Temporada: 1 | Episódios: 10
Elenco: Abbi Jacobson, Nat Faxon, Eric André, John DiMaggio
Gênero: Animação/Comédia/Fantasia
Ano: 2018
Duração: 24min
Classificação: +16
Nota:★★★☆☆
Sinopse: Toda princesa tem seus deveres, mas ela quer mesmo é encher a cara. E com um elfo e um demônio como parceiros, levar o rei à loucura será uma tarefa fácil.
Mês passado, a nova série de fantasia medieval de Matt Groenning, o ilustre criador de Os Simpsons, estreou na Netflix para contar as peripécias da Princesa Tiabeanie Mariabeanie de La Rochambeaux Drunkowitz, ou Bean, como é chamada.
A história se passa no reino de Dreamland (ou Terra dos Sonhos, em português), e devido às alianças serem importantes entre os monarcas, o casamento arranjado era algo obrigatório. Bean é a filha do Rei Zog. Ela é uma jovem rebelde, aventureira e bastante encrenqueira, que contra sua vontade e para seu eterno desgosto, estava destinada a se casar com um príncipe insosso para firmar a dita aliança. Porém, no triste dia do seu casamento, ela recebe de presente um pequeno demônio chamado Luci, que se torna seu demônio pessoal e passa a lhe atormentar dando conselhos impossíveis e a metendo em várias furadas.
Em paralelo à essa história, Elfo é um elfo que vive em seu vilarejo mágico e alegre onde funciona uma fábrica de doces. Ele está de saco cheio de tanta cantoria e felicidade e decide deixar toda essa alegria pra trás para experimentar as desgraças do mundo real. Eis que ele chega à Terra dos Sonhos e, sem querer, acaba invadindo o casamento de Bean e se tornando mais um amigo improvável para compor esse trio de malucos, mas ao mesmo tempo acaba despertando o interesse dos magos do reino e do rei Zog, que querem usar o sangue dele para fins mágicos e obscuros.
A trama se desenvolve a partir dessa união entre Bean, Luci e Elfo, e cada episódio mostra uma aventura diferente do trio que vai desde bebedeiras, drogas, brigas em bar, planos de assassinato, e fugas frenéticas para salvarem as próprias vidas.
A série traz um enredo cheio de sarcasmo com críticas bem humoradas à temas como religião e machismo, e aborda o poder feminino através dessa princesa que adora uma curtição, com direito a bebedeira, jogatinas e afins, e que quer ser a dona de seu destino.
Não nego que embora a história se passe numa época passada, ela não deixa de ser atemporal, lembrando bastante Os Simpsons (que se passa no presente) e Futurama (que se passa no futuro), e não somente pelos traços característicos das animações de Matt Groenning, mas pelas críticas sociais que são bem parecidas e pertinentes, pelo humor ácido e inteligente, e pela forma como os personagens são construídos. O diferencial é que esta é de gênero fantástico e é protagonizada por uma personagem feminina que foge de estereótipos, principalmente para a época.
Mas, embora tenha sido uma série muito boa de se acompanhar de forma geral, acabou não tendo profundidade, foi desenvolvida de uma forma muito lenta, deixou algumas questões em aberto e acabou sendo mais do mesmo. Foi uma série que prometeu muito, mas entregou algo que não superou as minhas expectativas. Mesmo que (Des)encanto tenha apenas dez episódios curtos de pouco mais de vinte minutos, me peguei cochilando diversas vezes e tendo que voltar pro início pois a aventura da vez não me deixava envolvida o suficiente pra me manter ligada.
Apesar de haver questionamentos relevantes a vários moldes da sociedade, principalmente os tradicionais, e possuir uma trama maior envolvendo os interesses do reino por Elfo, haviam outras subtramas menores que poderiam ser mais interessantes do que a principal, mas que não ganharam a devida importância pela falta de aprofundamento, por algumas terem caído no esquecimento, ou por algumas cenas desprovidas de significado que, do contrário, talvez pudesse ter vindo a acrescentar algo à trama.
O fato de eu ter assistido os episódios no idioma original pode ter interferido na minha experiência, já que a dublagem usou e abusou de termos e memes brasileiros que, ao meu ver, não tem nada a ver com a série (e nem com nada que não seja nacional, pra ser sincera). Mesmo que possam ser criativos, não consigo achar graça dentro do contexto da história e, pra mim, é um recurso utilizado que, na maioria das vezes, modifica características únicas de personagens, e empobrece diálogos e situações.
Ao final, penso que (Des)encanto tem potencial e material de sobra para ir além e agradar muita gente com tantas questões atuais sendo abordadas numa época distante em meio ao bom humor, a magia, fantasia e várias confusões, mas vou precisar aguardar a segunda temporada, sem muitas expectativas dessa vez, já que a primeira ficou aquém do esperado.