Atrás do Espelho - A.G. Howard

21 de março de 2018

Título: Atrás do Espelho - Splintered #2
Autora: A.G. Howard
Editora: Novo Conceito
Gênero: Fantasia/Releitura
Ano: 2014
Páginas: 400
Nota:★★★☆☆
Sinopse: Em O Lado Mais Sombrio, a releitura dark de Alice no País das Maravilhas, Alyssa Gardner foi coroada Rainha, mas acabou preferindo deixar seus afazeres reais para trás e viver no mundo dos humanos. Durante um ano ela tentou voltar a ser a Alyssa de antes, com seu namorado, Jeb; sua mãe, que voltou para casa; seus amigos, o baile de formatura e a promessa de ter um futuro em Londres.
No entanto, Morfeu, o intraterreno sedutor e manipulador que povoa os sonhos de Alyssa, não permitirá que ela despreze o seu legado. O mesmo vale para o País das Maravilhas, que parece não ter superado o abandono.
Alyssa se vê dividida entre dois mundos: Jeb e sua vida como humana... e a loucura inebriante do mundo de Morfeu. Quando o reino delirante começa a invadir sua vida real, Alyssa precisa encontrar uma forma de manter o equilíbrio entre as duas dimensões ou perder tudo aquilo que mais ama.

Resenha: Um ano se passou após o que aconteceu no livro anterior. Alyssa quer esquecer o País das Maravilhas, um mundo sombrio e cheio de criaturas perversas (e muito diferente daquele encontrado nas páginas escritas por Lewis Carrol), e tudo o que viveu lá, assim como abrir mão de sua linhagem real. Ela está prestes a se formar no colégio e planeja ir embora para Londres com Jeb, seu namorado desmemoriado, a fim de ser uma garota normal. Porém, a ideia dela deixar tudo pra trás não é algo que estava nos planos de Morfeu, que tenta a qualquer custo garantir que Alyssa não esqueça o País das Maravilhas através de seus sonhos, o que faz com que a garota evite dormir e queira ainda mais se livrar de tudo isso, e até aparecer para vigiá-la de perto... E embora ela tenha corrigido vários erros, muito problemas ainda permaneceram naquele mundo intraterreno, problemas dos quais ela não ficaria livre tão facilmente, principalmente quando algumas profecias parecem se manifestar através de sua arte e tudo leva a crer que este mundo pode estar em perigo mais uma vez. Agora, entre dois mundos e com o coração dividido, será possível que Alyssa evite seu destino?

A história é narrada em primeira pessoa, pelo ponto de vista da protagonista, mas diferente do primeiro livro, onde ela é transportada para o País das Maravilhas, aqui a trama se passa no mundo humano enquanto os personagens do outro continuam marcando presença através de várias situações, incluindo as vilãs...

O dilema maior que move a história, é Alyssa e seus conflitos internos que estão ligados à sua aceitação de que o País das Maravilhas é um lugar do qual ela, inevitavelmente, pertence, enquanto lida com seus sentimentos e a ideia de que, de certa forma, é responsável por qualquer coisa que possa acontecer com os dois mundos: com o fantástico, por estar em perigo nas mãos da vermelha que quer vingança, e com o mundo humano, quando os seres do outro começam a surgir.
Jeb não se lembra de nada do que aconteceu no País das Maravilhas, e Alyssa, além de não saber como contar a ele, não sabe como dizer que não está pronta para um compromisso ainda mais sério dentro do relacionamento deles, pelo menos não enquanto ele não souber de toda a verdade.
Morfeu resolve que se passar por um estudante na escola de Alyssa para tentar convencê-la a voltar é uma boa ideia, e por mais que ele seja "irresistível", ele mente, manipula, joga sujo e se aproveita da fragilidade, dos sentimentos e do desespero da menina para fazê-la duvidar de sua sanidade mental, levando todo seu histórico familiar em consideração. E nesse jogo de Morfeu, há várias situações em que ele faz suas investidas pra cima de Alyssa, outras em que Jeb fica com ciúmes, outras em que Alyssa fica dividida entre seus sentimentos, e esse triângulo amoroso só faz estragar essa história com tanto potencial. Penso que não tem a menor necessidade de um conflito amoroso desse tipo para que a história funcione, principalmente por esse fator tomar uma parte muito grande da história que poderia ser usada pra coisas mais importantes, como a batalha entre Alyssa e Vermelha, ou um aprofundamento maior sobre a questão da loucura que é passada pelas gerações da família de Alyssa em vez de apenas sugerir que algo grandioso possa acontecer. Ficamos na expectativa e nada acontece.

A aceitação gradual das origens da protagonista envolvendo magia e loucura foi bacana de se acompanhar, mas Alyssa não é uma personagem com quem me identifiquei ou me simpatizei, então, apesar de haver um leve suspense sobre quando as verdadeiras ameaças vão começar a eclodir, acabei não me importando muito.

A capa vista de longe é muito bonita, mas assim como a primeira, o tratamento dado a ela em editores de imagem é muito exagerado e pesado. A diagramação é muito boa e não percebi erros na revisão.

Enfim, Atrás do Espelho, apesar de não ter superado minhas expectativas, é um livro bom pra quem gosta de fantasias baseadas em clássicos, com toques de suspense, algumas revelações que se encaixam bem com as perguntas levantadas, e reviravoltas relevantes para a história.

Wishlist #27 - Funko Pop - Moana (atualizado ago/18)

19 de março de 2018

Moana deu um up nos desenhos atuais no que diz respeito às protagonistas femininas que não precisam de um relacionamento amoroso para ter o sonho realizado. Ela tem o espírito livre, quer se aventurar pelo desconhecido, e não tem medo de enfrentar - e afrontar - nada nem ninguém. A animação é linda visualmente, as músicas são divertidas, cheias de significado e a coleção dos funkos dela não pode ficar de fora da minha lista de desejos nem a pau... É Disney, né?


Mais do Que Isso - Patrick Ness

15 de março de 2018

Título: Mais do Que Isso
Autor: Patrick Ness
Editora: Novo Conceito
Gênero: Distopia/Jovem Adulto
Ano: 2017
Páginas: 432
Nota:★★★★☆
Sinopse: Um garoto se afoga, desesperado e sozinho em seus momentos finais. E morre. Então ele acorda. Nu, ferido e com muita sede, mas vivo. Como pode ser? Que lugar é este, tão estranho e deserto? Enquanto se esforça para compreender a lógica de seu pior pesadelo, o garoto ousa ter esperança. Poderia isto não ser o fim? Poderia haver mais desta vida, ou quem sabe da outra vida?

Resenha: Quando um garoto de dezesseis anos acorda sozinho num lugar estranho e isolado após ter morrido afogado, resta a ele tentar entender o que está acontecendo. E partindo dessa premissa, o protagonista, juntamente com o leitor, se encontra no meio do nada, e se vê envolvido numa jornada em busca de respostas para aquilo que parece ser seu pior pesadelo...

Acompanhar uma história onde não se sabe de nada é inquietante, mas também é curioso e intrigante, desde que a mente esteja aberta a um estilo de narrativa diferente e que tira os leitores de suas zonas de conforto. A cada informação dada, uma nova descoberta é feita sobre o motivo da morte ou quem é o garoto, e cada lembrança dele, de quando ainda era vivo, é responsável por construir e desenvolver o protagonista, enriquecendo a história com seu passado e provocando reflexões muito relevantes sobre temas delicados e abordados com muita sutileza (mas não com tanta profundidade), envolvendo amizade, família, sexualidade, preconceito, conflitos, abusos, violência e afins. Há também todo um suspense em cima do drama enfrentado pelo garoto, seja na situação presente quanto a passada, com toques de ficção científica e distopia, e tais elementos, somados ao desenvolvimento da trama, deixam a história bastante original e com uma crítica social mais do que válida..

O livro possui quatro partes e é na segunda que a leitura realmente engata, e a partir daí é impossível não querer obter respostas pra tantas perguntas. Embora algumas passagens sejam repetitivas, pois o garoto passa o tempo tentando descobrir a todo custo o que está acontecendo sem maiores pistas e divaga em excesso, a narrativa é fluída e muito intensa, sendo possível nos colocarmos na pele do personagem, vivendo seus dramas e fazendo os mesmos questionamentos que ele sobre a vida (e a morte).

O final não foi exatamente o que esperei. Além de ter dado brechas pra uma possível sequência ainda me pareceu um tanto corrido e até ousado demais, mas ainda assim foi satisfatório.
Pra quem curte histórias diferentes, com temas importantes e com mais foco na evolução do personagem do que com demais detalhes, é leitura indicada. Um livro sobre escolhas que traz uma crítica sobre a ideia de que ter controle sobre todas as coisas é o que move a vida, sendo que não é bem assim...

Branco Como a Neve - Salla Simukka

13 de março de 2018

Título: Branco Como a Neve - Branca de Neve #2
Autora: Salla Simukka
Editora: Novo Conceito
Gênero: Suspense/Juvenil
Ano: 2017
Páginas: 224
Nota:★★★☆☆
Sinopse: Recuperando-se do terror que vivenciou nas mãos da máfia, Lumikki tem a chance de deixar a Finlândia, se livrando das roupas pesadas, das lembranças sombrias... e do perigo. Ela só quer ser uma garota normal, misturar-se à multidão de turistas e aproveitar as férias. Quando Lumikki conhece Zelenka, uma jovem misteriosa que alega ter o mesmo sangue que ela, as coincidências são inquietantes. Rapidamente ela se vê envolvida no mundo triste daquela mulher, descobrindo peças de um mistério que irá conduzi-la a uma seita secreta e aos mais altos escalões do poder corporativo. Para escapar dessa trama asfixiante, Lumikki não poderá fazer tudo sozinha. Não desta vez.

Resenha: Depois de ter vivido horrores com a máfia russa, Lumikki tem a chance de ir embora da Finlândia e ir para Praga para se recuperar da terrível experiência que teve após ter encontrado todo aquele dinheiro ensanguentado, ficar longe do perigo e voltar a ser a garota invisível que ela costumava ser. Porém, suas tão sonhadas férias não seriam como ela imaginou...
Quando Lumikki, por acaso, conhece a jovem - e enigmática - Zelenka e descobre que elas são irmãs, uma série de coincidências começam a surgir e a garota se vê envolvida num mistério acerca de uma seita secreta e perigosa e, diante disso, vidas poderão estar em risco...

Neste segundo volume da trilogia Branca de Neve, da autora finlandesa Salla Simukka, adentramos mais uma vez numa história com descrições ricas em meio a um cenário super instigante ao mesmo tempo em que acompanhamos uma protagonista um tanto quanto peculiar. Porém, diferente do primeiro volume, Branco Como a Neve evidencia o passado de Lumikki no que diz respeito à sua família, algo que ficou obscuro e mantido em segredo por todo o tempo. Não que a autora tenha dado todas as respostas para as questões levantadas, principalmente porque Lumikki está claramente perdida - e até curiosa - em meio a nova situação em que se encontra, tentando juntar peças de momentos de seu passado a fim de montar um quebra cabeças que mudaria sua vida pra sempre, mesmo que algo pareça estar bem estranho...
Lumikki, depois de tantas decepções e riscos que correu, se esforça para tentar acreditar nas pessoas que se aproximam dela, afinal, não é possível que todos sejam vilões e queiram lhe fazer mal, e dar uma chance a Zelenka não parece algo tão fora de alcance. Mas quanto mais ela se aproxima da meia-irmã, mais próxima fica dos segredos que cercam as ruas da cidade.

Paralelo a esse aprofundamento no que diz respeito a protagonista e os detalhes do seu passado, há a parte investigativa envolvendo um jornalista em busca de provas e maiores informações sobre a existência da dita seita secreta, e tal matéria seria o bastante para alavancar sua carreira de forma bem considerável, e essa investigação acaba fazendo com que ele se aproxime de Lumikki, tornando a vida da garota muito mais complicada ainda.

Enfim, um ponto bacana é que a parte do suspense e do caso é algo fechado. A situação que a protagonista viveu no primeiro livro teve o ciclo fechado, e nesse segundo ela se depara com outra diferente, porém envolvendo riscos a outras pessoas. Talvez o livro possa ser lido sem conhecimento do primeiro sem prejudicar em quase nada o entendimento.
Embora Lumikki tenha amadurecido devido às experiências que teve, não senti que a leitura desse livro tenha sido tão marcante assim, principalmente porque a impressão que tive é que a autora prefere detalhar alguns elementos pontuais do que trabalhar os personagens com profundidade, então não consegui me conectar ou sentir empatia por nenhum deles.

O enredo parece ter seguido por outro caminho e o final da história também foi bastante previsível, e isso acaba estragando qualquer surpresa que o leitor possa vir a ter. Então, assim como o primeiro, penso que seja um livro indicado pra quem quer começar a ler thrillers voltados ao público mais jovem e menos exigente.