Suzy e as Águas-Vivas - Ali Benjamin

30 de janeiro de 2017

Título: Suzy e as Águas-Vivas
Autor: Ali Benjamin
Editora: Verus
Gênero: Juvenil
Ano: 2016
Páginas: 224
Nota:★★★★★
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Suzy Swanson está quase certa do real motivo da morte de Franny Jackson. Todos dizem que não há como ter certeza, que algumas coisas simplesmente acontecem. Mas Suzy sabe que deve haver uma explicação — uma explicação científica — para que Franny tenha se afogado. Assombrada pela perda de sua ex-melhor amiga — e pelo momento final e terrível entre elas —, Suzy se refugia no mundo silencioso de sua imaginação. Convencida de que a morte de Franny foi causada pela ferroada de uma água-viva, ela cria um plano para provar a verdade, mesmo que isso signifique viajar ao outro lado do mundo... sozinha. Enquanto se prepara, Suzy descobre coisas surpreendentes sobre o universo — e encontra amor e esperança bem mais perto do que ela imaginava. Este romance dolorosamente sensível explora o momento crucial na vida de cada um de nós, quando percebemos pela primeira vez que nem todas as histórias têm final feliz... mas que novas aventuras estão esperando para florescer, às vezes bem à nossa frente.

Resenha: Suzy e as Águas-Vivas é o livro de estreia da norte-americana Ali Benjamin, publicado no Brasil pelo Grupo Editorial Record através do selo Verus. O livro foi um dos finalistas do National Book Award for Young People's Literature de 2015.

Suzy Swanson é uma garotinha de doze anos e está sofrendo muito após Franny, sua única e melhor amiga, ter morrido afogada. Desde então Suzy não fala mais e está arrasada. Ela quer descobrir a causa da morte da amiga como forma de superar o ocorrido, logo, a trama gira em torno de seu processo de luto, mostrando as formas dela de lidar com essa perda tão triste ao mesmo tempoem que inicia uma pesquisa sobre águas-vivas, que pode dar a ela respostas sobre o quê, de fato, aconteceu.

O livro tem uma narrativa que se alterna entre primeira e terceira pessoa, mas ambas com foco na protagonista. Os capítulos em primeira pessoas são narrados no passado, o que lembra bastante um diário. Essa dinâmica na narrativa é um fator que colabora para o desenvolvimento da história, permitindo ao leitor uma visão bastante ampla sobre todos os acontecimentos relevantes da trama ao mesmo tempo em que se aprofunda dos personagens de forma bastante adequada e realista. A escrita é fácil, simples, delicada, fluída e bastante poética, e a ideia dos diálogos serem poucos (ja que Suzy parou de falar), mostra que é possível transparecer uma sensibilidade e uma carga dramática muito grande a partir de pensamentos e atitudes.
Há uma quantidade considerável de curiosidades científicas relacionadas às pesquisas de Suzy, o universo e afins em meio a narrativa. São curiosidades bastante interessantes e que, de certa forma, tem a ver com o momento em questão pelo qual Suzy está passando e/ou refletindo.
Eu gostei muito da construção da protagonista mesmo que ela esteja naquela fase complicada da pré-adolescência, cheia de dilemas e conflitos. As mudanças, físicas e psicológicas, parecem que não vão acabar, tudo é novo, muitas coisas assustam, e diferente dos adultos, não é possível se prender ao comodismo ou fugir do que não se quer encarar, mas quem disse que é fácil aceitar tais mudanças e ainda ver o próprio mundo desmoronando com a perda de uma pessoa mais do que especial e que faz parte das nossas vidas?

No desenrolar da história vamos acompanhando Suzy aprendendo com as próprias experiências e com as pesquisas que se dedica a fazer, e a morte de Franny funciona mais como um estopim para desencadear esse comportamento, e as reflexões levantadas alí servem de lição não só para a personagem, mas para o próprio leitor que se pega pensando em várias atitudes e escolhas feitas em sua própria vida.
Suzy e as Águas-Vivas é um livro sobre luto e sobre mudanças, mas também sobre aprender da forma mais difícil a lidar com os obstáculos que surgem pelo caminho. A história é tocante, surpreende e com certeza vai encantar os leitores.


Garota Desaparecida - Sophie McKenzie

29 de janeiro de 2017

Título: Garota Desaparecida - Garota Desaparecida #1
Autora: Sophie McKenzie
Editora: Verus
Gênero: Suspense/Drama/YA
Ano: 2016
Páginas: 238
Nota:★★☆☆☆
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Lauren mora na Inglaterra e sempre soube que é adotada. Mas, quando uma breve pesquisa sobre o seu passado revela a possibilidade de ela ter sido roubada de uma família americana ainda bebê, a vida de Lauren de repente parece uma fraude. O que ela pode fazer para tentar encontrar os pais biológicos? E seus pais adotivos terão sido os responsáveis por sequestrá-la? Lauren convence sua família a fazer uma viagem para o outro lado do Atlântico e, lá chegando, foge a fim de tentar descobrir a verdade. Mas as circunstâncias de seu desaparecimento são sombrias, e os sequestradores de Lauren ainda estão à solta — e dispostos a qualquer coisa para mantê-la calada.

Resenha: Garota Desaparecida é o livro de estreia da autora inglesa Sophie McKenzie publicado no Brasil pela Verus.
Lauren Matthews vive na Inglaterra e é uma adolescente de quatorze anos que foi adotada quando tinha três anos de idade, mas nunca obteve respostas dos pais sobre sua família biológica. Aparentemente tudo ia bem, até ela receber uma lição de casa que mudaria sua vida. Ela deveria escrever uma redaçaõ sobre quem ela é, mas, sem saber exatamente de onde veio, as coisas não seriam tão fáceis assim... Ao fazer uma pesquisa na internet, ela se depara com um site de pessoas desaparecidas, e fica surpresa ao encontrar uma menina parecida com ela e que desapareceu há onze anos, quando Lauren fora adotada. O que ela sabe não é suficiente, várias dúvidas sobre seus pais adotivos começam a surgir, afinal, como saber se eles são os responsáveis ou não por sequestrá-la? E o que ela poderia fazer para encontrar seus pais biológicos que aparentemente são americanos?
Lauren foge para tentar descobrir a verdade sobre seu passado, mas isso pode colocar sua vida em risco...

Narrado em primeira pessoa, vamos acompanhando Lauren, junto com seu amigo James, numa missão para descobrir o que aconteceu.
O livro parece ter sido classificado como um Young Adult, mas pela escrita e pela forma de agir da protagonista, acho que se encaixaria melhor como sendo um suspense juvenil com alguns toques dramáticos.
Lauren não é uma personagem que cativa o leitor, não só pelo seu típico comportamento irritante de adolescente rebelde sem causa, mas por ser muito egoísta e completamente impulsiva. Ela age sem pensar nas consequências e ainda, sabe-se lá como e porquê, consegue convencer as pessoas a fazer o que ela quer de uma forma conveniente para que a história continue sendo desenvolvida, mas, ao meu ver, de um jeito impossível, forçado e até fantasioso, a ponto de eu não acreditar que alguns acontecimentos fossem mesmo verdade.

Nessa jornada, Lauren enfrenta perigos, é forçada a encarar verdades que não esperava e ainda precisa confrontar um passado dificil e doloroso, e fica no ar a ideia de ela ter ou não um final feliz depois de tudo o que descobre. Temas como a dinâmica familiar e o impacto que a adoção - principalmente quando é ilegal - tem na vida das pessoas são abordados, e o drama inserido é até interessante, principalmente quando consideramos um sequestro e o quão triste isso é para uma mãe que tem seu filho levado, mas o problema que tive com o livro é que pelo tema ser delicado e interessante, esperava um desenvolvimento melhor, mais drama, mais intriga, e não uma história superficial em que a autora quer passar muitas mensagens mas no final não passa praticamente nada.
A sensação que tive é que se o leitor se atentar aos mínimos detalhes em vez de se prender a escrita fácil e envolvente da autora, vai encontrar furos e partes que não fazem muito sentido, mas, posso dizer que Garota Desaparecida mostra que quanto mais se cava, mais fundo se chega, e encontrar as respostas para tantos questionamentos nem sempre será algo bonito ou agradável de se ver.

A diagramação do livro é bastante caprichada. Os capítulos são numerados e possuem títulos que combinam com o da capa, simulando frases cujas letras foram recortadas individualmente de algum jornal ou revista. A capa também combina bem com a proposta do livro.

No mais, pra quem procura por uma leitura rápida que levanta algumas reflexões sobre alguém que se propõe a embarcar numa aventura para descobrir mais sobre seu passado e acaba descobrindo mais sobre si mesma, é uma leitura que vale a pena, sim. Só não vá com muitas expectativas esperando por uma coisa específica, pois você encontrará outra bem diferente...


Fellside - M.R. Carey

28 de janeiro de 2017

Título: Fellside
Autor: M.R. Carey
Editora: Fábrica 231/Rocco
Gênero: Terror/Suspense
Ano: 2016
Páginas: 464
Nota:★★★★★
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Uma história de terror moderna, perturbadora e emocionante, assinada pelo mestre dos quadrinhos M. R. Carey, pseudônimo de Mike Carey, roteirista de sucessos como X-Men e Hellblazer e autor do cultuado A menina que tinha dons, adaptado para a telona pela Warner Bros (ainda sem previsão de estreia no Brasil). Em seu segundo romance, Carey conta a história de uma mulher que vive em Fellside, uma prisão de segurança máxima localizada nos confins da Inglaterra. Acusada de ter incendiado o seu apartamento e matado por acidente uma criança, Jess Moulson vive afundada em culpa e medo, e sabe que não pode confiar em ninguém ali. Até que começa a ouvir a voz de uma criança. Uma criança morta, que tem uma mensagem para Jess. 

Resenha: Fellside é o segundo livro do autor M.R. Carey publicado no Brasil pelo selo Fábrica 231 da Editora Rocco.
Nele vamos acompanhar a história de Jessica Moulson, uma mulher viciada em heróina que foi acusada de ter matado Alex Beech, um garoto de dez anos que morava no andar de cima, após ter incendiado o próprio apartamento. Agora Jess é prisioneira em Fellside, uma prisão de segurança máxima localizada em Yorkshire. Diariamente ela sente o gosto amargo da culpa pelo que fez pois Alex, mesmo sendo uma criança, era um amigo por quem ela tinha um grande apreço. Nada do que passou ainda é o suficiente para servir como uma punição e, mesmo sem ter muitas lembranças do ocorrido, ela quer esquecer tudo de forma definitiva e até para de se alimentar, se entregando a própria morte. Jess vai ficando cada vez mais fraca e começa a ter visões de uma criatura fantasmagórica, e é quando ela percebe que aquele visitante é Alex, que lhe faz algumas revelações confusas por também não se lembrar de muita coisa. Jessica decide ajudar o garoto a descobrir o mistério que está por trás da verdadeira causa de sua morte...

Narrado em terceira pessoa, a história se inicia num ritmo lento, alterna os pontos de vistas entre outros personagens e esse desenvolvimento dinâmico ganha uma guinada que envolve o leitor de forma que fica impossível largar o livro.
O mistério que envolve Alex começa a ganhar profundidade mas outros temas que fazem parte da vida de Jess começam a ser trabalhados, mostrando o lado obscuro da vida de um viciado, mas também a vida dentro da prisão, o que dá mais camadas à trama e faz com que as peças desse suspense comecem a se encaixar relevando algo muito pior e mais sinistro.
Eu gostei de Jess, e mesmo que seu estado seja de total desesperança, ainda há aquela faísca de que tudo vai dar certo, mesmo que a ajuda venha de alguém improvável... Ela não é uma pessoa ruim, só fez escolhas erradas que a levaram a própria ruína e agora quer consertar as coisas pois acredita que não é insistindo nos mesmos erros que ela vai ter sua tão almejada redenção.
Os demais personagens também são bem construídos e desenvolvidos, mas nem sempre as coisas sobre eles ficam tão claras, pelo menos até que o leitor se aproxime do desfecho e comece a entender tudo o que parecia não fazer sentido.

Não sei se o gênero desse livro pode ser considerado como terror, pois ele é mais voltado pro lado do mistério, do sobrenatural já que envolve o lance de aparições fantasmagóricas e afins.
A capa, apesar de simples, é bem caprichada e os arames farpados são ásperos e em altorelevo. A diagramação é bem simples, as páginas amarelas e os capítulos são numerados e possuem poucas páginas, o que colabora para a fluidez da leitura.
Um ponto interessante é que a cada capítulo temos um novo ponto de vista, e isso impulsiona o leitor a prosseguir com a leitura de forma frenética, mesmo que, às vezes, ele seja levado em direções completamente diferentes do que se espera.

Fellside traz uma história inteligente e bem construída que mostra que, às vezes, só quando a pessoa chega no seu limite e está no fundo do poço, é que ela percebe que precisa sair dessa já que se entregar às drogas é o mesmo que abdicar da capacidade de levar uma vida social, se autodestruir e ainda corroer a vida das pessoas que estão ao redor. Não é fácil se redimir, não é fácil aceitar que ter ajuda é necessário, mas só com a devida ajuda é possível escapar desse terrível abismo...


Eu Estou Aqui - Clélie Avit

27 de janeiro de 2017

Título: Eu Estou Aqui
Autora: Clélie Avit
Editora: Fábrica 231
Gênero: Romance
Ano: 2016
Páginas: 288
Nota:★★★★★
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Thibault está no hospital visitando seu irmão. Ele entra por acidente no quarto de Elsa, e alí ele encontra uma paz há muito perdida. Thibault passa a visitá-la frequentemente. E só duas certezas passam a habitar seu coração: a primeira, é que ele está apaixonado por ela. E a segunda, que ela ouve cada uma de suas palavras.

Resenha: Eu Estou Aqui é romance escrito pela autora francesa Clélie Avit e publicado no Brasil pelo selo Fábrica 231 da Editora Rocco.

Elsa é uma mulher de vinte e nove anos que praticava montanhismo até sofrer um acidente e entrar em coma. Já faz vinte semanas que ela se encontra no hospital, mas ninguém sabe que há seis semanas ela consegue ouvir e perceber o que está acontecendo ao seu redor, só não consegue fazer seu corpo "desligado" reagir. É como se os médicos e as enfermeiras já não demonstrassem interesse pelo caso dela, as visitas estão cada vez menos frequentes e tudo indica que ninguém mais tem esperanças de que ela saia dessa.
Thibault é um jovem que visitava o irmão que está internado devido a um acidente de carro no mesmo hospital onde Elsa está. Ele não consegue aceitar que o irmão tenha causado um acidente com duas vítimas fatais por pura irresponsabilidade e não quer mais continuar com essas visitas. Porém, ao ir embora, ele se confunde e entra no quarto onde Elsa está. Ele fica curioso ao sentir um cheiro de jasmin e se aproxima um pouco mais, percebe que Elsa está num estado bastante delicado mas ao mesmo tempo sente conforto em estar alí, dessa forma, visitá-la se torna um refúgio pra ele se desligar do que o perturba.

O livro é narrado em primeira pessoa e os capítulos se alternam entre Elsa e Thibault. As vozes de cada um deles são distintas, eles possuem peculiaridades e características próprias e é possível saber quem é quem pela forma de falar ou pensar, não sendo necessário nem a indicação do nome deles nos capítulos. A escrita é delicada, cheia de sutilezas e até poética, mas ao mesmo tempo muito intensa. Acredito não ser nada fácil descrever como alguém que está preso no próprio corpo não é capaz de reagir a estímulos, sem poder dizer com todas as letras que está alí, que está viva e não quer desistir, e a autora conseguiu realizar esse feito com maestria. Não é frustrante só para Elsa essa sensação de impotência, o leitor também se pega extremamente angustiado por considerar essa situação.
E é aí que entra Thibault, pois a aproximação dele faz com que o coração de Elsa bata mais forte, mais rápido e ele é o único que parece perceber isso já que com o passar do tempo ele se apaixona e sua necessidade de proteger e cuidar dela são suas únicas motivações.
Thibault compartilha fatos sobre si mesmo com Elsa, e mesmo que ela não reaga e não responda, ele está convencido - e com razão - de que ela pode ouví-lo. Isso mexe com Elsa pois, até então, ninguém lhe tratava dessa forma nem lhe dava tanta atenção como ele faz, e mesmo que tudo o que ela sinta e pense fique guardado só pra ela, no fundo Thibault sente que o sentimento é recíproco.

O que não me convenceu 100% foi a forma como Thibault se apaixonou, mas isso não foi um fator que me fez desgostar da história, muito pelo contrário. Acho bastante improvável que alguém se apaixone por outra pessoa sem conhecê-la, sem poder ouvir o que ela tem a dizer e que não pode reagir a nada do que lhe é dito, mas pelo fato de Elsa dar conforto e trazer a sensação de que Thibault esta livre de seus problemas e preocupações quando está na companhia dela, e levando em consideração e última decepçõ amorosa que ele teve com a ex esposa, tudo isso foi bastante compreensível.
Pelo fato da trama se passar num hospital, a sensação de frieza fica no ar, como se a história estivesse estagnada, logo o que dá fluidez ao desenvolvimento são os momentos que os dois passam juntos enquanto o sentimento cresce cada vez mais no peito deles.

Claro que nada são flores e em determinado momento o livro começa a abordar o lado da família de Elsa, que já está prestes a desistir de sua recuperação e passa a considerar que os aparelhos sejam desligados, e isso gera momentos de tensão pois seria difícil para Thibault, um mero desconhecido, convencer a todos de que eles deviam mantê-la viva se baseando apenas em seus argumentos.

Eu Estou Aqui é um livro doce e singelo, e mesmo que aborde temas difíceis como conflitos familiares e eutanásia, também fala sobre o amor em sua forma mais verdadeira e como ele pode surgir nas circunstâncias mais improváveis que se possa imaginar. Pra quem procura por um livro que vai ficar na memória e causa uma péquena ressaca literária, é leitura mais do que indicada.

Novidade de Janeiro - Paralela

23 de janeiro de 2017

O Perfume da Folha de Chá - Dinah Jefferies

Em 1925, a jovem Gwendolyn Hooper parte de navio da Escócia para se encontrar com seu marido, Laurence, no exótico Ceilão, do outro lado do mundo. Recém-casados e apaixonados, eles são a definição do casal aristocrático perfeito: a bela dama britânica e o proprietário de uma das fazendas de chás mais prósperas do império.
Mas ao chegar à mansão na paradisíaca propriedade Hooper, nada é como Gwendolyn imaginava: os funcionários parecem rancorosos e calados, e os vizinhos, traiçoeiros. Seu marido, apesar de afetuoso, demonstra guardar segredos sombrios do passado e recusa-se a conversar sobre certos assuntos.
Ao descobrir que está grávida, a jovem sente-se feliz pela primeira vez desde que chegou ao Ceilão. Mas, no dia de dar à luz, algo inesperado se revela. Agora, é ela quem se vê obrigada a manter em sigilo algo terrível, sob o preço de ver sua família desfeita.

Louca Por Você - A.C. Meyer

Título: Louca Por Você - After Dark #1
Autora: A.C. Meyer
Editora: Universo dos Livros
Gênero: Romance/Literatura Nacional
Ano: 2014
Páginas: 208
Nota:★☆☆☆☆☠
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Julie tem dois grandes sonhos: cantar profissionalmente e fazer com que Daniel a enxergue como mulher. Ele é o charmoso dono do badalado bar After Dark e se diz avesso a compromissos, sempre pronto para noitadas casuais. Em uma noite de muito movimento, o estabelecimento se vê sem um vocalista para dar continuidade à programação musical, e Julie é colocada por um dos sócios de Daniel à frente da banda para resolver o problema.
Mas a voz e a presença de palco da nova cantora encantam o público... e também o atraente garanhão. Descontrolado de ciúmes, Daniel está disposto a usar toda a sua autoridade para tirar Julie dos holofotes e dar uma chance ao seu verdadeiro amor. Ele só não contava com as investidas insistentes de Alan, o sexy guitarrista da banda, que resolveu fazer de tudo para conquistar o coração da nossa mocinha.
Será que o sonho de Julie finalmente vai se concretizar com Daniel ou seu verdadeiro príncipe encantado é o guitarrista sensual?

Resenha: Louca por Você, escrito pela autora brasileira A.C. Meyer, é o primeiro volume da série After Dark, publicada no Brasil pela Universo dos Livros.

Juliette Walsh, ou Julie, é uma mulher de vinte e oito anos que, aos quatorze, depois de ter perdido a família num acidente, foi acolhida e criada pela família vizinha que era muito amiga dos seus pais, os Stewart. Os filhos deles, Johanna e Daniel acabaram se tornando "irmãos" de Julie também. Jo já era sua melhor amiga, e Daniel é o garoto por quem ela era apaixonada desde pequena, mas depois do acidente e da mudança seria mais complicado que ele a enxergasse já que ele sempre cuidava dela e a protegia como uma irmã.
Com o passar dos anos, Julie, que sempre cantou muito bem, tinha o sonho de cantar profissionalmente, mas Daniel nunca permitiu que ela se apresentasse para evitar sua exposição. Só de imaginar que outros caras pudessem cobiçá-la ele já ficava maluco.
Daniel, agora com trinta e um anos, é dono do After Dark, um bar super badalado com atrações musicais. Porém, num certo dia, a banda que iria se apresentar tem um problema com o vocalista que abandona a banda na última hora, e Julie, que trabalhava lá como garçonete, o substitui para resolver o problema sem que Daniel soubesse, já que estava viajando a trabalho e não respondia mensagens nem atendia as ligações de seu sócio, Rafe.
Essa apresentação não resulta apenas em Julie ter atenção do público e fazer o maior sucesso como nova vocalista da banda, mas do próprio Daniel que, ao chegar de viagem e descobrir que ela salvou a noite se apresentando, fica louco da vida e se vê num dilema que mudaria sua vida, e a de Julie também...

Narrado em primeira pessoa pelo ponto de vista de Julie e de Daniel de forma alternada e direcionada ao leitor, temos um romance recheado de clichês: a mocinha que acredita não ter atrativos (mas é gostososa) e ama o garotão desde a infância, mas este, mulherengo até não poder mais, a considera como uma irmã, até ela dar um up na aparência e demonstrar interesse - forjado - por outro cara...

Embora a fórmula seja bastante conhecida, quando há um bom desenvolvimento na trama de forma a torná-la interessante, os clichês não são o problema. O problema é quando nada parece fazer sentido, alguns elementos são forçados e não fariam diferença se existissem ou não, e as atitudes dos personagens não condizem com a realidade e com a idade que têm, ou simplesmente soam absurdas demais para que os nossos olhos não entrem num looping infinito, de tanto se revirarem.
E tudo isso pode ser encontrado aqui...

Os personagens já estão beirando os trinta anos mas se comportam como adolescentes que não sabem o que querem da vida e agem no impulso a cada decisão que precisam tomar. Ao final fiquei com a impressão de que li um monte de asneiras pra não chegar em lugar nenhum, como se a história não tivesse conteúdo o bastante ou um propósito relevante.
Também tive alguns problemas com o texto propriamente dito, que é superficial demais, incompleto e nem sempre consegue fazer com que o leitor visualize as cenas. A sexualidade que jorra dos personagens é exagerada e torna as cenas que deveriam ser mais calientes em algo ridículo e doentio, além de cafonas.

Logo que iniciei a leitura já fiquei ressabiada por Julie alegar que "se assusta" todas as noites com gemidos aleatórios vindos da casa vizinha, a casa de Daniel... Mas se os tais gemidos fazem parte da rotina, já que acontecem todas as noites desde sabe-se lá quanto tempo, ela já deveria estar acostumada em vez de se "assustar", não? Não estamos falando de assassinatos ou espiritões agourentos pra deixá-la tão assustada assim, a menos que ela tenha cinco anos de idade pra ser tão ingênua e inocente... Ela ainda acredita que deveria ser ela alí com Daniel e morre de inveja da "vadia" da vez, mas quem, em sã consciência, fica décadas a fio sofrendo iludida por um cara como ele, que está com uma mulher diferente a cada dia, enquanto ela está alí, encalhada como uma tiazona que cria mil gatos e ainda usando pijama do Bob Esponja? Eu, sinceramente, não entendi essa personagem e nem fui capaz de sentir empatia alguma por ela... Muito pelo contrário. As atitudes e os sentimentos dela são contraditórios, ela quer demonstrar ser forte e cheia de garra e coragem quando na verdade está longe disso... Idealizar que o homem de sua vida é um mulherengo de carteirinha ao mesmo tempo que sonha com um "príncipe encantado"? Bitch, please... E outra: trocar o pijama nerd por uma roupa sexy e encher a cara de maquiagem não transforma a personalidade de ninguém e nem é desculpa para um "amadurecimento". Ela só consegue ser infantil e digna de pena, além de se passar por ridícula, vide quote abaixo:
"Meus pais eram um casal irritantemente feliz: eu não acho que um dos dois sobreviveria à perda do outro.
Foi deles que herdei minha crença de que o amor deve mover nossas vidas e que um dia eu também encontrarei um príncipe encantado que me resgatará dos meus problemas, me levará para cavalgar ao pôr do sol e com quem serei feliz para sempre..."
- Pág. 12
Daniel consegue ser ainda pior. Há uma tentativa de explicar o motivo pra ele ser tão protetor e algumas passagens que induzem o leitor a acreditar que, por eles não serem irmãos de sangue, então tudo estaria liberado mais tarde... É tão tosco que nem vale o comentário, mas resumidamente, Daniel é um egoísta, machista e que só consegue pensar com a cabeça de baixo. E tudo é tratado como se fosse perfeitamente normal e bonito agir assim, inclusive pra Julie.

Não fica claro em que lugar a história se passa exatamente, mas pelos nomes estrangeiros penso que sejam americanos ou coisa do tipo. Logo não faz sentido querer "americanizar" uma história - escrita por uma autora nacional, diga-se de passagem - sem incluir a cultura (ou de parte dela, pelo menos) para que as coisas se tornem críveis ou, pelo menos, convincentes. Os diálogos, os termos e até os apelidos utilizados são todos extremamente abrasileirados e, pra mim, foi impossível associar esses personagens a outra nacionalidade.

E por fim, romantizar certos tipos de situações foi o cúmulo do absurdo. Ciúme exagerado, sentimento de posse e controle, assédio constante, complexo de inferioridade ou superioridade de mulher e homem respectivamente, argh... Como assim Daniel, que a vida inteira enxergava Julie como irmã, se interessa por ela quando a vê toda produzida e pronta pra arrasar no palco e começa a imaginar coisas e até partir pra cima dela como se a pobre fosse um objeto? Que sentimento "fraternal" mais doentio é esse?
O livro parece uma fanfic mal desenvolvida e mal escrita sem qualquer elemento que realmente esteja alí pra salvar alguma coisa. É tudo muito, mas muito ruim.

Enfim... Confesso estar meio saturada dessas histórias cujo propósito parece ser fazer o leitor perder a paciência e ter vontade de entrar no livro pra sacudir os personagens idiotas e nada mais. Estou super relutante em dar continuidade ao restante da série depois desse desgosto. Eu só fiquei com vontade de ler depois de julgar pela capa, que é bem bonita por sinal, e ter tido indicações boas (o que prova que gosto é uma coisa particular demais), mas só de pensar em me deparar com algo desse nível mais uma vez já entro numa depressão eterna... Não gostei e, sinto dizer, não recomendo.

PS.: After Dark (Peach Pit After Dark) não é o nome da danceteria que faz parte do cenário do seriado mais famoso dos anos 90, Beverly Hills 90210 (Barrados no Baile aqui no Brasil)?
Pra que originalidade, né?