Baía da Esperança - Jojo Moyes

21 de novembro de 2015

Título: Baía da Esperança
Autora: Jojo Moyes
Editora: Bertrand
Gênero: Romance/Drama
Ano: 2015
Páginas: 392
Nota: ★★★★☆
Onde comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Quando Mike Dormer parte de Londres para uma cidadezinha litorânea da Austrália, a fim de empreender a construção de um resort de luxo, tudo o que ele tem em mente é mais um contrato milionário. Mas o destino lhe reserva algo diferente.
Baía da Esperança não é um lugar qualquer, e os habitantes do excêntrico, mas decadente, Hotel Silver Bay - a enigmática marinheira Liza McCullen, sua filha de dez anos e tia Kathleen, lendária caçadora de tubarões, além das tripulações de observação de baleias - logo perceberão o apetite predatório do forasteiro Mike.
Assim que os efeitos da megaconstrução começam a impactar a vida das baleias e golfinhos da região, os mundos de Liza e Mike entram em um conflito de dramáticos resultados. Perigos inesperados irão confrontar os habitantes locais, sejam criaturas marinhas ou seres humanos. E Mike será obrigado a responder à pergunta que paira sobre Baía da Esperança: até onde se pode chegar, antes de se acabar destruindo aquilo que se ama?

Resenha: Baía da Esperança foi o quinto livro escrito pela autora britânica Jojo Moyes. O livro havia sido escrito em 2007 e publicado em 2010 no Brasil pela Bertrand. Em 2015 foi relançado com novo projeto gráfico e nova revisão.
Ao acompanhar os livros de Jojo, fica bem evidente que todos os que já li até agora focam em questões familiares com um toque de mistério devido a algum grande segredo que um dos personagens escondem por um longo período de tempo, e Baía da Esperança não foge a esta fórmula.
Esta é uma história sobre uma família composta por três mulheres, Kathleen, Liza e Hannah, e como a vida delas muda com a chegada de Mike Dormer, um empreendedor enviado ao local para analisar a área e suas condições para a construção de um resourt de luxo, e este seria o negócio mais lucrativo de sua carreira. Inicialmente ele se hospeda no pequeno hotel Silver Bay, de Kathleen, como um mero turista e pouco a pouco conhecemos a vida desta senhora acolhedora e de sua sobrinha cautelosa, Liza.
Suas reais intenções logo são reveladas, a megaconstrução começa a impactar na vida marinha da baía e os intereses de Mike e Liza começam a entrar em conflito. Mas a medida que o tempo passa e Mike se familiariza - e se apaixona - pela a vida pacata daquele povo, ele começa a se questionar sobre o que é certo e errado, e até onde sua ambição pode ir se ela for a responsável por acabar com aquilo que se aprendeu a amar...

Tendo o litoral da Austrália como cenário para a trama, posso dizer que fiquei encantada com a habilidade da autora em descrever os locais, os detalhes acerca da pesca local, das baleias, dos golfinhos, do comércio e do trabalho com os turistas e os habitantes. Tudo indica que houve uma pesquisa sobre o cotidiano de uma pequena comunidade que vive do mar e do turismo e como uma construção de grande porte seria prejudicial para a vida marinha.
Foi interessante acompanhar a trajetória de Mike enquanto seu instinto de proteção a favor das mulheres era despertado de forma gradual conforme seu interesse crescia, e pra mim a trama girou em torno disso, como ele mudou e teve a vida transformada por um estilo de vida totalmente diferente do qual ele estava acostumado, uma vida tranquila, sossegada, sem grandes interesses financeiros, longe de modernidades e tecnologia e perto de pessoas que querem paz, levando uma vida simples e que tenha pouco a oferecer (financeiramente falando), mas ainda assim foi algo que o conquistou, que o fez se identificar e refletir sobre seus desejos e intenções, e principalmente sobre quem ele é de verdade e o que quer pra si mesmo. Ele tenta encontrar uma maneira de reparar seus erros ao mesmo tempo em que tenta não revelar coisas que poderiam magoar ainda mais as pessoas que o rodeiam. O problema é que ele deixou uma noiva em Londres quando foi para a baía e seu trabalho é um negócio extremamente valorizado e lucrativo, e seria arriscado ir contra um projeto que já está em prática...

Lisa é reservada e protege a filha para que nada possa atingí-la. Por causa do passado, ela não deixa que ninguém se aproxime o bastante para que haja maiores sentimentos e aproveita a vida com passeios de barco, aprecia a paisagem e os animais no mar. Hannah sabe que a mãe tem problemas, mas apesar de inteligente, não pode fazer muito por ela. Kathleen é uma mulher de setenta e seis anos que ficou conhecida aos dezessete por capturar um enorme tubarão, mas hoje é uma senhora amável que tem papel fundamental quando o assunto é ajudar Liza e Hannah.
Um ponto que gostei é a alusão que a autora faz à maternidade, fazendo com que Liza se torne uma personagem bastante humana em sua tentativa de ser uma mãe perfeita. Liza possui segredos complexos que foram os responsáveis por moldar sua vida e a de sua filha também, de certa forma. E quando as coisas começam a vir à tona, é impossível não ser fisgado, como o próprio Mike foi.
Foi bem interessante acompanhar o quão significativo foi a ideia da vida marinha ser afetada de forma negativa pelo resourt e isso inclusive foi responsável por enriquecer a trama e torná-la admirável e com uma carga de sentimentalismo ainda maior.

Narrado em primeira pessoa onde os pontos de vista dos personagens são alternados, posso dizer que este é um livro que aborda o tema familiar de forma tocante e profunda. A história começa devagar e pra mim só engatou e fluiu lá pela página 80, mas a narrativa em primeira pessoa não me convenceu e me incomodou bastante. Os capítulos destinados a Hannah, por exemplo, não soaram nada convincentes pois a menina tem apenas dez anos de idade mas em momento algum demonstrava qualquer ar infantil ou inocente através de sua narrativa. Seu vocabulário rico e complexo, repleto de palavras "difíceis" que uma garota dessa idade jamais usaria, não a diferenciava dos demais personagens, e posso dizer que se os capítulos não trouxessem o nome do personagem cujo ponto de vista seria trabalhado, seria possível acreditar que se tratasse de um único protagonista a narrar toda a história já que não há características distintas na forma de falar ou narrar os acontecimentos. Pra mim isso é um ponto falho pois numa história com vários personagens, se todos parecem iguais ao se expressarem, qual é a graça em conhecer cada um deles se não possuem particularidades no que diz respeito ao próprio intelecto? O que os diferencia um dos outros são seus feitos e seus desejos, mas pra mim isso não basta. Se a narrativa é feita em primeira pessoa, o mínimo que se espera é que cada um tenha sua maneira de falar, pensar e enxergar o mundo e em Baía da Esperança isso parece não existir já que todos falam da mesma forma, e se limitam a um único vocabulário. Talvez a narrativa em terceira pessoa funcionasse melhor nesse caso. Pelo menos eu não ficaria com a impressão de estar concentrada em uma única cabeça quando na verdade se tratam de vários personagens.

Acredito que algumas pontas soltas deveriam ter sido melhor amarradas. A história de Liza e seus desacertos ficaram em aberto e esperava mais aprofundamento nestes pontos.
Devido a história ter vários narradores, senti falta de um desfecho para todos aqueles que deram voz à história, mas alguns ficaram de fora de forma inexplicável e não entendi o que aconteceu.

De forma geral e apesar de achar muito lenta e previsível em um determinado ponto, eu gostei da história e da forma como foi construída (desde que se ignore a questão da narrativa). Não é meu livro favorito da autora, mas conseguiu me arrancar suspiros pelo contexto.
Jojo Moyes convida o leitor a embarcar nessa simples e pacata vida de Baía da Esperança a fim de descobrir o destino desses personagens que são responsaveis por causar diversos tipos de emoções em quem tem o prazer de ler. Não se trata de uma simples história de pessoas que despertam sentimentos umas nas outras, mas mostra como segredos e mentiras interferem na vida e como ações impensadas podem magoar quem não deveria sofrer. Mas acima de tudo, uma história que mostra que a esperança nunca deve morrer quando queremos algo que parece estar longe de se alcançar.

Perdido - Maggie Stiefvater

20 de novembro de 2015

Título: Perdido - Os Lobos de Mercy Falls #4
Autora: Maggie Stiefvater
Editora: Agir Now
Gênero: YA/Fantasia/Sobrenatural
Ano: 2015
Páginas: 320
Nota: ★★★★☆
Onde comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Cole St. Clair veio para a Califórnia por um único motivo: reconquistar Isabel Culpeper. Ela havia fugido de sua vida destruída e vazia, e a destruiu ainda mais. Não é simplesmente uma questão de querer. Cole precisa dela.
Enquanto isso, Isabel tenta reconstruir sua vida em Los Angeles, mas sem sucesso. Ela é capaz de fingir tão bem quanto todos os outros falsos da cidade, mas para quê?
Cole e Isabel dividem um passado que jamais pareceu ter futuro. Eles podem se amar ou se destruir. A única certeza é que jamais se esquecerão.

Resenha: Perdido e um spin-off da série Os Lobos de Mercy Falls escrita pela autora Maggie Stiefvater e publicado no Brasil pela Agir Now.
Pra quem gostou da trilogia que contava a história de Grace e Sam, mas que também torcia pelo relacionamento dos personagens secundários que ganharam tanta importância quanto os protagonistas, é leitura obrigatória.
Se você ainda não leu os livros anteriores vai ficar literalmente perdido na leitura deste, pois Perdido traz o desfecho para a situação mal resolvida de Cole e Isabel. Então não perca tempo e leia a trilogia primeiro, é mais do que recomendada para aqueles que apreciam uma boa escrita e uma história comovente e melancolicamente bonita.

Perdido começa um tempo depois de Sempre, terceiro livro da série, e Isabel está morando em Los Angeles, Califórnia. Ela está fazendo um curso de enfermagem para poder se preparar para a faculdade de medicina que tanto quer fazer além de tentar reconstruir sua vida depois de ter vivido tantas conturbações no passado ao lado dos lobos, ao lado de Cole.
Inconformado com a situação em que se encontra e cansado da vida lupina, Cole vai para a Califórnia em uma tentativa de reiniciar sua carreira musical, mas o real motivo de sua ida era ir atrás de Isabel. Ele não aceita que ela tenha fugido, não aceita que ela tenha o deixado, e isso o destruiu. Ele precisa encontrá-la pois Cole precisa de Isabel em sua vida.
Em Los Angeles, além de gravar um novo álbum, Cole concordou em participar de um reality show que documentaria o processo de gravação e montagem de uma banda nova após seu sumiço e sua autodestruição.

De início Isabel acreditou que Cole voltou por ela, mas ao descobrir sobre o programa e o CD, ela deixa de acreditar que ele está alí unicamente por sua causa e não confia plenamente que ele está livre de drogas e da loucura que ele insistia em manter em sua antiga vida e que poderia, mais uma vez, destruir os dois.
Ambos compartilham de um passado caótico que nunca deu esperanças para que eles tivessem um futuro juntos, mas diante desta situação, a única certeza que eles mantinham era a de que eles nunca se esqueceriam um do outro e do que viveram.

O livro é narrado em primeira pessoa e os capítulos se alternam entre os protagonistas fazendo com que o leitor fique mais próximo dos sentimentos e desejos de cada um deles. Isabel mantém seu humor ácido enquanto Cole continua com seu jeito arrogante e rebelde de ser. Muitas vezes se comporta como um completo idiota, e confesso que me irritei nas siuações em que ele rastejava atrás de Isabel enquanto era constantemente tratado com descaso por ela, mas ainda assim consegue ser divertido e encantador. É aquele tipo de personagem bad-boy por quem suspiramos e torcemos de forma incansável. O mundo parece estar contra ele, mas quem disse que ele se importa?
Isabel é o tipo de personagem com quem acabo me identificando um pouco no que diz respeito a sua personalidade. Ela é sarcástica, às vezes é psicótica, de vez em quando demonstra frieza como se não se importasse com nada nem ninguém, mas no fundo é muito humana e real por carregar um enorme sofrimento por todos os sentimentos que ela tenta esconder.
A ideia de que um desperta o pior do outro é evidente e muito complicada, mas a conexão que eles têm e o sentimento intenso que jamais os deixou faz com que o leitor fique ansioso para que as coisas se ajeitem e se resolvam logo. Eles possuem feridas que ainda precisam ser curadas e a personalidade difícil e resistente que eles demonstram ter é algo compreensível levando em consideração tudo o que viveram antes desse reencontro.

Uma coisa que percebi durante a leitura é que a autora manteve a história longe de estereótipos e acredito que devido a trama ser ambientada em Los Angeles, os personagens foram afastados do que aconteceu na cidadezinha de Mercy Falls. Los Angeles acaba mostrando um estilo de vida que não tem nada a ver com a vida pacata de Mercy Falls e a ideia de pessoas vivendo de aparências, buscando por luxo e status é algo que não me chama muito a atenção, pelo menos não dentro do contexto da série propriamente dita.
A escrita também parece ter sofrido mudanças e deixou de ser poética e cheia de sentimentos embutidos nas palavras dando lugar a algo mais espirituoso. A impressão que fiquei é que, por mais que a história seja bem escrita, empolgante e prenda, se tratava de um livro que fugia dos padrões e do estilo da autora.

A capa combina perfeitamente com as edições novas da série publicadas pela Agir Now, mas desta vez trazendo as famosas palmeiras da LA em vez das árvores da floresta de Mercy Falls. A diagramação é simples e as páginas são amarelas.

Perdido retrata um rapaz que aprende a viver depois de se deparar com as consequências de suas escolhas, sejam elas boas ou ruins. Gostei de ver um lado da história de Cole que não havia sido muito bem aprofundado anteriormente: os bastidores da fama e como ele lida com a ideia de ser um astro do rock.
O sobrenatural não ganha tanto destaque, e a vida de lobo, as transformações e o que mais remete a este mundo são apresentados como um fardo que ele precisa carregar e lidar, e, algumas vezes, como um tipo de fuga da realidade da qual Cole se encontra, e isso acaba trazendo seu lado humano à tona, mostrando quem ele é de verdade, como se ser um lobo refletisse algo que ele quisesse ou precisasse ser para fugir do que não queria viver ou não sabia lidar.

Pra quem procura por um romance conturbado mas intenso e bonito, recomendo. Maggie Stiefvater parece ter escrito Perdido para presentear os leitores com uma história de amor e redenção, e mostra que para revelarmos quem somos de verdade, precisamos correr atrás do que queremos quando é algo que vale muito a pena.

A Lista - Cecelia Ahern

19 de novembro de 2015

Título: A Lista
Autora: Cecelia Ahern
Editora: Novo Conceito
Gênero: Romance
Ano: 2015
Páginas: 384
Nota: ★★★★☆
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Kitty Logan tem 32 anos e aos poucos está perdendo tudo o que conquistou: sua carreira está arruinada; seu namorado a deixou sem um motivo aparente; seu melhor amigo está decepcionado com ela; e o principal: sua confidente e mentora está gravemente doente.
Antes de morrer, Constance deixa um mistério nas mãos de Kitty que pode ser a chave para sua mudança de vida: uma relação de nomes de pessoas desconhecidas. É com base neles que Kitty deverá escrever a melhor matéria de sua carreira.
Quando começa a ouvir o que aquelas pessoas têm a dizer, Kitty aos poucos descobre as conexões entre suas histórias de vida e compreende por que foi escolhida para dar voz a elas.

Resenha: A Lista, escrito pela autora irlandesa Cecelia Ahern e publicado no Brasil pela Novo conceito conta a história de Kitty Logan, uma jornalista de 32 anos que, aos poucos, está perdendo o que conquistou ao longo de sua vida. Sua carreira está arruinada devido a uma matéria falsa que destruiu a vida de um homem inocente exibida em seu antigo programa e o escândalo foi tanto que ninguém quer empregá-la mais. Kitty perdeu sua reputação e sua credibilidade como jornalista, é odiada pelas pessoas, está enfrentando um processo judicial pela calúnia que cometeu, seu namorado a abandonou sem um motivo aparente, sua casa virou alvo de ataques e Constance, sua melhor amiga, confidente e também editora chefe da única revista que abriu as portas pra ela escrever, a Etecetera, está gravemente doente.

Antes de morrer, Constance deixa uma lista com cem nomes para que Kitty pudesse escrever uma matéria - a melhor matéria - sobre estas pessoas que não se conhecem e parecem não ter nenhuma ligação. Cabe a Kitty descobrir o que motivou Constance a listar aqueles nomes e qual o propótito real da referida tarefa, E diante deste pequeno mistério que ela toma como missão, Kitty parte em busca dessas pessoas e descobre gradualmente as conexões entre as histórias de vida de cada uma delas para saber o motivo de ser ela a responsável por escrever sobre elas.

A história é ambientada na Irlanda, é narrada em terceira pessoa e a escrita da autora é fluída e cheia de descrições. O início da história é bastante lento, Kitty divaga sobre sua vida e seus problemas de forma cansativa e isso se tornou bem monótono até as coisas melhorarem. Começamos com o drama da protagonista, desacreditada e na pior, e sua chance de dar a volta por cima está em suas mãos. O desafio deixado pela amiga seria sua última chance de recuperar a credibilidade, a confiança em si mesma e o respeito daqueles que deram as costas a ela, além de mostrar quem ela é de verdade e do que é capaz.

E a medida que Kitty encontra as pessoas da lista (não todas, é claro), acompanhamos essas histórias paralelas das quais o leitor acaba se identificando. E cada personagem que aparece tem características próprias e são bastate interessantes, cada qual a sua maneira. Tais histórias acabam sendo exemplos que colaboram para que ela amadureça e se torne alguém menos antipática, além de também ser possível tirarmos alguma lição das situações que os personagens vivem, mostrando que por pior que as coisas estejam ou pareçam estar, sempre temos a possibilidade de mudarmos o caminhar das coisas por sermos capazes de escolher o que fazer. Uma escolha muda tudo, basta tomarmos a iniciativa.
O único problema é que até que isso aconteça, não senti afinidade nenhuma com a protagonista, muito pelo contrário. Senti que Kitty se fez de vítima a todo instante e parece não reconhecer os próprios erros. Mas é aquela história... a pessoa só dá valor quando perde, e com Kitty não foi diferente. Mas penso que se ela não tivesse o impulso de Constance que lhe deixou a lista, talvez Kitty continuaria estagnada no fracasso.

Eu ainda não tive oportunidade de ler outros livros da autora, mesmo que sejam bem conhecidos e campeões de vendas, mas tomando A Lista como base, posso dizer que apesar de clichê, somos apresentados a um enredo simples e envolvente, com toques de muito bom humor e que faz com que os leitores reflitam sobre os temas apresentados visto por um ângulo diferente e se mantenham conectados à história no decorrer das páginas. Há romance sim, mas este fator não ganhou tanto destaque devido às histórias das pessoas da lista.
Não sei se foi só eu, mas fiquei com a impressão de que o enredo foi construído de uma maneira que pudesse se tornar uma adaptação cinematográfica (assim como outros livros da autora se tornaram), pois de forma resumida, nos deparamos com uma personagem fracassada que busca a redenção ao mergulhar no que toma como missão de vida. Os diálogos são curtos e diretos e há alguns floreios fofos e dignos de suspiros espalhados pela história e o final feliz que todos esperam. Não que isso seja ruim, mas é perceptível o quão forçado isso se torna.

A capa é bastante minimalista, mas já dá uma ideia da história ao trazer vários nomes nela. Ainda que a tradução do título remeta à lista, acredito que se o nome original, One Hundred Names, fosse mantido teria feito mais jus ao que foi contado.
A diagramação é simples e a cada início de capítulo há um ornamento bem caprichado na parte superior da página. As páginas são amarelas e tamanho de fonte, espaçamento e margens são bem agradáveis para a leitura.

A Lista é uma história sobre as verdades por trás de pessoas comuns e, aparentemente, sem maiores atrativos, mas que ainda assim possuem algo de especial a ser compartilhado, tornando tais experiências verdadeiras lições de vida, não só para Kitty, mas para nós leitores, também.

Neve na Primavera - Sarah Jio

18 de novembro de 2015

Título: Neve na Primavera
Autora: Sarah Jio
Editora: Novo Conceito
Gênero: Romance/Drama
Ano: 2015
Páginas: 336
Nota: ★★★☆☆
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Seattle, 1933. Vera Ray dá um beijo no pequeno Daniel e, mesmo contrariada, sai para trabalhar. Ela odeia o turno da noite, mas o emprego de camareira no hotel garante o sustento de seu filho.
Na manhã seguinte, o dia 2 de maio, uma nevasca desaba sobre a cidade.
Vera se apressa para chegar em casa antes de Daniel acordar, mas encontra vazia a cama do menino. O ursinho de pelúcia está jogado na rua, esquecido sobre a neve.
Na Seattle do nosso tempo, a repórter Claire Aldridge é despertada por uma tempestade de neve fora de época. O dia é 2 de maio. Designada para escrever sobre esse fenômeno, que acontece pela segunda vez em setenta anos,
Claire se interessa pelo caso do desaparecimento de Daniel Ray, que permanece sem solução, e promete a si mesma chegar à verdade. Ela descobrirá, também, que está mais próxima de Vera do que imaginava.

Resenha: Neve na Primavera, da autora Sarah Jio é um drama que entrelaça a história de duas mulheres: O ano é 1933 e conhecemos Vera Ray, uma mulher simples que trabalha como camareira no turno da noite em um hotel em Seattle, EUA. Ela cria seu filho, Daniel, sozinha, pois o pai dele sumiu com o anúncio de sua gravidez. A rotina de Vera é bastante puxada e por mais que ela tenha que sustentar e cuidar de Daniel sozinha, ela faz de bom grado por amor ao filho. Numa noite a previsão do tempo indica que a maior nevasca da história da cidade estaria chegando, mas Vera precisava trabalhar e por mais que seu coração tenha ficado apertado por deixar Daniel em casa, ela vai. No dia 2 de maio a grande nevasca atinge a cidade, ficando conhecida como o Inverno das Amoras-Pretas, e quando Vera retorna para casa percebe que Daniel desapareceu. Ela sai pelas ruas em busca do filho mas só encontra seu ursinho de pelúcia caído na neve. Mas Vera não desiste, pede ajuda a polícia e acredita que seu filho fora sequestrado.

Estamos agora em 2010 e a personagem da vez é Claire Aldridge. Claire é uma jornalista que teve a vida transformada após um acidente. Ela perdeu o filho que estava esperando e luta contra o fracasso de seu casamento. Seu trabalho é a única maneira que ela tem de fugir do que a aflige mas faz tempo que ela não encontra nada realmente intrigante para poder escrever a respeito.
No dia 2 de maio, uma repentina onda de frio atinge a cidade, décadas depois da nevasca anterior, e Claire é incumbida de escrever sobre tal fenômeno. Durante a pesquisa ela descobre um recorte de jornal da década de 30 com a notícia do sumiço do garotinho Daniel que continua sem solução nos dias atuais. Ela parte atrás de pistas sobre o ocorrido e promete a si mesma encontrar respostas para o caso do desaparecimento do menino. O que ela não esperava era estar mais próxima de Vera do que imaginou...

O livro é narrado em primeira pessoa pelos pontos de vista de Vera e Claire e os capítulos são alternados entre elas mostrando passado e presente. Acompanhamos Vera em busca do filho no passado, e no presente acompanhamos a vida de Claire.
A narrativa é bastante descritiva mas muito floreada. Minha impressão é de que a escrita é forçada e feita para parecer bonita. O enredo se remete ao mistério do caso de Daniel, mas tudo começa a vir à tona e é posicionado e imposto de uma forma bastante conveniente para facilitar as buscas, como documentos encontrados ou pessoas aleatórias que surgem mas que, coincidentemente, tem alguma ligação com o passado, além de nos depararmos com outras incontáveis coincidências que as protagonistas vivenciam que parecem ser a chave para a progressão da história.

Não senti que a história flui de forma natural e pra mim foi difícil de acreditar nela, ou pelo menos em grande parte dela. O mistério é escasso já que Claire encontra pistas ao acaso e de acordo com a conveniência do que aparece pra ela. Acredito inclusive que se ela tivesse que se esforçar de verdade ao trabalhar nesse caso, sem a ajuda das pessoas que aparecem ou dos documentos que ela encontra por pura sorte e sem ter esforço algum, ela nunca descobriria nada e ficaria andando em círculos eternamente. Sem contar que devido a todas estas coincidências, a trama acabou se tornando extremamente previsível.

Posso dizer que a situação de Vera mexeu comigo pois o amor incondicional entre mãe e filho é algo inquestionável. É possível ver o quanto ela se importou e se dedicou ao filho, pela forma como o criava e até por tudo o que fez depois de ele ter desaparecido.
Claire tenta salvar o casamento falido com um marido distante e desagradável mas não há explicações o bastante sobre o motivo dele ser assim. E se ele já era assim antes, o que levou Claire a se casar com esse homem amargo já que pouco há sobre o motivo de eles terem se apaixonado?
Ao fim, fiquei com mais perguntas do que respostas e essa falta não permitiu que eu me conectasse tão bem quanto gostaria à história.
O fato é que por acreditar não ter mais um motivo que justifique levar a vida adiante, Claire preferiu se envolver com a história de Vera e Daniel deixando a própria vida em segundo plano.
Pra mim os personagens secundários, por mais que demonstrassem ser solícitos e agradáveis, foram um tanto planos e bastante semelhantes uns aos outros e pra mim deixaram a naturalidade de lado.

O que realmente me fez gostar da história - a ponto de achar que, apesar das falhas, é uma leitura válida - foi o drama de Vera diante da preocupação com seu filho. A autora conseguiu passar o que Vera sentia em meio ao desespero da perda do filho e é possível que o leitor também compartilhe dessa dor terrível. Quando se é mãe, damos tudo e mais um pouco de nós em nome do bem estar e da felicidade dos filhos e não posso imaginar qual seria minha reação ao descobrir que um deles simplesmente sumiu enquanto fico de mãos atadas. E como se não bastasse um evento trágico desse tipo sem ninguém que se dispusesse a ajudá-la, ainda vemos como ela ficava a mercê de homens, se sujeitando a trabalhos miseráveis a troco de moedas para seu sustento na época da Depressão. Posso dizer que o que realmente foi convincente na história foi o que ela passou.

Notei que a autora quis abordar os problemas e os contrastes da pobreza com a riqueza na história através de um romance contemporâneo, mostrando como os pobres passam por dificuldades e são injustiçados, mas ainda conseguem fazer o bem mesmo que tenham pouco a oferecer, e como os ricos são beneficiados por terem dinheiro para comparem o que querem mas ainda assim podem ser capazes de fazerem coisas terríveis sem pensar no próximo. E tal ponto de vista sendo passado através de estereótipos no decorrer das páginas foi um tanto cansativo e clichê. Foi repetitivo, como se a ideia fosse fixar aquilo para os leitores não esquecerem.

A capa é bastante sugestiva, pois ilustra bem a questão do referido fenômeno onde neva na primavera. As páginas são amarelas e os capítulos são divididos com o nome da personagem que faz a narrativa da vez.

Pra quem gosta de dramas familiares que envolvem amor, preconceito, perda e também o perdão, através de ligações que ultrapassam os limites do tempo, recomendo.

Novidades de Novembro - Novo Conceito

17 de novembro de 2015

Esperando por Doggo - Mark B. Mills
Dan achava que tinha uma vida feliz com Clara, mas, de uma hora para outra, ela desaparece inesperadamente de sua vida, deixando para trás apenas uma carta de despedida e um cachorro. A pequena criatura é incomum e sequer tem um nome definitivo, ele é simplesmente chamado de Doggo. Agora, Dan tem a missão de devolver Doggo, e, ao mesmo tempo, encontrar um novo emprego. A primeira missão parece ser fácil, a segunda, nem tanto. Com o passar dos dias, Dan começa a desfrutar da companhia de Doggo e não tem coragem de abandoná-lo. De forma singela, mas significativa, a presença do pequeno cão ajuda àqueles que estão ao seu redor. Doggo acaba tornando-se muito mais que um amigo de quatro patas, transforma-se em uma verdadeira fonte de inspiração para o trabalho e para a vida de Dan.
Esperando Doggo não é só um livro sobre um cachorro. É um livro sobre o poder de uma verdadeira e sincera amizade.

Todos os Nossos Ontens - Cristin Terril
O que um governo poderia fazer se pudesse viajar no tempo?
Quem ele poderia destruir antes mesmo que houvesse alguém que se rebelasse?
Quais alianças poderiam ser quebradas antes mesmo de acontecerem?
Em um futuro não tão distante, a vida como a conhecemos se foi, juntamente com nossa liberdade. Bombas estão sendo lançadas por agências administradas pelo governo para que a nação perceba quão fraca é. As pessoas não podem viajar, não podem nem mesmo atravessar a rua sem serem questionadas. O que causou isso? Algo que nunca deveria ter sido tratado com irresponsabilidade: o tempo. O tempo não é linear, nem algo que continua a funcionar. Ele tem leis, e se você quebrá-las, ele apagará você; o tempo em que estava continuará a seguir em frente, como se você nunca tivesse existido e tudo vai acontecer de novo, a menos que você interfira e tente mudá-lo...

O Bangalô - Sarah Jio
Verão de 1942. Anne tem tudo o que uma garota de sua idade almeja: família e noivo bem-sucedidos.
No entanto, ela não se sente feliz com o rumo que sua vida está tomando. Recém-formada em enfermagem e vivendo em um mundo devastado pelos horrores da Segunda Guerra Mundial, Anne, juntamente com sua melhor amiga, decide se alistar para servir seu país como enfermeira em Bora Bora.
Lá ela se depara com outra realidade, uma vida simples e responsabilidades que não estava acostumada. Mas, também, conhece o verdadeiro amor nos braços de Westry, um soldado sensível e carinhoso.
O esconderijo de amor de Anne e Westry é um bangalô abandonado, e eles vivem os melhores momentos de suas vidas... Até testemunharem um assassinato brutal nos arredores do bangalô que mudará o rumo desta história.
A ilha, de alguma forma, transforma a vida das pessoas, e este livro certamente transformará você.

A Desconhecida - Peter Swanson
Uma história sombria, em uma atmosfera romântica e um quê de Hitchcock, sobre um homem que fora arrastado para uma trama irresistível de paixão e assassinato quando um antigo amor reaparece.de mentiras.
Em uma noite de sexta-feira, a rotina confortável e previsível de George Foss é quebrada quando, em um bar, uma bela mulher senta-se ao seu lado. A mesma mulher que desaparecera sem deixar vestígios vinte anos atrás. Agora, depois de tanto tempo, ela diz precisar de ajuda e George parece ser o único capaz de salvá-la. Será que ele a conhece o suficiente para poder ajudá-la?

Novidades de Novembro - Geração Editorial

16 de novembro de 2015

À Sombra da Figueira - Vaddey Ratner
Para a menina Raami, de sete anos de idade, o fim abrupto e trágico da infância começa com os passos de seu pai voltando para casa na madrugada, trazendo detalhes da guerra civil que invadiu as ruas de Phnom Pehn, a capital do Cambódia. Logo o mundo privilegiado da família real é misturado ao caos da revolução e ao êxodus forçado. Nos quatro anos seguintes, enquanto o Khmer Rouge tenta tirar da população qualquer traço de sua identidade individual, Raami se apega aos únicos vestígios de sua infância — lendas míticas e poemas contados a ela pelo seu pai. Em um clima de violência sistemática em que a lembrança é uma doença e a justificativa para execução sumária, Raami luta pela sua sobrevivência improvável. Apoiada no dom extraordinário da autora pela linguagem, Sombras da Figueira é uma história brilhantemente intricada sobre a resiliência humana.
Finalista do Prêmio PEN Hemingway este livro vai levá-lo às profundezas do desespero e mostrar horrores abomináveis. Vai revelar uma cultura maravilhosamente rica, lutando para sobreviver através de pequenos gestos,. Vai fazer com que jamais sejam esquecidas as atrocidades cometidas pelo regime Khmer Rouge. Vai lhe encher de esperança e confirmar o poder que há ao se contar uma história de nos elevar e nos ajudar não somente a sobreviver, mas à transcendência do sofrimento, da crueldade e da perda.

Zen Socialismo - Cynara Menezes
Zen Socialismo, de Cynara Menezes, reúne o que de melhor esta jornalista que prega a necessidade de uma nova esquerda no país escreveu em sua peregrinação ao mesmo tempo lúcida, denunciadora e bem-humorada pelos problemas, paranoias, fobias, absurdos ideológicos, retrocessos e baixezas da direita brasileira (e de seus adeptos mal informados) pelas redes sociais brasileiras. Reunidos em blocos temáticos como Socialismo, Brasil, Camaradas, Mundo, Maconha, Jornalismo, Vida, Sexualidade e Entrevistas, os posts são uma leitura em que o prazer do texto se confunde com o prazer de ser bem informado e de se deparar com uma inteligência lúcida que nos diz um pouco do que precisamos saber sobre o socialismo do século XXI sem as cortinas de fumaça da mídia tradicional. É isso, ainda é possível fazer o bom e velho jornalismo.