elementos geográficos próprios, e assim como vemos uma grande metrópole muito bonita visualmente, com prédios e tecnologia (e até bastante publicidade espalhada em todos os cantos), também vemos os contrastes que o trânsito, a criminalidade e todo grande fluxo populacional, incluindo a migração do campo para a cidade grande, trazem, logo, com os acontecimentos que se desencadeiam enquanto Judy e Nick investigam o caso, podemos perceber que da mesma forma que a evolução contribuiu para que os bichos convivessem em harmonia num ambiente pacífico e favorável, também vemos que alguns problemas são responsáveis por desencadear conflitos que acabam afetando a vida de todos causando um verdadeiro retrocesso social.


E nesse cenário com tanta diversidade, vemos referências explícitas às etinias, às classes sociais, ao estilo de vida, a liberdade de expressão e até mesmo à orientação de gênero, e como o preconceito interfere nos direitos alheios. Esse preconceito é explorado desde sua forma mais sutil até as mais ofensivas, como por exemplo, o ato de chamar um coelho de fofo só ser bem aceito entre os próprios coelhos e se outra espécie os chamam assim é incômodo e inconveniente, ou até o ato de se afastar de alguém por ele ser de uma outra raça e usar roupas diferentes, como se isso o tornasse um "mau elemento" suspeito e perigoso. Zootopia é uma proposta inovadora e corajosa que serve como ferramenta para combater tais preconceitos, fazendo com que o público reflita sobre os problemas apresentados e talvez, quem sabe, crie novos conceitos. Até o público infantil não fica de fora, pois a mensagem é apresentada de forma quase didática, mostrando como nasce o preconceito e como ele cresce se apoiando em tradições culturais e biológicas que os indivíduos da sociedade cultivam há várias gerações.


Os personagens são expressivos e têm personalidades fortes e distintas, e o trabalho da dublagem original colabora bastante com isso pois além de voz eles ganham características únicas que lhes dão vida, mas obviamente o destaque fica com Judy. Mesmo que tenha crescido aprendendo com os pais que a complacência é a base da vida, ela também ouvia que o melhor a fazer é desistir dos seus sonhos, pois dessa forma não há risco de falhar. Mas ela arrisca, vai atrás do que quer com otimismo e não deixa nada nem ninguém impedí-la. No contexto e levando em consideração toda a problemática social que enfrentamos na atualidade, ela é a melhor personagem que pude acompanhar na história das animações. Seu sonho é seguir carreira numa área que a sociedade julga como destinada a homens e todos, inclusive seus pais, acreditam que ela é incapaz de conseguir atingir seus objetivos, tanto por ser pequena quanto por ser mulher. Que chances ela teria em meio a grandalhões bufantes e cheios de músculos? Judy quebra estereótipos femininos enfrentando esses preconceitos de cabeça erguida, cheia de coragem, bom senso e muita determinação.
Ela é praticamente o oposto de Nick, que leva a vida na malandragem tirando proveito de todos, e só consegue enxergar o pior lado das coisas em qualquer situação.

O cenário é aberto, ensolarado, colorido e cheio de vida, temos vislumbres dos distritos ao redor do centro da cidade, mas nenhum aprofundamento na vida dos animais que vivem neles ou no funcionamento propriamente dito desses locais, já que o foco fica no mistério a ser solucionado e na crítica social.




Embora Zootopia tenha uma música tema que fala sobre se levantar e não desistir mesmo se falharmos - Try Everything, da Shakira (dessas que grudam na cabeça e ficamos cantarolando o dia inteiro) -, não se trata de uma animação musical em que os personagens se expressam cantando e dançando por aí. Pelo tema ser mais delicado, as partes mais engraçadas, apesar de não serem muitas, se concentram em piadinhas pontuais para servirem de alívio cômico em meio a tensão e isso funciona muito bem.
Vale ressaltar que, assim como praticamente todas as animações da Disney, Zootopia é cheio de easter eggs e referências bastante famosas, seja com relação a outros desenhos, como Frozen, Big Hero e etc, quanto ao clássico do cinema O Poderoso Chefão, ícones da música Pop e até ao seriado Breaking Bad.




Em suma, Zootopia superou minhas expectativas, não só pela diversão que proporciona, mas por apresentar temas como o racismo, o machismo e a intolerância, assim como as formas de se combatê-los, através de uma metáfora social inteligente e ousada.

I won't give up, no I won't give in
Till I reach the end
And then I'll start again
No I won't leave
I wanna try everything
I wanna try even though I could fail

Novidades de Junho - Darkside Books

8 de junho de 2016

O Menino que Desenhava Monstros - Keith Donohue
Um livro para fazer você fechar as cortinas e conferir se não há nada embaixo da cama antes de dormir. O Menino que Desenhava Monstros ganhará uma adaptação para os cinemas, dirigida por ninguém menos que James Wan, o diretor de Jogos Mortais e Invocação do Mal.
Jack Peter é um garoto de 10 anos com síndrome de Asperger que quase se afogou no mar três anos antes. Desde então, ele só sai de casa para ir ao médico. Jack está convencido de que há de monstros embaixo de sua cama e à espreita em cada canto. Certo dia, acaba agredindo a mãe sem querer, ao achar que ela era um dos monstros que habitavam seus sonhos. Ela, por sua vez, sente cada vez mais medo do filho e tenta buscar ajuda, mas o marido acha que é só uma fase e que isso tudo vai passar. Não demora muito até que o pai de Jack também comece a ver coisas estranhas. Uma aparição que surge onde quer que ele olhe. Sua esposa passa a ouvir sons que vêm do oceano e parecem forçar a entrada de sua casa. Enquanto as pessoas ao redor de Jack são assombradas pelo que acham que estão vendo, os monstros que Jack desenha em seu caderno começam a se tornar reais e podem estar relacionados a grandes tragédias que ocorreram na região. Padres são chamados, histórias são contadas, janelas batem. E os monstros parecem se aproximar cada vez mais. Na superfície, O Menino que Desenhava Monstros é uma história sobre pais fazendo o melhor para criar um filho com certo grau de autismo, mas é também uma história sobre fantasmas, monstros, mistérios e um passado ainda mais assustador. O romance de Keith Donohue é um thriller psicológico que mistura fantasia e realidade para surpreender o leitor do início ao fim ao evocar o clima das histórias de terror japonesas.

Em Algum Lugar nas Estrelas  - Clare Vanderpool
Em Algum Lugar nas Estrelas, da autora norte-americana Clare Vanderpool, é um romance intenso sobre a difícil arte de crescer em um mundo que nem sempre parece satisfeito com a nossa presença. Pelo menos é desse jeito que as coisas têm acontecido para Jack Baker. A Segunda Guerra Mundial estava no fim, mas ele não tinha motivos para comemorar. Sua mãe morreu e seu pai... bem, seu pai nunca demonstrou se preocupar muito com o filho. Jack é então levado para um internato no Maine (o mesmo estado onde vivem Stephen King e boa parte de seus personagens). O colégio militar, o oceano que ele nunca tinha visto, a indiferença dos outros alunos: tudo aquilo faz Jack se sentir pequeno. Até ele conhecer o enigmático Early Auden. Early, um nome que poderia ser traduzido como precoce, é uma descrição muito adequada para um prodígio como ele, que decifra casas decimais do número Pi como se lesse uma odisseia. Mas, por trás de sua genialidade, há uma enorme dificuldade de se relacionar com o mundo e de lidar com seus sentimentos e com as pessoas ao seu redor. Quando chegam as festas de fim de ano, a escola fica vazia. Todos os alunos voltam para casa, para celebrar com suas famílias. Todos, menos Jack e Early. Os dois aproveitam a solidão involuntária e partem em uma jornada ao encontro do lendário Urso Apalache. Nessa grande aventura, vão encontrar piratas, seres fantásticos e até, quem sabe, uma maneira de trazer os mortos de volta – ainda que talvez do que Jack mais precise seja aprender a deixá-los em paz.

O Último Adeus - Cynthia Hand
“Desculpa, mãe, mas eu estava muito vazio.” – Tyler
A autora de fantasia que está encantando leitores com a força de sua escrita lança seu primeiro romance contemporâneo – uma trama comovente e impactante situada nos dias de hoje. Depois de sucessos internacionais como a saga Sobrenatural, Cynthia Hand demonstra todo o seu talento numa história sobre perda, culpa e superação. O Último Adeus é narrado em primeira pessoa por Lex, uma garota de 18 anos que começa a escrever um diário a pedido do seu terapeuta, como forma de conseguir expressar seus sentimentos retraídos. Há apenas sete semanas, Tyler, seu irmão mais novo, cometeu suicídio, e ela não consegue mais se lembrar de como é se sentir feliz. O divórcio dos seus pais, as provas para entrar na universidade, os gastos com seu carro velho. Ter que lidar com a rotina mergulhada numa apatia profunda é um desafio diário que ela não tem como evitar. E no meio desse vazio, Lex e sua mãe começam a sentir a presença do irmão. Fantasma, loucura ou apenas a saudade falando alto? Eis uma das grandes questões desse livro apaixonante. O Último Adeus é sobre o que vem depois da morte, quando todo mundo parece estar seguindo adiante com sua própria vida, menos você. Lex busca uma forma de lidar com seus sentimentos e tem apenas nós, leitores, como amigos e confidentes.


Novidades de Junho - Valentina

Sem Olhar para Trás - Lycia Barros
Alguns segundos depois, ainda amparada por Vicente, Agatha parou de tremer. Sentia-se mais forte quando o cheiro da pele dele penetrava suas narinas. Mas não poderia ser sempre assim. Chegaria o dia em que ela precisaria resolver sozinha aquela batalha particular. Colocar um fim na história. Quando se afastou de Vicente, enterneceu-se com o modo doce com que lhe beijou os lábios, para lhe passar segurança. Era exatamente disso que ela precisava naquele momento, de um pouco de ternura. Tendo tido um pai e um marido tão implacáveis, Vicente a fazia renovar a fé nos homens. Este é o foco da história de Agatha: é preciso força para recomeçar. As cicatrizes ficam, mas a força de reação é maior. Quando queremos mudar a situação à nossa volta, é preciso que essa mudança comece dentro de nós. Afinal, é lá que moram a fé e a coragem capazes de alterar o nosso destino para sempre.

O Livro das Ideias Brilhantes - E o que fazer para tê-las - The Brothers McLeod
Da famosa dupla inglesa, The Brothers McLeod, detentora do Prêmio BAFTA, um livro interativo recheado de atividades que estimularão a sua criatividade e despertarão a sua imaginação, desde desenhos de criaturas bizarras e nomes para invenções inovadoras até mapas de lugares imaginários e formas para você desenvolver os seus próprios super-heróis.
Uma coleção divertida e inspiradora de ideias brilhantes que proporcionarão horas de entretenimento a leitores dos oito aos oitenta.


Vocação para o Mal - Robert Galbraith

7 de junho de 2016

Título: Vocação para o Mal - Cormoran Strike #3
Autor: Robert Galbraith
Editora: Rocco
Tradutora: Ryta Vinagre
Gênero: Romance Policial
Ano: 2016
Páginas: 496
Nota: ★★★★☆
Onde comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Quando um misterioso pacote é entregue a Robin Ellacott, ela fica horrorizada ao descobrir que contém a perna decepada de uma mulher. Seu chefe, o detetive particular Cormoran Strike, fica menos surpreso, mas não menos alarmado. Há quatro pessoas de seu passado que ele acredita que poderiam ser responsáveis por tal crime – e Strike sabe que qualquer uma delas seria capaz de tamanha brutalidade. Com a polícia concentrada no suspeito que Strike cada vez mais tem certeza de não ser o perpetrador, ele e Robin assumem o problema e investigam os mundos sombrios e percertidos dos três outros homens. Mas vários atos horrendos seguem acontecendo, e o tempo está se esgotando para os dois...

Resenha: Vocação para o Mal é o terceiro volume da série Cormoran Strike escrito por Robert Galbraith (pseudônimo de J.K. Rowling. O livro foi lançado pela Editora Rocco. Como as investigações são pontuais, não é necessário que os livros sejam lidos na ordem de lançamento para que sejam compreendidos, mas recomendo manter a ordem pois assim fica mais fácil nos familiarizarmos com a personalidade dos personagens.
A resenha está livre de spoilers.

Começamos a história sob o ponto de vista do assassino, que segue e observa Robin Ellacott e seu noivo, ou como ele prefere chamá-la, A Secretária. O assassino nutre um sentimento de vingança por Strike, pois segundo ele, se não fosse pelo detetive seu filho ainda estaria vivo, e ele pagaria por isso...
Logo depois, num dia corriqueiro, Robin recebe um mensageiro e ele lhe entrega um pacote endereçado a ela, mas para seu completo espanto, ao abrí-lo, a moça se depara com uma perna decepada de uma mulher. Strike também fica alarmado com o ocorrido mas não demora a bolar teorias de quem pudesse ser o responsável por tal atrocidade, afinal, no passado ele fez alguns inimigos e todos eles teriam algum motivo para arruiná-lo. Uma das formas mais eficazes para a vingança ser posta em prática seria usar sua assistente para atingí-lo.
Logo a polícia está envolvida nas investigações concentrando seus esforços no suspeito que Strike acredita não ser o culpado, então restam outros três a quem investigar, mas devido ao enorme tempo que se passou desde os últimos contatos, Strike não faz ideia do paradeiro de nenhum deles. Junto com Robin, Strike percorre o Reino Unido a fim de entrevistar pessoas que podem ajudá-los na investigação até que eles descubram quem é o assassino, mas enquanto isso outros atos horrendo continuam a acontecer. Eles vão precisar correr contra o tempo para impedir outras mortes e para salvarem as próprias vidas.

Diferente dos demais, Vocação para o Mal não parece fazer uma crítica explícita aos podres da sociedade ou do funcionamento de alguma determinada indústria, e desta vez não se trata de um caso onde Strike é contratado por alguém para que possa investigar o ocorrido. Trata-se de uma vingança pessoal e bem elaborada vinda de uma pessoa misteriosa de seu passado que quer atingí-lo através de Robin.
A narrativa não é linear e é feita em terceira pessoa. Alguns capítulos são destinados aos passos do próprio assassino e os demais se alternam entre Strike e Robin. Como sempre, a escrita é única e fluída, as descrições são feitas com perfeição e pois mais que a trama apresente elementos horrendos e cenas pavorosas, há sutileza o suficiente para instigar o leitor, mantendo a curiosidade pela resolução do caso e o convidando a permanecer na leitura até o fim. As pistas são ligeiras, às vezes são praticamente imperceptíveis, e mesmo que haja bastante tensão devido ao teor dos crimes e à mente perversa e doentia do assassino, o leitor não se perde desde que mantenha a atenção constante.
O tema é pesado e pouco explorado na ficção. O autor se aprofundou na acrotomofilia, ou seja, naquelas pessoas que possuem preferência sexual por quem tenha tido alguma parte do corpo amputada, assim como aquelas que têm fetiche por autoflagelação.

Os personagens continuam muito bem explorados e construídos e os protagonistas tiveram mais de si mesmos revelados, afinal, como os suspeitos tiveram uma relação com Strike, essa volta ao passado faz com que seja possível conhecermos sua história mais a fundo e isso o leva a relembrar do que precisou enfrentar, despertando seus fantasmas e o fazendo refletir. Como Robin também está diretamente envolvida, vários fatos sobre ela também vem à tona. A trama atinge um ponto em que a investigação parece ficar em segundo plano para que as relações interpessoais dos protagonistas sejam trabalhadas, e o casamento de Robin, que está se aproximando, assim como suas brigas com Matthew, focam em algo que não diz respeito ao gênero policial propriamente dito, mas servem para intensificar ainda mais a relação entre Robin e Strike. Eu confesso que o vejo mais como um mentor para Robin do que outra coisa e não gostaria que o relacionamento dos dois fosse além da amizade e da parceria profissional que eles têm, independente da química que eles tenham juntos, mas posso dizer que se futuramente esse relacionamento alcançar outro nível, não vai ser surpresa nenhuma pra mim, independente do que será feito com Matt, a quem não nutro simpatia alguma, muito pelo contrário. Torço pra que Robin fique livre desse peso morto o quanto antes...

O trabalho gráfico do livro é simples e muito bem feito. A capa combina com as dos volumes anteriores e, como sempre, remete ao mistério. As páginas são amarelas e a fonte tem um tamanho agradável. Os capítulos são curtos e são iniciados por um trecho de alguma música da banda Blue Öyster Cult e pode ser interessante fazer a ligação desses trechos com o que o capítulo em questão nos reserva.

Embora tenha considerado este livro o melhor da série até então, esse excesso de informações e detalhes sobre as particularidades dos personagens acaba deixando a leitura mais lenta do que eu gostaria, assim como desvia a atenção e atrapalha as suposições do leitor com relação aos crimes. Talvez esse seja o propósito, fazer com que haja outros elementos que desviem nosso foco para dificultar os palpites sobre quem é o assassino, mas acho que se os detalhes fossem apresentados de outra forma, e em menor quantidade, isso não teria sido um problema pra mim na posição de "leitora-investigadora".
De qualquer forma, recomendo muito a leitura da série pra quem gosta do gênero.

Novidades de Junho - Plataforma21 (V&R)

Catacomb - Asylum #3 - Madeleine Roux
O último ano de colégio enfim chegou. Depois de tanto tempo juntos, Dan, Abby e Jordan resolvem fazer uma viagem e o destino escolhido é a casa do tio de Jordan em New Orleans.
Abby está muito ansioso e entusiasmado para a aventura, pois a viagem irá ajudá-lo no projeto fotográfico de locais e monumentos históricos. Mas toda essa euforia diminui quando, no caminho, os três amigos percebem que estão sendo seguidos. E ainda começam a receber mensagens misteriosas, pelo celular de Dan, de um amigo que morreu no último Halloween.
Os três amigos vasculham pistas sobre acontecimentos do passado para obter respostas sobre as tais mensagens, sobre um fotógrafo não identificado e sobre a história familiar de Dan.
Neste incrível episódio da série Asylum, a única esperança que resta é sair vivo desta viagem.

Adeus, promessas - Kristin Halbrook
Um menino está morto. Outro está ferido. E, aparentemente, a culpa é de Kayla.
Ela presenciou algo que não devia. Mas não contou nada para ninguém. Ninguém sabe o que realmente aconteceu naquela noite: o porquê de ela estar dirigindo um carro que caiu numa vala depois da festa de sua melhor amiga; do que viu nas horas que antecederam o acidente, e da promessa que ela fez para sua amiga Bean antes de sair de férias.
Agora, Kayla está voltando para casa para terminar o Ensino Médio. Se ela ficar calada, pode até recuperar a sua antiga vida de volta. Mas, se contar a verdade, corre o risco de perder tudo – e todos – que já amou na vida.
Adeus, promessas é um romance emotivo e provocante sobre uma garota que precisa decidir entre o silêncio ou admitir ter sido testemunha de uma terrível agressão. Uma narrativa que trata dos limites entre o segredo e a mentira em uma sociedade predominantemente machista.

Como Procurar um Cachorro Perdido - Rosa Howard
Rosa Howard tem quase 12 anos e é obcecada por regras, especialmente as da língua – um sintoma de seu diagnóstico de autismo.
Nem todos entendem bem as obsessões de Rosa e tudo que a torna diferente. Suas professoras, as outras crianças e até mesmo seu pai – uma figura distante, apesar do convívio diário – têm muitas dificuldades em lidar com ela. Felizmente, seu querido tio Weldon e sua cachorra Poça estão sempre presentes.
Porém, quando uma tempestade terrível atinge a cidade onde Rosa vive, Poça desaparece. A menina não tem dúvida: seu pai não deveria ter deixado Poça sair de casa no meio de uma supertempestade.
Rosa precisará encontrar sua cachorra, mesmo que isso signifique quebrar sua rotina e ir a lugares onde ela não está acostumada. E, quando tudo parece estar resolvido, ela encontra os antigos donos da Poça…
Como procurar um cachorro perdido – por Rosa Howard é uma narrativa poderosa e emocionante, contada de forma brilhante através dos olhos de uma menina autista.

Soppy - Philippa Rice

6 de junho de 2016

Título: Soppy - Os Pequenos Detalhes do Amor
Autora: Philippa Rice
Editora: Fábrica 231/Rocco
Gênero: Tirinhas/Romance
Ano: 2016
Páginas: 112
Nota: ★★★★★
Onde comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Soppy – os pequenos detalhes do amor, de Philippa Rice, é uma reunião de bem-humoradas tirinhas criadas a partir de momentos da vida real da designer britânica com seu namorado. Bastante popular na web, com mais de meio milhão de postagens no Tumblr, Soppy conquistou as redes sociais com declarações de amor escondidas nos detalhes do cotidiano de um relacionamento, como dividir uma xícara de chá, a leitura de um livro, ou comentários irônicos à frente da TV numa tarde chuvosa. As charmosas ilustrações capturam com delicadeza a experiência universal de dividir uma vida a dois, e celebram a beleza de encontrar o amor em todo lugar. Soppy chega às prateleiras pelo Fábrica231, o selo de entretenimento da Rocco, a tempo de se tornar uma ótima opção de presente para o Dia dos Namorados.

Resenha: Soppy é um livro em forma de tirinhas/quadrinhos escrito e ilustrado pela artista inglesa Philippa Rice e publicado no Brasil pelo selo Fábrica 231 da Editora Rocco.

A autora presenteia o leitor com ilustrações que mostram o verdadeiro amor que há entre duas pessoas através de trechos da vida cotidiana. Eles se conhecem, se aproximam e se apaixonam, e tudo fica diferente - e melhor - quando eles decidem se mudar para irem morar juntos. A simplicidade com que eles levam suas vidas, valorizando as pequenas atitudes, acaba aquecendo o coração de qualquer leitor.


A convivência dá aos dois momentos gratificantes, que vão desde lerem um livro, tomar um sorvete, estender roupas no varal ou se enrolarem juntinhos num cobertor, mas os momentos são sempre cheios de significado, mostrando que nas pequenas atitudes é onde podemos encontrar algo que pode ser levado pra sempre. O amor está no companheirismo e na cumplicidade que um casal compartilha e os menores gestos fazem a diferença num relacionamento e tenho certeza que muitos vão se identificar.


O projeto gráfico do livro é uma graça e acredito que o tom de vermelho utilizado para combinar com o preto e o branco é pra reforçar o tema de amor e união entre o casal. As ilustrações possuem um traço delicado e mesmo sendo simplistas conseguem transpassar as emoções e as características dos personagens. Os diálogos são poucos mas isso não é um ponto negativo, muito pelo contrário. Às vezes uma imagem vale mais do que mil palavras, e Soppy consegue nos mostrar isso muito bem.

E claro, a dedicatória da autora não poderia ser para ninguém menos do que Luke Pearson, seu namorado com quem dividiu momentos tão doces quanto os que são mostrados no livro e que serviram de inspiração para a criação da obra. Tem coisa mais fofa?

Soppy é um livro adorável, é uma declaração de amor despretensiosa e singela que mostra de uma forma muito bonita que a vida a dois pode ser completa e feliz, basta que seja feita de pequenos grandes momentos que fazem tudo valer a pena.