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Na Telinha - Encanto

26 de dezembro de 2021

Título
: Encanto (Encanto)
Elenco: Stephanie Beatriz, John Leguizamo, María Cecilia Botero, Diane Guerrero, Angie Cepeda, Jessica Darrow, Ravi-Cabot Convers
Gênero: Animação/Fantasia/Musical
Ano: 2021
Duração: 1h 43min
Classificação: Livre
Nota★★★★★
Sinopse: Encanto é a nova animação da Disney situada na Colômbia, sobre a extraordinária família Madrigal, que vive escondida em uma região montanhosa isolada, conhecido como Encanto. A magia da região abençoou todos os meninos e meninas membros da família com poderes mágicos, desde superforça até o dom da cura. Mirabel é a única que não tem um dom mágico. Mas, quando descobre que a magia que cerca o Encanto está em perigo, ela decide que pode ser a última esperança de sua família excepcional.

Por volta de 50 anos atrás, o casal Alma e Pedro Madrigal, junto com seus trigêmeos, precisaram abandonar o vilarejo onde viviam devido a alguns ataques que colocavam a vida de todos em risco. Eles precisavam encontrar um lugar seguro pra recomerçar a vida, e várias pessoas os seguiram em busca da mesma coisa. No caminho, numa tentativa de proteger as pessoas dos invasores, Pedro ficou pra trás e acabou sendo morto, e Alma, com seu espírito de proteção materno, viu com os próprios olhos a vela que carregava ganhar poderes mágicos, afastar os inimigos e construir uma enorme proteção em volta do vale para que ela, os filhos e as demais pessoas ficassem seguras. A chama da vela mágica não se apagaria mais, Alma, que mais tarde ficaria conhecida como Abuela, a protegeria assim como protegeria os filhos, e a casa (ou casita) dos Madrigal, que foi construída com o poder mágico da vela, ganhou vida, vai aumentando e se adaptando a cada membro da família que recebe seu poder, e se tornou uma referência na vila que ganhou o nome de Encanto.



Quando os três filhos de Alma se tornaram crianças, eles receberam um dom, e a família Madrigal começou a usar esses poderes pra ajudar os moradores do vilarejo e todos viverem felizes e em harmonia. Julieta tinha o poder de curar as pessoas com a comida que ela preparava com muito amor, Pepa era capaz de controlar o tempo de acordo com suas emoções, e Bruno tinha o dom da visão, ele enxergava o futuro. O tempo passou, Julieta e Pepa se casaram e tiveram filhos, que quando crianças também receberam seus dons. O poder de Bruno não agradava as pessoas pois ninguém queria ouvir sobre as coisas ruins que iriam acontecer, e por medo de suas previsões catastróficas serem prejudiciais, ele acabou desaparecendo da família e ninguém nunca mais ousou falar sobre ele.


Pepa e seu marido Félix tiveram três filhos: Dolores, que consegue ouvir qualquer coisa independente da distância, então sabe tudo da vida de todo mundo; Camilo, que consegue mudar de forma e se transformar em quem quiser; e o pequeno Antonio, que ama animais e está prestes a passar pela cerimônia para receber seu dom.
Julieta e Augustin tiveram três filhas: A encantadora e irresistível Isabela, que além de conjurar flores e as fazer desabrocharem, tem sucesso em tudo que faz; Luisa, que ganhou o dom da superforça e faz todo e qualquer trabalho pesado em casa e na vila; e Mirabel que para a surpresa/desgosto de Abuela, foi a única da família que não foi agraciada com o dom magia.



Como Mirabel, agora com seus quinze anos, não tem poderes, ela não se sente especial seja na família ou na comunidade, principalmente por ser bem desastrada, e passa seus dias tendo que lidar com o que pra ela, e pra Abuela, parece ser um problema. Como ela é adolescente, as coisas tomam uma proporção ainda maiores do que deviam... E partindo dessa premissa, vamos acompanhando toda a animação dos Madrigal nos preparativos da cerimônia de Antonio, até Mirabel começar a ver a casita se enchendo de rachaduras e a vela mágica em perigo, com sua chama brilhante prestes a se apagar. Ao tentar avisar à família, ela é repreendida, mas Mirabel está decidida a ignorar os avisos e descobrir porque viu isso acontecer, e porque os poderes de sua família parecem estar tão fragilizados.



Ambientado na Colômbia, Encanto é realmente um encanto de se ver. É tudo muito colorido e cheio de vida, tudo muito mágico e de encher os olhos. A trilha sonora é bem divertida e acaba servindo pra contar as partes da história que o público precisa saber pra entender alguma particularidade, conexão ou característica dos personagens, mas que não aparece em forma de acontecimento. O único problema é que algumas delas soam um pouco confusas devido a enorme quantidade de informações, e a primeira música que explica a árvore genealógica da família, por exemplo, só ficou clara pra mim quando fui assistir a animação pela segunda vez, depois de já saber quem é quem. Também não teve nenhuma música que entrou na cabeça a ponto de me fazer sair cantando por aí, como foi com Frozen ou Moana. Não que isso seja um problema, mas quando a gente ouve falar em Disney e animações musicais, a gente logo imagina e espera mais um "hit".

Sobre os personagens, eu fico cada vez mais impressionada de ver como a Disney vem se superando em apresentar pessoas reais do tipo "gente como a gente", com dilemas relevantes que causam uma reflexão super importante, independente da idade de quem esteja assistindo. Essa coisa de que numa história é preciso ter um relacionamento amoroso pra se ter um feliz para sempre, ou um vilão caricato pra acabar com os planos dos personagens está ficando cada vez mais deixada de lado, ainda bem.

Através de Mirabel, percebemos como temos o hábito de nos compararmos aos outros em relação a habilidades e propósitos, de como às vezes nos sentirmos inferiores frente a pessoas que tem algum talento ou sucesso, e como demoramos a entender que todos temos nossas qualidades, e elas são tão importantes quanto a de qualquer outro. A busca pela identidade, pelo amor próprio, e pelo sentimento de pertencimento é uma busca de todos que precisam dar valor a quem são, e como são.



Isabela e Luisa são personagens super interessantes e opostas uma da outra. Isabela, a irmã mais velha, representa a delicadeza e graciosidade, inicialmente demonstrando ser aquele arquétipo de clássica princesa Disney com direito a cabelo esvoaçante em câmera lenta e tudo, mas que tem camadas que vão sendo exploradas ao longo da história que mostram que ela está longe de ser assim. Luisa, a irmã do meio, representa a força e a resistência, aquela de quem todos esperam ajuda e socorro por se mostrar alguém inabalável, mas que no fundo se apavora com a ideia de falhar ou de não conseguir ajudar alguém. Independente disso, elas mostram como as mulheres ainda sofrem uma grande pressão na sociedade para corresponderem às expectativas e agradar os outros enquanto, por dentro, se frustram ou vivem infelizes, até enxergarem que não precisam se preocupar com os outros podendo ser livres pra serem quem quiserem ser, além de poderem tomar as próprias decisões.



Não posso deixar de falar sobre as personalidades dos demais membros da família e como eles podem representar qualquer parente nosso (isso se um deles não representa a nós mesmos). Julieta é a mãe preocupada, carinhosa, que quer manter todos felizes e de barriga cheia. Pepa é um tanto dramática, uma hora está feliz, outra hora está full pistola, fica andando pra lá e pra cá totalmente descontrolada e suas emoções vão de 0 a 100 em questão de segundos. Félix é o típico tiozão que só quer saber de diversão, dança e comilança. Dolores é a prima fofoqueira que sabe da vida de todo mundo, e por aí vai...



Abuela Alma também é uma personagem muito importante para o desenvolvimento e desfecho da história, pois ela, como a grande matriarca e base da família, representa a estrutura, estrutura esta que acabou se estendendo à própria casa por causa da magia. Desentendimentos, falta de compreensão, falta de diálogo e qualquer outra situação negativa em família que acabe colocando em risco a integridade dessa estrutura só vai machucar as pessoas e desencadear mais e mais problemas, e tudo começa quando a família rejeita as visões do futuro trágicas de Bruno sem sequer considerar ver o outro lado, como se quisessem varrer os problemas pra debaixo do tapete com a ideia de que se não podem ver é porque não existe, e se não existe, tá tudo bem. Nem se deram ao trabalho de irem procurá-lo quando ele sumiu. Depois vem Mirabel, que por não ter poderes não é a pessoa que esperavam que fosse a ponto dela se sentir culpada e até excluída por isso. Quantas famílias por aí vivem um inferno por falta de comunicação, pelo excesso de controle e zero abertura para tentar resolver as coisas com diálogo? Talvez a gente possa considerar essa questão como o "vilão" da situação toda.



Encanto é sobre isso, é sobre lidar com nossas falhas, pois ninguém é perfeito. É sobre aprender que uma coisa não pode anular a outra e que é preciso equilíbrio. É um espaço familiar, seguro e acolhedor, mas ao mesmo tempo cheio de pressão, intolerância e assuntos mal resolvidos, afinal, não é preciso ter poderes mágicos pra fazer a diferença. Uma boa conversa e atitudes positivas podem ser capazes de reparar as piores rachaduras...

Na Telinha - Frozen II: O Reino do Gelo

18 de janeiro de 2020

Título: Frozen II: O Reino do Gelo (Frozen II)
Elenco: Kristen Bell, Idina Menzel, Josh Gad, Jonathan Groff
Gênero: Fantasia/Animação/Musical
Ano: 2019
Duração: 1h 44min
Classificação: Livre
Nota:★★★★☆
Sinopse: De volta à infância de Elsa e Anna, as duas garotas descobrem uma história do pai, quando ainda era príncipe de Arendelle. Ele conta às meninas a história de uma visita à floresta dos elementos, onde um acontecimento inesperado teria provocado a separação dos habitantes da cidade com os quatro elementos fundamentais: ar, fogo, terra e água. Esta revelação ajudará Elsa a compreender a origem de seus poderes.

As coisas em Arendelle parecem estar caminhando bem depois de Elsa ter voltado do Castelo de Gelo e revertido o inverno eterno. Elsa se tornou uma rainha justa e amada por todos, e Anna engatou um namoro fofo com Kristoff. Mas, depois de Elsa ouvir um misterioso chamado (que só ela escuta), ela e a irmã, em companhia de Kristoff, Sven e Olaf, vão embarcar numa jornada em busca de respostas sobre o passado do reino para impedir a destruição de Arendelle.


Como qualquer sequência, esperamos que ela acrescente pontos à história que façam alguma diferença e responda perguntas que ficaram sem respostas, e Frozen 2 cumpriu isso em partes. A animação se passa seis anos após a morte do Rei Agnarr e da Rainha Iduna (o que na cronologia deve corresponder por volta de uns 3 anos desde que Elsa foi coroada como Rainha de Arendelle), e tem uma pegada mais adulta, talvez pelos personagens terem tido experiências que os moldaram e os tornaram mais maduros, o que é bastante abordado inclusive, e a trama transita entre presente, flashbacks e momentos que surgem através de esculturas de gelo afim de contar a história e trazer maiores informações acerca das lendas locais e dos laços familiares entre os personagens..


Tudo começa quando Elsa e Anna ainda são crianças e o pai delas, o Rei Agnarr, conta a história de uma floresta encantada regida por espíritos que representam os quatro elementos, terra, fogo, ar e água, onde vivia o povo Northuldra, ou o Povo do Sol. Os Northuldra eram amigáveis e viviam em sintonia com a natureza, até que um terrível conflito entre eles o Rei Runeard, o pai de Agnarr, causou a ira dos espíritos e a floresta foi tomada por uma densa névoa que impede qualquer um de sair ou entrar nela. Trinta e quatro anos se passaram desde então, e a floresta continua sob a maldição da névoa, prendendo todos dentro de seus limites. Agora, após o chamado, Elsa e Anna partem para a floresta e além, numa tentativa de descobrir a verdade sobre o que causou o conflito, dissipar a névoa, libertar o povo e salvar o reino de Arendelle de uma grande ameaça.


Elsa e Anna continuam com a forte ligação entre irmãs que sempre as manteve unidas, mesmo que estivessem distantes, mas o amadurecimento de ambas, que é bastante destacado na trama, faz com que elas entendam melhor o que esse relacionamento fraternal significa, mesmo que pareçam depender uma da outra. Uma sempre vai estar lá pela outra, independente dos obstáculos que precisem enfrentar. Porém, apesar disso, Anna continua meio inconsequente, sempre agindo por impulso de acordo com o que ela pensa, fazendo suposições apressadas, talvez com intenção de fazer o espectador rir, mas não funciona muito bem. Em alguns momentos isso rende algumas cenas de tensão, outras de bom humor, mas num geral, ela não está tão diferente do que vimos no primeiro longa.


O alívio cômico da animação continua sendo Olaf, que embora não tenha ganhado o devido espaço que merece, também aparece mais maduro, reflexivo, fazendo questionamentos existenciais sobre ele mesmo, assim como sobre os sentimentos que o invadem. Ele continua engraçado e fofo, e é impossível não gostar desse boneco de neve falante.


Não curti muito o desenvolvimento de Kristoff. O jovem está tão preocupado em ficar junto de Anna pra sempre, que o que parece é que ele se coloca abaixo dela, criando uma dependência emocional meio doentia. Suas tentativas fracassadas de pedi-la em casamento só me fizeram revirar os olhos. Sven consegue ser muito mais cativante que ele.

Tanto se falou em novos personagens, mas os mesmos não foram muito aprofundados. O que parece é que foram apresentados dando a entender que fariam alguma coisa importante, mas acabaram ficando esquecidos e levantaram mais perguntas do que qualquer outra coisa. Um deles inclusive é uma versão idêntica do próprio Kristoff. A salamandra super fofa que conquistou geral nos trailers só tem a função de ser fofa e nada mais. Outra coisa é que fiquei me perguntando como diabos o exército de Arandelle, que ficou preso na floresta depois da batalha, passou mais de trinta anos usando a mesma roupa (???) quando as protagonistas aparecem com um look diferente, um mais lindo e esvoaçante do que o outro, a cada minuto. Pra mim foi impossível não ficar com aquela sensação de frustração por ter criado expectativas sobre as novidades.


Elsa continua forte e corajosa, mas parece que ainda está num processo de autoconhecimento. Por tudo o que acontece, ela continua em busca de uma liberdade que ela não pode ter devido as responsabilidades que precisa cumprir. A ideia dela seguir adiante em busca de respostas, preocupada em proteger Anna do perigo e salvar a todos, mostra o quanto ela coloca os outros em primeiro lugar em sua vida, mas também mostra que ela tem uma necessidade de ser livre.


Sobre a parte musical, com exceção de Into the Unknown, achei que as músicas não foram tão marcantes como Let it go e afins, e embora apareçam do nada e de forma muito excessiva, o que pode tornar a experiência com a animação um tanto cansativa, elas possuem letras que realmente tem algo a dizer, que contam algo importante para a história, logo é válido prestar atenção para um maior entendimento da trama e das lendas que a cercam. O visual e o cenário, como sempre, dispensam comentários. Dessa vez, em vez de focar exclusivamente em tons de azul e branco do gelo, os tons mais usados são laranja e rosa, evidenciando a floresta encantada e lembrando muito o outono. É um cenário deslumbrante e de encher os olhos.


Li em algum lugar que o longa teria vários minutos a mais, mas que pra não ficar muito extenso, várias cenas foram cortadas. Acho que isso explica o motivo dos personagens aparecerem em certos locais do nada sem que pudéssemos acompanhar como e porquê chegaram lá.
No mais, embora não tenha achado melhor do que o primeiro, achei que Frozen 2 foi uma boa sequência. Não respondeu todas as perguntas, levantou algumas outras mais, mas no geral, é animação mais do que obrigatória pra qualquer fã da Disney. As irmãs continuam empoderadas, não se deixam intimidar e nem se limitar por ninguém, e sempre surpreendem com coragem e determinação.

Na Telinha - Frozen: Uma Aventura Congelante

17 de janeiro de 2020

Título: Frozen: Uma Aventura Congelante (Frozen)
Elenco: Kristen Bell, Idina Menzel, Josh Gad, Jonathan Groff
Gênero: Fantasia/Animação/Musical
Ano: 2013
Duração: 1h 42min
Classificação: Livre
Nota:★★★★★
Sinopse: Acompanhada por um vendedor de gelo, a jovem e destemida princesa Anna parte em uma jornada por perigosas montanhas de gelo na esperança de encontrar sua irmã, a rainha Elsa, e acabar com a terrível maldição de inverno eterno, que está provocando o congelamento do reino.

Ok, sei que essa crítica está com um atraso de uns seis anos, mas, com o lançamento de Frozen 2, resolvi postar as críticas na sequência, pra ficarem bonitinhas e organizadas aqui no blogdoce.

Frozen é a 53° animação musical dos Clássicos Disney inspirado no conto de fadas A Rainha da Neve, de Hans Christian Andersen. Apesar de bastante modificado, o longa vai contar a história de Elsa e Anna, as irmãs reais de Arendelle.

Elsa, a irmã mais velha, nasceu com poderes mágicos e é capaz de criar neve, gelo e provocar geadas, e o passatempo preferido das meninas era criar neve nas mais diversas formas para poderem brincar. Porém, numa dessas brincadeiras, Elsa fere Anna, a irmã mais nova, acidentalmente, e seus pais logo buscam ajuda de Pabbie, o rei Troll, para que Anna pudesse ser curada. Para evitar maiores problemas, a memória de Anna é alterada por Pabbie para que ela esqueça de tudo ligado à magia da irmã, elas são separadas e o castelo fechado a mando do rei, até que Elsa conseguisse controlar seus poderes. Com medo de ferir a irmã, Elsa fica isolada, mas Anna não entende o motivo do afastamento já que não se lembra do acidente e nem dos poderes de gelo.

Alguns anos se passam, as meninas já são adolescentes, mas acabam perdendo os pais num naufrágio. Quando Elsa completa 21 anos, ela se prepara para ser coroada como Rainha de Arendelle, momento mais do que esperado por Anna, que, finalmente, iria poder reencontrar e se reaproximar da irmã. Mas, durante a festa, as duas acabam discutindo, Elsa perde o controle e expõe seus poderes em público, causando espanto em todo mundo. Com medo de ferir as pessoas por considerar que seus poderes são perigosos, Elsa foge para as Montanhas do Norte se exilando do próprio reino, mas não sem antes instaurar um inverno eterno na cidade, sem querer. Anna não quer perder a irmã mais uma vez e nem quer deixar Arendelle congelada, então ela parte atrás de Elsa para que ela possa voltar pra casa e também desfazer a maldição.
No meio do caminho, Anna vai conhecer Kristoff e sua rena Sven, além de Olaf, o boneco de neve criado por Elsa que ganhou vida tornando a jornada uma verdadeira aventura.


Antes de mais nada, Frozen é um espetáculo visual. Os tons em azul e branco do cenário, que se remetem ao gelo e a neve, se contrastam com as cores fortes e coloridas das roupas ou das características físicas dos personagens formando uma combinação de cores de encher os olhos.
Como sempre, não poderia faltar musicas num clássico da Disney, e todas as músicas são divertidas e marcantes, principalmente o fenômeno Let it go que virou hit mundial. É a música cantada por Elsa, quando ela se exila, se liberta de sua "amarras", se aceita como é, e vai morar sozinha num castelo de gelo construído por ela mesma. Até hoje eu fico emocionada quando ouço - e canto - essa bendita música, sério.



Elsa é uma personagem incrível, é justa e bondosa, mas é uma vítima de sua condição já que ter crescido com tanta repressão e isolamento, e por ter sido levada a acreditar que seus poderes eram uma maldição, a fez ter medo de machucar os outros o tempo todo, e ela não consegue entender isso porque ainda não sabe lidar com a ideia de que o amor é o que transforma, e não o medo.


Anna é divertida e corajosa, mas muito impulsiva. Depois de ter passado tantos anos sozinha, ela se tornou muito carente e toma decisões sem pensar nas consequências, como ficar noiva de Hanz, um cara vindo das Ilhas do Sul que acabou de conhecer, ou sair sozinha no escuro em meio a nevasca atrás da irmã. Se não fosse por Kristoff e Sven, que a ajudaram, ela estaria lascada. Mas Anna mostra que tem um coração enorme, e tudo o que ela quer é ajudar os outros e ficar bem ao lado da irmã que ela tanto ama, mesmo depois do afastamento.


Os personagens secundários são ótimos, mas não são muito explorados. Olaf, o boneco de neve criado por Elsa, encanta qualquer um com sua fofura e seu jeito engraçado de ser e de encarar a vida, principalmente quando seu maior sonho é aproveitar o calor do verão. Um boneco de neve debaixo do sol é, no mínimo, hilário.

Kristoff não é príncipe, é meio desajeitado, é pobre e ganha a vida vendendo gelo (e a cidade ter ficado congelada arruinou seu negócio), seus únicos amigos são Sven e os trolls da floresta, ele não tem muito jeito com as mulheres, e as cenas das pequenas brigas que ele e Anna têm são bem engraçadinhas. E por mais que a aproximação entre os dois sugira um provável romance, o foco aqui não é esse.


Vou ser sincera em dizer que a trama em si é bastante simples e até previsível, principalmente no que diz respeito ao "vilão" (que não é bem um vilão, só um ganancioso e oportunista que obviamente não teria vez). A parte da fantasia podia ser melhor trabalhada, assim como algumas origens explicadas para que não ficássemos boiando. Os trolls, por exemplo, aparecem como seres mágicos (e pesados) que ajudam o rei e a rainha, e acolhem Kristoff quando ele ainda era uma criança (mas sem explicações do que aconteceu com ele pra ter ficado sozinho no mundo sendo tão pequeno e só ter Sven como companhia), mas não há maiores informações de onde vieram ou o que fazem, de fato. A falta da explicação das origens dos poderes de Elsa, que é a única em todo o reino que tem poderes, só faz com que a gente fique na expectativa para continuação nos esclarecer isso.

Mas, apesar de alguns buracos, o que fica evidente, e o que acabou revolucionando as animações das Princesas da Disney e contrariando estereótipos, foi o fato de que o amor verdadeiro não precisa ser necessariamente algo lindo e romântico entre um casal, ou com um príncipe encantado e destemido que aparece pra salvar a princesa em apuros, mas o amor fraternal entre duas irmãs, que é o sentimento mais forte e verdadeiro que há aqui.


No mais, Frozen é uma animação surpreendente, seja pelo visual com tons que se destacam, cheio de brilhos e texturas, pelas belas canções memoráveis, ou pela ideia da liberdade e do amor entre irmãs ser o grande fio condutor da trama. Não é a toa que o longa foi record de bilheteria, faturou bilhões e ainda foi indicado ao Oscar e ganhou como Melhor Canção Original e Melhor Animação.
Você quer brincar na neve?

Na Telinha - O Rei do Show

17 de outubro de 2019

Título: O Rei do Show (The Greatest Showman)
Elenco: Hugh Jackman, Zac Efron, Michelle Williams, Rebecca Ferguson, Zendaya, Keala Settle
Gênero: Drama/Musical
Ano: 2017
Duração: 1h 44min
Classificação: +12
Nota:★★★★☆
Sinopse: De origem humilde e desde a infância sonhando com um mundo mágico, P.T. Barnum (Hugh Jackman) desafia as barreiras sociais se casando com a filha do patrão do pai e dá o pontapé inicial na realização de seu maior desejo abrindo uma espécie de museu de curiosidades. O empreendimento fracassa, mas ele logo vislumbra uma ousada saída: produzir um grande show estrelado por freaks, fraudes, bizarrices e rejeitados de todos os tipos.

O Rei do Show é baseado nos feitos de P.T. Barnum, um empresário visionário do século 19 que não só ficou conhecido por ter sido o fundador do circo moderno e da história do entretenimento, mas também por apresentar ao público artistas com alguma característica física ou habilidades diferentes que os tornavam "aberrações", mas que na verdade eram completas fraudes. Acho válido ressaltar que, no filme, Barnum, interpretado pelo ator Hugh Jackman, ganhou uma versão bastante romanceada e até fantasiosa sobre as verdadeiras origens desse oportunista que fez fama e fortuna com suas apresentações, principalmente por se tratar de um musical que, consequentemente, faz com que tudo pareça um conto de fadas do século 19 onde, embora haja inúmeras dificuldades na trajetória que ele teve, há esperança de que no final, tudo vai dar certo.


Assim, vamos acompanhando a história de P.T., que era um garotinho pobre e sem perspectiva, apaixonado por Charity, uma garota de classe social bem superior a sua, com o sonho de melhorar de vida para poder se casar com ela, seu grande amor. Agora, depois de adulto, ele enfim se casa com ela, mas por não ter condições financeiras, a família vive cheia de dificuldades e apertos até ele ter a ideia de criar o espetáculo com apresentações musicais, com direito à atrações únicas que ele passa a recrutar, como a mulher barbada, acrobatas, albinos, siameses, o homem mais gordo do mundo, e afins, que juntos trazem uma diversidade étnica sem igual que, querendo ou não, não deixa de ser uma forma de representatividade muito bacana.


Mas, mesmo que o filme reforce que deve-se seguir o coração, lutar incansavelmente para alcançar os sonhos, e que, por mais que a vida seja difícil, no final haverá uma recompensa, o que se sobrepõe é a ideia de que a sociedade trata as pessoas com alguma diferença com desprezo, a ponto de elas viverem às margens e serem excluídas, ofendidas e até atacadas. Qualquer semelhança com a realidade da nossa atualidade não é mera coincidência.



O problema maior é que a mensagem sobre a luta contra o preconceito fica explícita e, até certo ponto, é muito bonita e emocionante, mas não há profundidade alguma nos personagens e a história é tão superficial e foca tanto no conto de fadas e do felizes para sempre, que chega a dar dó. São personagens interessantes, que parecem ter uma bagagem de vida sofrida e que renderiam camadas incríveis, mas que não foram trabalhados para que os conhecêssemos mais a fundo e sentíssemos mais empatia por cada um deles. Alguns até que mostram de onde vieram ou como chegaram no espetáculo, como é o caso da mulher barbada ou do anão que quer ser general, mas os outros só estão lá pra preencher a "vaga" e nada mais. Ninguém sabe de onde vem, o que fazem, como, quando, porquê... Só sabemos que são diferentes e que sofrem com o preconceito da sociedade, e procuraram refúgio no circo, onde, enfim, se sentiram em casa com seus "iguais".


A questão do romance e dos dramas é até bem trabalhada, e em alguns pontos dá pra se emocionar, pois fala do amor verdadeiro de uma forma bem direta e bonita. P.T. Barnum, a fim de dar uma vida melhor pra sua esposa e suas filhas, se concentra exclusivamente no trabalho e deixa a família de lado, e sua ausência devido ao trabalho constante acaba interferindo naquilo que ele construiu e sonhou, colocando seu próprio casamento em risco, logo fica no ar a questão do trabalho vs família, e que é preciso conciliar as coisas pra haver equilíbrio, afinal, não adianta nada conquistar tudo e viver uma vida de luxo quando o sentimento de solidão de uma das partes toma conta.


Phillip Carlyle (Zac Efron) também é um personagem que acrescenta bastante, pois ele já vem de uma família abastada e jamais poderia colocar sua reputação em risco, mas resolve abrir mão de tudo para seguir o que o faz feliz, incluindo se envolver com Anne Wheeler (Zendaya). O relacionamento não tem muita profundidade, mas também serve pra mostrar o preconceito não só da sociedade, mas da própria família. Naquela época quase ninguém se casava por amor, e os casamentos costumavam ser arranjados entre as famílias de mesma classe social, logo um rapaz branco e rico se envolver com uma moça pobre e negra era inaceitável, praticamente repulsivo. E os dois mostram que é possível, sim, superar esse tipo de barreira, desde que enfrentem tais imposições absurdas com força e coragem. No final, o amor sempre fala mais alto.

A trilha sonora acaba sustentando boa parte dessa atmosfera "mágica", e por mais que a coreografia e o estilo musical não tenham nada a ver com o estilo da época que a história se passa, elas fazem sentido de acordo com os propósitos dos personagens, e sempre trazem letras cheias de significado e que tem a ver com a situação enfrentada pelos personagens. E nem preciso dizer que This is Me, cantada por Keala Settle (que interpreta Lettie Lutz, a mulher barbada) é aquele tipo de música que a gente ouve e não pára de cantar nunca mais, tanto pela canção ser envolvente e quanto pela letra ser inspiradora e cheia de empoderamento sobre autoaceitação.



No mais, mesmo que eu não seja fã de musicais (e tenha achado que Hugh Jackman, como cantor, passaria fome), O Rei do Show passa uma mensagem muito legal sobre superação diante de uma sociedade excludente e que oprime as diferenças, além de abordar temas como amizade, amor e superação de forma simples e direta, mesmo que bastante superficial.

Na Telinha - Moana

6 de janeiro de 2017

Título: Moana: Um Mar de Aventuras (Moana)
Produção: Disney
Elenco: Auli'i Cravalho, Dwayne Johnson
Gênero: Animação/Fantasia/Aventura/Musical
Ano: 2016
Duração: 1h 47min
Classificação: Livre
Nota:★★
Sinopse: Moana Waialiki é uma corajosa jovem, filha do chefe de uma tribo na Oceania, vinda de uma longa linhagem de navegadores. Querendo descobrir mais sobre seu passado e ajudar a família, ela resolve partir em busca de seus ancestrais, habitantes de uma ilha mítica que ninguém sabe onde é. Acompanhada pelo lendário semideus Maui, Moana começa sua jornada em mar aberto, onde enfrenta terríveis criaturas marinhas e descobre histórias do submundo.

As animações que andam sendo lançadas ultimamente estão vindo com tudo quando o assunto é quebrar estereótipos de forma única e inovadora. A Disney anda surpreendendo cada vez mais, e com Moana não foi diferente.


A história é ambientada na Polinésia, a traz Moana Waialiki, filha do chefe da tribo Motunui, que foi escolhida pelo próprio oceano para atravessar os limites do recife e restaurar uma relíquia antiga, o coração da deusa Te Fiti, devolvendo a ordem e o equilíbrio à natureza afetada por uma maldição, para salvar seu povo da escuridão. Ela deve zarpar em sua canoa em busca de Maui, o lendário semideus metamorfo que a ajudaria nessa missão.
A partir desta premissa, vamos acompanhando as aventuras de Moana que, ao descobrir mais sobre seu ancestrais - e o que o futuro reserva, caso nada seja feito -, adentra o mar aberto para encontrar Maui e começar sua jornada.


Basicamente a trama não é lá muito complexa, não possui muitas mensagens sociais ou dignas de reflexões mais profundas (como foi feito em Zootopia, por exemplo). É até bem familiar se formos comparar com outras animações e analisar a protagonista no que diz respeito aos seus anseios e desejos. O diferencial de Moana para os demais desenhos animados envolvendo as famosas "princesas" é que não há uma figura masculina que possa representar qualquer tipo de relacionamento amoroso - e sequer há sugestões para isso. O único relacionamento abordado, e de forma até bem sucinta, é o da família, o quanto o pai de Moana quer protegê-la de qualquer perigo a ponto de querer impedí-la de seguir seu destino, e o quanto sua avó a incentiva e acredita que ela seja capaz de cumprir o que foi destinada a fazer. A preocupação de Moana é ser uma boa líder, é ajudar a tribo com soluções para os problemas, sempre de cabeça erguida, com coragem e determinação, mesmo sem saber se suas escolhas serão bem sucedidas, desde que ela ao menos tente (e se falhar, basta tentar outra vez). E mesmo que ela já tenha esse espírito de liderança, ela jamais age de forma que possa diminuir alguém, muito pelo contrário. Ela quer ajudar, mas também reconhece quando precisa de ajuda e não hesita se precisar pedir. Sua vontade de resgatar parte da cultura que foi perdida, a de explorar e descobrir novas terras, também faz parte de seus objetivos, principalmente porque é uma cultura que faz parte dela desde que ela se entende por gente.

Outro ponto muito interessante é que embora Moana recorra a Maui e aos poderes dele como forma de auxílio em sua jornada, é ela quem conduz a viagem, é ela quem toma as decisões, e por mais petulante e resistente que ele seja no início, no final fica claro que quem manda é ela, e não importa que ele seja imortal, forte, grandalhão (Dwayne Johnson quem o diga) e dotado de poderes metamorfos.


Maui tem um passado memorável como semideus e sua história é responsável por uma parte considerável da carga dramática da trama. Suas tatuagens se referem aos seus feitos e, literalmente, possuem vida a ponto de ser possível interagir com elas de uma forma dinâmica e original. Elas, assim como outros elementos, também estão alí pra contar e desenvolver os fatos do passado. Uma curiosidade sobre suas tatuagens é que as animações foram feitas em 2D e posteriormente combinadas ao 3D, e o resultado final ficou fantástico e super divertido. A ideia de um personagem como ele também quebra estereótipos, pois ele não tem nada de galã, muito pelo contrário. Maui é um troglodita com uma cabeleira desgrenhada, mas que ainda consegue despertar nossa simpatia podendo ser considerado um dos personagens mais originais dos desenhos animados.


Os personagens secundários sempre estão ao lado de Moana de alguma forma, seja sua avó que sempre está alí para mostrar que há coisas além do que ela imagina e a encorajando a superar suas inseguranças, o frango Heihei, que é o alivio cômico responsável por algumas risadas (mas ao meu ver foi dispensável), e até a própria água, que desde a infância de Moana está alí marcando presença, interagindo, ajudando a garota a sua maneira e ainda colaborando para que a história seja contada mesmo que não fale e nem participe de diálogos, o que não a impede de dar boas lições em quem precisa, e tudo isso através apenas de seus movimentos.


Os demais personagens colaboram para a construção da história, para mostrar como funciona a vida na ilha e a cultura do povo de forma geral, que é bastante rica, interessante e vai sendo revelada gradualmente ao longo do filme. E não digo isso apenas com relação à tribo, mas também às criaturas que a dupla encontra e enfrenta durante a jornada.

O visual da animação é maravilhoso. As ilhas paradisíacas da Oceania, o clima tropical, o contraste entre oceano, céu e vegetação e até os efeitos da água são de encher os olhos. Posso dizer que foi a animação mais perfeita que já assisti, visualmente falando. A parte musical também não fica atrás, pois além de ter um ritmo ótimo e que combina perfeitamente com o contexto, ainda possui letras inspiradoras e que também ajudam a contar a história, seja no idioma original da tribo ou em inglês.


No mais, Moana diverte, emociona e inspira, e é indicado para todas as idades, não só por trazer elementos que vão agradar a todo tipo de público, desde os mais cômicos, os mais emocionantes e até os mais sombrios, mas por conseguir representar perfeitamente uma das formas de empoderamento feminino através de uma "princesa" corajosa e determinada que foge do tradicional, que canta, encanta e brilha como poucas já fizeram na história das animações.