Na Telinha - Gilmore Girls (1ª Temporada)

5 de junho de 2018

Título: Gilmore Girls (Gilmore Girls)
Temporada: 1 | Episódios: 21
Elenco: Lauren Graham, Alexis Bledel, Melissa McCarthy, Keiko Agena, Scott Patterson, Yanic Truesdale, Kelly Bishop, Edward Herrmann
Gênero: Família/Comédia/Drama
Ano: 2000
Duração: 42min
Classificação: +12
Nota
Sinopse: Lorelai Gilmore (Lauren Graham) tem uma relação tão amigável com sua filha, Rory (Alexis Bladel), que muitas vezes elas são confundidas como irmãs. Entre o relacionamento de Lorelai com seus pais, a nova escola preparatória de Rory, e os romances nas vidas das duas, há muito drama e muita diversão acontecendo.

Gilmore Girls é uma série que retrata o dia-a-dia disfuncional de Lorelai e Rory Gilmore, mãe e filha, viciadas em café, na aconchegante cidadezinha fictícia de Stars Hollow, onde todo mundo sabe da vida de todo mundo.


Lorelai é uma jovem mãe solteira que gerencia o hotel da cidade e faz de tudo pra dar o melhor pra filha, e isso inclui matriculá-la na melhor - e mais cara - escola particular e de grande prestígio da cidade, a Chilton. Porém, sem dinheiro suficiente, ela acaba recorrendo aos seus pais endinheirados para que eles custeiem os estudos de Rory. Em contrapartida, Emily, a matriarca intrometida, insensível e controladora da família Gilmore, exige que as duas participem de um jantar semanal em sua mansão a fim de reunir a família e se aproximar delas, afinal, desde que Lorelai engravidou aos dezesseis anos, ela não quis mais saber de seus pais depois de ter sido tão repreendida e saiu de casa pra cuidar da própria vida. Mas, pensando no futuro e na felicidade da filha, ela não hesitou em pedir o dinheiro emprestado a eles e preferiu aguentar as consequências de pedir essa ajuda, mesmo que isso significasse passar por estresses constantes, humilhações e aturar os desaforos absurdos da mãe..


Rory é uma adolescente esforçada, inteligente e que adora livros. Mesmo que gostasse da escola pública que estudava, ela (e sua mãe) acreditava que pra realizar seu sonho de ir pra Harvard, deveria aproveitar as oportunidades e estudar num colégio melhor. O que ela não esperava era que as coisas fossem tão difíceis com os demais alunos, incluindo Tristin, um garoto bonito mas insuportável que não sabe lidar com a rejeição de Rory, e Paris, que vê Rory como uma rival e vive para azucriná-la a qualquer custo. E as constantes cobranças dos professores também não facilitam a vida da menina.
Assim, de um lado vamos acompanhando a rotina escolar de Rory, sua amizade com Lane, seu primeiro amor com o fofo Dean, seu relacionamento com sua mãe e com os avós que ela mal conhecia. E de outro, a vida de Lorelai, seu cotidiano no trabalho, sua frustração com sua mãe, a amizade com Sookie, a chef do hotel, e com Luke, o cara legal e dono do café da cidade que todo mundo frequenta.


A primeira temporada da série não é muito curta (são vinte e um episódios de pouco mais de quarenta minutos) e sempre tem um assunto envolvendo família, amor ou amizade a ser tratado nos episódios. Talvez por ter estreado há quase vinte anos, é aquele tipo de série com um ritmo que não se vê nas séries atuais. Não há nada de grandioso acontecendo, tudo acontece de uma forma bem lenta, e mesmo que a série trate de questões adolescentes, o que fica claro é a construção do relacionamento entre mãe e filha, a ideia de tentarem levar esse relacionamento sem segredos, de serem amigas e de confiarem uma na outra, mesmo que, às vezes, isso não seja muito simples e fácil de se fazer, e é isso que acaba prendendo a atenção. Os diálogos das duas sempre são bem inteligentes, dinâmicos e cheios de referências à cultura pop, e isso é um charme extra que a série possui.


Rory é bem madura pra idade que tem, e muitas vezes me perguntei como pode ela ser tão sensata e inteligente, ao levar em consideração que sua mãe é uma completa maluca. Lorelai pode ter sido a filha rebelde que trouxe desgosto para seus pais controladores, mas, mesmo tendo sido mãe solteira e batalhado duro para criar Rory sozinha, ela é um tanto peculiar. Talvez sua construção seja uma forma de retratar uma personagem como sendo "gente como a gente", a mãe que, como todas as demais, põe a filha em primeiro lugar na vida e faz de tudo por ela, o que é lindo de se ver, mas ainda tem seus defeitos. Ciumenta, destrambelhada, irritante e até egoísta são algumas das suas carateristas que lhe dão um ar cômico, principalmente pela infinidade de piadinhas que ela vive fazendo a fim de quebrar a tensão que paira no ar, mas isso não me agradou muito pois tudo que vem em excesso acaba sendo prejudicial ao meu ver. Suas indecisões, inseguranças e até falta de consideração (disfarçada de esquecimento) com quem se importa com ela são tantas que penso que ela ainda tem um longo caminho de amadurecimento pela frente... Não digo que ela seja ruim, muito pelo contrário, só acho que, no meu ponto de vista, seus defeitos de destacaram mais do que suas virtudes e acredito que com o tempo, e com as experiências que ela ainda vai ter, ela melhore.


Assim como sua mãe, Emily, que não perde a oportunidade de jogar em sua cara o quanto ela foi inconsequente e irresponsável no passado, ou o quanto perdeu por ter desperdiçado as oportunidades que ela poderia ter quando engravidou. Mas ao mesmo tempo dá pra perceber que por mais revoltante que seja toda essa intromissão, por mais absurdo que seja, esse é o jeito que ela encontrou de se reaproximar da filha e da neta como tentativa de por fim na amargura que carrega dentro de si, e em alguns momentos ela pode até ser, sim, bem compreensiva, por mais que se ache a dona da razão e seja uma personagem que a gente já começa a odiar logo da primeira vez que entra em cena.

De resto, acho legal ressaltar que, mesmo que o feminismo não fosse algo tratado naquela época como é hoje, é legal de se ver como as personagens femininas, num geral, são interessantes, assim como as formas individuais de cada uma levar a vida e lidar com os problemas que aparecem, já que tem personalidades próprias e pensamentos distintos, enquanto os personagens masculinos estão alí para acrescentarem algo e colaborarem para o desenvolvimento das histórias delas.


Luke é ótimo é a construção da amizade dele com Lorelai é gradual e cheia de sutilezas, e é impossível não torcer pra que eles fiquem juntos. Michel, o recepcionista do hotel, tem um mau humor fora do comum e uma cara de bosta impagável, mas é muito engraçado. Inclusive corro o risco de ter me identificado com ele bem mais do que com as meninas.


Uma coisa que achei bem clichê na série é aquela ideia de um relacionamento que começa na base do ódio, mas que vai se desenvolvendo e dando a entender que no final das contas tudo vai ficar bem e virar amor/amizade, principalmente por Rory ser compreensiva e ser sempre capaz de enxergar o lado positivo em todo mundo, mesmo que sejam babacas com ela. É o caso de Tristin e Paris. Tristin é um palhaço que se acha e parece só querer ficar com Rory para se autoafirmar de que ele pode ter o que quer, quando quer, mas no fundo é super carente. E Paris é a chata insuportável da escola que pega no pé de quem possa representar uma ameaça pra ela de acordo com o que ela pensa (e que quase nunca corresponde a realidade). Ela não tem amigas verdadeiras, não quer que seus problemas sejam o centro das atenções e tenta desviá-los, trazendo os problemas alheios à tona. E mesmo que Rory seja a única que a enfrente, é impossível não esperar que essa rivalidade logo vai chegar ao fim e se transformar em uma sólida amizade, mesmo que sempre aconteça algum mal entendido que parece impedir isso. Tenho certeza que em algum momento Paris vai ceder e assumir que Rory pode ser uma grande amiga, já que ela não tem nenhuma que acrescente algo em sua vida.


Enfim, até então não é a série preferida da minha vida, mas gostei bastante a ponto de querer continuar (mesmo que eu tenha começado tão tarde). Só me resta aguardar o que as próximas temporadas reservam...

Um comentário

  1. Olá
    Eu demorei também pra me render a série. Assisti ano passado por conta de todo o alvoroço com o lançamento dos episódios especiais. Eu adorei a série. Ela tem seus defeitos, mas gostei muito. Siga em frente.

    Vidas em Preto e Branco

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