Brilhantes - Marcus Sakey

26 de janeiro de 2016

Título: Brilhantes - Brilhantes #1
Autor: Marcus Sakey
Editora: Galera Record
Gênero: Thriller/Ação/Sci-fi/Distopia
Ano: 2015
Páginas: 476
Nota: ★★★★★
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: A partir de 1980, um por cento das crianças começou a apresentar sinais de inteligência avançada. Essa parcela da população, chamada de “brilhantes”, é vista com muita desconfiança pelo restante da humanidade, que teme a forma como esse dom será usado. Nick Cooper é um deles, um agente brilhante, treinado para identificar e capturar terroristas superdotados e levá-los para a custódia do governo. Seu último alvo está entre os mais perigosos que já enfrentou, um líder responsável pelo maior ataque terrorista dos últimos tempos e que pretende começar uma guerra civil. Mas para capturá-lo, Cooper precisa se infiltrar em seu mundo e ir contra a tudo o que acredita. Denominado pelo Chicago Sun-Times como o mestre do suspense moderno, Markus Sakey criou um universo ao mesmo tempo perturbador e incrivelmente semelhante ao nosso, onde um dom pode se tornar uma maldição.

Resenha: A partir da década de oitenta, 1% das crianças nascidas começaram a apresentar sinais de inteligência avançada que superavam a de um humano comum. Considerados como anormais, eles passaram a ser chamados de Brilhantes. Inicialmente eles causaram fascínio nas pessoas, mas com o passar do tempo eles começaram a ser tratados com desconfiança e se tornaram temidos entre a população que não sabia como ou com qual finalidade os seus dons poderiam ser usados.
A fim de manter o controle sobre essas crianças especiais, todas que apresentassem sinais de que eram portadoras desse dom deveriam ser testadas e, caso a anormalidade seja comprovada, elas seriam enviadas para uma academia.
Nick Cooper é um brilhante da primeira geração. O dom especial de Nick é o reconhecimento de padrões de comportamento e a partir da sua análise com relação a postura de alguém, na menor contração muscular ou na simples sutileza de um olhar, ele é capaz de "ler" as pessoas sendo possível que ele saiba o que elas vão fazer, prevendo até mesmo seus movimentos. Ele cresceu com a ideia de que deve servir seu país por ser filho de um soldado e se tornou um agente do serviço de segurança do governos dos Estados Unidos. Seu trabalho na DAR (Departamento de Análise e Reação) é caçar outros brilhantes que apresentam uma ameaça real, que usam seus dons para cometerem crimes e que sejam suspeitos ou propensos ao terrorismo.
Após o assassinato de várias pessoas em um restaurante e tendo a intenção de iniciar uma guerra civil, John Smith, um ativista cuja voz era muito respeitada entre os brilhantes, se tornou alvo de Cooper. Embora Nick ainda não tenha pistas sobre o paradeiro de John, ele não desiste de encontrá-lo. Em meio a esta busca Nick descobre que sua filha pode ser uma brilhante de primeiro escalão após a escola ter percebido algumas características nela que a tornava diferente das demais. A idade mínima para os testes para o ingresso a academia é oito anos, mas com quatro a garota seria testada pois seu comportamento já era muito evidente. Preocupado com os testes com que a garota seria submetida, Nick vai tentar livrá-la desse processo enquanto bola um plano arriscado e perigoso para tentar capturar John, mas a ameaça contra sua família vai fazer com que ele repense suas decisões sobre o lado que ele está.

Antes de mais nada, eu estranhei muito o fato desse um livro ter sido publicado pela Galera Record já que se trata de um thriller com toques de ficção científica e distopia voltado para o público adulto, a começar pelo próprio protagonista que está na casa dos trinta anos de idade, é separado da mulher e tem dois filhos pequenos. Com todo o clima de ação e revolução política presente no enredo, a relação que ele tem com os filhos ganha destaque pois ele é um pai presente e atencioso além de manter um bom relacionamento de amizade com a ex-esposa.
O livro é narrado em terceira pessoa e, embora possa lembrar um roteiro de filme (e o livro vai mesmo virar filme), o ritmo da leitura é frenético, viciante e impossível de largar. Apesar do foco maior estar em Cooper, há uma abrangência considerável sobre os acontecimentos gerais da trama. O leitor se vê envolvido nesse mundo de corrupção através de um protagonista que luta por uma causa que não pode ser considerada como justa, já que priva os outros da liberdade, e logo, por mais que ele tenha os próprios valores, muitos poderão discordar do que ele faz com relação ao seu trabalho e enxergá-lo como um vilão, ou até mesmo torcer contra ele, por mais que em certos pontos Cooper se questione sobre o que está fazendo e se está mesmo do lado certo deste confronto. No fim considerei a jornada dele algo mais emocional e pessoal e acabei torcendo por ele.

O autor criou um universo super criativo e inteligente cujo cenário é uma versão alternativa dos Estados Unidos de 2013 com algumas poucas diferenças no que diz respeito aos avanços tecnológicos e a fatos que entraram para a história mas que aqui nunca aconteceram, como o 11 de novembro, por exemplo. O desenvolvimento é dinâmico, recheado de ação e várias surpresas onde nada é o que parece ser na realidade. A tensão entre normais e brilhantes é sólida e visível e isso é passado ao leitor de uma forma muito transparente, e apesar de todo o conflito, é possível percebermos que Brilhantes é um livro que aborda a lutra contra o extremismo e contra preconceitos que estão cada dia mais presentes dentro da sociedade e um dos pontos que considerei bastante assustador é a ideia de que o governo implanta microchips que são praticamente impossíveis de serem removidos, marcando as pessoas e chegando a ser possível fazer uma comparação odiosa com a marcação dos judeus que eram obrigados a usarem a estrela de Davi a mando dos nazistas. Há também outras questões contemporâneas abordadas, mesmo que de forma curta, como o medo que as pessoas desenvolvem daquilo que eles desconhecem ou consideram diferente, a forma como lidam com o terrorismo e até atiçam as ideias daqueles que gostam de teorias da conspiração.

A capa é super caprichada com os detalhes do mapa em alto relevo e chama bastante atenção mesmo que a primeira vista seja simples. As páginas são amarelas e a fonte tem um tamanho agradável. A diagramaçao é simples e não encontrei erros na revisão.

Brilhantes é um livro envolvente cuja trama é crível e que faz o leitor refletir acerca das questões sociais, principalmente se levarmos em consideração que o que encontramos no enredo poderia ser facilmente vivido nos dias de hoje se a situação fosse a mesma. Todos os detalhes foram bem pensados e por ser um thriller tão inteligente e que aborda questões atuais em meio a ficção de forma tão crua, se tornou um dos melhores livros que ja li. Só posso dizer que estou ansiosa pela continuação, e mesmo que o final dê a impressão de que a jornada de Cooper tenha sido concluída, sabemos que na verdade ela está apenas começando...


Estrelas Perdidas - Claudia Gray

25 de janeiro de 2016

Título: Estrelas Perdidas
Autora: Claudia Gray
Editora: Seguinte
Gênero: Sci-fi/YA
Ano: 2015
Páginas: 446
Nota: ★★★★★
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Ciena Ree e Thane Kyrell se conheceram na infância e cresceram com o mesmo sonho: pilotar as naves do Império, cujo poder sobre a galáxia aumentava a cada dia. Durante a adolescência, sua amizade aos poucos se transforma em algo mais, porém suas diferenças políticas afastam seus caminhos: Thane se junta à Aliança Rebelde e Ciena permanece leal ao imperador. Agora em lados opostos da guerra, será que eles vão conseguir ficar juntos?
Através dos pontos de vista de Ciena e Thane, você acompanhará os principais acontecimentos desde o surgimento da Rebelião até a queda do Império - como as Batalhas de Yavin, Hoth e Endor - de um jeito absolutamente original e envolvente. O livro relata, ainda, eventos inéditos que se passam depois do episódio VI, O retorno de Jedi, e traz pistas sobre o episódio VII, O despertar da Força!

Resenha: Estrelas Perdidas, escrito pela autora Claudia Gray, traz uma história paralela à saga Star Wars. O leitor irá acompanhar alguns acontecimentos que se passam depois de O Retorno de Jedi (episódio VI) fazendo do livro um prelúdio de O Despetar da Força (episódio VII).
"Há muito tempo, numa galáxia muito, muito distante...

Oito anos após a queda da Velha República, o Império Galáctico agora reina sobre a galáxia conhecida. A oposição ao Impédio foi praticamente toda silenciada. Apenas uns poucos líderes corajosos como Bail Organa, de Alderaan, ainda ousam se opor abertamente ao imperador Palpatine.

Após anos de resistência, os vários mundos na fronteira da Orla Exterior se renderam. A cada planeta conquistado, o poder do Império fica ainda maior.

O último planeta a cair nas garras do imperador foi o montanhoso e isolado Jelucan, cujos cidadãos torcem por um futuro mais próspero enquanto a frota estelas do Império se aproxima..."
- Pág. 7

Ciena Ree e Thane Kyrell são habitantes do planeta Jelucan. Apesar de viverem em realidades diferentes, eles se tornam grandes amigos e compartilham do mesmo sonho: se tornarem pilotos das academias imperiais. Após vários anos de treinamento os dois ingressam à Curuscant, a academia mais renomada do Império, e o que era amizade começa a se transformar em algo mais sólido.

Ciena é designada a pilotar O Devastador, e Thane vai para uma frota que mais tarde foi chamada de Estrela da Morte, a mesma destruída pela Rebelião que atingiu Alderaan fazendo com que o planeta inteiro explodisse (quem lembra?), mas eles acabam se afastando ainda mais devido às suas diferenças políticas.

Enquanto Ciena permanece leal ao Imperador e a Darth Vader e se recusa a quebrar o juramento de lealdade que fez, Thane se une à Aliança Rebelde mas continua lutando por ela, mesmo que ela tenha se tornado sua "inimiga". Agora, em lados opostos, resta saber se o sentimento que os uniu será maior do que a guerra.

Apesar do toque de romance jovem adulto inserido na trama em que a relação entre Ciena e Thane é muito bem trabalhada, Estrelas Perdidas é um livro que aborda o universo de Star Wars com bastante fidelidade e maestria.

A escrita da autora é bem fácil e consegue introduzir qualquer leitor ao universo sem que fique perdido em meio ao enredo. O livro é narrado em terceira pessoa, então o ponto de vista engloba de forma geral os personagens e a situação em que se encontram sem que fiquemos presos a pensamentos particulares ou sensações, mas o aprofundamento na descrição das suas personalidades e dos valores que cultivam é o grande responsável por mostrar ao leitor o quanto eles foram bem construidos e cativantes, até mesmo pela ideia de que se deixarem seus sentmentos transparecerem, a amizade poderia ser prejudicada e até mesmo perdida. Existe amor entre eles, não é como negar, mas eles estão cientes de que há coisas muito mais sérias acontecendo no universo para que eles se deixem levar o que mostra que o foco principal não é o romance propriamente dito, mas o quão conturbado e difícil pode ser um relacionamento quando os envolvidos defendem causas distintas e são leais a elas a própria maneira, e como isso pode ser doloroso.

O livro levanta outras questões através da situação em que os personagens se encontram, como a honra, as boas ou más intenções alheias, a corrupção e as intrigas políticas e até mesmo o ceticismo.

Um ponto genial e super adequado foi que a autora mesclou alguns eventos de forma que os personagens tenham participações "diretas" em algumas cenas da saga e ainda dá espaço para que personagens como a própria Princesa Leia tenham suas aparições, logo o livro acaba sendo um complemento praticamente essencial para aqueles que são fãs de Star Wars e não deixam escapar detalhes, porém com um diferencial de que este parece estar ligado a acontecimentos já conhecidos, e que trazem boas recordações pois ele oferece uma nova visão sobre a guerra entre a Aliança Rebelde e o Império através de Ciena e Thane, sendo possível ver um pouco mais de sua abrangência.

Até aqueles que nunca assistiram ou leram nada sobre a saga podem começar por este livro, nem que seja a título de curiosidade.

O trabalho gráfico é ótimo, a capa é aveludada com detalhes em verniz e alto relevo no título. As páginas são amarelas, a fonte tem um tamanho e espaçamento agradáveis e não há erros na revisão. Há um marcador que pode ser recortado na contracapa do livro e para aqueles que colecionam ou gostam de marcar as páginas com o marcador combinando é um super presente!

Pra quem procura pelo livro apenas para obter pistas sobre o novo filme, pare. Encare o livro como um complemento dessa saga fantástica e viciante que faz com que o leitor se sinta na pele dos personagens e torça por cada um deles com muita paixão. Super recomendo!

Guerra Civil - Stuart Moore

24 de janeiro de 2016

Título: Guerra Civil - Marvel #2
Autor: Stuart Moore
Editora: Novo Século
Gênero: Juvenil/Ficção
Ano: 2015
Páginas: 398
Nota: ★★★★★
Onde comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: A épica história que provoca a separação do Universo Marvel! Homem de Ferro e Capitão América: dois membros essenciais para os Vingadores, a maior equipe de super-heróis do mundo. Quando uma trágica batalha deixa um buraco na cidade de Stamford, matando centenas de pessoas, o governo americano exige que todos os super-heróis revelem sua identidade e registrem seus poderes. Para Tony Stark o Homem de Ferro é um passo lamentável, porém necessário, o que o leva a apoiar a lei. Para o Capitão América, é uma intolerável agressão à liberdade cívica. Assim começa a Guerra Civil. 

Resenha: Guerra Civil, o livro, é uma adaptação escrita por Stuart Moore da HQ de Mark Millar e Steve McNiven, que traz uma das maiores e mais famosas histórias que separou os notáveis super heróis do universo Marvel através de um dos maiores confrontos já vistos até então.

Tudo começa quando os Novos Guerreiros, um grupo composto por heróis adolescentes e inexperientes, decidem estrelar um reality show onde mostravam o seu dia-a-dia de combate ao crime. A ideia era terem uma chance de transformar o time fracassado de terceiro escalão em estrelas, mas as coisas não estavam indo conforme o planejado... Até que em Stamford, em um dia aparentemente comum de gravações, eles descobrem o paradeiro de quatro vilões que fugiram da prisão estadual da Ilha Rykers três meses atras. Liderados por Speedball e seguidos pela equipe de filmagens, eles tentar capturar os vilões em plena luz do dia, no meio de um bairro típico onde os moradores e todas aquelas crianças jamais imaginariam o que estava por vir... Nitro, um dos vilões foragidos, ao se ver encurralado, se transformou numa enorme bola de fogo que espalhou terríveis ondas de choque ao seu redor, causando uma explosão cuja devastação não deixou precendentes...

"Oitocentos e cinquenta e nove moradores de Stamford, Connecticut, morreram naquele dia. Mas Robbie Baldwin, o jovem herói chamado Speedball, não chegou a saber disso. O corpo de Robbie ferveu até evaporar, e enquanto a energia cinética dentro dele explodia pela última vez no vazio, seu último pensamento foi:
Pelo menos, não terei que ficar velho."
- Pág. 17

Devido a tragédia de Stamford, as pessoas não se sentiam mais seguras diante de mascarados que usavam seus poderes mas deixavam rastros de destruição e mortes de inocentes. Há revolta e indignação após o ocorrido, e é iniciada uma grande comoção pública contra a prática irresponsável e desenfreada do "heroísmo". Logo, o senado dos Estados Unidos decide implementar a Lei do Registro de Super-Humanos, a LRS, que dita que todo super-herói deve se dirigir a um posto do governo para, além de se registrar, revelar sua identidade. A partir daí, eles seriam devidamente registrados no seguro social e passariam a trabalhar para o governo na proteção dos civis, tendo direito a benefícios e até mesmo salário.
Eis que Tony Stark, o Homem de Ferro, (que inclusive, há tempos, já revelou sua verdadeira identidade para o mundo sem a menor preocupação) apoia a estratégia do governo e acredita que o melhor a fazer é recrutar e convencer o maior número de super-humanos que conseguir a aderir ao plano, começando por todos aqueles que integram os Vingadores, mas, em contrapartida, a ideia de super-heróis revelarem suas identidades não é tolerável para o Capitão América, pois, dessa forma, além de serem privados da liberdade cívica, eles estariam expondo a si mesmos e as pessoas próximas a eles tornando todos vulneráveis ao perigo.
A partir dessa divergência de ideias e interesses, e após um grande desentendimento que causa uma baixa de alguém importante, o universo dos super-heróis é dividido entre os que apoiam e os que são contra a LRS, e os dilemas que eles irão enfrentar são colocados a prova quando a liberdade do povo e o dever para com a pátria são colocados frente a frente.

Narrado em terceira pessoa numa escrita ágil, fluída e super empolgante, Guerra Civil é um livro que traz uma história política e ideológica dentro do universo dos super-heróis tão conhecidos e queridos pelos fãs dos quadrinhos.
Não é necessário ter conhecimento prévio com relação aos quadrinhos para ler e entender o que se passa, pois o autor introduz tudo de forma gradual e sutil para que até os leigos não fiquem perdidos. Talvez o excesso de personagens possam confundir alguns leitores, pois muitos não são tão conhecidos quanto os demais, mas Wolverine e os X-Men, Homem Aranha, Homem Formiga, Demolidor, Quarteto Fantástico, Thor, Hulk, Viúva Negra, Miss Marvel, Justiceiro são alguns dos nomes citados e/ou que compõem os eventos que se desenrolam em Guerra Civil e todos são aprofundados na medida certa para os conhecermos bem e entendermos suas escolhas.
Homem Aranha/Peter Parker tem grande destaque, pois, inicialmente, ao decidir ficar do lado do Homem de Ferro e aceitar o convite para ser integrante dos Vingadores, suas escolhas lhe trazem consequências que transformam sua vida de cabeça para baixo e ele acaba ficando com a lealdade dividida entre Tony e Capitão. Por tudo que ele passa a enfrentar desde então, Peter pode ter sido um dos mais prejudicados nessa história...
Durante a leitura tentamos entender o que motiva cada um dos líderes dos dois grupos que se formam pois os personagens ganham bastante profundidade ao terem as intenções reveladas, assim como as consequências de suas escolhas, então não é possível acreditar que nem Homem de Ferro e nem Capitão América fiquem com o papel de "vilão", pois eles estão tentando defender o que acreditam ser o melhor no momento para preservar o bem estar de todos, mas até onde é possível ir para garantir a integridade das pessoas que só querem levar suas vidas de forma normal?

"Sue se deu conta do que aquilo se tornara: uma batalha irreconciliável entre Homem de Ferro e Capitão América, cada um deles absolutamente convencido de que sua causa era justa. Nada podia detê-los, nem deuses, nem vilões, nem mesmo seus amigos heróis. Essa batalha continuaria até que um dos dois estivesse morto."
- Pág. 170

O projeto gráfico do livro é ótimo. A ilustração da capa é característica e a diagramação é bastante caprichada. A parte interna da capa também tem ilustrações de conflitos e destruições que já dão uma prévia ao leitor do que será encontrado. As páginas são amarelas, as destinadas a numerar os capítulos são pretas para diferenciar das demais e sempre nos deparamos com os símbolos dos personagens principais. Encontrei alguns erros de revisão, mas nada que tenha prejudicado minha empolgação com a leitura.

Mesmo sendo fã, não vou considerar os quadrinhos. Não costumo fazer resenhas comparativas já que prefiro me limitar somente a opinião da leitura em questão. O livro é uma ótima adaptação que contém partes fiéis e outras com alterações, algumas inclusive foram bem superiores ao original ao meu ver, mas posso dizer que a Guerra Civil, de forma geral, é um livro empolgante, que coloca o leitor a par da situação fazendo com que ele tenha um lado para o qual torcer (sempre fui #TeamTonyStark, obrigada XD), e foi responsável por mudanças relevantes e consequências irreversíveis na vida dos super-heróis, levantando questões que nos fazem refletir sobre opressão, direitos e liberdade, além de tocar no ponto crucial da amizade entre dois grandes amigos que, por divergência de opiniões, pode ter as estruturas abaladas para sempre.
Para aqueles que gostam do gênero e querem entender o quê, de fato, aconteceu com mais profundidade, é leitura obrigatória.



Schulz & Peanuts - David Michaelis

23 de janeiro de 2016

Título: Schulz & Peanuts - A biografia do criador do Snoopy
Autor: David Michaelis
Editora: Seoman
Gênero: Biografia
Ano: 2015
Páginas: 592
Nota: ★★★★★
Onde Comprar: Saraiva | Submarino
Sinopse: Charles M. Schulz, o cartunista mais publicado e amado de todos os tempos, é também uma das figuras menos compreendidas da cultura americana. Agora, o aclamado biógrafo David Michaelis nos dá a primeira biografia completa desse artista complexo, generoso, humilde, mas fervorosamente sério, apresentando um homem tão digno de admiração quanto francamente humano. Baseado em anos de pesquisas, incluindo entrevistas exclusivas com os familiares, amigos e colegas de Schulz, acesso aos arquivos do estúdio do cartunista e cartas pessoais e desenhos até então desconhecidos, 'Schulz & Peanuts' é a biografia épica definitiva de um ícone americano e dos inesquecíveis personagens que criou.

Resenha: Schulz & Peanuts começou a ser escrito por David Michaelis alguns meses depois da morte de Charles M. Schulz, em 2000. A biografia foi originalmente publicada em 2007 nos Estados Unidos mas somente em 2015 foi lançada no Brasil pelo selo Seoman, do Grupo Editorial Pensamento.
Charlie Brown, Snoopy, Woodstock e todo o resto da turma dos Peanuts (ou A Turma do Charlie Brown, como ficou conhecido no Brasil), falam uma língua universal sendo um dos quadrinhos mais populares e notáveis do mundo. Todo mundo gosta, e se alguém ainda não conhece, basta um único contato para passar a admirar, é fato. Esta biografia de Charles M. Schulz, o criador desses personagens únicos e tão amados no mundo todo, revela suas influências pessoais desde sua infância, a época utilizada para servir de inspiração ao criar suas tirinhas, até quando perdeu a luta contra o câncer e morreu pouco antes de sua última tirinha ser publicada.


Schulz (ou Sparky, como era chamado), era um jovem tímido, reservado e bastante humilde. Ele carregava em torno de si um ar de mistério quando se tratava das outras pessoas, mas colocou no papel suas inseguranças, suas alegrias e seus sonhos, e todos os acontecimentos marcantes de sua vida, assim como pessoas que fizeram parte dela, serviram de exemplo para criar suas histórias.
Além do livro ser biográfico, o autor, após tanta pesquisa sobre a vida de Schulz, também faz sua próprias críticas sobre a vida desse homem que se tornou um verdadeiro ícone. A ideia de usar algumas tirinhas para evidenciar e realçar os acontecimentos da vida do cartunista, onde ele expressava sentimentos e pensamentos próprios a fim de canalizá-los nos quadrinhos, faz do livro uma obra bastante intrigante e até mesmo revolucionária.
O livro é dividido em seis partes com momentos que se iniciam na infância do artista, bem como o ambiente social no qual ele cresceu, a morte da mãe, a ausência do pai devido ao trabalho, o cachorro que era o mascote da família e afins, e talvez devido aos vários anos de pesquisa para que esta biografia fosse escrita e finalizada, é possível perceber que, por tantos detalhes, a leitura se torna bastante carregada e exaustiva em algumas partes, mas ainda assim muito rica em detalhes e bastante reveladora.


Acredito que a análise do autor acerca de cada personagem foi um dos melhores pontos da obra pois é possível perceber que o desenho, apesar de gracioso e cômico, tem uma enorme carga de melancolia embutida em expressões e diálogos, e tal aspecto pessimista, e até bastante depressivo, ilustra fatores que podem ser compreendidos ao sabermos sobre a vida de seu criador. Depois de tudo o que viu e viveu, é possível enxergarmos que Schulz era um homem complexo, com feridas profundas o bastante para não serem totalmente apagadas e nem omitidas de suas criações.
Embora Schulz tenha sido um pouco apagado como sujeito biográfico, Michaelis fez um trabalho respeitoso e de excelência ao capturar as fases da vida dele, assim como as motivações que o impulsionaram em sua trajetória.
"Minha aparência comum foi um disfarce perfeito." - Charles M. Schulz
- Pag. 65



O projeto gráfico do livro é muito caprichado. A casinha do próprio Snoopy, que na capa ainda tem detalhes em alto relevo, dá todo um significado à obra. As páginas são amarelas e a diagramação é super caprichada pois, além de tirinhas e ilustrações de Peanuts, há também fotografias pessoais de Schulz num papel diferenciado com uma textura mais lisa que lembra aqueles encontrados em revistas.

Talvez não seja incorreto afirmar que a biografia escrita por David Michaelis não tenha sido a primeira sobre a vida de Schulz, pois ele próprio afirmava que para conhecê-lo bem, bastava que suas tirinhas fossem lidas... E ao analisar o comportamento de seus personagens tão peculiares, é possível enxergar um pouco do cartunista em cada um deles, sem sombra de dúvidas...