Na Telinha - BoJack Horseman (2ª Temporada)

17 de novembro de 2019

Título: Bojack Horseman
Temporada: 2 | Episódios: 12
Elenco: Will Arnett, Alison Brie, Amy Sedaris, Paul F. Tompkins, Aaron Paul
Gênero: Animação/Comédia/Drama/Fantasia
Ano: 2015
Duração: 25min
Classificação: +16
Nota
Sinopse: Depois que sua autobiografia se torna um best-seller e o papel no filme dos seus sonhos parece finalmente ser realidade, BoJack está pronto para impulsionar sua carreira. A menos que ele estrague tudo.

BoJack Horseman está de volta nessa segunda temporada que consegue ser tão boa quanto a primeira. Enquanto seu completo fracasso como pessoa foi explorado na primeira temporada, dessa vez, o que entra em cena é seu retorno para os holofotes e sua autodescoberta em busca de algo maior e mais além do que o fundo do poço: BoJack quer voltar a ser feliz.
Depois do lançamento de sua biografia escrita por Diane Nguyen, BoJack recupera a fama perdida, volta a ser conhecido e consegue um trabalho para protagonizar o filme Secretariat. Porém, contrariando suas expectativas, esse retorno não lhe traz nenhuma alegria, muito pelo contrário.


Embora a temporada ainda aborde as questões sobre os bastidores podres do mundo das celebridades, o foco fica sobre BoJack que, depois de reconhecer que sua vida foi ladeira abaixo, está em busca da sua felicidade. Os episódios mantém a essência da série, trazem um humor sagaz, que beira a ironia, e os demais personagens que fazem parte da vida de BoJack, Diane, Todd, Princess Carolyn e Mr. Peanutbutter, ganham mais profundidade, espaço e relevância. Os altos e baixos do casamento de Diane com Mr. Peanutbutter é bem trabalhado e mostra um outro lado da vida de um casal que muitos tem, mas não contam pra ninguém, assim como as tentativas frustradas de BoJack se relacionar com alguém quando ele não está preparado pra isso, por mais que ele tente. Por falar em relacionamento, alguns são apresentados de uma forma tão absurda, mostrando que, por amor, muitas vezes ficamos tão cegos, que deixamos de ser capazes de enxergar a verdade que está na nossa frente, e isso chega a ser até preocupante se pararmos pra pensar.

Há uma abordagem bem interessante sobre o relacionamento falido de BoJack com sua mãe, que sempre o coloca abaixo de zero e nunca lhe dá apoio algum, e o quanto isso afeta sua vida, e por aí podemos ver que grande parte da personalidade dele vem do que ele precisou - e ainda precisa - enfrentar. A proximidade com uma ex-companheira de trabalho, que agora já está adulta e cheia de problemas, também ganha espaço e levanta vários questionamentos.

As situações e os diálogos trazem ótimas reflexões, pois não deixam de ser uma crítica à sociedade atual. Os personagens são tão "humanos", cheios de falhas e defeitos, que acabam estando bem próximos da nossa realidade, por mais bizarros que sejam. Logo é perfeitamente possível sentir alguma empatia ou se identificar com suas personalidades, seus desafios, seus obstáculos ou com seus sonhos.


Confesso que os primeiros episódios não são tão convidativos, mas a medida que as coisas vão acontecendo, os personagens vão sendo mais trabalhados, seus dilemas vão ficando cada vez mais interessantes, as sátiras se tornam certeiras, e as lições, que parecem ser sutis num primeiro momento, acabam ficando explícitas, sendo impossível não pegar os temas abordados e parar pra pensar na nossa própria vida.

BoJack Horseman pode não ter um visual muito atrativo a primeira vista, mas é uma das melhores e mais inteligentes animações adultas da atualidade.

Wishlist #79 - Funko Pop - The Devil Wears Prada

14 de novembro de 2019

Sabe aquele filme que vira favorito e a gente assiste um milhão de vezes sem cansar? Poizé.
Depois de ANOS de espera, enfim a senhora Funko ouviu as minhas preces. Os pops do filme O Diabo Veste Prada foram divulgados e serão lançados entre março/maio de 2020, e não estou aguentando de ansiedade, tendo pequenos ataques e faniquitos. Esperei séculos pra ter um mini Miranda Priestly pra chamar de minha e agora já posso fazer minha contagem regressiva. Olha que lindas essas mini divas do mundo da moda, meupai.


A Fúria dos Reis - George R.R. Martin

9 de novembro de 2019

Título: A Fúria dos Reis - As Crônicas de Gelo e Fogo #2
Autor: George R.R. Martin
Editora: Suma de Letras
Gênero: Alta Fantasia
Ano: 2019
Páginas: 648
Nota:★★★★★
Sinopse: Da antiga fortaleza de Pedra do Dragão, às costas áridas de Winterfell, reina o caos.
Seis facções disputam o controle de uma terra dividida e o direito de ocupar o Trono de Ferro de Westeros - e estão dispostos a encarar tempestades, levantes e guerras para isso.
Nesta história, irmão trama contra irmão e os mortos se levantam para caminhar pela noite. Aqui, uma princesa se disfarça de menino órfão, um cavaleiro se prepara para encarar uma pérfida feiticeira e bárbaros descem das Montanhas da Lua para saquear os campos.
Em um contexto de incesto e fratricídio, alquimia e assassinato, a vitória será dos homens e mulheres que possuírem o mais frio aço... e o mais frio coração. Pois, quando se desperta a fúria dos reis, a terra inteira treme.

Resenha:  Dando continuidade aos conflitos apresentados no livro anterior, A Fúria dos Reis apresenta ainda mais ameaças em meio às diversas tramas políticas dessa guerra que está por vir.

Depois que um cometa vermelho corta os céus, algumas profecias começam a surgir, mas nada se equipara ao caos que se instaurou nos Sete Reinos. Depois da morte de Ned Stark e da separação dos membros da família Stark, Joffrey Baratheon reina com tirania, mas mesmo com Tyrion Lannister como sua mão, numa tentativa de amenizar os estragos causados pelo rei, não consegue impedir uma grande guerra civil.
Seis facções/casas entraram na disputa pelo poder, com o objetivo de ocupar o Trono de Ferro de Westeros. A ideia de Joffrey não ser o herdeiro legítimo do trono deixou o povo em polvorosa, e agora o irmão mais velho de Robert, Stannis Baratheon, se alia a uma misteriosa religião encabeçada por Melisandre, a sacerdotiza vermelha que serve o Senhor da Luz, para formar um exército que vai lutar para que ele consiga o que é seu por direito. Stannis foi convencido de que ele é o guerreiro profetizado que salvaria o mundo de uma grande escuridão iminente. Em contrapartida, Renly Baratheon, irmão mais novo de Robert, também se acha merecedor de ocupar o trono e se autoproclama rei, e se alia à Casa Tyrell.
Nas Ilhas de Ferro, Balon Greyjoy também é coroado rei, e um plano de vingança começa a ser tramado.
Com tantos reis em busca de um único objetivo, surgiu a Guerra dos Cinco Reis.
Os Lannister não medem esforços para manter sua posição no trono, mas o que ninguém imagina é que um perigo muito maior está vindo de além das grandes Muralhas, ou que do Leste, uma jovem garota de cabelos quase brancos e olhos cor de violeta, em companhia de seus três dragões, quer reconquistar o que foi tomado de seus ancestrais.

Narrado em terceira pessoa e com capítulos que se alternam entre os principais personagens dessa trama fantástica, a história vai ganhando ainda mais formas e camadas, evidenciando união, conflitos e traições entre todas as casas envolvidas nessa disputa. Não nego que a história seja maravilhosa e fez um sucesso gigantesco, e os personagens vão nos surpreendendo cada vez mais, mas a escrita do autor, embora seja fluída, é prolixa ao extremo. Metade do livro envolve planos a perder de vista e execução zero. É difícil quando a história é boa e intrigante, mas a forma de ser contada nos livros é cansativa, e talvez por isso muitos preferiram acompanhar a série (eu vi a série antes de ler os livros, sorry). Mas sou obrigada a concordar que a história é cheia de surpresas, reviravoltas e muita, MUITA ação. E MUITO SANGUE.

Os personagens vão mostrando cada vez mais para o que vieram, e a medida que passam a lidar com experiências cada vez mais trágicas, vão se moldando e se adaptando à realidade conflituosa e cheia de perigos que os cerca. E os perigos são tantos que aqui nãos e pode cogitar a hipótese de se apegar a ninguém. Todos morrem, a todo momento. Ninguém está a salvo. Quando você pensa que alguém é importante e que vai mudar o rumo das coisas, lá está ele sem cabeça ou com as tripas pra fora pra te provar que não.

A inserção dos dragões de Daenerys na trama traz o ar de fantasia, e a forma como ela vai se desenvolvendo e se tornando cada vez mais forte para lutar pelo que ela quer é incrível, e o que torna sua jornada ainda mais realista em meio ao cenário de disputas, porém, por mais que ela tenha um futuro promissor, ela ainda não chegou onde quer, sofre bastante, e suas cenas acabam sendo um tanto entediantes. Os caminhantes e o perigo que eles representam não fica atrás.

O que me incomoda um pouco na narrativa do autor é o excesso de detalhes que envolvem abuso, incesto e cenas extremamente pornográficas. Talvez, dentro do contexto da época isso tenha alguma relevância, mas acho que a história poderia ser a mesma se o assunto não existisse, ou fosse tratado de forma mais sutil.

No mais, é difícil falar sobre uma história tão complexa sem dar maiores detalhes e spoilers que possam estragar a experiência de quem ainda não leu. Só posso dizer que o sucesso não veio por mero acaso, a história, mesmo que demore pra ser finalizada devido ao excesso de descrições e detalhes, realmente é incrível e supera nossas expectativas, e pra quem é fã de alta fantasia recheada de tramas políticas, é leitura mais do que indicada.

O Aprendiz de Assassino - Robin Hobb

6 de novembro de 2019

Título: O Aprendiz de Assassino - Saga do Assassino #1
Autora: Robin Hobb
Editora: Suma de Letras
Gênero: Fantasia/Drama
Ano: 2018
Páginas: 450
Nota:★★★★☆
Sinopse: Fitz tem seis anos de idade quando seu avô o joga aos pés de um guarda real e anuncia que a partir de então o pai deve cuidar do bastardo que produziu ― e o pai de Fitz é ninguém menos que Chilvary Farseer, o príncipe herdeiro dos Seis Ducados.
Excluído pela realeza, mas importante demais para ser abandonado, Fitz é criado à sombra da corte, protegido pelo mestre dos estábulos e crescendo em meio aos criados e plebeus da Cidade de Torre do Cervo.
No entanto, um bastardo real é uma peça perigosa, e o rei Shrewd não demora a convocá-lo. Carregando no sangue a magia ancestral do Talento e uma habilidade ainda mais instintiva de se comunicar com os animais, Fitz passa a ser treinado para se tornar um assassino a serviço do rei.
Quando saqueadores selvagens começam a atacar as regiões costeiras dos Seis Ducados, Fitz recebe sua primeira missão. Embora alguns o vejam como uma ameaça, o jovem bastardo vai provar que pode ser a chave para a sobrevivência do reino.

Resenha: O Aprendiz de Assassino é o primeiro livro da Saga do Assassino (The Farseer Trilogy), a primeira de cinco sagas que faz parte da enorme série O Reino dos Antigos, da autora Robin Hobb. O livro já havia sido publicado pela Editora Leya anteriormente, mas agora ganhou uma repaginada e foi relançado pela Suma sob novo projeto gráfico e nova revisão/tradução.

Fitz é um garotinho de seis anos de idade, filho bastardo do príncipe Chivarly Farseer, o herdeiro do rei Shrewd Farseer, dos Seis Ducados, que mais tarde abdicou do trono colocando seus irmãos mais novos, Verity e Regal, na linha de sucessão. Fitz foi excluído da vida da realeza por ser um bastardo, mas por ser importante demais (ou perigoso demais para os interesses reais) pra ser simplesmente abandonado à própria sorte, ele foi criado às sombras da corte em meio a criados e animais pelo mestre dos estábulos da Torre do Cervo, Burrich. Fiz herdou o Talento, uma magia ancestral que lhe dá a habilidade de se comunicar com os animais, e posteriormente ele é aceito pela família real, recebendo as devidas instruções, mas também sendo secretamente treinado a se tornar um assassino silencioso a serviço do rei Shrwed.
Até que um grande grupo de saqueadores bárbaros começam a ameaçar os Seis Ducados, e Fitz é enviado para sua primeira missão, mas ele acaba em meio a vários segredos numa trama misteriosa e cheia de reviravoltas.
"A minha vida tem sido uma teia de segredos, segredos que mesmo agora são perigosos de compartilhar. Devo colocá-los neste fino papel para fazer deles apenas chamas e cinzas? Talvez."
- Pág. 12
O livro é narrado em primeira pessoa, e a quantidade de detalhes e descrições é tão adorável quanto cansativa. Não que isso seja um ponto negativo no caso desse livro em particular, até mesmo porque a escrita poética da autora é bastante fluída e rica a ponto de a todo momento nos surpreender com a forma incrível que ela tem de expressar alguma emoção ou acontecimento através de uma frase genial, mas esse excesso de floreios, embora importante dentro do contexto, acaba tornando a leitura mais demorada do que o esperado, mostrando, lenta e gradualmente, cada passo da infância cheia de tribulações, dificuldades, privações e sofrimento do pequeno Fitz. Talvez a narrativa foi feita dessa forma de propósito, pois da mesma forma que o protagonista beira a exaustão com tantas experiências trágicas, os leitores também acabam ficando com o emocional desgastado ao acompanhar essa peleja sem fim.

Num primeiro momento, como leitora, eu me senti um pouco incomodada com a narrativa em primeira pessoa e como as lembranças da infância dele eram tão vívidas, pois, inevitavelmente, ficamos limitados ao ponto de vista e às experiências de Fitz, que conta sua longa jornada nos mínimos detalhes, desde sua primeira lembrança aos seis anos quando foi levado para os estábulos até mais velho. Muito tempo é investido em descrever as experiências de Fitz, e no final das contas, com esse ritmo devagar, quase parando, a sensação é de que vários anos se passaram durante tudo aquilo, como se compartilhássemos o peso que recaiu sobre os ombros do protagonista.

Sobre a parte gráfica, só tenho elogios. A capa, embora destaque bem o nome o nome da autora em prateado, é bem simples e bonita, fazendo referência a Cidade da Torre do Cervo.
Um ponto bastante relevante sobre esta edição da Suma de Letras em particular, diferente das edições publicadas anteriormente pela Editora Leya, é que os nomes dos personagens, que podem moldar ou definir a personalidade deles, não foram traduzidos a fim de manter a originalidade, e graças a Deus que fizeram isso aqui. Inclusive há um glossário no final do livro com o significado de cada nome.

No mais, O Aprendiz de Assassino é uma excelente introdução à série e ao universo fantástico e grandioso criado por Robin Hobb, entregando uma história sobre confiança, amor e lealdade sem igual, e ainda levantando questões interessantes sobre a importância do sangue, e se devemos confiar plenamente em alguém só por causa do bendito parentesco. O livro superou, sim, todas as minhas expectativas, e estou bastante ansiosa pra continuar lendo os próximos volumes. Não é todo dia que a gente encontra um livro de fantasia desse calibre. Super recomendado!