Bienal do Livro de Minas - 2016

21 de abril de 2016

Ei, pipous!
Esse ano teve Bienal do Livro em Belo Horizonte e pra não perder o hábito e nem deixar minha paixão por livros de lado, eu fui! Aaeee!
Como a Bienal daqui é relativamente minúscula se comparada as que ocorrem no RJ e SP, o jeito é se contentar com o que teve, já que a grande maioria das editoras não investem em stands próprios, mas até que o pouco que teve foi bastante satisfatório.
Antes de mais nada, agradeço as Editoras Novo Século e Leya pelos convites de cortesia! E a Universo dos Livros por promover um encontro de blogueiros super descontraído e cheio de novidades sobre os futuros lançamentos!
Não pude participar de oficinas, palestras ou encontro com autores devido a pouca disponibilidade dessa pessoa que vos fala, mas gostei muito de tudo o que consegui ver.

Quarto - Emma Donoghue

20 de abril de 2016

Título: Quarto
Autora: Emma Donoghue
Editora: Verus
Gênero: Drama/Romance
Ano: 2011
Páginas: 350
Nota: ★★★★★
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Para Jack, um esperto menino de 5 anos, o quarto é o único mundo que conhece. É onde ele nasceu e cresceu, e onde vive com sua mãe, enquanto eles aprendem, leem, comem, dormem e brincam. À noite, sua mãe o fecha em segurança no guarda-roupa, onde ele deve estar dormindo quando o velho Nick vem visitá-la.
O quarto é a casa de Jack, mas, para sua mãe, é a prisão onde o velho Nick a mantém há sete anos. Com determinação, criatividade e um imenso amor maternal, a mãe criou ali uma vida para Jack. Mas ela sabe que isso não é suficiente, para nenhum dos dois. Então, ela elabora um ousado plano de fuga, que conta com a bravura de seu filho e com uma boa dose de sorte. O que ela não percebe, porém, é como está despreparada para fazer o plano funcionar.

Resenha: Quarto, escrito pela autora irlandesa Emma Donoghue, havia sido publicado em 2011 pela Verus e com a adaptação cinematográfica da obra o livro foi relançado em 2016.
Nele conhecemos a história de Jack, um garotinho de cinco anos que vive preso com sua mãe num quarto desde que nasceu. Há sete anos ela fora sequestrada e mantida em cativeiro e Jack é fruto dos abusos que sofreu na mão do velho Nick, o sequestrador.
Para a mãe de Jack, o quarto é uma prisão, porém, devido ao amor incondicional pelo filho, ela usa e abusa da criatividade e da paciência para que a gravidade da situação não transpasse para o garoto. Somando as atitudes da mãe à ingenuidade de Jack, o garoto acredita estar seguro e que o quarto se resume ao que o mundo tem a oferecer. Mas sua mãe sabe que é impossível levar a vida dessa forma e começa a bolar um plano a fim de tentar fugir.

O livro é narrado em primeira pessoa pelo ponto de vista do próprio Jack, logo ficamos limitados a sua visão e a sua forma de encarar o que lhe é mostrado como sendo um mundo. O "Lá fora" é o que o assusta já que é o desconhecido. Algumas palavras que Jack fala são escritas de forma errada de forma proposital para mostrar que uma criança nessa idade ainda está em fase de aprendizagem. A narrativa é fluída e o teor de inocência do garoto é o que mais se evidencia. A ideia de mãe e filho estarem em cativeiro sofrendo abusos constantes que se disfarçam pelo olhar do garoto causam no leitor momentos de angústia, desespero, agonia e até mesmo claustrofobia devido ao espaço minúsculo em que eles vivem.
A escassez de personagens é um ponto bastante positivo nessa obra visto que o foco está na situação vivida por mãe e filho que vivem enclausurados, mas os poucos que fazem parte da trama são importantes, consistentes e com profundidade e intensidade na medida certa para que se tornem reais.
A trama como um todo é bem desenvolvida e tira o leitor de sua zona de conforto já que é um pouco exaustiva devido a perspectiva ser de uma criança. Os diálogos que ele escuta e transcreve evidenciam a presença de adultos, dando um aspecto mais maduro e que tira o ar totalmente infantil e sem maldade de Jack.
Com o desenrolar da trama e dos acontecimentos, percebemos as mudanças drásticas que ocorrem em suas vidas, seja pela questão da obsessão que Jack tem por sua mãe, afinal, ela era a única que ele tinha contato, quanto pela adaptação que eles precisam sofrer ao encarar uma nova realidade. E a abordagem acerca do comportamento dos personagens com relação a mudanças é bastante crível e verdadeiro.

Quarto é um livro ousado, único e original, que mostra como o amor de uma mãe é incondicional e intenso. A leitura causa incômodo pela forma como mexe com o psicológico, tanto dos personagens quanto dos leitores já que aborda a violência e os abusos que muitas mulheres estão sujeitas, e serve como uma crítica social que faz com que os leitores reflitam acerca desses problemas, porém, com o grande diferencial da autora, que conseguiu inserir leveza, sutileza e muita sensibilidade para abordar essa temática.
Pra quem procura por uma leitura marcante e com uma carga emocional e psicológica intensa, é livro mais do que indicado.


Livro de Marcar Filmes - Increasy Consultoria Literária

19 de abril de 2016

Título: Livro de Marcar Filmes - Meu Diário de Viagens na Telona
Autoras: Increasy Consultoria Literária
Editora: Verus
Gênero: Livro Interativo
Ano: 2016
Páginas: 200
Nota: ★★★☆☆
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Um lugar para anotar os filmes a que assistiu em diversas categorias, aqueles que conquistaram o seu coração e os que ainda quer ver, enquanto descobre os premiados, que nenhum cinéfilo pode deixar passar.

Resenha: Assim como o antecessor Livro de Marcar Livros que visava registrar nossas leituras e hábitos literários em geral, a proposta do Livro de Marcar Filmes é promover a interação do leitor ao fazer registros de tudo sobre sua experiência com filmes já assistidos ou não.

Apesar de autoexplicativo, o início do livro é cheio de instruções sobre como preenchê-lo e vai um pouco além do que um simples diário.
A ideia principal não se prende somente ao registro de filmes dos quais já assistimos e gostamos, mas também escrever de forma resumida sobre a experiência com o filme em questão, falar dos nossos atores preferidos e seus papéis marcantes, os melhores diretores e até as falas memoráveis que se tornaram clássicas, como "Hasta la vista, baby" ou "Que a força esteja com você". Se você é fã de cinema e não sabe de que filme essas frases saíram, pare.


Algumas listas de filmes já vem prontinhas, desde filmes clássicos aos mais recentes e a forma de organizar e catalogar os filmes é super fácil. Basta marcar nas caixinhas se o determinado filme já foi assistindo ou está na fila.
Começamos preenchendo o nome do primeiro filme que nos lembramos de ter assistido, o primeiro filme comprado, filmes que marcaram a infância, personagens preferidos e etc.
Seguimos pra lista dos ganhadores do Oscar, o Palma de Ouro (do cinema francês), os filmes que ganharam no Festival de Gramado, dentre outros que podemos usar como uma guia ou somente a título de curiosidade, até mesmo o Framboesa de Ouro que visa premiar as piores produções, mas achei que muitos dos filmes de prêmios que a grande maioria desconhece serviram mais para ocupar o espaço do que poderíamos anotar, já que a maioria daqueles filmes, independente de terem ganhado prêmios, muitas pessoas nunca ouviram falar, principalmente filmes argentinos, chilenos e de outras nacionalidades "esquecidas" nesse universo.

Ao separar filmes por categorias (musicais, animações, terror, drama, suspense e afins), há indicações de alguns filmes conhecidos dentro do gênero em questão seguido do espaço para nós mesmos preenchermos, avaliarmos e escrever algum comentário abaixo.


Quem gosta de fazer um registro do que já assisiu vai curtir a ideia do livro. É bem interessante acompanhar a lista de todos os filmes que já ganharam um Oscar de melhor filme desde 1929 até 2015!
Confesso que muitos dos filmes que levaram a estatueta dourada, por serem clássicos e muito antigos, não fazem muito meu estilo, e alguns nunca ouvi falar, mas admito ter tido uma grata surpresa ao reconhecer alguns nomes e relembrar de vários filmes que já assisti em algum momento e adorei, tanto pelo roteiro quanto pela atuação dos atores. A vontade é de fazer uma maratona com um balde de pipoca para rever todos aqueles filmes memoráveis que se tornaram favoritos, como A Lista de Schindler, de 1994; Forrest Gump, de 1995; Coração Valente, de 1996; dentre outros.

Mas, assim como o livro anterior, acredito que o livro tem o ponto fraco de dispôr de muito pouco espaço para fazer anotações de todos os filmes, principalmente pelo fato de que filmes são mais acessíveis e as pessoas costumam assistir muito mais filmes do que ler livros. Quem é um verdadeiro cinéfilo já assistiu milhares de filmes, acompanha o trabalho de centenas de atores e não haveria espaço para todos os registros, logo considerei a proposta do livro algo voltado para a descontração e registro dos filmes que realmente marcaram, ou como lembrete do que queremos assistir futuramente,  não como um catálogo propriamente dito.

Com relação ao projeto gráfico, este segue o mesmo padrão do livro anterior, cheio de detalhes em tons de roxo e lilás. A capa é dura (mas não tanto quanto a do primeiro livro) e com um efeito áspero que lembra uma lixa e as páginas são brancas.


Pra todos aqueles que curtem cinema e querem registrar um pouco desse hábito, o Livro de Marcar Filmes com certeza será de grande ajuda, tanto pela ideia da organização, quanto pela diversão que a interação proporciona.

P.S.: Quero um Livro de Marcar Séries. ♥


Aprendendo a Seduzir - Patricia Cabot

18 de abril de 2016

Título: Aprendendo a Seduzir
Autora: Patricia Cabot
Editora: Essência/Planeta
Gênero: Romance de época
Ano: 2016 (2ª edição)
Páginas: 368
Nota: ★★★★☆
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: O que qualquer mulher faria se flagrasse o noivo aos beijos com outra mulher? Cancelaria o casamento e nunca mais colocaria os olhos no desalmado traidor. Certo? Não lady Caroline Linford.
Apaixonada pelo belo e galante marquês de Winchilsea, ela não se dá por vencida e resolve ir em frente com o casamento. Afinal, lady Linford ama seu prometido.
Com o intuito de se tornar o único objeto do desejo de seu noivo, ela convoca o renomado Braden Granville, mestre na arte da sedução, para, com ele, aprender a ser a melhor amante que Winchilsea pode vir a ter.
Porém, a aluna se torna tão aplicada que arrancará mais que elogios de seu professor...
Resenha: Aprendendo a Seduzir, escrito por Patricia Cabot (pseudônimo utilizado por Meg Cabot para escrever histórias voltadas ao público mais adulto) já havia sido lançado em 2011 pelo selo Essência da Editora Planeta e, agora em 2016, foi relançado sob novo projeto gráfico.

A história se passa no ano de 1870, em Londres, e somos apresentados a Lady Caroline Linford, uma jovem donzela cuja família se tornou respeitável e reconhecida após seu genial pai receber o título de conde por uma invenção totalmente revolucionária: o encanamento com água quente que fora instalado no banheiro do palácio real!
Caroline é recatada, inteligente, dona de um bom dote, e foi prometida ao Lord Hurst Slater, o marquês de Winchilsea, um homem respeitado que "salvou" o irmão dela após ter sido atacado por um malfeitor e largado a míngua. Em dívida com o marquês, o casamento arranjado, comum à época, era a melhor forma de demonstrar a gratidão eterna da família para com o cavalheiro e Caroline estava muito feliz por estar prestes a realizar seu sonho de se casar e viver feliz.
Mas numa festa de gala oferecida por Dame Ashforth, uma das idosas mais endinheiradas de Londres, Caroline se esgueirou pela casa a procura de Hurst e acaba flagrando o noivo no maior agarramento com Lady Jacquelyn Seldon em um dos aposentos da mansão sem que eles percebessem, mas, em vez de fazer um escândalo e cancelar o casamento, ela mantém o que viu em segredo, se culpa pela traição que sofreu por acreditar ser inexperiente e não se dá por vencida. Ao sair as escondidas do aposento, ela se depara com Braden Grandville a procura de sua noiva, a própria Lady Jacquelyn, mas Caroline jamais poderia entregar Hurst se não quisesse se envolver num escândalo.
Braden Grandville é conhecido como Lothario de Londres, em homenagem a um personagem da literatura que ficou famoso por seduzir e enganar mulheres. Branden é um burguês e não é bem visto pelos nobres da sociedade, tanto por ter fama de conquistador, quanto por ter enriquecido as custas do próprio trabalho. Ele não herdou nenhuma fortuna do pai e ser pobre e ter crescido na periferia de Londres não foi algo que o tornou digno...
Branden procurava motivos para cancelar o noivado e se tivesse uma prova de que Jacquelyn o traiu ele poderia fazer isso sem ser processado por ela, e Caroline, após ter presenciado a traição, começa a bolas formas de aprender a ser mais audaciosa. Se ela soubesse o que fazer para seduzir Hurst, ele não ficaria interessado em mais ninguém e teria olhos apenas para ela.
E a partir desses dois propósitos, Caroline decide propor a Branden que ele lhe ensine as artimanhas do sexo já que tem tanto conhecimento sobre o assunto, e, em troca de seus serviços, ela concordaria em depôr a favor dele como testemunha da traição de Jacquelyn para que ele pudesse ficar livre desse casamento.
E a partir desta premissa, Caroline e Braden começam a ter uma relação que, na teoria, deveria ser profissional e o empenho da moça poderá superar as suas expectativas...

A narrativa do livro é feita em terceira pessoa e é bastante dinâmica e cheia de toques de muito bom humor, mas demora um pouco a engrenar já que os acontecimentos se desenrolam de forma bastante lenta. Apesar do erotismo que se faz presente em vários momentos, a forma como as coisas são descritas e encaradas pelos personagens são bastante inocentes e a leitura acaba sendo bastante leve e despretenciosa.
É engraçado acompanhar uma história que se passa em outra época onde as pessoas tinham costumes e valores totalmente diferentes dos quais estamos acostumados.
Algumas atitudes de Caroline podem ser irritantes, como se colocar em posição inferior ao noivo pilantra e até da própria amante dele, se sujeitar as ideias medievais da mãe que acredita que traição faz parte do casamento ao mesmo tempo que tem total repulsa por qualquer tipo de intimidade, e se comportar ou tomar decisões de forma impensada e ingênua na grande maioria das vezes, mas acho que tudo se refere à cultura e de como era o funcionamento da sociedade no século XIX.

Sobre a capa, apesar de bonita e chamativa, tenho minhas ressalvas. Não gosto quando o nome do autor tem mais destaque do que o título. Diferente desta, achei que a capa da primeira edição lembra e tem muito mais a ver com romance histórico sem transparecer o teor sexual da trama. Essa capa nova já mostra uma moça exibindo sensualidade e levando em consideração a história em si, sinceramente, não gostei muito da combinação. Mas fora isso, a diagramação é idêntica à primeira edição.
"Educating Caroline" é o título original da obra, e a tradução pode sugerir que o livro seja voltado ao gênero de autoajuda, mas está longe disso. Temos uma trama que condiz com os acontecimentos da época em que a história se passa, tanto pela descrição do cenário, das características dos personagens, e dos seus costumes, inclusive no que diz respeito aos casamentos arranjados que eram muito comuns, e até o da cultura do "desmaio" que Caroline tanto despreza, onde as donzelas caem desmaiadas a qualquer tipo de emoção mais forte. A forma como a autora descreve esses fatores é muito divertida e engraçada sem perder a seriedade.
Os personagens secundários também são bastante cativantes e importantes para o desenrolar dos fatos, e o destaque maior fica com Tommy, o irmão de Caroline a quem Hurst "salvou", e Emmy, sua melhor amiga que já demonstrava ser feminista de um jeito super divertido mesmo quando o termo sequer existia.

Enquanto Caroline é apresentada como a mocinha ingênua, Jacquelyn com toda aquela pompa e caráter duvidoso é encarada como sua rival, que usa de diversos artifícios, mesmo que sujos, para conseguir o que quer e de quem quer.
Já Braden tem aquela pose de durão galante, mas com o passar do tempo percebemos que ele é doce, gentil e tem um grande coração.
A paixão e o desejo são explorados com muita realidade principalmente porque os protagonistas possuem muita química, o que torna seus momentos juntos super cativantes. Fica claro, desde o início, que os dois estão envolvidos com pessoas interesseiras e nada confiáveis e a todo momento nos pegamos torcendo para que eles fiquem livres e possam encontrar a felicidade um no outro. As aulas que Caroline tem com Braden acabam sendo uma desculpa para que eles possam cair na real sobre a situação em que se encontram e com quem estão metidos.
A história num geral é super bem construída. Enquanto a leitura discorre nos pegamos refletindo acerca das formas de amor que são apresentadas, sobre aquele amor forçado proveniente de um casamento arranjado, daquele que se mistura com a paixão e é passageiro, e daquele que é construído e vai ganhado força e solidez aos poucos se tornando real e verdadeiro.

Pra quem quer ler um romance histórico adorável, envolvendo conspirações, mistérios e uma história de amor super bonita e convincente, é mais do que indicado.