Caixa de Correio #54 - Agosto sem fim e o Desgosto com o Funko

31 de agosto de 2016


É impressão minha ou esse mês não tem fim? o_O
Agosto não foi um mês muito produtivo pra mim e se não fosse a ajuda do Lucas eu nem sei o que seria desse blog. Tenho várias resenhas de livros lidos que estão pendentes e por mais que o mês tenha sido extremamente longo não consegui tirar um tempo suficiente pra poder escrever tudo o que precisava. Prevejo muita correria no início de Setembro e, talvez, várias resenhas possam ir ao ar num mesmo dia. Não gosto muito de acumular as postagens, mas se não tem jeito, paciência.

Lembram do Funko do Rony Weasley que disse ter comprado no Ebay na caixinha passada? Pois é.. o abençoado chegou, 3 meses depois da compra e, pro meu desgosto e tristeza eterna, foi taxado. Primeira compra internacional que faço e, por ter sido taxada, foi a última. A taxa foi mais cara que o próprio boneco e se eu tivesse comprado aqui teria pagado praticamente a mesma coisa e não teria esperado tanto. O Funko me custou U$13,00 já com o frete, o que dá em média uns R$40,00, e a taxa foi de quase R$60,00!!! É pra morrer viu, ainda mais nessa crise. E esse bando de tributação, taxa e imposto sobre as importações que esse governo de merda recolhe vai pra onde? Que óóóódiiioooo desse país!!!

Mas enfim... tirando esse pequeno inconveniente, esse mês aproveitei duas promoções de livros e recebi algumas cortesias que estava de olho. Bora conferir?

Frozen - Melissa de La Cruz e Michael Johnston

30 de agosto de 2016

Título: Frozen - Mundo de Gelo, Coração de Fogo - Heart of Dread #1
Autores: Melissa de La Cruz e Michael Johnston
Editora: Bertrand
Gênero: Fantasia/Distopia/Jovem adulto
Ano: 2016
Páginas: 320
Nota: ★★★★★
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Bem-vindo a Nova Vegas, uma cidade antes repleta de brilho, agora coberta de gelo. Com grande parte do planeta agora destruído, o lugar só conhece uma temperatura: a congelante. Lá encontramos Natasha Kestal, uma jovem crupiê à procura de uma saída. Como muitos, ela ouviu falar de um lugar mítico simplesmente chamado de Azul, um paraíso onde o sol ainda brilha e as águas são azul turquesa — e um lugar onde Nat e seus semelhantes não serão perseguidos, mesmo que seu segredo mais obscuro venha à tona. Mas o caminho para o Azul é traiçoeiro, senão impossível de atravessar, e sua única chance é apostar em um grupo de mercenários liderados pelo arrogante Ryan Wesson para conduzi-la a seu destino. Ciladas e perigos os aguardam em cada esquina, à medida que Nat e Wes se veem inexoravelmente atraídos um pelo outro. Mas seria possível o amor verdadeiro sobreviver a mentiras? Corações em chamas colidem nesta trama sobre a maldade do homem e o incrível poder que existe dentro de cada um de nós.
Resenha: Não se deixe enganar pelo título "famoso" e esqueça Elsa com seu Let it go. Publicado no Brasil pela Bertrand, Frozen é o primeiro volume da série distópica Heart of Dread, escrita pelo casal Melissa de La Cruz e Michael Johnston.

Grandes Guerras e Inundações Negras foram apenas alguns meios que levaram o mundo ao fim. O mundo sempre está acabando e resta aos sobreviventes enfrentarem o que mais vem a seguir. Há mais de cem anos o mundo foi acometido pelo Grande Congelamento e ficou enterrado sob camas e mais camadas de gelo, o lixo ocupou os oceanos e os continentes já não são mais conhecidos por seus antigos nomes depois das novas colonizações. A África se tornou Nova Rhodes, a Austrália foi dividida em duas, o terreno baldio que a América do Sul se tornou passou a ser chamado de Novos Resíduos, e grande parte do que restou do mundo foi tomado por piratas. A sociedade atual foi erguida sobre destroços, água é um luxo distante, a maioria dos alimentos são em forma de spray, as pessoas passam fome e frio e tentam sobreviver numa realidade completamente hostil sob um governo autoritário que dita o que elas devem fazer. Depois do gelo, o normal era que as pessoas tivessem cabelos e olhos escuros, e quem nascia com características contrárias tinham as chamadas Marcas de Mago no corpo e indicavam alguma paranormalidade, assim como seres como sílfides, homens-pequenos e as drau. No passado eles eram usados como um tipo de arma do governo, mas depois do programa ter sido um fracasso, o estado passou a registrar, conter e culpar todos os marcados e a sociedade aprendeu a temê-los.

Natasha Kestal possui um dom especial. Mesmo que ela não consiga controlar seus poderes, uma voz em sua cabeça, de certa forma, a guiava, e foi assim que ela conseguiu fugir. Em Nova Vegas, um conglomerado de desajustados, ela vivia clandestinamente e trabalhava num cassino como crupiê, mas a voz misteriosa a ajuda na busca do Mapa de Anaximandro, que fornecia uma passagem segura pelo Estreito do Inferno até Azul, um lugar mítico onde a humanidade poderia encontrar o que há muito tempo foi perdido, um paraíso com sol e águas limpas onde, sem serem perseguidos, poderiam reerguer suas vidas e viverem em paz.
Ao encontrar o mapa, Nat contrata um grupo de contrabandistas liderado por Ryan Wesson, que acreditava que o mapa não existia, mas vai ajudá-la na travessia das fronteiras em busca de Azul. Porém ultrapassar as os limites de nova Vegas é contra a lei, o caminho é perigoso e, mesmo que durante o percurso uma atração inesperada comece a surgir entre os dois, esta jornada pode colocar suas próprias vidas em risco.

Frozen é narrado em terceira pessoa, o que possibilita uma ampla visão sobre o cenário e a trama. O foco maior fica em Nat e Wes e o desenrolar da história é bastante descritivo. Talvez devido aos inúmeros detalhes, não achei que a escrita fosse tão fluída assim e em alguns pontos a leitura se tornou um pouco cansativa e confusa, mesmo que eu tenha ficado bastante empolgada com o enredo interessante e a construção de mundo complexa da história. Mesmo que haja elementos de fantasia e o cenário seja bem futurístico e com clima oposto, a história chegou a me lembrar um pouco do universo de Mad Max, pois mostra um mundo devastado, pessoas vivendo na miséria e às margens, mas alguém alí ainda tem esperanças de que as coisas vão melhorar, desde que ela vá atrás disso. Embora as causas das catástrofes não tenham sido explicadas, é possível acreditar nesse futuro devido o caos e o desespero que tomou conta das pessoas, e quase sentimos na pele como é viver de forma tão crítica e precária.

O livro é dividido em cinco partes que separam o progresso da jornada de Nat rumo a Azul. Os capítulos são bem curtos o que, de certa forma, torna a leitura mais rápida principalmente se levarmos em consideração que a ação é constante, sempre deixando a história movimentada.

A capa é linda e tem tudo a ver com o enredo. A diagramação é simples, a fonte tem um tamanho agradável, os capítulos são numerados e a "voz" que Nat escuta sempre é apresentada em itálico em meio ao texto. Percebi alguns poucos erros na revisão, algumas palavras estão marcadas com asteriscos indicando notas de rodapé para facilitar a compreensão dos seus significados e as páginas são brancas.

De forma geral, Frozen foi um livro que superou minhas espectativas, tanto pela construção de mundo, que foge de clichês, quanto pelos personagens carismáticos que acabam se aventurando não só numa jornada perigosa, mas num romance fofo e improvável (embora o romance propriamente dito não seja o foco). Há uma pegada de ficção científica com toques de bom humor e suspense, mas o que mais que manteve ligada à história foi a abordagem política, econômica, social e ambiental, mostrando que um destino onde se perde a cultura e a identidade é perfeitamente possível à humanidade. Pra quem quer se aventurar numa distopia fantástica é leitura mais do que indicada.

A Coroa - Kiera Cass

29 de agosto de 2016

Título: A Coroa - The Selection #5
Autora: Kiera Cass
Editora: Seguinte
Gênero: Romance/Juvenil
Ano: 2016
Páginas: 310
Nota: ★★☆☆☆
Onde comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Em A Herdeira, o universo de a Seleção entrou numa nova era. Vinte anos se passaram desde que America Singer e o príncipe Maxon se apaixonaram, e a filha do casal é a primeira princesa a passar por sua própria seleção.
Eadlyn não acreditava que encontraria um companheiro entre os trinta e cinco pretendentes do concurso, muito menos o amor verdadeiro. Mas às vezes o coração prega peças… e agora Eadlyn precisa fazer uma escolha muito mais difícil - e importante - do que esperava.
America Singer e o Príncipe Maxon se apaixonaram, e a filha do casal é a primeira princesa a passar por sua própria seleção.
Eadlyn não acreditava que encontraria um companheiro entre os trinta e cinco pretendentes do concurso, muito menos o amor verdadeiro. Mas às vezes o coração prega peças… e agora Eadlyn precisa fazer uma escolha muito mais difícil - e importante - do que esperava.

Resenha: A Coroa é o quinto e último livro que encerra a série The Selection e nele continuamos a acompanhar a princesa Eadlyn passando por sua primeira Seleção.

A resenha tem spoiler dos livros anteriores!

A história continua de onde parou no volume anterior, onde America está a beira da morte e Maxon e Eadlyn estão desesperados com essa tragédia, sem contar que Ahren, irmão gêmeo de Eadly, simplesmente fugiu com a ideia de seguir seu coração, deixando sua família na mão. Eadlyn assume o trono pois Maxon está abalado demais para governar, mas ela ainda precisa dedicar sua atenção a Seleção que está acontecendo para poder escolher seu futuro marido.

A Herdeira e A Coroa acabaram me fazendo acreditar que depois do "felizes para sempre" de A Escolha, em que Maxon e America ficaram juntos e reformularam o sistema de castas visando a melhoria de vida do povo de Illeia, não houve, realmente, um final tão feliz e digno de suspiros se formos analisar o contexto geral da história. Acho arriscado inserir questões politicas em romances desse tipo. É necessário um desenrolar e uma resolução convincente de temas distintos mas que acabam se entrelaçando devido a posição em que os personagens se encontram, e se não houver fatores que tornem as coisas críveis, a história desanda e o resultado acaba não sendo o melhor. A atitude de Maxon, ao meu ver, foi irresponsável, e a forma como Eadlyn chegou lá foi uma decepção.

Alguns dos questionamentos que levantei em A Herdeira foram explicados aqui, como a questão de Maxon e America não revelarem o passado deles para a filha, mas outros não. Eadlyn aprendeu um pouco mais com os erros e deixou de ser aquela garota tão irritante e mimada como antes, e eu não esperava outra coisa, pois ela sendo herdeira do trono e futura rainha, teria que aprender a viver caso contrário jamais estaria apta para governar. Ela não é uma personagem muito simpática e fácil de engolir, mas a boa notícia é que, como governante, ela tem um choque de realidade e começa a pensar no povo, a querer fazer o melhor para o país, e por esse único motivo, eu torci por ela.

Sobre o romance, vou ser sincera em dizer que não gostei. Desde A Herdeira eu sabia muito bem que a maior ambição de Kile era sair do palácio para viver sua vida longe dalí, e sua participação na Seleção foi contra sua vontade, mas com uma aproximação maior entre ele e Eadlyn, as coisas estavam tomando um rumo em que era possível imaginar que ele mudaria de ideia. A presença de Erik, o intérprete de um dos selecionados, poderia sugerir um novo caminho para Eady, mas não houve absolutamente nada mais intenso que tivesse sido desenvolvido para que a história tivesse ganhado a reviravolta que ganhou em A Coroa. Acho que quando as coisas se resolvem sem uma base sólida e sem maiores explicações plausíveis para justificar essa tentativa da autora de fugir do clichê, não funciona, e menos ainda quando se quer enfiar um personagem com um destino improvável quanto o de Kile goela abaixo dos leitores. Senti que a história estava caminhando para um final previsível mas a autora já tinha feito tudo de forma premeditada para dar um desfecho "surpreendente", mas pecou no desenvolvimento.

Enfim, ao final da série, minha conclusão é que os dois últimos volumes não foram realmente necessários e funcionam mais como um spin-off da trilogia principal. Tudo bem que ainda acompanhamos alguns acontecimentos que envolvem America, Maxon e afins, e é legal saber o que aconteceu com eles, mas da mesma forma que a autora escreveu contos para se aprofundar em alguns personagens e situações que explicassem um pouco mais de suas vidas, acredito que um conto final - e único - também poderia ser escrito para resumir o futuro dos mais importantes sem que houvesse necessidade de trabalhar em cima de uma princesa inconstante e que teve a vida resolvida de forma instantânea em um capítulo.

Acho que a decepção foi maior porque eu realmente tinha adorado a série, tudo era bem construído e convincente e nesse desfecho a impressão que ficou é que tudo não passou de enrolação e a autora recorreu a alternativas fáceis para se livras de algumas coisas e resolver outras que tornaram o final feliz, mas longe de ser satisfatório... Pra quem é fã, é uma boa apostar na leitura para matar a curiosidade e saber que fim levou a série, mas leia sem expectativas.

Uma Curva no Tempo - Dani Atkins

28 de agosto de 2016

Título: Uma Curva no Tempo
Autora: Dani Atkins
Editora: Arqueiro
Gênero: Romance/Drama
Ano: 2015
Páginas: 236
Nota:★★☆☆☆
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: A noite do acidente mudou tudo... Agora, cinco anos depois, a vida de Rachel está desmoronando. Ela mora sozinha em Londres, num apartamento minúsculo, tem um emprego sem nenhuma perspectiva e vive culpada pela morte de seu melhor amigo. Ela daria tudo para voltar no tempo. Mas a vida não funciona assim... Ou funciona?
A noite do acidente foi uma grande sorte... Agora, cinco anos depois, a vida de Rachel é perfeita. Ela tem um noivo maravilhoso, pai e amigos adoráveis e a carreira com que sempre sonhou. Mas por que será que ela não consegue afastar as lembranças de uma vida muito diferente?

Resenha: Duas histórias, uma mesma pessoa. Uma Curva no Tempo, de Dani Atkins, conta a vida de Rachel. Após um acidente num restaurante com seus amigos, a garota de dezoito anos adquire uma cicatriz, suporta a morte do seu melhor amigo, Jimmy, e se separa do seu namorado, Matt. Depois disso, ela decide se mudar e recomeçar. Cinco anos após o acontecimento trágico, Rachel é convidada por sua amiga, Sarah, para ir a seu casamento. Agora, a moça se vê mais uma vez numa situação de perigo e sua vida se transforma em algo inimaginável.

Uma Curva no Tempo pode ser considerado um dos livros mais peculiares que já li: uma garota que passa por um trauma, perde a memória e uma nova chance de recomeço é lhe dada, numa nova perspectiva de vida que ela não sabia que existia. Rachel acaba, depois de cinco anos do acidente, caindo numa realidade que não era dela. Para a moça, existem certas lembranças, mas para o resto das pessoas nada daquilo existiu. Aquele passado triste ficou para trás, dando lugar a uma vida normal e feliz. Um enredo bem arriscado para ser desenvolvido. A autora colocou uma protagonista que, em sua cabeça, acha que teve um hiato de cinco anos na sua memória. Quem está a sua volta acha que ela está com amnésia (ou é louca). É muito difícil entender o objetivo do livro. Conforme o desenvolvimento, esperei que a trama avançasse para algo mais interessante, mas isso não ocorreu. Assim como os personagens que não acreditavam no que Rachel dizia, eu não acreditei na veracidade dessa história.

A narrativa é feita em primeira pessoa em apenas treze capítulos, um dos motivos para todo o arrastar da trama. Alguns deles são muito longos e se mostram totalmente irrelevantes em sua extensão, tornando tudo muito lento. Esperei encontrar mais dinamismo, mas ao final de cada um, muito pouco era revelado. Acredito que, devido ao tema abordado, a perda de memória e um quebra-cabeça de fatos esquecidos pela protagonista,  Dani Atkins devia ter dado pistas e deixado o leitor com aquela sede de descobrir mais sobre o que aconteceu com Rachel. Fiquei esperando o ápice de acontecimento, alguma coisa que realmente me levasse ao choque pela surpresa, mas não ocorreu. Se a ideia era só um romance, ela podia ter explorado outro tipo de enredo.

Existe uma espécie de triângulo amoroso que não é muito convincente. O primeiro agravante do amor entre Matt e Rachel, seu primeiro namorado no colégio, é a falta de memória dela, ou seja, esse sentimento ficou inconsistente. Foi impossível enxergar alguma verdade ali. O mesmo acontece com Jimmy, que era seu melhor amigo. O que a autora quis retratar? Romance? Suspense retratado através da perda de memória? Drama? Numa tentativa de abranger tudo, esse "tudo" se tornou raso e não me atraiu. As questões que deviam ser um motivo atraente na história, envolvendo os três, não fazem diferença nenhuma, pois nenhum dos dois homens foram mostrados profundamente; foi impossível conhecê-los. Uma nova perspectiva poderia ser dada se houvessem alguns capítulos que retratassem o envolvimento da protagonista com eles no passado. Sem isso, ficou a dúvida de onde surgiram tais sentimentos.

Uma Curva no Tempo retrata dois tempos, duas vidas e uma mesma pessoa. Essa ideia foi boa, mas o desenvolvimento foi falho. É o tipo de história que fica aquela nuvem de pontos de interrogação pairando sobre a cabeça, e que no fim se mostra totalmente inconclusivo. Num capítulo final de apenas oito páginas, Dani Atkins tentou dar sentido a toda uma trama que não teve nada conciso desde o início. A explicação para todo o acontecimento "sobrenatural" na vida de Rachel e a divisão de duas realidades em sua cabeça é cientificamente impossível.  Não há sequer uma nota da autora para explicar de onde surgiu a ideia para criar a trama, que necessitava de um respaldo na realidade para tornar tudo mais crível.