Meus Dias com Você - Clare Swatman

7 de fevereiro de 2018

Título: Meus Dias com Você
Autora: Clare Swatman
Editora: Arqueiro
Gênero: Romance
Ano: 2017
Páginas: 312
Nota:★★★☆☆
Sinopse: Quando o marido de Zoe morre, o mundo dela desaba. Mas e se fosse possível tê-lo de volta?
Numa fatídica manhã, Ed e Zoe têm uma discussão terrível, algo recorrente no seu casamento em crise, e ela acaba se despedindo de forma brusca quando ele sai para o trabalho.
Pouco tempo depois, um ônibus acerta a bicicleta de Ed, matando-o e deixando Zoe arrasada por não ter lhe dito quanto o amava. Se tivessem ficado mais um pouco juntos aquela manhã, ele ainda estaria vivo? Será que poderiam ter reconstruído o amor que os unira?
Após dois meses, Zoe ainda não conseguiu se conformar. De luto, decide cuidar do jardim do marido, quando acaba caindo e desmaiando. Então, algo estranho acontece: ao acordar, ela está em 1993, no dia em que conheceu Ed na faculdade.
A partir desse instante, Zoe passa a reviver momentos cruciais de sua vida e percebe que talvez tenha conseguido uma segunda chance: uma oportunidade de fazer tudo diferente, de focar naquilo que realmente importa, de mudar os rumos do relacionamento – e, quem sabe, o destino de seu grande amor. 

Resenha: Não é difícil encontrarmos histórias onde os protagonistas tem a chance de reviverem o passado como segunda chance para algo que não acabou bem, mas apesar de existir uma "fórmula" pra esse tipo de enredo, quando ele é bem desenvolvido acaba sendo uma grata surpresa, o que, em partes, acontece em Meus Dias com Você... Embora a história seja leve e cheia de toques românticos que deveriam nos fazer suspirar, ela é arrastada e cheio de incoerências em vários pontos. Zoe é uma personagem cujos pensamentos e atitudes são desinteressantes, absurdos ou repetitivos. Não faz muito sentido pra mim alguém ter a chance de reviver o passado mas a cada acontecimento já vivenciado a reação ser de surpresa, espanto, desespero ou coisa parecida sendo que já se sabe o que vai acontecer. Entendo que algumas situações são realmente tristes e relembrá-las pode ser algo bastante doloroso e difícil, mas encarar aquilo como se fosse algo novo não me pareceu nada crível. Somando isso aos constantes pensamentos sobre Ed, o quanto ela o idolatra como se ele fosse perfeito (sendo que não é, e isso fica bem claro no decorrer dessa jornada de Zoe), e a fixação eterna que ela tem pelo "e se", acompanhar Zoe revivendo o passado foi cansativo e bem desgastante, e sem contar que em momento algum ela levanta questionamentos sobre como esse retorno foi possível, e cabe ao leitor imaginar se o que está acontecendo é sonho, realidade ou sabe-se lá o quê.

Como personagens, percebi que Ed e Zoe são bem diferentes um do outro, mas embora o casamento tenha chegado a um ponto crítico, eles buscavam pelo equilíbrio para darem certo, o que não parece ter dado muito certo, convenhamos. Enquanto Zoe almejava estabilidade, Ed sonhava em alcançar a felicidade nos campos que ele mais se preocupava em sua vida, fazendo as coisas que eram convenientes para ele e mais ninguém. Porém as diferenças entre eles eram muito maiores do que o que eles tinham em comum, e a longo prazo isso os tornou insatisfeitos e infelizes um com o outro, e no final das contas a morte de Ed acabou servindo para que Zoe refletisse, pois não existe ditado mais verdadeiro do que aquele que diz que só damos valor a algo ou alguém quando perdemos...

Enfim, não é fácil manter um relacionamento, e o de Ed e Zoe é um daqueles que com o passar do tempo vai se desgastando até estar fadado ao fracasso caso ninguém faça algo pra mudar a tempo. Por mais que a história tenha seus pontos fracos, ela aborda o relacionamento e suas diversas fases de uma forma real, além de trazer a ideia de que devemos valorizar aquilo que temos, e enquanto temos, para evitar remorsos e arrependimentos que jamais poderão ser superados. A história é previsível em alguns momentos, mas tenho que assumir que o final foi inesperado e de forma geral é uma leitura que vale a pena.

Confissões de Um Garoto Tímido, Nerd e (Ligeiramente) Apaixonado - Thalita Rebouças

5 de fevereiro de 2018

Título: Confissões de Um Garoto Tímido, Nerd e (Ligeiramente) Apaixonado
Autora: Thalita Rebouças
Editora: Arqueiro
Gênero: Infanto Juvenil
Ano: 2017
Páginas: 304
Nota:★★★★☆
Sinopse: Davi está no segundo ano do ensino médio e finalmente tomou coragem para iniciar o curso de astrologia que sempre quis fazer mas nunca teve coragem de admitir, por medo de sofrer preconceitos.
Entre signos e mapas astrais, conhece Milena, uma menina incrível, que o deixa encantado com seu jeito apaixonante. Tetê, melhor amiga de Davi, o incentiva a investir no relacionamento, mas vencer a timidez é um desafio para ele. Ajudar Zeca, seu amigo que passa por problemas amorosos, também é uma dificuldade, pois Davi é inexperiente no assunto.
No final do primeiro semestre, entretanto, uma novidade causa um rebuliço na turma: Samantha, colega de classe do trio, apresenta Gonçalo, que mora em Portugal e veio passar as férias de verão europeu na casa dela, no Rio de Janeiro.
A chegada do estrangeiro tem efeitos inesperados, e Davi e seus amigos passam a lidar com questões que nunca imaginaram ter que enfrentar.

Resenha: Davi tem dezesseis anos, está no segundo ano do ensino médio, é nerd assumido e, depois de ter tomado coragem, começou a fazer um curso de astrologia que ele tanto queria mas ainda não tinha feito por medo de sofrer preconceito. E nesse universo astrológico ele conhece Milena, uma garota super legal por quem ele logo fica encantado. Porém, sua timidez é uma coisa que precisa ser vencida, e Davi vai contar com a ajuda dos seus amigos para ter coragem de investir nesse relacionamento. E enquanto ele enfrenta essas questões, um novo colega chega na cidade fazendo com que o grupo de amigos lidem com outras coisas que eles não esperavam...

No livro a autora pede pra não darmos muitos detalhes da história para que possamos descobrir as coisas junto com o personagem, mas posso dizer que Davi é o tipo de personagem que muitos adolescentes se identificam: tímido, confuso com o que é novo, e até bem reservado, e quando ele se depara com a ideia de alguém o conhecendo melhor, ele sai de sua zona de conforto. Ele é um personagem que tem algo a ensinar, seu desenvolvimento foi bem construído, sua paixão pelos signos e pelo comportamento humano é verdadeira e sua forma de analisar os outros é bem engraçada.

A escrita também é muito boa e envolvente, as descrições do cenário transportam o leitor para a cidade do Rio de Janeiro e a linguagem descolada em meio aos elementos da atualidade, como redes sociais, whatsapp e afins deixam a história bastante realista.

Eu gostei bastante da história pois ela trata dos dilemas e dos dramas adolescentes de um jeito muito leve e sem fazer parecer que os problemas tratados nele não tem a devida importância, pois além de mostrar que enfrentar medos e preconceitos é possível, ou que nunca devemos deixar de fazer o que gostamos para agradar os outros, fica mais do que claro que a amizade é uma das coisas mais importantes da vida e o quanto deve ser valorizada quando é verdadeira.

Wishlist #21 - Funko Pop - The Good Dinosaur

4 de fevereiro de 2018

O Bom Dinossauro é um daqueles desenhos que a primeira vista não parece lá muito interessante, e até eu tomar coragem pra assistir levou um tempinho considerável. Nem preciso dizer que me arrependi de não ter assistindo antes pois a animação é linda, engraçada e emocionante o bastante pra ter me arrancado algumas lágrimas. Tive que colocar esses dois na lista, sim ou claro?

Meia Guerra - Joe Abercrombie

2 de fevereiro de 2018

Título: Meia Guerra - Mar Despedaçado #3
Autor: Joe Abercrombie
Editora: Arqueiro
Gênero: Fantasia
Ano: 2018
Páginas: 368
Nota:★★★☆☆
Sinopse: Apenas meia guerra é travada com espadas.
A outra metade é travada com palavras.
A princesa Skara vê todos os que ama morrerem na sua frente e o seu palácio ser consumido pelas chamas. Tudo o que lhe resta são palavras... Mas palavras podem ser tão letais quanto armas. Disposta a se vingar, ela enfrenta seus medos e aguça a inteligência, indo atrás de pai Yarvi.
O ministro de Gettland já percorreu um longo caminho desde a escravidão, fazendo aliados entre antigos rivais e estabelecendo uma paz instável. Porém, agora, a cruel avó Wexen arregimenta o maior exército desde que os elfos guerrearam contra a Divindade Única e põe Yilling, o Brilhante, como seu comandante – um homem que venera apenas a Morte.
Skara pode ser a peça que faltava para forjar de vez a aliança entre Gettland e Vansterland, alicerçada na fortaleza de seus antepassados, pronta a enfrentar a fúria do Rei Supremo. Nessa guerra, ela contará com o apoio de uma ministra inexperiente, mas leal, e de um matador imprudente que espera superar fantasmas de antigos conflitos sangrentos.

Resenha: Nos livros anteriores, Meio Rei e Meio Mundo, acompanhamos a jornada dos dois personagens principais da trama: Yarvi era um jovem que além de sofrer preconceito por possuir uma deficiência física, o que o fazia ser considerado como um "meio homem", ainda perdeu o direito de ocupar seu lugar ao trono após um golpe. Yarvi embarcou numa grande saga até se deparar com a jovem Thorn, uma garota com espírito livre e destemida que não se submetia aos caprichos de homem nenhum. Quando a inteligência de Yarvi complementa a força e a coragem de Thorn, a busca pela justiça tem início, mesmo num mundo onde as guerras predominam.

Neste volume, conhecemos Skara, uma jovem princesa que vê sua família ser assassinada e seu palácio ser consumido pelo fogo a mando do Rei Supremo. Desprovida de armas, Skara, muito inteligente e astuta, só tem suas palavras como recurso, e ela acaba conseguindo fugir e ir de encontro a pai Yarvi, que também havia sido prejudicado pelas mesmas pessoas que destruíram sua vida. Ao se tornar sua aliada, ela planeja reconstruir seu reino e vingar a morte de sua família.

Seguindo o estilo dos livros anteriores, a narrativa é feita em terceira pessoa, continua bastante fluída e com ação e drama necessários para manter o leitor preso à leitura. Os personagens são fortes, enfrentam situações que os levam ao extremo, e o autor ainda não poupa esforços ao inserir grandes toques de feminismo e sua importância pela visão das personagens femininas em meio à trama.
Porém, por mais que o livro funcione de forma individual, no contexto geral e levando os livros anteriores em consideração, ele não foi tão satisfatório quanto eu gostaria e acabou não superando minhas expectativas. A sensação é de que o autor não foi capaz de equilibrar tudo que ele trouxe à tona anteriormente com o que foi apresentado neste volume, e não digo isso só por causa dos personagens, mas também por algumas cenas, principalmente as de morte, que deveriam ser momentos épicos mas são fraquíssimas, sem muitos detalhes, outras totalmente inexplicáveis, e quebram a empolgação de qualquer leitor.

Apesar destes pequenos detalhes, eu gostei da forma como a ideia da política foi conduzida, pois quando se está sob domínio de um rei tirano e sua ministra implacável que só oprimem o povo, as coisas tendem a seguir pelo caminho da revolução pois ninguém consegue tolerar tantas injustiças assim. Cabe aos protagonistas de cada volume, Yarvi, Thorn e Skara, se unirem, porém aprendendo a lidar uns com os outros, para darem um fim nessa era de terror.

Yarvi teve um arco bastante complexo e tudo o que passou ajudou na construção de sua personalidade e no homem que ele se tornou, porém o autor decidiu desconstruí-lo e transformá-lo em alguém bastante diferente do esperado, e confesso não ter ficado satisfeita ao me deparar com um Yarvi mau caráter, vingativo e odioso que usa e abusa da manipulação da forma mais inescrupulosa que se possa imaginar para conseguir o que quer. E eu não encontrei quaisquer explicações que justificassem essa mudança de forma convincente.
Thorn, que fora uma personagem incrível no segundo livro, acabou não sendo mais do que um artifício utilizado para provocar mortes nos momentos mais convenientes da história, fora isso não tem arco e nem maiores utilidades, o que foi uma pena visto que ela era a personagem que eu mais gostava.
Skara demora a despertar algum sentimento no leitor. Ela é morna e sem muitos atrativos e só começa a mostrar sua importância no fim, mas não nego que achei bastante interessante e diferente a ideia de que ela usa as palavras como arma, e quando Skara é forçada a empunhá-las para se vingar de seu avô e de seu povo é impossível não se empolgar.

Enfim, não digo que a trilogia seja ruim ou dispensável, muito pelo contrário. A história tem uma trama política bastante complexa, diálogos inteligentes, é cheia de ação e fantasia, e pra quem gosta de batalhas sangrentas e brutais, assim como vilões marcantes e sombrios com certeza vai curtir. A ideia de que é possível ser corrompido quando há poder em jogo é super interessante, assim como nem sempre justiça ou vingança são feitas da forma como deveriam, principalmente quando esses conceitos são confundidos, porém o desenvolvimento e o desfecho dado pelo autor, tanto para os personagens quanto para a questão da guerra, apesar de previsível, passaram longe do final épico que eu imaginava quando iniciei a trilogia.