Caixa de Correio #17 - Julho

31 de julho de 2013


Hey, pipous!
Último dia do mês é dia de Caixa de Correio. Esse mês me segurei pra não comprar nada, mas não resisti a promoção #400x4 (ou coisa parecida) da Record, em que tinham um monte de livro bacana com 50% de desconto. Vi muita gente falando que o desconto era uma baita enganação, porque tinha livro na lista que dava pra achar até mais barato fora dessa promoção. Alguns até que sim, vou concordar, mas os que realmente me interessavam eu aproveitei porque nunca tinha visto mais baratos! E só me segurei bravamente e não aproveitei outras promos porque estou necessitada de duas estantes pra colocar todos os livros "sobrando", que não cabem na que eu tenho, e se eu continuar recebendo livro sem ter onde colocar, daqui a pouco tô dormindo no chão enquanto os livros ficam na cama, ou pagando um aluguel de um depósito rsrsrsrsrsrs
Mas, para a minha alegria, o problema da estante está em andamento. Já comprei as duas que tanto precisava e estou esperando chegar. E assim que tiver tudo montado, ajeitado e lindo, eu mostro pra vcs como ficou a organização, porque até então, tenho é vergonha de mostrar a bagunça em que esses pobres desses livros se encontram.... Tem uns amontoados no chão... Que dor no coração!

Ai, chega de falação! Espiem as fotos:

Esconderijo Perfeito - Meg Cabot

28 de julho de 2013

Lido em: Julho de 2013
Título: Esconderijo Perfeito - Desaparecidos #3
Autora: Meg Cabot
Editora: Galera Record
Gênero: Juvenil
Ano: 2013
Páginas: 288
Nota: ★★★★★
Sinopse: Quando Amber Mackey desapareceu Jess estava de férias. Só que agora todo mundo na Ernest Pyle High School culpa a Garota Relâmpago pela morte brutal da líder de torcida. No entanto, ela se sente totalmente isenta de qualquer responsabilidade. Afinal, como poderia ter impedido que a garota aparecesse morta se nem mesmo sabia sobre seu desaparecimento? Além disso, tinha que manter o segredinho sobre seus poderes a salvo. Mas quando outra líder de torcida também some do mapa, Jess tem a chance de se redimir. E, de quebra, de ainda se tornar popular.

Resenha: "Esconderijo Perfeito" é o 3º volume da série Desaparecidos, da autora Meg Cabot publicada no Brasil pela Galera Record, que dá sequência às aventuras e confusões de Jessica Mastriani que após ter sido atingida por um raio sem sofrer nenhum arranhão, passou a ter o dom de simplesmente saber onde as pessoas desaparecidas estão, como conta o 1º volume, "Quando cai o Raio". No 2º volume, "Codinome Cassandra", Jessica, cansada de todos esses problemas e de não ter um pingo de paz, decide espalhar que perdeu seus poderes, e vai para um acampamento para prodígios musicais e se mete em mais uma enrascada quando, por pena, resolve ajudar um pai a procurar sua filha desaparecida.

Nessa continuação, a "Garota do Raio" é praticamente acusada da morte da líder de torcida da escola, Amber Mackey, que, depois de ter desaparecido, foi encontrada morta. Mas quando tudo aconteceu, Jess além de estar fora, "perdeu" os poderes... Como poderia saber de alguma coisa? O problema é que ninguém acredita que Jessica perdeu seu dom e ainda a acusaram de não ter feito nada pra ajudar a encontrar e evitar a morte de Amber, e outra líder de torcida desaparece. Se sentindo um pouco culpada, pois poderia ajudar se estivesse por perto, ela resolve dar uma força pra tentar impedir mais uma morte, o que colabora ainda mais para que os agentes do FBI que ficam em sua cola não a deixarem em paz, querendo que ela se torne "propriedade do governo". E entre a confusão envolvendo o sumiço da garota, seu relacionamento mal resolvido com Rob (o motoqueiro bad boy que faz o coração dela disparar), uma aproximação com o ex namorado da menina que morreu e as brigas que ela arranja na escola, Jess, mais uma vez, vai dar uma de heroína para tentar se redimir e diminuir sua "culpa".

Com relação a parte física, a capa do livro, cheia de pompons tem tudo a ver com a história. A diagramação é simples, os capítulos são curtos (em média 15 páginas) e as páginas são amareladas.
A narrativa é ótima e feita em primeira pessoa, então podemos saber de tudo o que acontece pelo ponto de vista de Jessica. Às vezes, durante alguns diálogos, Jessica acaba interrompendo muita coisa com seus pensamentos, e por isso fiquei com impressão de que ela, por mais que esteja preocupada em resolver as questões a sua volta por ter um espírito super altruísta, fica um pouco alheia ou dispersa, e acaba até distraindo a atenção do próprio leitor. Não sei se outras pessoas são assim, mas quando, no meio de um diálogo, o personagem começa a lembrar de outras coisas, até voltar ao diálogo novamente, me faz esquecer do que ela estava falando. Talvez seja por ela ser adolescente e isso fazer parte de sua personalidade, mas talvez seja um fator de distração proposital da autora devido ao mistério e as investigações para descobrir quem é o assassino, como se ela tivesse a intenção de desviar nossa atenção mesmo.

Jessica continua preocupada em ajudar as pessoas, preocupada em chamar a atenção de Rob, preocupada com sua família e preocupada em fazer com que todos acreditem que ela não tem mais o poder de encontrar os outros. Ela só não se preocupa em enfiar a mão na cara de quem a irrita ou se intromete com quem ela gosta, principalmente se alguém mexer com Douglas, seu irmão esquizofrênico que ganhou mais destaque nesse volume. Os pais de Jess também aparecem mais e até chegam a correr perigo devido a Jessica se intrometer no caso. Morri de rir do pai dela, que sempre se demonstra preocupado, controlador e super protetor, mas qualquer indício de que está tudo bem, fica completamente desligado ou desinteressado em continuar se preocupando com o assunto, como se nada tivesse acontecido. Ruth continua sendo a melhor amiga de Jess, sendo companheira, lhe abrindo os olhos e puxando sua orelha sempre que necessário, afinal, amigas de verdade têm esse papel.

No mais, eu adorei esse volume e o desenvolvimento da trama. O desfecho é um pouco previsível, mas isso não tira a empolgação de continuar lendo. Achei que a história tinha caído um pouco depois de ter lido o segundo volume, então comecei a ler sem tantas expectativas, mas esse veio pra dar um up nas coisas e posso afirmar que superou e muito! Comecei a ler e em menos de 3hrs já tinha terminado! É impossível largar depois que a gente começa!
Uma história super envolvente, carregada de mistério, com perigos, toques de ação, suspense e humor dignos da diva, Meg Cabot!

Will & Will - John Green e David Levithan

25 de julho de 2013

Lido em: Julho de 2013
Título: Will & Will: Um nome, um destino
Autores: John Green e David Levithan
Editora: Galera Record
Gênero: Romance/YA
Ano: 2013
Páginas: 352
Nota: ★★★★★
Sinopse: Em uma noite fria, numa improvável esquina de Chicago, Will Grayson encontra... Will Grayson. Os dois adolescentes dividem o mesmo nome. E, aparentemente, apenas isso os une. Um Will é amigo do mais expansivo gay de sua escola. O outro precisa explicar à própria mãe sua orientação sexual. Mas mesmo circulando em ambientes completamente diferentes, os dois estão prestes a embarcar em um aventura de proporções épicas: O mais fabuloso musical a jamais ser apresentado nos palcos politicamente corretos - e tediosos - do ensino médio. Uma produção que promete ser tão cult como este romance.

Resenha: Will & Will é o mais recente lançamento de John Green em parceria com o autor David Levithan e lançado pela Galera Record aqui no Brasil.
Dois personagens e um nome: Will Grayson.

O primeiro Will Grayson, cuja narrativa é feita por John Green, é um garoto tímido, de poucos amigos e que está pouco se lixando pras questões alheias. Após um episódio em que um membro do conselho escolar se irritou pela presença de gays no vestiario, Will defende publicamente seu amigo ofendido, Tiny Cooper, enviando uma carta ao jornal da escola. Após isso, ele meio que ficou desprovido de companhia social. Agora seu lema é ser invisível, ficar calado, não se importar nem se envolver em nada, pois se essas regras não forem seguidas, o resultado só pode ser trágico. Ele é hetero e ainda nutre um sentimento um tanto questionável por Jane, já que nem ele mesmo sabe se é isso o que quer.

David Levithan narra a história do segundo will grayson (reparem, mas não estranhem a letra minúscula), um garoto sozinho, que faz o estilo emo, depressivo, vive pensando em se matar e claro, é gay. A família, que se resume apenas em sua mãe, não é muito bem estruturada, e isso com certeza foi um fator que colaborou para que will se enfiasse em um buraco sem ter vontade de sair. Ele só não teve coragem de assumir sua real "condição" pra ninguém e ainda está apaixonado por Isaac, alguém que conheceu online cujo relacionamento não sai dali há um ano. Tem uma "amiga" que se chama Maura, mas é alguém que não desperta a simpatia de ninguém, e dois colegas esquisitos e nerds, Simon e Derek.

E é claro que não posso deixar de falar do fabuloso Tiny Cooper, que é puro glitter e glamour, cujo apelido é bem sugestivo já que ele é enorme, tanto na altura quanto na circunferência, e que tem um grande, senão o maior, destaque nessa história. Ele é grande, tem um coração maior ainda, irradia alegria por onde passa e resolveu falar sobre amor numa peça musical que ele está escrevendo, dirigindo e estrelando em homenagem a si próprio. Quase sempre mete o primeiro Will em enrascadas, mas nem por isso eles deixam de ser melhores amigos um do outro.
Até que devido à circunstâncias distintas, o destino dos dois Will's se cruza quando eles se encontram num sex shop (não, não é nada do que vocês e suas mentes sujas estão pensando, acreditem rsrsrs), muito decepcionados e chateados com os acontecimentos que os fizeram ir parar naquele lugar e, posteriormente, will acaba conhecendo Tiny através de Will...

Como cada autor é responsável por um Will, obviamente os capítulos são alternados entre eles, e a diferença de um pro outro, é exatamente a não utilização de letras maiúsculas nos capítulos destinados ao segundo will. De início soa estranho, como se fosse um erro na revisão e é até meio chato de ler, mas considerei uma ideia genial em utilizar esse tipo de formatação no texto e depois da estranhez dá pra levar numa boa. will é depressivo, pra baixo e o texto todo escrito em letras minúsculas é uma forma de refletir essa tristeza e desleixo. As duas narrativas são ótimas, fluem muito bem, ao mesmo tempo que têm drama também tem humor criando um equilíbrio perfeito, e é bem difícil não se envolver. Acho que até quem não tem nenhuma experiência com a escrita de John Green vai conseguir perceber a diferença de uma narrativa pra outra.

Vou ser sincera em afirmar que não esperava nada desse livro, pois os dois livros de John Green que já li (ACEDE e OTK) não superaram minhas expectativas. Considerei bons livros, mas esperava muito mais devido a serem tão idolatrados, indicados e falados... Eu sempre encontrava algum floreio desnecessário ou alguma coisa que me incomodava ou sei lá... Talvez seja questão de gosto, não sei... Cheguei a ficar com aquela sensação de que John Green é um autor estrela, da moda, já que suas histórias, apesar de agradar e emocionar a maioria, tem a mesma fórmula: Personagens nerds com algum dilema/problema/crise, com humor negro e vocabulário rico. Não sei se a participação de um segundo autor teve alguma influência na escrita um do outro, mas definitivamente, o que encontrei em Will & Will foi algo um pouco diferente, e bem melhor, do que eu esperava...

Temas delicados como a depressão, a falta de amor próprio, conflitos familiares e outros assuntos "ruins" são abordados, sim, mas nada de forma agressiva e exagerada, e em contrapartida, há a necessidade de explorar e expor o amor de uma forma muito bonita e natural, sem todos aqueles floreios irritantes e desnecessários dos quais desgostei tanto em outros livros.
A forma como a proximidade e o relacionamento que surge entre os personagens são tratados chega a ser tão intensa, sincera e verdadeira, que foge à ficção. A questão da homossexualidade chega a perder o foco principal e o que importa é o sentimento real e sólido entre pessoas, sentimento este que o sexo não é capaz de definir.
A homossexualidade não é uma opção, não é uma escolha, não é nenhuma doença que precisa de cura...
"- É só uma coisa, tipo, algumas pessoas são gays, assim como outras têm olhos azuis."
- pág. 323
E foi exatamente por esses fatores e pela forma como foram descritos e abordados (principalmente porque é uma história livre de floreios antipáticos, que por mais triste que seja tem uma pureza que supera esse detalhe tornando-a muito bonita), é que me senti na obrigação de fazer John Green subir um degrau no meu humilde conceito e afirmar que Will & Will não só superou minhas expectativas, como se tornou um dos melhores livros que já li, seja com relação a premissa, ao desenvolvimento da trama e da construção dos personagens. É tudo muito próximo da nossa realidade e tenho certeza que muitas pessoas vão se identificar, não só pela parte homossexual e alguns problemas de aceitação com a sociedade, mas com relação a sentimentos ligados a desejos, a amizade verdadeira e coisas que sonhamos e queremos para nós mesmos.
Apesar de o final ser forçado e exagerado, como se tivesse sido feito pra despertar emoções no leitor, achei muito adequado, afinal, uma bicha do estilo de Tiny sempre brilha, emociona com seu jeito contagiante, arranca sorrisos e muitos aplausos, pois sua vida já é um show, literalmente. #pokerface

Pra finalizar, é um livro que recomendo muito, principalmente pra quem tem a mente aberta e livre de qualquer tipo de preconceitos, e sabe enxergar a felicidade e o amor como algo que existe entre pessoas que se gostam, e fim... É só amor... Simples assim... e o resto é consequência, ou meros detalhes a parte...

Novidade Julho - Geração Editorial

24 de julho de 2013

Vou lhe mostrar o medo
Nicolaj Frobenius

QUANDO OS CONTOS MACABROS DE UM FAMOSO ESCRITOR SERVEM DE INSPIRAÇÃO PARA UM FÃ ASSASSINO, A VIDA IMITA A ARTE NUM SUSPENSE ELETRIZANTE

Tradução: Eliana Sabino
Gênero: Romance
Acabamento: Brochura
Formato:  15,6 x 23 cm
Págs: 296
Peso: 410gr
ISBN: 9788581301099
Selo: Geração
Preço: R$ 39,90
Sinopse: Edgar Allan Poe, o célebre poeta e autor de histórias de terror, bem como criador do gênero policial na literatura, é o protagonista deste romance de suspense psicológico, que discute os limites da criação literária e a responsabilidade moral da arte. Nele vemos o jovem escritor norte-americano afligido pela pobreza, angustiado com a enfermidade da sua frágil esposa e assombrado por um maníaco que comete assassinatos inspirados nos seus escritos, além de sabotado em sua carreira pelo crítico literário Griswold, que lhe dedica um misto de admiração e ódio.Publicado em toda a Europa, traduzido em dez idiomas e plagiado por Hollywood, este romance premiado marca a estreia, no Brasil, de Nikolaj Frobenius, um dos grandes expoentes da moderna literatura norueguesa.


Sobre o autor
Nikolaj Frobenius nasceu em Oslo,  Noruega, no ano de 1965. Autor de várias obras premiadas e traduzidas em dezoito idiomas, tornou-se mundialmente famoso como roteirista do filme sueco Insônia, que teve uma adaptação norte-americana em 2002, estrelando Al Pacino e Robin Williams.


Entrevista com o autor
Como e quando teve início a sua fascinação por Edgar Allan Poe?
A primeira vez que ouvi um conto de Edgar Allan Poe foi durante uma viagem que fiz com meu pai quando eu tinha 13 anos. Era outono e fomos para um chalé no bosque, na região leste da Noruega. Estávamos em meados de outubro e o clima encontrava-se úmido e sombrio. O chalé era isolado, não havia eletricidade e a atmosfera era soturna — perfeita para uma historinha horripilante. Não havia TV e nem radio no chalé, nenhum acesso a entretenimentos modernos, mas ao anoitecer meu pai tirava um livrinho da estante e lia um conto para mim. A história era incrivelmente simples, sobre um homem que vagueia pelas ruas da velha Londres, observando as pessoas, entusiasmado com a atmosfera febril da metrópole. Ele se senta num café para descansar. Na multidão à sua frente, vislumbra um homem muito velho percorrendo a praça sem rumo. Por curiosidade começa a seguir o velho através de ruas e vielas estreitas, durante horas. O velho apenas anda e anda, sem direção, sem propósito, e no final o narrador desiste. Não há objetivo, não há motivo algum, apenas caminhar sem fim. Esse é o enredo do conto de Poe “O homem na multidão”. É incrivelmente simples, quase absurdo. Mas o modo como foi escrito, o terror reprimido do narrador e as aleias escuras da velha Londres, causaram uma tremenda impressão em mim quando eu era garoto. Continuei a ler os contos de Poe e, mais tarde, interessei-me também por seus ensaios e poemas. Seus contos são de suspense psicológico e acho que foi essa combinação que me fascinou: o horror da alma.

O seu livro traz uma ligação bastante sutil entre Griswold, Poe e Samuel, o assassino. Griswold condena Poe por ser amoral como escritor e como poeta, ao passo que Samuel — o homem que comete assassinatos sangrentos inspirado pelos contos de Poe — é um personagem completamente amoral. Seria isso um modo sutil de sugerir que Griswold tinha razão em sua opinião de que a poesia deve sempre ter uma justificação moral?
No que se refere a Samuel, acho que as ações dele dificilmente podem ser compreendidas como algo além de um terrível mal-entendido. Mas creio que também demonstra a vulnerabilidade da literatura. Não existem garantias, para o escritor, de que ele será entendido, e textos às vezes podem ser mal interpretados de formas muito destrutivas. Mas há outra camada no romance que se ocupa — como você mencionou —, do subtexto amoral dos escritos de Poe. Assim, embora Samuel Reynolds seja com certeza o tipo de fã obcecado que nenhum autor deseja ter, ele foi influenciado pelo elemento misantrópico do universo de Poe. A atmosfera de perigo nos contos de Poe também está associada aos elementos de violência e horror da sua ficção, ele tem um autêntico instinto para isso. O que talvez explique por que Poe continua sendo um escritor tão controverso.

Quem são seus escritores favoritos e de que modo eles inspiram você?
Li Edgar Allan Poe quando adolescente, juntamente com Dostoievski e William Faulkner. O material “dark”. Mais tarde, passei a ler de forma mais abrangente e tive uma forte queda por escritores sul-americanos, como Borges e Bolano. Sempre apreciei o gênero noir e recentemente li muita coisa do escritor norte-americano de literatura pulp David Goodis. Sujeito perturbado. Escreve formidavelmente.

A sua ideia para o romance Vou lhe mostrar o medo é exatamente a mesma do filme O corvo, que estrelou John Cusack no papel de Poe, mas o seu nome não foi mencionado nos créditos. Foi plágio ou você fez algum tipo de acordo com os produtores do filme?
Bom, às vezes acontece de você ter uma ideia realmente boa e então alguém a retalha toda e finge que é dele. Isso não contribui muito para a minha boa opinião sobre a humanidade, mas não há dúvida de que existem por aí abutres à procura de ideias para adotar, roubar e devorar. Na verdade, o filme foi bem decepcionante, a ideia acabou sendo melhor que o próprio filme, o que me parece justo: se você rouba as ideias dos outros, receberá algum tipo de castigo no final.

Não são muitos os autores noruegueses conhecidos dos leitores brasileiros. Em sua opinião, quem são os melhores autores da Noruega e o que você tem a dizer sobre deles?
A Noruega é um país pequeno, mas somos abençoados com uma literatura bastante rica, tanto tradicional quanto contemporânea. Knut Hamsun, o Dostoievski norueguês, Henrik Ibsen e Sigrid Undset são provavelmente os escritores noruegueses mais célebres. O bom a respeito da literatura norueguesa contemporânea é que existem realmente muitos estilos e perfis, há escritores jovens que mergulham na vida privada do aqui e agora, mas existem também alguns que procuram dar vida nova a gêneros antigos, como o noir, o romance político, etc.

Você está com algum projeto novo no momento? Pode falar a respeito?
Estou concluindo um novo romance, intitulado A maldição. É um romance sobre um romancista que escreve um romance autobiográfico a respeito da infância dele e de um incidente particular em que uma escola foi incendiada. O culpado é expulso da escola e, mais tarde, dado como morto. Porém, muitos anos depois, o piromaníaco volta para se vingar do modo como foi retratado no romance, e o romancista é lenta porém inevitavelmente envolvido numa teia sinistra. Esse é o enredo, e no momento o meu trabalho consiste em tornar cada frase tão boa quanto possível.