A Ordem dos Clarividentes - Samantha Shannon

10 de julho de 2017

Título: A Ordem dos Clarividentes - Bone Season #2
Autora: Samantha Shannon
Editora: Fantástica/Rocco
Gênero: Fantasia Urbana/Sobrenatural/Distopia
Ano: 2017
Páginas: 400
Nota:★★★★☆
Sinopse: Paige Mahoney escapou da colônia penal Sheol I, mas seus problemas estão só começando: muitos dos sobreviventes estão desaparecidos, e ela é a pessoa mais procurada de Londres.
Enquanto Scion está à caça da andarilha onírica, os mime-lordes e mime-rainhas da cidade são convocados para uma reunião da Assembleia Desnatural. Jaxon Hall e seus Sete Selos se preparam para assumir o palco, mas a comunidade clarividente encontra-se dividida por segredos obscuros. E então os Rephain começam a sair das sombras. Mas onde está o Mestre? Paige deve seguir em frente, de Seven Dials a Grub Steet e às catacumbas secretas de Camden, até que o destino do submundo seja decidido.

Resenha: A Ordem dos Clarividentes é o segundo volume (de sete) da série Bone Season. A história começa do ponto em que parou no primeiro volume, Temporada de Ossos.
A resenha pode conter spoilers do livro anterior.

Qualquer pessoa que tenha o dom da clarividência, os chamados desnaturais, são perseguidos pelo governo. Paige Mahoney, a andarilha onírica, havia sido capturada e enviada para colônia penal Sheol I, mas, após uma reviravolta bombástica, ela conseguiu fugir. Paige se tornou a pessoa mais procurada de Londres. Enquanto estava presa, ela descobriu que os desnaturais capturados pelo governo se tornam escravos dos Rephaim, criaturas humanóides e imortais que se alimentam da aura dos clarividentes. Paige pretende revelar sua descoberta aos desnaturais para por fim ao governo corrupto, mas sempre se depara com obstáculos que a impedem, até que o líder da Assembleia Desnatural é assassinado e ela percebe que além de estar ficando sem saída, o futuro está se tornando incerto já que sem um líder nao existe ordem. Sem intenção de que tal informação se espalhe, Nashira, a governante dos Rephaim, quer a garota de volta a qualquer custo para impedir qualquer tipo de rebelião.

A narrativa é feita em primeira pessoa e por mais que a história seja maravilhosa e empolgante, sua complexidade e inúmeros detalhes acabam fazendo com que ela não seja tão fluída e se arraste bastante até lá pela metade do livro, e talvez isso possa causar algum tipo de resistência em leitores mais impacientes.
Embora haja um romance complicado - tanto por ser proibido, quanto por não ter futuro algum -, o foco recái sobre a opressão do governo sobre um grupo de pessoas que, claramente, vai lutar por sua liberdade, custe o que custar.

Paige é uma personagem admirável. Seu dom é motivo de cobiça por quem tem intenção de controlá-la, mas a garota só quer ser livre sendo como é. Ela não aguenta mais viver fugindo, se cansou de ver os desnaturais sendo escravizados e sabe que as coisas só mudarão com uma grande revolução, mas tirar os outros de suas zonas de conforto não é algo tão fácil e simples de se fazer, por mais que as pessoas queiram que a mudança ocorra. Sabendo disso, Paige não pode contar com muita gente e cabe a ela tomar uma decisão em prol de seu objetivo, mesmo que isso envolva algum tipo de sacrifício, e isso faz com que ela seja temida pelos poderosos já que, através dela, existe a chance do governo ser derrubado.

No primeiro livro a autora se aprofundou na colônia penal onde Paige estava presa, então não tivemos acesso aos detalhes da Londres ambientada em 2059, e agora nos deparamos com uma cidade tomada por uma enorme e triste decadência, onde tudo está em ruínas e clamando por esperança.

O projeto gráfico da obra se manteve com o padrão do primeiro livro. A capa tem uma textura meio emborrachada com o título em dourado em meio ao símbolo que representa bem um dos elementos da trama, principalmente a mariposa.

Diante de tudo isso, posso afirmar que A Ordem dos Clarividentes superou minhas expectativas e conseguiu ser ainda melhor do que o primeiro livro. Pra quem procura por uma série complexa e totalmente surpreendente e original, é leitura mais do que indicada.

Novidades de Julho - Suma de Letras

9 de julho de 2017

O Prisioneiro do Céu - O Cemitério dos Livros Esquecidos #3 - Carlos Ruiz Zafón

Barcelona, 1957. É natal e os clientes são escassos na livraria Sempere & Filhos; as contas vêm se acumulando. É quando um homem com mão de porcelana visita a loja e compra o item mais caro: um exemplar raríssimo de O conde de Monte Cristo, onde deixa a dedicatória "Para Fermín Romero de Torres, que retornou de entre os mortos e tem a chave do futuro". Este é o ponto de partida para que conheçamos mais da história de Fermín, incluindo seus anos no Castelo Montjuic, a prisão do governo Franco, na época gerenciada pelo nefasto Mauricio Valls. Com medo de que um segredo enterrado há vinte anos finalmente viesse à tona, ele narra a Daniel suas tentativas de fuga da prisão, junto a um companheiro de cárcere. O prisioneiro do céu é uma história sobre prisão, tortura, inveja, traição e assassinato, em que as tramas de A sombra do vento e O jogo do anjo convergem para a resolução do enigma escondido no coração do Cemitério dos livros esquecidos.

Sempre Vivemos no Castelo - Shirley Jackson

Morando na casa da família Blackwood com Constance, a irmã mais velha, e o tio Julian, Merricat só quer manter o delicado equilíbrio conquistado pelos três. Mas, desde que Constance foi acusada de assassinar o restante da família, ninguém deixa os Blackwood em paz. Quando o primo Charles chega à cidade, tentando fazer amizade com Constance e despedaçar tudo o que Merricat conquistou, ela entende que precisa fazer o possível para proteger o que sobrou de sua família - e isso pode levar a atitudes inesperadas. Com um humor macabro, Sempre vivemos no castelo conta a história deliciosamente sombria de Constance e Merricat Blackwood, uma das maiores anti-heroínas da literatura americana.

A Hora do Lobisomem - Stephen King

O primeiro grito veio de um trabalhador da ferrovia isolado pela neve, enquanto as presas do monstro dilaceravam sua garganta. No mês seguinte, um grito de êxtase e agonia vem de uma mulher atacada no próprio quarto. Agora, a cada vez que a lua cheia brilha sobre a cidade de Tarker's Mill, surgem novas cenas de terror inimaginável. Quem será o próximo? Quando a lua cresce no céu, um terror paralisante toma os moradores da cidade. Uivos quase humanos ecoam no vento. E por todo lado as pegadas de um monstro cuja fome nunca é saciada. Um clássico de Stephen King, com as ilustrações originais de Bernie Wrightson.

Novidades de Julho - Seguinte

Ninguém Nasce Herói - Eric Novello

Num futuro em que o Brasil é liderado por um fundamentalista religioso, o Escolhido, o simples ato de distribuir livros na rua é visto como rebeldia. Esse foi o jeito que Chuvisco encontrou para resistir e tentar mudar a sua realidade, um pouquinho que seja: ele e os amigos entregam exemplares proibidos pelo governo a quem passa pela praça Roosevelt, no centro de São Paulo, sempre atentos para o caso de algum policial aparecer. Outro perigo que precisam enfrentar enquanto tentam viver sua juventude são as milícias urbanas, como a Guarda Branca: seus integrantes perseguem diversas minorias, incentivados pelo governo. É esse grupo que Chuvisco encontra espancando um garoto nos arredores da rua Augusta. A situação obriga o jovem a agir como um verdadeiro super-herói para tentar ajudá-lo - e esse é só o começo. Aos poucos, Chuvisco percebe que terá de fazer mais do que apenas distribuir livros se quiser mudar seu futuro e o do país.

O Dia em que Minha Vida Mudou Por Causa de um Chocolate Comprado nas Ilhas Maldivas - Keka Reis

Parecia um dia comum. Bom, pelo menos um dia comum do sexto ano. Até que, no meio da aula de ciências, Mia recebeu um embrulho inesperado. Um chocolate Pura Magia! Aquele chocolate trazia as melhores lembranças de seu pai, e há anos ela não encontrava mais pra vender. Junto com o chocolate, um bilhete: "Quer sentar do meu lado hoje na perua?", com a letra do Bereba! E agora? Eles não eram só amigos? Por que tudo estava ficando estranho de repente? O pessoal tinha começado a passar o dia inteiro no celular e a chamar o recreio de intervalo, os adultos só queriam ter conversas sérias, não dava mais para comprar roupa na seção infantil… Como sobreviver a tudo isso e ainda decidir como responder o bilhete?

O Menino do Pijama Listrado - John Boyne (Edição de Luxo)

Bruno tem nove anos e não sabe nada sobre o Holocausto. Também não faz ideia de que seu país está em guerra com boa parte da Europa, e muito menos que sua família está envolvida no conflito. Na verdade, Bruno sabe apenas que foi obrigado a abandonar a espaçosa casa em que vivia em Berlim e a mudar-se para uma região desolada, onde ele não tem ninguém para brincar. Da janela do quarto, Bruno pode ver uma cerca, e para além dela centenas de pessoas de pijama, que sempre o deixam com frio na barriga. Em uma de suas andanças Bruno conhece Shmuel, um garoto do outro lado da cerca. Conforme a amizade dos dois se intensifica, Bruno vai aos poucos tentando elucidar o mistério que ronda as atividades de seu pai. O menino do pijama listrado é uma fábula sobre amizade em tempos de guerra, e sobre o que acontece quando a inocência é colocada diante de um monstro terrível e inimaginável. Esta edição de luxo, que comemora os dez anos de lançamento da obra, traz uma introdução inédita do autor e ilustrações do premiado artista Oliver Jeffers.

Tash e Tolstói - Kathryn Ormsbee

Natasha Zelenka é apaixonada por filmes antigos, livros clássicos e pelo escritor russo Liev Tolstói. Tanto que Famílias Infelizes, a websérie que a garota produz no YouTube com Jack, sua melhor amiga, é uma adaptação moderna de Anna Kariênina. Quando o canal viraliza da noite para o dia, a súbita fama rende milhares de seguidores - e, para surpresa de todos, uma indicação à Tuba Dourada, o Oscar das webséries. Esse evento é a grande chance de Tash conhecer pessoalmente Thom, um youtuber de quem sempre foi a fim. Agora, só falta criar coragem para contar a ele que é uma assexual romântica - ou seja, ela se interessa romanticamente por garotos, mas não sente atração sexual por eles. O que Tash mais gostaria de saber é: o que Tolstói faria?

A Rosa e a Adaga - Renée Ahdieh

Título: A Rosa e a Adaga - A Fúria e a Aurora #2
Autora: Renée Ahdieh
Editora: Globo Alt
Gênero: Romance/Releitura
Ano: 2017
Páginas: 364
Nota:★★★★☆
Sinopse: Inspirada nos clássicos contos do livro As mil e uma noites, produzidos entre os séculos XII e XVI, Renée Ahdieh criou uma história que conquistou leitores e chegou ao topo da lista de best-sellers do New York Times. A rosa e a adaga conclui o enredo de romantismo, traição, intrigas e mistério iniciado em A fúria e a aurora.
A jovem Sherazade chegou a acreditar que seu marido, Khalid, o califa de Khorasan, fosse um monstro. Mas por trás de seus segredos, ela descobriu um homem amável, atormentado pela culpa e por uma terrível maldição, que agora pode mantê-los separados para sempre. Refugiada no deserto com sua família e seu antigo amor, Tariq, ela concentra forças para quebrar a maldição e voltar a viver com seu verdadeiro amor.
Com uma narrativa envolvente e repleta de referências à cultura árabe, a autora desenvolve um universo de intriga política, magia negra e relações complexas. Os personagens, que em A fúria e a aurora já haviam conquistado o coração dos leitores, tornam-se ainda mais marcantes, profundos e sedutores.

Resenha: O segundo e último volume da duologia de Renée Ahdieh fecha com excelência a história de Sherazade. A Fúria e a Aurora foi um bom livro, mas a história pareceu carecer de algum ingrediente. A Rosa e a Adaga traz, em pouco mais de trezentas e cinquenta páginas, uma escrita muito bem feita, mostrando uma marca da autora e exemplificando como é possível elevar o nível para encerrar a trama com maestria. Um conteúdo onde não é preciso tirar nem pôr.

Enquanto no primeiro livro a trama se passou praticamente no castelo, em A Rosa e a Adaga Sherazade está num acampamento no deserto, juntamente de sua irmã Irsa, e seus amigos Rahim e Tariq. Agora a personalidade da protagonista está muito mais acentuada e as intenções dela são bem mais definidas. Ela é tipo de mulher decidida e em muitas passagens ela se mostra bad ass e nada submissa aos homens. Houve um desenvolvimento visível nela em relação ao passado. Além do tapete voador (sim! ele existe), ela merece um tapete vermelho por onde passa.

O amor de Khalid e Shazi está mais forte do que nunca e agora ele é mais crível do que no livro antecessor. Renée demorou um pouco para desenvolver a relação dos dois anteriormente e isso deixou o amor meio raso, mas nesta sequência é tudo intenso e mais bonito. A história é recheada de frases de efeito (para suspirar), juras de amor eterno e momentos de ternura. Envolto em tudo isso também há muito drama e lágrimas. É interessante ver como a autora cria paralelos na trama para trabalhar cada tema separadamente. Os capítulos soam como contos sendo contados separadamente, mas que se encaixam de alguma forma. Cada personagem recebeu sua devida atenção e suas importâncias são mostradas pela autora.

Um pequeno triângulo amoroso existe entre Khalid, Sherazade e Tariq. Mesmo com um amor tão reafirmado por Khalid, o jovem Tariq não desiste de ir atrás do amor de sua amada. Graças a este sentimento, há uma cena carregada de pura emoção que se tornou um dos pontos altos da história. Irsa também ganhou destaque na história e protagonizou um dos momentos mais bonitos de A Rosa e a Adaga. A maturidade dos personagens é além do esperado e isso torna a história muito mais agradável.

Foi formidável que Ahdieh trabalhou o desfecho da duologia, sem deixar pontos abertos e não floreando tudo ao ponto de se perder. Tem misticismo, um amor quase impossível, aventura com mulheres a frente de tudo, e outros elementos interessantes para atrair o leitor. O melhor, sem dúvida, foi guardado para o final. Muitos fatos acontecem e Renée surpreendeu com um acontecimento digna da história de Shazi. Ao fechar a última página, a sensação é de ter despertado de um verdadeiro contos de fadas. Leitura mais que recomendada.