A Mulher que Roubou a Minha Vida - Marian Keyes

10 de março de 2016

Título: A Mulher que Roubou a Minha Vida
Autora: Marian Keyes
Editora: Bertrand
Gênero: Romance/Chick-lit
Ano: 2015
Páginas: 476
Nota: ★★★★☆
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Um dia, andando de carro em meio ao tráfego pesado de Dublin, Stella Sweeney, mãe e esposa dedicada, resolve fazer uma boa ação. O acidente de carro que resulta disso muda sua vida. Porque ela conhece um homem que lhe pede o número do seu celular para o seguro, plantando a semente de algo que levará Stella muitos quilômetros para longe de sua antiga rotina, transformando-a em uma superestrela e também, nesse processo, virando a sua vida e a de sua família de cabeça para baixo. Em seu novo e divertido romance, Marian Keyes narra a história de uma mudança de vida. É tudo muito bom quando se passa de um cotidiano banal para dias cheios de eventos glamorosos - mas, quando essa vida de sonhos é ameaçada, pode-se (ou deve-se) voltar a ser a pessoa que se costumava ser?

Resenha: A Mulher que Roubou a Minha Vida é o mais novo chick-lit escrito pela autora irlandesa Marian Keys. O livro foi publicado no Brasil pela Bertrand.

Stella Sweeney é mãe e esposa dedicada, já passou dos quarenta anos e está tentando vencer um bloqueio criativo a fim de escrever seu segundo livro. "Uma piscada de cada vez", seu primeiro livro de autoajuda, teve seus momentos de auge e se tornou best-seller, mas acabou não tendo todo o sucesso que era esperado e caiu no esquecimento... Stella quer dar a volta por cima depois de ter passados por maus bocados, mas as coisas não são tão fáceis quando há problemas na vida que parecem se sobrepor a todo o resto.

Depois de ter lido outros livros da autora, cheguei a conclusão que apesar do desenvolvimento e dos acontecimentos seres distintos, existe uma "fórmula" para os enredos criados por ela. Não que a fórmula seja algo ruim, muito pelo contrário, o que acontece é que o desfecho ou certos tipos de acontecimentos se tornam um pouco previsíveis pra quem conhece o estilo de Marian Keyes então algumas coisas perdem o fator surpresa que esperamos encontrar: Histórias ambientadas em Dublin, Irlanda, com protagonistas mais velhas, na casa dos trinta ou quarenta anos, que estão enfrentando algum problema ou crise séria enquanto tentam, na maioria das vezes, levar, firmar ou até se livrar de um relacionamento amoroso. Logo, acompanhamos a saga da personagem para superar todas as adversidades que a vida lhe impôs de uma forma leve e até descontraída, e mesmo que durante esse percurso nos deparemos com pitadas de bom humor ou situações malucas e engraçadas, há uma mistura com problemas delicados e difíceis, proporcionando também momentos de tensão ou tristeza ao leitor. A Mulher que Roubou a Minha Vida não foge muito dessa fórmula mas, claro, possui alguns diferenciais.

O que inicialmente move a trama é um pequeno acidente de carro, e logo depois uma doença grave que acomete Stella e faz com que ela fique internada por vários meses, a Síndrome Guillain-Barré. Ela fica totalmente paralizada mas sua consciência se mantém intacta, o que a faz prisioneira do próprio corpo. Ambos os acontecimentos a ligam a Mannix Taylor, o médico neurologista que passa a acompanhá-la em busca da cura. O problema é que com a ausência de Stella em casa devido a doença, as coisas com seu marido e filhos começam a sair do controle pois eles simplesmente não sabem se virar sem a presença dela. E mesmo incapacitada ela ainda se sente culpada por ter ficado doente e deixado a família na mão. Nos momentos que se extendem sobre sua condição no hospital, a leitura é inevitavelmente angustiante, pois além de ela se sentir sozinha e desconfortável, a única forma de Stella se comunicar é através de piscadas (que serve de inspiração para o título do livro) que somente Mannix consegue decifrar, os demais não entendem ou simplesmente não tem paciência, inclusive Ryan, o marido dela.

O livro é narrado em primeira pessoa pelo ponto de vista de Stella, e a história se revela aos poucos sem respeitar uma ordem cronológica, mesclando flashbacks e momentos presentes, o que pode deixar a história muito, mas muito confusa no início. Ficamos limitados ao ponto de vista dela para tudo o que acontece. Todas as interpretações para determinados acontecimentos e pela forma que ela tem de pensar e enxergar as coisas são unicamente dela, e por ela se submeter a coisas que muitos julgam inadimissíveis, ela acaba sendo uma protagonista que não vai necessariamente despertar a simpatia de qualquer um de forma fácil e, mesmo que sua condição seja difícil, também não desperta nossa compaixão, mas ainda assim fica a curiosidade para desvendarmos o que realmente lhe aconteceu. A demora para as coisas acontecerem é algo que torna a história um pouco cansativa de se acompanhar e mesmo que ela tenha seus picos de fluidez, empolgação e momentos em que não conseguimos parar de ler, na maioria das vezes o ritmo é lento e cheio de informações que não fazem tanta diferença assim e poderiam ser descartados sem que fizessem falta na trama. Há vários personagens secundários que são importantes e suas personalidades e motivações despertam nossa curiosidade, mas ganham pouco aprofundamento e espaço.

Stella é uma personagem que possui características que irritam. Mesmo que ela seja a responsável por manter sua casa em pleno funcionamento, ela não é respeitada como mãe ou mulher e podemos ver isso quando seu marido, que não tem o menor senso de noção, a culpa por tudo, inclusive pelo fracasso do casamento por ela ter ficado doente, ou quando a recrimina por coisas que, na teoria, ele deveria apoiá-la. Seus filhos são ingratos, exigentes, mal educados e mal acostumados e também a condenam por coisas que eles nem ao menos deveriam se intrometer. E o que Stella faz diante de tudo isso? Se desculpa e se conforma, pois ela realmente acredita que a falha é dela. Então quando sua situação muda e a vida de todos vira de pernas pro ar, ela se vê obrigada a encarar uma outra realidade, saindo de sua zona de conforto e submissão a fim de por a vida nos eixos e colher alguns louros. Com a publicação de seu livro ela se muda pra Nova York, se envolve com pessoas ambiciosas e gananciosas do meio literário que a obriga a fazer coisas das quais ela não está acostumada, desconhece e nem mesmo concorda, e aí que as coisas saem fora de controle mesmo. Ela só tem uma pessoa com quem contar, mas diante da situação em que se encontra, passa a duvidar de sua própria capacidade, seja pessoal ou profissional.
Passei o livro inteiro querendo estapear Stella na cara, torcendo para ela dar um basta naquilo tudo para tomar as rédeas da própria vida, mas essa mudança não ocorre da forma que esperei. Talvez porque na vida as coisas não aconteçam da forma como gostaríamos, mas sim como se deve ser... Devagar, ao seu tempo, tendo surpresas agradáveis mas também passando por decepções, infortúnios e até mesmo traições, mas basta ter esperança e correr atrás do prejuízo para que tudo se encaixe. Por esse motivo, apesar de toda a frustração que senti com Stella, entendi que a autora criou uma história real e humana, que poderia ser vivida por pessoas comuns, principalmente no que diz respeito a parte romântica da história. É mais fácil do que parece encontrarmos pessoas tão complacentes como Stella por aí e não podemos julgar se não conhecemos sua verdadeira história.

É uma boa história, apesar de eu não ter mexido comigo, mas ficou a mensagem de que além de ser importante correr atrás daquilo que nos faz feliz, é preciso deixar de se submeter aos caprichos alheios ao ponto de esquecermos de nós mesmos.
Em suma, A Mulher que Roubou a Minha Vida não tem foco na superação dos problemas, mas sim em como a protagonista tenta lidar e se adaptar às mudanças que surgem em sua vida e acredito que isso é algo que todos nós estamos passíveis em algum momento.
Então, mesmo que não seja o melhor livro da autora que li, recomendo.

Sejamos Todos Feministas - Chimamanda Ngozi Adichie

9 de março de 2016

Título: Sejamos Todos Feministas
Autora: Chimamanda Ngozi Adichie
Editora: Companhia das Letras
Gênero: Não ficção
Ano: 2015
Páginas: 64
Nota: ★★★★★
Onde comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Chimamanda Ngozi Adichie ainda se lembra exatamente do dia em que a chamaram de feminista pela primeira vez. Foi durante uma discussão com seu amigo de infância Okoloma. "Não era um elogio. Percebi pelo tom da voz dele; era como se dissesse: 'Você apoia o terrorismo!'". Apesar do tom de desaprovação de Okoloma, Adichie abraçou o termo e começou a se intitular uma "feminista feliz e africana que não odeia homens, e que gosta de usar batom e salto alto para si mesma, e não para os homens". Sejamos todos feministas é uma adaptação do discurso feito pela autora no TEDx Euston, que conta com mais de 1,5 milhão de visualizações e foi musicado por Beyoncé.

Resenha: Chimamanda Ngozi Adichie é uma escritora nigeriana que ficou conhecida como uma das autoras mais influentes no que diz respeito a suas obras de cunho feminista.
Sejamos Todos Feministas é um livro com apenas 64 páginas, adaptado e baseado em um discurso que a autora fez no TEDxEuston em 2012, um evento destinado a palestras dedicadas à ideias inspiradoras sobre questões políticas, sociais ou ambientais.
O discurso se referiu à sua própria experiência e teve tanta repercursão que em 2013 foi incorporado na música Flawless, da cantora Beyoncé, ganhando ainda mais notoriedade e visibilidade.
O livro foi publicado pela Companhia das Letras e está disponível para download gratuito no site da Amazon.

Somos Todos Feministas é um tipo de conversa com o leitor onde a autora expõe suas experiências, seus pensamentos e sua opnião sobre a problemática que se refere às questões de gênero tão polêmicas presentes na sociedade com bastante leveza, legividade e de forma direta dando uma ótima perspectiva sobre o tema.

"...os homens não pensam na questão de gênero, nem notam que ela existe."
- Pág. 44

Quantas vezes as mulheres foram taxadas de forma negativa apenas por serem mulheres?
O fato é que o feminismo ainda é mal interpretado, e muitas vezes é considerado como um conceito negativo, e a autora começa seu discurso assim, contando uma ocasião em que um amigo a chamou de feminista pela primeira vez, em tom acusatório e desaprovador. E ao descobrir que o feminismo é um movimento que busca e luta pela igualdade do gênero, onde homens e mulheres devem ter os mesmos direitos, ela abraçou o conceito e passou a levá-lo como um lema em sua vida.

Hoje em dia vemos vários movimentos que apoiam a causa, enquanto há quem seja contra por simplesmente não entender do que se trata sem ao menos se dar ao trabalho de procurar saber seu funcionamento e seu real objetivo.
Até quando as mulheres serão diminuidas ou privadas de direitos, escolhas e conquistas que a sociedade acredita serem destinadas exclusivamente aos homens? Até quando se submeterão a certos tipos de coisas somente para superar ou cumprir as expectativas alheias?
O problema, no meu ponto de vista, é que pra cada ação há uma reação e a luta das mulheres em busca de direitos iguais talvez seja encarada pelos homens como um desafio, uma afronta. Seria porque a ideia de perder o título de "dominador" seja incômoda e dê a impressão de fracasso ou de submissão? É difícil para alguns entender ou aceitar conceitos que não foram inseridos na educação desde a infância e, dessa forma, crescem acreditando que cada um tem um papel definido na sociedade, na família, no trabalho e afins, e o que foge disso é anormal ou errado...

Basta entender que o feminismo não é o oposto de machismo, muito pelo contrário. O feminismo tenta mudar a realidade das mulheres que vivem constantemente sendo discriminadas por sua condição de ter nascido mulher, enquanto o machismo se baseia na crença de que os homens são superiores a elas, como se isso lhes dessem o "direito" de humilhá-las, abusá-las e colocá-las em seu lugar. Mas o que me pergunto é qual lugar seria este na cabeça desses pobres coitados?

Sou mulher e meu lugar é onde eu quero estar. Trabalho e cuido da casa e dos filhos, sim, mas tenho opinião própria, falo palavrão, jogo video game, não dependo de ninguém pra nada, não me deixo levar por influências que considero negativas, cuido da minha vida sem interferir na vida de ninguém e ser respeitada por ser quem eu sou é o mínimo, é simples. E se isso incomoda aqueles que discordam ou pensam que o lugar da mulher é na cozinha, é uma pena. Não vou mudar, e as mulheres que querem respeito por serem quem são e por suas escolhas também não.

Sejamos Todos Feministas é um livro curto, sim, mas com um conteúdo grandioso, poderoso e de utilidade pública.

Confira o discurso da autora (em inglês, sem legendas) que já conta com mais de 2,5 milhões de visualizações atualmente:





Sorria, você está sendo iluminado! - Felipe Guga

8 de março de 2016

Título: Sorria, você está sendo iluminado!
Autor: Felipe Guga
Editora: Galera Record
Gênero: Inspiração/Amor/Autoajuda
Ano: 2015
Páginas: 96
Nota: ★★★★★
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Um convite ao leitor para visões de mundo mais profundas, ideias jovens e novas atitudes.
De Osho a Gandhi, de Jesus a Neil Young. O trabalho do artista se inspira em aforismos diversos, e as frases motivacionais se misturam a desenhos modernos e contestadores para espalhar luz, amor e gratidão.
Guga traz consigo o dom de acender a esperança nos corações dos que o seguem, mas também sabe adotar um tom provocador, daquele que nos tira da zona de conforto do dia a dia e faz pensar. Sua arte, exposta ao público, vai além do contemplativo.
Um ótimo presente, para os queridos ou para si mesmo, este é um daqueles livros que provoca emoções e faz refletir sobre o poder da fé. Que traduz sentimentos em cores e nos faz sorrir, quando confrontados à iluminação da arte.

Resenha: Sorria, você está sendo iluminado! é obra do designer, ilustrador e artista visual Felipe Guga. O livro foi publicado pela Galera Record. São diversas citações, algumas retiradas da bíblia e outras de personalidades notáveis como Platão, Albert Einstein, Edgar Allan Poe, Nietzsche, Oscar Wilde, John Lennon e etc, fazendo uma mescla com suas ilustrações repletas de cores muito vivas e traços peculiares.


Tais ilustrações combinadas com essas pequenas frases motivacionais em forma de arte tornaram a obra um pequeno tesouro, e o livro acaba não servindo apenas como forma de entretenimento, mas também de admiração e reflexão já que tem o poder de tocar a sensibilidade daqueles que estão contemplando o que vêem alí.
Esse é um daqueles livros memoráveis que podemos abrir numa página aleatória, ao acaso, para podermos ler uma frase como forma de inspiração para o dia que iremos enfrentar.



Um fato interessante é que Felipe deu início a esse trabalho fantástico nas redes sociais depois de sofrer uma desilusão amorosa, o que acabou tocando seus seguidores que se identificavam e se sentiam inspirados a seguir em frente.
É possível vermos a partir daí que coisas boas podem, sim, surgir da dor, e que mesmo que tenhamos que passar por maus momentos, o final pode acabar sendo bastante satisfatório e cheio de recompensas que podem ser levadas para a vida, basta aproveitarmos as oportunidades.

Sorria, você está sendo iluminado! é uma forma de incentivo ao amor próprio, ao respeito ao próximo e a vontade de ser feliz.


Holy Cow: Uma fábula animal - David Duchovny

7 de março de 2016

Título: Holy Cow: Uma fábula animal
Autor: David Duchovny
Editora: Record
Gênero: Fábula/Fantasia
Ano: 2016
Páginas: 208
Nota: ★★★★☆
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Elsie Bovary é uma vaca muito feliz em sua bovinidade. Até o dia que resolve sair sorrateiramente do pasto e se vê atraída pela casa da fazenda. Através da janela, observa a família do fazendeiro reunida em volta de um Deus Caixa luminoso – e o que o Deus Caixa revela sobre algo chamado “fazenda industrial” deixa Elsie e tudo o que ela sabia sobre seu mundo de pernas para o ar.
A única saída? Fugir para um mundo melhor e mais seguro. Assim, um grupo para lá de heterogêneo é formado: Elsie; Shalom, um porco rabugento que acaba de se converter ao judaísmo; e Tom, um peru tranquilão que não sabe voar, mas que com o bico consegue usar um iPhone como ninguém. Munidos de passaportes falsos e disfarçados de seres humanos, eles fogem da fazenda e é aí que a aventura deles alça voo – literalmente.
Elsie é uma narradora marrenta e espirituosa; Tom dá conselhos psiquiátricos com um sotaque alemão um tanto forçado; e Shalom, sem querer, acaba unindo israelenses e palestinos. As criaturas carismáticas de David Duchovny indicam o caminho para um entendimento e uma aceitação mútuos dos quais esse planeta tanto precisa.

Resenha: Holy Cow, escrito pelo escritor (ator, roteirista, produtor, diretor, compositor e também cantor) David multi-tarefas Duchovny e publicado no Brasil pela Record é uma fábula que conta a história de Elsie Bovary, uma vaca que vive tranquila e feliz em sua rotina na fazenda, acordando cedo, sendo ordenhada, jogando conversa fora com a melhor amiga Mallory, sendo ordenhada mais uma vez e indo dormir depois de ouvir uma história.
Elsie sente falta da mãe, que desapareceu assim como todas as outras vacas mais velhas, e sem saber o que realmente aconteceu ou sem poder questionar sobre esse misterioso destino, ela apenas se conforma que no fim todos "somem" sem deixar rastros. Mas a questão que realmente está mexendo com Elsie no momento é que ela e a amiga passaram a sentir interesse e atração pelos touros do outro pasto, e dar uma fugidinha para visitá-los quando o fazendeiro esquecesse a porteira aberta era algo irresistível. Na primeira chance que têm, Elsie e Mallory escapam pra ficarem mais perto daqueles seres encantadores e viris, mas enquanto a amiga flerta, Elsie, curiosa, vai bisbilhotar a casa da fazenda pois alguma coisa alem das janelas parecia muito mais interessante...
Eis que Elsie descobre que os humanos veneram o "Deus Caixa", a TV, mas o que ela não esperava era assistir um documentário que mostrava a realidade dos animais criados para abate em fazendas industriais, o que a deixou desesperada e fez seu mundo virar de cabeça pra baixo. Elsie, enfim, descobriu qual foi o real destino de sua pobre mãe desaparecida. Sem saber o que fazer para evitar um destino tão trágico, a vaca fica inconsolável, tentando arranjar maneiras de escapar de um futuro que até então era inevitável. Motivada pelo medo e pela raiva, ela planeja fugir da fazenda para um mundo melhor e mais seguro para se viver. Até que Elsie descobre, também através do Deus Caixa, que na Índia as vacas são sagradas e então ela não demora a decidir que esse país, cuja cultura é tão peculiar, seria seu novo lar. Em companhia de dois novos amigos, Shalon e Tom (um porco e um peru), munida de um mapa roubado, passaportes falsos e disfarces humanos em sua fuga, Elsie pegaria um avião para assim poderem partir para bem longe da morte certa.

Em primeiro lugar, acho importante ressaltar que ao iniciar a leitura desse livro é necessário abandonar completamente o senso de realidade. Imagine animações em que animais ou qualquer objeto ganhem vida e se tornem personagens, assim como as pessoas... Algumas fantasias possuem uma mitologia crível que faz com que o leitor considere que os acontecimentos irreais poderiam, de alguma forma, existir, mas esse não é o caso de Holy Cow. Logo, com essa ideia em mente, a leitura se tornará mais divertida sem que você fique pensando que a fantasia passou dos limites.

O livro é narrado em primeira pessoa onde acompanhamos as inúmeras divagações de Elsie sobre tudo o que a cerca. Alguns trechos são escritos em forma de roteiro, com inserções de várias referências seguindo as recomendações da sua "editora", alegando que tais elementos colaboram para o sucesso do livro, e as menções que Elsie faz são hilárias. Inclusive seria perfeitamente possível que fosse feita uma animação baseada na hitória, tanto pela forma como foi escrita quanto pela ideia fantasiosa de animais pensantes e cheios de atitude.
A protagonista é cômica e divertida, está por dentro das últimas tendências e embora se encaixe em estereótipos adolescentes, sua personalidade e suas motivações realmente deram vida à história.
Tom é um peru que não sabe voar e é o único fisicamente capaz de usar um IPhone para fazer ligações durante a execução do plano de fuga. Movido pela ideia de não ser assado no Dia de Graças ele se junta a Elsie.
Shalom é o porco mau humorado que resolveu se converter e virar judeu, pois de acordo com a crença religiosa na região, se ele estivesse em um lugar onde é considerado "impuro" jamais teria problemas já que as pessoas o evitariam.
Não achei Tom e Shalom tão cativantes quanto Elsie ou até Mallory, mas cada um deles tem papéis importantes na mensagem da história.
"E fiquei me perguntando se eu seria o último animal na Terra a se dar conta de que os humanos não só nos comem, mas também jogam muitos de nós fora sem nem nos comer. Nos jogam fora como um lixo desprezível. Se vou ser morta para virar comida, pelo menos me coma e me cague e me deixe reingressar no ciclo da natureza. Não me mate sem motivo. E foi aí que vi - um hambúrguer pela metade. E foi minha vez de perder a cabeça. Comecei a mugir como uma banshee. O país inteiro era louco e estava me deixando louca. E pensei, isso é que é ser vaca louca."
- Pág. 119
Holy Cow é uma fantasia recheada de aventura e através dessa história hilariante, o autor conseguiu passar uma mensagem social ignorada por muitos sem forçar uma opinião a ninguém. Os animais são mais do que as pessoas imaginam, não são meras criaturas irracionais que estão alí única e exclusivamente para servir as necessidades dos humanos que parecem ainda não terem percebido o quanto estão esgotando os recursos do planeta. Assim, o livro faz a gente pensar e refletir sobre a situação em que vivemos atualmente e o que estamos fazendo com o mundo.

A versão impressa é super caprichada. A capa mostra Elsie numa ilustração bastante cômica e as cores branco e preto são propositais para fazer referências as suas cores. A parte interna da capa tem manchas pretas, as páginas são brancas e alguns capítulos possuem ilustrações de alguma cena da história. Os capítulos são curtos e devido a fluidez da escrita, o livro é bem fácil e rápido de se ler.
Não há erros na revisão e até a adaptação em diálogos em que o personagem tem algum sotaque e fala errado de forma proposital está ótima e super original.

Pra quem gosta de fantasias malucas e engraçadas é livro mais do que recomendado. Enxergar o mundo através de personagens tão singulares que tiveram coragem e a oportunidade de seguir seus sonhos e irem além é uma forma de mostrar uma realidade que muitos fingem não existir.


Novidades de Março - Rocco

6 de março de 2016

Rocco Jovens Leitores
Jovens de Elite - Jovens de Elite #1 - Marie Lu
Bestseller do The New York Times com excelente repercussão entre público e crítica, Jovens de Elite é o primeiro de uma série de fantasia ambientada na era medieval e protagonizada por jovens que desenvolvem estranhas cicatrizes e poderes especiais ao sobreviverem a uma febre que dizimou boa parte da humanidade. Entre eles está Adelina, que, após se rebelar contra o destino imposto a ela por seu pai, encontra um novo lar na sociedade secreta Jovens de Elite, vista por alguns como um grupo de heróis, por outros como seres com poderes demoníacos. Heroína ou vilã? Num mundo perigoso no qual magia e política se chocam, Adelina descobre o lado sombrio de seu coração. Da mesma autora da aclamada trilogia Legend, Marie Lu, Jovens de Elite é o início de uma saga arrebatadora. Perfeita para fãs de histórias de fantasia medieval como Game of Thrones, com vilões dignos de Star Wars e X-Men.

Olha Só o Que Você Fez - Timmy Fiasco #2 - Stephan Pastis
O maior detetive da cidade, talvez do país, quem sabe do mundo, está de volta! Depois de se lançar no mercado de investigações em Timmy Fiasco – Errar é humano, o primeiro livro da divertida série do cartunista Stephan Pastis, agora, em Timmy Fiasco – Olha só ó que você fez, o fundador, presidente e diretor executivo da Fiasco Total está prestes a desvendar o caso mais importante de sua carreira e participar de um concurso que pode lhe render um prêmio milionário. Isso se ele conseguir entregar o formulário de inscrição dentro do prazo! Contando com a ajuda duvidosa de seu sócio Total, o urso-polar, e de uma nova e improvável aliada, sua excêntrica tia-avó Colander, Timmy mais uma vez terá que usar sua imaginação fértil e seu brilhante – e peculiar – raciocínio lógico nesta nova e hilariante aventura.

As Aventuras De Jajá - Susana Schild
A jornalista e crítica de cinema carioca Susana Schild dá voz a uma gatinha cheia de histórias para contar em As aventuras de Jajá. É a própria felina, em carne, osso e pelos, que narra suas aventuras desde que apareceu na casa de Luísa e conheceu aquela que viria a se tornar sua melhor amiga. Mas isso depois de muitas confusões. Afinal, se chegar ali já havia sido difícil, o que dizer dos problemas que Jajá iria enfrentar para conquistar um lugar naquela família? Nina, uma gata mais velha que já morava ali, não gostou nada da novidade; e havia ainda o pai de Luísa, um humano nada fácil de conquistar. Entre alguns acertos e muitos erros, Jajá tem que suar o bigode e usar toda a sua inteligência felina para que sua história tenha um final feliz. Com ilustrações da paulista Mika Takahashi, As aventuras de Jajá conta uma história de amizade divertida e emocionante para crianças dos 8 aos 80.

Meu Coração e Outros Buracos Negros - Jasmine Warga
Um tema amargo, mas necessário. Em Meu coração e outros buracos negros, a estreante Jasmine Warga apresenta aos leitores um romance adolescente que aborda, de forma aberta, honesta e emocionante, o suicídio. Aysel, a protagonista, enfrenta problemas com a família e os colegas de escola, como tantos jovens por aí, e, aos 16 anos, planeja acabar com a própria vida. Mas quando ela conhece Roman num site de suicídio, em busca de um cúmplice que a ajude a planejar a própria morte, num pacto desesperado, a vida dos dois literalmente vira de cabeça para baixo. Aos poucos, Aysel percebe que seu coração ainda é capaz de bater alegremente. E ela precisará lutar por sua vida, pela vida de Roman e pelo amor que os une, antes que seja tarde.



Rocco
Eu Digo Sim - Eliza Kennedy
Lily Wilder parece levar uma vida de sonho: formada em direito e contratada por um grande escritório de advocacia, ela mora em Nova York e está prestes a se casar com o homem perfeito. Mas, conforme a data da cerimônia se aproxima, ela desconfia que será incapaz de manter-se fiel a alguém. Em Eu digo sim, a estreante Eliza Kennedy mistura humor, drama e uma pitada de erotismo para descrever os dias que antecedem o casamento e as dúvidas que tomam de assalto a protagonista. Especialmente quando Will, o noivo certinho, propõe a Lily um casamento aberto. Engraçado, na tradição de Casamento grego e Girls, Eu digo sim é uma comédia sobre mulheres reais, às voltas com tradições e costumes não muito reais. Bestseller considerado “picante e moderno” pelo The New York Times Book Review, o romance marca a estreia da coleção Geração Ha, voltada para a mulher de 30 anos dos dias atuais, disposta a viver intensamente e que questiona seu papel tradicional na sociedade.

Abaixo do Paraíso - André de Leones
Autor de Terra de casas vazias e Dentes negros, entre outros, André de Leones apresenta em seu novo romance a história de Cristiano, que vive de fazer pequenos serviços, todos clandestinos, para políticos do centro-oeste brasileiro. Goiânia, Anápolis, Brasília são alguns dos lugares por onde passa, até que se vê obrigado a voltar a sua terra natal, a pequena Silvânia, e tenta se reconciliar com o lugar, com a família e, principalmente, consigo mesmo. Em sua trajetória de filho pródigo, no entanto, Cristiano só encontra terra devastada. E deve se esforçar para encontrar o que está procurando – um outro que pode ser ele mesmo. Mas será possível este reencontro para quem se acostumou a viver num mundo de pacotes suspeitos, meias palavras e encontros furtivos a portas fechadas? Leones mostra um forte sentido da História recente do Brasil, numa narrativa de diálogos afiados e linguagem à flor da pele.

O Ovo do Barba Azul - Margaret Atwood
O ovo do Barba-Azul, da premiada romancista e poeta Margaret Atwood, reúne contos que exploram temas como amor, casamento, sexualidade, fidelidade, traição. Na história que dá nome à coletânea, uma mulher apaixonada, sem saber se é correspondida, reflete sobre a função do ovo na lenda do bruxo que sequestrava mulheres e as testava para ver se “mereciam” se casar com ele. Aparentemente passivo, o ovo acaba por ser a causa das mortes que acontecem na história. Com sua narrativa elegante e intrigante, Atwood prende o leitor numa teia de histórias que mostram que pessoas e relacionamentos também podem parecer apáticos, pequenos e frágeis, mas, uma vez rachados, são capazes de causar toda sorte de desgraças. Mas, afinal, quem deseja viver uma relação verdadeira se não quebrar ovos de vez em quando?



Fábrica 231
Anna e o Homem das Andorinhas - Gavriel Savit
Cracóvia, 1939. Anna tem apenas sete anos quando seu pai, professor de linguística, é levado por soldados alemães. Ela então encontra o homem das andorinhas, uma figura misteriosa que, assim como seu pai, é capaz de se comunicar em vários idiomas, até na língua dos pássaros. Sem nada a perder, a garota decide segui-lo. Mas num mundo em guerra, tudo se prova muito perigoso. Até o homem das andorinhas.





Lucas e Nicolas - Gabriel Spits
Aparentemente, eles têm pouco em comum: Lucas não tem talento para o esporte, mas é um gênio na escola. Sua vida social é nula, mas nas redes sociais se vira bem; Nicolas é o fortão da turma, bonito, popular. Suas notas são vergonhosas, mas nos esportes ele se destaca. Suas dúvidas irão uni-los; suas certezas podem ser desastrosas. Em seu romance de estreia, o paulista Gabriel Spits pinta um retrato honesto, cativante e bem-humorado da adolescência nos dias de hoje. Lucas e Nicolas é um romance sobre amizade e homossexualidade, amor e descobertas na fase mais conturbada da vida. Perfeito para fãs de Will & Will, de John Green, e dos livros de David Levithan, entre outros romances do segmento young adult.

O Estranho - O homem dos meus sonhos #1 - Kristen Ashley
Primeiro da série bestseller O Homem dos Meus Sonhos, da norte-americana Kristen Ashley, que chega ao Brasil pela coleção erótica Violeta, "O Estranho" conta a história de Gwen Kidd, uma mulher bonita, atraente e determinada, que se entrega a um relacionamento peculiar com um perfeito sedutor que aparece todas as noites em sua cama, envolvendo-a num excitante jogo de sensações, e a deixa sem que ela perceba, antes do amanhecer, sem que ela saiba ao menos o seu nome. Mas quando Gwen precisa ajudar a irmã, que se envolveu com uma gangue da pesada, e as duas passam a correr perigo, o lado protetor de seu amante misterioso vem à tona. Será que aquele louco relacionamento pode se revelar algo bem mais complexo?


Novidades de Março - Novo Conceito

5 de março de 2016

Mentiras Como o Amor - Louisa Reid
Audrey sabe que sua mãe está certa quando tenta salvá-la de si mesma. Ela sabe que tem sido injusta, por isso precisa, por seu irmão mais novo e por sua mãe, seguir em frente. Audrey tenta manter todos felizes. Juntos, eles estão em busca de dias melhores. A mãe de Audrey, à sua maneira, tenta ajudar a filha a controlar a doença para que ela possa encontrar um recomeço seguro. Então Audrey conhece Leo, mas ele torna a vida dela realmente complicada, pois essa amizade faz com que ela deseje ousar ser ela mesma, enfrentar a vida. Agora, Audrey precisará decidir: cuidar de sua família especialmente de seu irmão ou continuar sonhando com a vida que tanto deseja? Mentiras Como o Amor é deslumbrante e de partir o coração. É o novo romance de Louisa Reid, a autora aclamada de Corações Feridos.

As Garotas de Corona Del Mar - Rufi Thorpe
Amizade entre garotas pode ser intensa e, no caso de Mia e Lorrie Ann, não há dúvidas de que isso é verdade. À medida que crescem, a vida de Mia e Lorrie Ann é preenchida com praia, diversão e passeios ao shopping. Por outro lado, como toda amizade, há conflitos e dores. Mia e Lorrie Ann convivem há muito tempo e possuem personalidades opostas. Mia é a bad girl, vivendo em uma família problemática. Lorrie Ann é linda e amável, quase angelical, e tem uma família que parece ter sido arrancada de um conto de fadas. Mas, quando uma tragédia acontece, a vida perfeita sai fora de controle.


A Menina que não Acredita em Milagres - Wendy Wunder
Campbell tem 17 anos. Ela não acredita em Deus. Muito menos em milagres. Cam sabe que tem pouco tempo de vida, por isso quer viver intensamente e fazer tudo o que nunca fez, no tempo que lhe resta. Mas a mãe de Cam não aceita o fato de perder a filha, assim, ela a convence a fazer uma viagem com ela e a irmã para Promise um lugar conhecido por seus acontecimentos miraculosos. Em Promise, Cam se depara com eventos inacreditáveis, e, também, com o primeiro amor. Lá encontra, finalmente, o que estava procurando mesmo sem saber. Será que ela mudará de ideia em relação à probabilidade de milagres? A Menina que não Acredita em Milagres vai fazer você rir, chorar e repensar sua conduta de vida.

O Ladrão de Destinos - Nanuka Andrade
No bairro onde mora, todos conhecem Mayumi como a menina sonâmbula, e não se importam em ajudá-la quando ela está nessa situação. Entretanto, o que nem mesmo sua família sabe é que a menina tem o espírito livre e todas as vezes que isso acontece, ela é capaz de sair do próprio corpo. Mayumi vai parar em um mundo desconhecido, controlado por um sujeito capaz de capturar o destino das pessoas. Só que esse ladrão possui intenções nada boas ao realizar crimes tão espetaculares. Contando com a ajuda dos amigos Flecha, Córmaco e de um enorme tigre, Mayumi embarcará em uma jornada diferente de tudo que você já viu. E descobrirá por que nem sempre o destino pode estar em nossas mãos.