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Baía da Esperança - Jojo Moyes

21 de novembro de 2015

Título: Baía da Esperança
Autora: Jojo Moyes
Editora: Bertrand
Gênero: Romance/Drama
Ano: 2015
Páginas: 392
Nota: ★★★★☆
Onde comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Quando Mike Dormer parte de Londres para uma cidadezinha litorânea da Austrália, a fim de empreender a construção de um resort de luxo, tudo o que ele tem em mente é mais um contrato milionário. Mas o destino lhe reserva algo diferente.
Baía da Esperança não é um lugar qualquer, e os habitantes do excêntrico, mas decadente, Hotel Silver Bay - a enigmática marinheira Liza McCullen, sua filha de dez anos e tia Kathleen, lendária caçadora de tubarões, além das tripulações de observação de baleias - logo perceberão o apetite predatório do forasteiro Mike.
Assim que os efeitos da megaconstrução começam a impactar a vida das baleias e golfinhos da região, os mundos de Liza e Mike entram em um conflito de dramáticos resultados. Perigos inesperados irão confrontar os habitantes locais, sejam criaturas marinhas ou seres humanos. E Mike será obrigado a responder à pergunta que paira sobre Baía da Esperança: até onde se pode chegar, antes de se acabar destruindo aquilo que se ama?

Resenha: Baía da Esperança foi o quinto livro escrito pela autora britânica Jojo Moyes. O livro havia sido escrito em 2007 e publicado em 2010 no Brasil pela Bertrand. Em 2015 foi relançado com novo projeto gráfico e nova revisão.
Ao acompanhar os livros de Jojo, fica bem evidente que todos os que já li até agora focam em questões familiares com um toque de mistério devido a algum grande segredo que um dos personagens escondem por um longo período de tempo, e Baía da Esperança não foge a esta fórmula.
Esta é uma história sobre uma família composta por três mulheres, Kathleen, Liza e Hannah, e como a vida delas muda com a chegada de Mike Dormer, um empreendedor enviado ao local para analisar a área e suas condições para a construção de um resourt de luxo, e este seria o negócio mais lucrativo de sua carreira. Inicialmente ele se hospeda no pequeno hotel Silver Bay, de Kathleen, como um mero turista e pouco a pouco conhecemos a vida desta senhora acolhedora e de sua sobrinha cautelosa, Liza.
Suas reais intenções logo são reveladas, a megaconstrução começa a impactar na vida marinha da baía e os intereses de Mike e Liza começam a entrar em conflito. Mas a medida que o tempo passa e Mike se familiariza - e se apaixona - pela a vida pacata daquele povo, ele começa a se questionar sobre o que é certo e errado, e até onde sua ambição pode ir se ela for a responsável por acabar com aquilo que se aprendeu a amar...

Tendo o litoral da Austrália como cenário para a trama, posso dizer que fiquei encantada com a habilidade da autora em descrever os locais, os detalhes acerca da pesca local, das baleias, dos golfinhos, do comércio e do trabalho com os turistas e os habitantes. Tudo indica que houve uma pesquisa sobre o cotidiano de uma pequena comunidade que vive do mar e do turismo e como uma construção de grande porte seria prejudicial para a vida marinha.
Foi interessante acompanhar a trajetória de Mike enquanto seu instinto de proteção a favor das mulheres era despertado de forma gradual conforme seu interesse crescia, e pra mim a trama girou em torno disso, como ele mudou e teve a vida transformada por um estilo de vida totalmente diferente do qual ele estava acostumado, uma vida tranquila, sossegada, sem grandes interesses financeiros, longe de modernidades e tecnologia e perto de pessoas que querem paz, levando uma vida simples e que tenha pouco a oferecer (financeiramente falando), mas ainda assim foi algo que o conquistou, que o fez se identificar e refletir sobre seus desejos e intenções, e principalmente sobre quem ele é de verdade e o que quer pra si mesmo. Ele tenta encontrar uma maneira de reparar seus erros ao mesmo tempo em que tenta não revelar coisas que poderiam magoar ainda mais as pessoas que o rodeiam. O problema é que ele deixou uma noiva em Londres quando foi para a baía e seu trabalho é um negócio extremamente valorizado e lucrativo, e seria arriscado ir contra um projeto que já está em prática...

Lisa é reservada e protege a filha para que nada possa atingí-la. Por causa do passado, ela não deixa que ninguém se aproxime o bastante para que haja maiores sentimentos e aproveita a vida com passeios de barco, aprecia a paisagem e os animais no mar. Hannah sabe que a mãe tem problemas, mas apesar de inteligente, não pode fazer muito por ela. Kathleen é uma mulher de setenta e seis anos que ficou conhecida aos dezessete por capturar um enorme tubarão, mas hoje é uma senhora amável que tem papel fundamental quando o assunto é ajudar Liza e Hannah.
Um ponto que gostei é a alusão que a autora faz à maternidade, fazendo com que Liza se torne uma personagem bastante humana em sua tentativa de ser uma mãe perfeita. Liza possui segredos complexos que foram os responsáveis por moldar sua vida e a de sua filha também, de certa forma. E quando as coisas começam a vir à tona, é impossível não ser fisgado, como o próprio Mike foi.
Foi bem interessante acompanhar o quão significativo foi a ideia da vida marinha ser afetada de forma negativa pelo resourt e isso inclusive foi responsável por enriquecer a trama e torná-la admirável e com uma carga de sentimentalismo ainda maior.

Narrado em primeira pessoa onde os pontos de vista dos personagens são alternados, posso dizer que este é um livro que aborda o tema familiar de forma tocante e profunda. A história começa devagar e pra mim só engatou e fluiu lá pela página 80, mas a narrativa em primeira pessoa não me convenceu e me incomodou bastante. Os capítulos destinados a Hannah, por exemplo, não soaram nada convincentes pois a menina tem apenas dez anos de idade mas em momento algum demonstrava qualquer ar infantil ou inocente através de sua narrativa. Seu vocabulário rico e complexo, repleto de palavras "difíceis" que uma garota dessa idade jamais usaria, não a diferenciava dos demais personagens, e posso dizer que se os capítulos não trouxessem o nome do personagem cujo ponto de vista seria trabalhado, seria possível acreditar que se tratasse de um único protagonista a narrar toda a história já que não há características distintas na forma de falar ou narrar os acontecimentos. Pra mim isso é um ponto falho pois numa história com vários personagens, se todos parecem iguais ao se expressarem, qual é a graça em conhecer cada um deles se não possuem particularidades no que diz respeito ao próprio intelecto? O que os diferencia um dos outros são seus feitos e seus desejos, mas pra mim isso não basta. Se a narrativa é feita em primeira pessoa, o mínimo que se espera é que cada um tenha sua maneira de falar, pensar e enxergar o mundo e em Baía da Esperança isso parece não existir já que todos falam da mesma forma, e se limitam a um único vocabulário. Talvez a narrativa em terceira pessoa funcionasse melhor nesse caso. Pelo menos eu não ficaria com a impressão de estar concentrada em uma única cabeça quando na verdade se tratam de vários personagens.

Acredito que algumas pontas soltas deveriam ter sido melhor amarradas. A história de Liza e seus desacertos ficaram em aberto e esperava mais aprofundamento nestes pontos.
Devido a história ter vários narradores, senti falta de um desfecho para todos aqueles que deram voz à história, mas alguns ficaram de fora de forma inexplicável e não entendi o que aconteceu.

De forma geral e apesar de achar muito lenta e previsível em um determinado ponto, eu gostei da história e da forma como foi construída (desde que se ignore a questão da narrativa). Não é meu livro favorito da autora, mas conseguiu me arrancar suspiros pelo contexto.
Jojo Moyes convida o leitor a embarcar nessa simples e pacata vida de Baía da Esperança a fim de descobrir o destino desses personagens que são responsaveis por causar diversos tipos de emoções em quem tem o prazer de ler. Não se trata de uma simples história de pessoas que despertam sentimentos umas nas outras, mas mostra como segredos e mentiras interferem na vida e como ações impensadas podem magoar quem não deveria sofrer. Mas acima de tudo, uma história que mostra que a esperança nunca deve morrer quando queremos algo que parece estar longe de se alcançar.

A Casa das Marés - Jojo Moyes

19 de setembro de 2015

Título: A Casa das Marés
Autora: Jojo Moyes
Editora: Bertrand
Gênero: Romance/Drama
Ano: 2015
Páginas: 476
Nota: ★★☆☆☆
Onde comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Na década de 1950, uma cidade litorânea chamada Merham é dominada por uma série de austeras regras socias. Lottie Swift, acolhida durante a guerra e criada pela respeitável família Holden, ama viver ali naquela cidade, mas Célia, a filha legítima do casal, não vê a hora de ultrapassar os limites da cidade.
Quando um excêntrico grupo de artistas se muda para Arcádia, a velha mansão art decó construída de frente para o mar, as meninas não resistem à tentação de se aproximarem deles. Mas o choque para os moradores de Merham é inevitável e acaba por desencadear uma série de acontecimentos que terão consequências trágicas e duradouras para todos.
Quase cinquenta anos depois, no início do século 21, Arcádia começa a ser restaurada, voltando à vida e, mais uma vez, trazendo à tona intensas emoções. E a magia que permeia a mansão faz com que os personagens confrontem suas lembranças e se perguntem: É possível deixar nosso passado para trás?

Resenha: A Casa das Marés foi o segundo livro escrito pela autora inglesa Jojo Moyes. O livro havia sido publicado no Brasil em 2007 pela Bertrand e agora foi relançado com novo projeto gráfico a fim de manter o padrão das capas que trazem vetores de silhuetas num cenário bem minimalista.
Durante a Segunda Guerra Mundial, Lottie havia sido acolhida e adotada como filha pela tradicional família Holden. Célia, a filha do casal, sempre considerou Lottie como amiga e irmã e elas sempre compartilhavam segredos, mantinham uma amizade sincera e viviam várias aventuras na cidade litorânea de Merham por mais problemas que elas pudessem ter. Lottie gosta da cidade como ela é, diferente de Célia, que tem muita curiosidade para ultrapassar os seus limites.

Mas tudo muda quando novos moradores chegam a cidade. O grupo de artistas composto por pessoas bastante excêntricas se muda para uma velha mansão conhecida por Arcádia na cidade, e as meninas logo ficam curiosas e se aproximam, afinal, é quase inacreditável que, numa cidade onde os moradores são conservadores e seguem as rígidas regras sociais a risca, apareça pessoas despreocupadas e liberais que iria surpreender a todos alí. A proximidade que as meninas criam com os recém chegados é o suficiente para causar um choque nos moradores, o que desencadeia uma série de eventos em suas vidas e na vida de todos.
Cinquenta anos mais tarde, Daisy, uma mulher que foi abandonada pelo marido, é contratada para restaurar a mansão Arcádia, que foi vendida e estava prestes a ser transformada num hotel. Voltando ao cenário inicial da história, nos deparamos com uma cidade que parece ter ficado estagnada com relação aos costumes, além dos personagens cujas lembranças trazem à tona sentimentos que há muito tempo estavam guardados...

O livro é narrado em terceira pessoa e começa de forma muito lenta, alternando a visão dos fatos de forma que cada personagem ganhe foco, logo o leitor tem uma visão ampla e geral sobre os acontecimentos e os sentimentos envolvidos mas sem se prender a um único pensamento em particular.
Ainda que Casa das Marés tenha sido seu segundo livro, a autora já demonstrava ter uma habilidade muito boa ao fazer descrições, tanto dos cenários quanto das emoções e sentimentos dos personagens, então é perfeitamente possível imaginar e visualizar a dita cena como se fosse algo real, mas acho que a autora pecou pelo excesso nesse livro...
A primeira parte da história se passa nos anos 50 e é praticamente destinada a apresentar os personagens pois a atmosfera da época propriamente dita não é muito explorada.
Lottie ama a vida que tem, é grata à família que lhe acolheu e presa por sua amizade com Célia.
Célia é o tipo de personagem que quer ir além e não se contenta em viver numa cidadezinha sem perspectivas. A família Holden, assim como os demais moradores da cidade, são zelosos e vivem da forma mais convencional possível.

De forma geral, a história é boa, ou pelo menos a ideia dela, mas na minha opinião houve muita enrolação pra ser contada. Se uma história pode ser contada em 100 páginas, não vejo motivo para se gastar 400, Acho que quando detalhes que não fazem diferença no desenrolar da trama são inseridos, a sensação que fica é a de perda de tempo, principalmente quando a história é regada de clichês que não fazem muito sentido. Em diversos momentos me peguei questionando os motivos que levaram a personagem a nutrir um sentimento tão intenso por alguém que ela mal conhece, qual a intenção de se forçar um tipo de triângulo amoroso sem respaldos para ser crível, por que a história remete a uma novela mexicana onde os personagens fazem um escarcéu aumentando um pequeno problema fazendo com que pareça o fim do mundo ou por que motivo existem personagens que parecem não ter um propósito ou relevância e ainda assim estarem alí com o livro chegando no fim. E nem a jogada de mesclar passado com presente foi suficiente para me fazer vibrar ou me manter tão interessada nos problemas que viriam a ser desencadeados e como seriam resolvidos.
A ideia parece ser mostrar um sentimento que sobrevive ao tempo e a distância, mas muitas coisas são descartadas e esquecidas, inclusive personagens que pareciam ter alguma relevância, e o leitor fica sem saber o que aconteceu. Há uma insistência muito grande em descrições, mas pouco aproveitamento no desenvolvimento, então o que devia importar acaba não convencendo.

O novo projeto gráfico foi uma aposta excelente da editora, pois dessa forma as capas mantém um padrão criando uma "identidade" para os livros da autora. As páginas são amarelas, a diagramação é simples e a revisão é perfeita.

Confesso que não foi um livro que me pegou, fiquei com aquela sensação de ter algo incompleto e acredito que pode ser um pouco problemático criarmos expectativas quando lemos os livros de Jojo de forma desordenada. Talvez eu tivesse gostado mais da história e da leitura em si de A Casa das Marés se não tivesse tido experiência com seus livros posteriores primeiro, assim, talvez, poderia apostar no talento da autora e acompanhar gradualmente seu desenvolvimento e melhoria em criar histórias, que começam como um meio de entretenimento um tanto quanto entediantes, enrolados e até vazios, e partem rumo aos exemplos de vida que tocam o leitor a ponto de fazê-los se debulhar em lágrimas...

Em Busca de Abrigo - Jojo Moyes

28 de julho de 2015

Lido em: Julho de 2015
Título: Em Busca de Abrigo
Autora: Jojo Moyes
Editora: Bertrand Brasil
Gênero: Romance
Ano: 2015
Páginas: 434
Nota: ★★★★☆
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Na noite da Coroação da Rainha Elizabeth II, em 1953, a comunidade de expatriados de Hong Kong se reúne para celebrar o evento com uma festa. Enquanto os convidados tentam ouvir a cerimônia em um rádio antigo, Joy, uma jovem de 21 anos, se apaixona. Menos de vinte e quatro horas depois da festa, ela já está prometida em noivado ao rapaz, mas só tornará a se encontrar com o noivo um ano depois. Em 1980, um ato de rebeldia faz Kate, aos 18 anos, fugir do Condado de Wexford, na Irlanda, com sua filha ilegítima. Quinze anos mais tarde, Sabine deixa Hackney, o elegante bairro onde mora, em Londres, para visitar os avós que jamais conheceu e descobre que Wexford parece ter parado no tempo. Quando Sabine, sua mãe e sua avó voltam a se encontrar, um segredo de família cuidadosamente guardado é descoberto, bem como algumas verdades importantíssimas: o conflito entre o amor e o dever, as escolhas que as mulheres são obrigadas a fazer e o relacionamento entre mães e filhas.

Resenha: Em Busca de Abrigo foi o romance de estreia da autora Jojo Moyes. O livro já havia sido lançado pela Bertrand em 2004 mas agora foi relançado com novo projeto gráfico que tornou a obra mais atrativa visualmente aos leitores.

A historia se inicia em 1953, na noite de coroação da Rainha Elizabeth II. A jovem Joy Leonard conhece o oficial da Marina Edward Ballantyne e o que sentiram um pelo outro foi intenso o bastante para que ficassem noivos. Ao pedir a benção dos pais dela, a mãe de Joy não aprovou a ideia do noivado pois ela própria estando presa a um casamento infeliz, deixara de acreditar no amor. Edward, sendo um marinheiro, precisaria zarpar em breve e só voltaria em no mínimo 9 meses, e este seria o tempo em que Joy deveria esperar para que pudessem, enfim, se casar.

Em seguida a história já nos leva para Londres em 1997. Kate estava se separando do companheiro mais recente e por mais que Sabine já não se importasse mais com essa situação por já ter se acostumado, sua mãe decide enviá-la para a casa dos avós, no interior da Irlanda. Edward ficara doente e o momento poderia ser ideal para que todos pudessem se encontrar. Assim a garota de dezesseis anos não teria que presenciar o inconveniente do divórcio e nem "sofreria" com outra separação da mãe. Mas saindo de Hackney e ao chegar na casa da avó que ela jamais havia conhecido, Sabine é obrigada a se adaptar a uma rotina que parece não ter saído dos anos 50. Viver numa fazenda de cavalos de forma regrada - e ainda sem a praticidade da tecnologia - era completamente o oposto da vida que levava com a mãe e as coisas seriam mais difíceis do que pensou. Mas quando Sabine, Kate e Joy, se encontram um segredo de família acaba vindo a tona assim como algumas verdades há muito tempo escondidas e sentimentos reprimidos também.

O livro é narrado em terceira pessoa e podemos acompanhar a história através dos pontos de vista de Joy, Kate e Sabine com foco principal na garota. Dessa forma temos uma visão mais ampla do que se passa mas também mais longa, e isso pode tornar a leitura um pouco monótona em alguns pontos já que o ritmo é bem lento.
As personagens foram muito bem caracterizadas e bem construídas e tiveram a história bem desenvolvida até certo ponto. Kate fugiu da Irlanda quando era jovem para escapar das tensões de casa mas é notável que os problemas de relacionamento se repetem com Sabine. Ela não tem sorte quando o assunto é amor e Sabine está cansada da sucessão de relacionamentos falidos da mãe que acabam lhe trazem uma figura paterna que logo estará fora de sua vida.
Sabine odeia a Irlanda, odeia a fazenda e não consegue lidar com a avó muito bem. A comunicação com o avô é difícil, ela é afetada pela saudade que tem dos amigos que ficaram em Londres e ainda nutre um sentimento de amargura contra sua mãe.

Mas a medida que a história se desenrola e acompanhamos e aprendemos um pouco mais sobre essas três gerações de mulheres, podemos compreender que a fragilidade da relação que elas possuem parecem se conectar, mesmo que pra que isso acontecer seja necessário reconstruir pontes e relevar segredos que até permitiam um julgamento infundado entre elas. Isso, de alguma forma, me fez ver que até o nosso próprio julgamento com os outros nem sempre é correto pois nem sempre sabemos o outro lado da história ou o que motiva alguém a tomar determinadas atitudes.
A história não se prende apenas ao relacionamento das três. Os personagens secundários que cercam a propriedade dos Ballantyne tem papéis fundamentais que contribuem para enriquecer o enredo com suas histórias que acabam se entrelaçando com a principal por terem alguma influência sobre as personagens principais.
Pelo foco maior estar em Sabine, quando as revelações sobre Joy e Kate começaram a aparecer eu não estava tão empolgada. Por mais que elas tenham sido importantes e fundamentais na história. senti que a real protagonista era Sabine e me apeguei mais a ela e a seus problemas.

Em Busca de Abrigo retrata a história de uma família com as estruturas abaladas, cuja realidade é contraditória e afetada por muitos segredos. O leitor é transportado para o mundo de cada uma delas, as descrições detalhadas do ambiente, das situações e dos sentimentos soam muito verdadeiras e intensas e é possível até mesmo visualizar o que se passa. A autora aborda questões que podem prejudicar e até destruir uma família, mas sobretudo evidencia a segunda chance como algo importante e necessário, mesmo que pra isso seja necessário engolir o orgulho e ceder para ouvir o que o próximo tem a dizer, afinal, errar é humano e não custa nada tentar entender o que levou alguém a fazer uma escolha errada... Pode não ter sido com a pior das intenções...
Comecei o livro com uma perspectiva das personagens mas a medida que a história avança, elas vão sendo moldadas a partir das revelações que são feitas ou fatos que ocorreram no passado que acabam interferindo e refletindo no presente. Me irritei, tive pena, tive compaixão, e esse misto de sensações cruas que a leitura me proporcionou me fez enxergar que as mudanças surgem de acordo com a experiência, mesmo que o final não seja cor-de-rosa, afinal, a vida não para e sempre vai existir desafios e obstáculos, grandes ou pequenos, a serem enfrentados.

A capa, como eu mencionei no início, está bastante atrativa e combina com os outros sucessos da autora publicados pela Intrínseca. Encarei isso como uma enorme consideração pelos leitores e fãs da autora que gostam de manter a coleção toda combinando ♥ Bertrand, sua linda! O diferencial é que o título é em alto relevo e tem aplicação em verniz. As páginas são amarelas, a diagramação é simples e a revisão está impecável.

Posso afirmar que por ter sido o primeiro livro da autora, é perceptível que os mais recentes são mais bem escritos e mais envolventes, mas isso não desmerece esta obra. Fiquei satisfeita em saber que a autora evoluiu pra melhor e que suas histórias conseguem ser marcantes e inesquecíveis.
Para quem procura por um bom drama familiar vivenciado por personagens reais e narrado sob um estilo de escrita sutil mas ainda assim bastante memorável, recomendo.

A Garota que Você Deixou Para Trás - Jojo Moyes

9 de março de 2014

Lido em: Março de 2014
Título: A Garota que Você Deixou Para Trás
Autora: Jojo Moyes
Editora: Intrínseca
Gênero: Romance/Drama
Ano: 2014
Páginas: 384
Nota:
Onde comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Durante a Primeira Guerra Mundial, o jovem pintor francês Édouard Lefèvre é obrigado a se separar de sua esposa, Sophie, para lutar no front. Vivendo com os irmãos e os sobrinhos em sua pequena cidade natal, agora ocupada pelos soldados alemães, Sophie apega-se às lembranças do marido admirando um retrato seu pintado por Édouard. Quando o quadro chama a atenção do novo comandante alemão, Sophie arrisca tudo — a família, a reputação e a vida — na esperança de rever Édouard, agora prisioneiro de guerra. Quase um século depois, na Londres dos anos 2000, a jovem viúva Liv Halston mora sozinha numa moderna casa com paredes de vidro. Ocupando lugar de destaque, um retrato de uma bela jovem, presente do seu marido pouco antes de sua morte prematura, a mantém ligada ao passado. Quando Liv finalmente parece disposta a voltar à vida, um encontro inesperado vai revelar o verdadeiro valor daquela pintura e sua tumultuada trajetória. Ao mergulhar na história da garota do quadro, Liv vê, mais uma vez, sua própria vida virar de cabeça para baixo. Tecido com habilidade, A garota que você deixou para trás alterna momentos tristes e alegres, sem descuidar dos meandros das grandes histórias de amor e da delicadeza dos finais felizes.

Resenha: A garota que você deixou para trás, é um drama escrito pela autora Jojo Moyes e lançado no Brasil pela Editora Intrínseca. Ele conta a história de duas mulheres, Sophie e Liv, que, apesar de separadas por quase um século, tem em comum um objeto de grande valor sentimental para elas: o quadro entitulado "A garota que você deixou para trás".
O livro é dividido em duas partes e a primeira se passa na França de 1916, em plena Primeira Guerra Mundial. Assim, conhecemos Sophie Lefèvre, uma mulher que precisa manter sua família segura após seu marido, Édouard, ter sido levado para combater no front. A Alemanha toma a cidade de St Péronne e passa a hostilizar os habitantes, porém, quando um novo Kommandant chega a cidade e adentra a casa de Sophie procurando algum meio de castigar e humilhar sua família, ele se depara com um quadro pintado pelo marido dela. Por ser um verdadeiro admirador de obras de arte, o Kommandant começa a demonstrar um tipo de obsessão por ela, já que o quadro se tratava de uma pintura dela cheia de vida e confiança, e todos na cidade começam a acreditar que por ela não ser mais perseguida pelos alemães, e ainda ter sido posta para trabalhar como cozinheira, é por estar, de alguma forma, do lado deles. O Kommandant sempre arruma desculpas para se por de frente para o quadro e admirá-lo ao mesmo tempo que se aproxima de Sophie. Porém, a única coisa que ela quer é reencontrar seu marido, e a forma que ela encontrou de tentar esse feito, seria não despertando a ira dos alemães e principalmente do Kommandant, enquanto se aproveitava dessa suposta "bondade" por parte dele. Mesmo que isso lhe custe a própria reputação...

Anos se passaram desde então, e em Londres de 2006, somos apresentados a Liv Halston, uma mulher que sofre por ter perdido o marido, David, passa por grandes dificuldades financeiras e está beirando a falência. Além da casa que ela se recusa a vender e desocupar, mesmo sem dinheiro pra mantê-la, há um presente que ela havia ganhado do marido e que está pendurado em sua parede - o quadro com o retrato de Sophie - e Liv se apegou a ele por ser a lembrança mais forte que têm de David, mesmo sem saber de sua verdadeira história.
Até que, por ironia do destino, Liv conhece Paul McCafferty, um sujeito bastante decente com um emprego bem "interessante"... Paul trabalha numa agência e é encarregado de encontrar obras de artes, aquelas há muito tempo perdidas ou roubadas nos tempos da Guerra, de forma que os verdadeiros herdeiros possam ser restituídos, e por ele, Liv descobre que sua pintura vale milhões de euros! Uma enorme guerra judicial se inicia entre ela e os descendentes da família Lefèvre, pois de um lado, há o inegável interesse financeiro, e de outro, o valor sentimental... E Sophie não pretende abrir mão de seu presente fazendo de tudo para provar que o quadro lhe pertence, mas, para isso, precisaria saber um pouco mais da história de Sophie...

A primeira parte da história é narrada em primeira pessoa por Sophie, e é possível percebermos que mesmo com os horrores da guerra, e o quanto os alemães foram cruéis, havia quem tentasse enxergar bondade nas piores coisas, lutando com todas as garras pelos seus ideais, objetivos e pelo que realmente tinha algum valor.
Já na segunda parte, narrada em terceira pessoa, vemos uma Liv que, assim como Sophie, também está determinada a lutar pelo que ela mais valoriza e ama. Mesmo que a escolha das duas de seguir em frente lhe causassem vários transtornos e riscos, elas simplesmente não desistiram e enfrentaram, cada qual a sua maneira, o que viesse pela frente, atitude que fizeram delas verdadeiras guerreiras.

Histórias que envolvem a guerra, principalmente os horrores e todas as atrocidades que suas vítimas tiveram de enfrentar, é algo que me causa arrepios, e mesmo que a parte destinada a Sophie dê esse gostinho amargo de todos os abusos que o povo sofreu, não é o fator principal aqui - por mais que a ocupação tenha sido descrita com bastante realidade. O amor de Sophie pelo marido e o quanto ela acredita e tem esperança de reencontrá-lo, é o que, de fato, lhe dá forças para passar por cima de toda aquela miséria e sofrimento que os alemães causaram.
E foi essa a parte da história que havia me prendido pois me peguei imaginando como um amor pode ser tão grande e bonito a ponto de ultrapassar todas as barreiras, por piores que sejam.

Mas após 125 páginas, já somos transportados para a atualidade, e aquele clima de tensão e agonia pelo qual Sophie estava passando é cortado de forma instantânea para que Liv fosse apresentada, e mesmo que ela também tenha sofrido uma perda, sua história não me prendeu como a de Sophie. Não senti emoção, fiquei com a impressão de que Paul ter entrado em sua vida não foi coincidência ou obra do acaso, mas sim algo conveniente, arranjado e superficial, pois entre milhões de pessoas no mundo, ela vai conhecer logo alguém que está procurando pelo quadro que tem, bêbada e num bar gay, evento este que viraria sua vida de cabeça pra baixo da noite pro dia a levando a enfrentar a justiça e tudo mais?

O julgamento é bastante longo, monótono e arrastado (quase me lembrou a justiça brasileira) e também foi algo que não me agradou, e a pergunta "quem vai ficar com o quadro?" já era algo que deixou de me interessar tamanha a vontade daquilo chegar ao fim.
Alguns capítulos da segunda parte do livro são destinados a acontecimentos que envolveram a vida de Sophie (narrados por ela própria), descobertas que foram sendo feitas durante o processo, cartas e etc, mas já não tiveram o mesmo impacto como aconteceu na primeira parte.

A coragem das personagens em lutar pelo que acreditam enfrentando tudo e todos, levando em consideração o amor, é algo que nos motiva e emociona, mas a história de Sophie foi tão mais intensa do que a de Liv que achei que houve um desequilíbrio em combinar passado e presente tendo o quadro como objeto em comum, mesmo que as duas fossem bastante parecidas no que diz respeito ao que as motiva.

Enfim, não vou negar que a história emociona, mexe com a gente e vale a pena ser lida, mas achei que poderia ter mais Sophie e menos Liv.
A garota que você deixou para trás, pra mim, pode ser resumida como uma história sobre duas mulheres fortes e determinadas, que lutaram para sobreviver em tempos difíceis e amargos, a fim de superar as adversidades impostas pelo destino.



Como eu era antes de você - Jojo Moyes

15 de junho de 2013

Lido em: Junho de 2013
Título: Como eu era antes de você
Autora: Jojo Moyes
Editora: Intrínseca
Gênero: Drama/Romance
Ano: 2013
Páginas: 320
Nota: ★★★★★
Sinopse: Aos 26 anos, Louisa Clark não tem muitas ambições. Ela mora com os pais, a irmã mãe solteira, o sobrinho pequeno e um avô que precisa de cuidados constantes desde que sofreu um derrame. Trabalha como garçonete num café, um emprego que não paga muito, mas ajuda nas despesas, e namora Patrick, um triatleta que não parece interessado nela. Não que ela se importe.
Quando o café fecha as portas, Lou é obrigada a procurar outro emprego. Sem muitas qualificações, consegue trabalho como cuidadora de um tetraplégico. Will Traynor, de 35 anos, é inteligente, rico e mal-humorado. Preso a uma cadeira de rodas depois de um acidente de moto, o antes ativo e esportivo Will desconta toda a sua amargura em quem estiver por perto. Tudo parece pequeno e sem graça para ele, que sabe exatamente como dar um fim a esse sentimento.
O que Will não sabe é que Lou está prestes a trazer cor a sua vida. E nenhum dos dois desconfia de que irá mudar para sempre a história um do outro. Como eu era antes de você é uma história de amor e uma história de família, mas acima de tudo é uma história sobre a coragem e o esforço necessários para retomar a vida quando tudo parece acabado.

Resenha:  "Como eu era antes de você" é um drama que conta a história de Louisa Clark, uma moça de 26 anos, com um jeito muito cafona de se vestir, que empurra um namoro falido com Patrick e foi demitida do café onde trabalhava como garçonete. Agora ela está a procura de um emprego para poder se manter e ajudar com as despesas de casa, já que mora com os pais, o avô, a irmã mais nova e o sobrinho pequeno, e é muito cobrada pela família. Talvez por morar numa cidade com poucas chances de crescimento para alguém como ela, Lou acabou se acomodando e se conformou que nunca seria ninguém na vida, e apesar de ser a irmã mais velha, sempre foi colocada em segundo plano e sempre viveu à sombra da irmã mais nova, que é mais inteligente, mais ambiciosa e alvo de todas as expectativas que a família alimenta como alguém que iria se dar bem na vida, porém, por ter ficado grávida, precisou interromper seus planos.

Ao ir numa agência de empregos, devido a não ter muita experiência e nem ter muitas qualificações, a única opção que restou para Lou foi ajudar com os cuidados de um homem de 35 anos que sofreu um terrível acidente que o deixou paralizado de forma irreversível, entrevado numa cadeira de rodas, e que depende dos outros para viver, Will Traynor. Apesar de não ter ficado muito satisfeita com o tipo de serviço que seria designado a ela, Lou aceitou, pois era um trabalho temporário e o salário era muito alto. Porém, Will é um cara extremamente fechado, amargurado, arrogante, mal humorado e de mal com a vida. Sua condição, de acordo com ele, é algo longe de viver com dignidade, pois além de depender dos outros para tudo, não pode mais aproveitar a vida intensamente como fazia antes. Mas o que ele não esperava, era que após as faíscas dos primeiros dias de convivência se extinguissem, Lou fosse exatamente o tipo de pessoa que lhe traria a alegria que o acidente lhe tirou, que despertaria vários sentimentos e emoções, e que sua vida, por mais triste e vazia que fosse, sofreria uma grande mudança ao lado dela... E assim como Will, Lou também não esperava que sua vida iria mudar para sempre, principalmente quando descobre que ele guarda um segredo e que sua temporada como cuidadora seria uma tentativa de correr contra o tempo...

A história é super bem escrita, e flui maravilhosamente bem. Narrada em primeira pessoa, e com alguns capítulos sendo contados pelo ponto de vista de outros personagens, Lou é uma personagem intensa, e que apesar de não ter ambições, é divertida e preocupada com as pessoas a sua volta. É um tipo de personagem que faz com que nossas emoções fiquem a flor da pele pelas descrições de sentimentos que ela extravasa através de seus atos ou pensamentos. Ela tem todo um potencial para ser alguém na vida, mas ainda não teve motivação para que fosse despertado, até conhecer Will, alguém que poderia lhe oferecer tudo, mas ao mesmo tempo nada. Um relacionamento em que duas pessoas combinam perfeitamente bem, mas que não se completam totalmente...

Como eu era antes de você é o tipo de história que emociona, que toca, que faz chorar... Tanto pela simplicidade dos atos e pela beleza dos gestos, como pela dor de perder parte de quem você é, ou viver na aflição, correndo contra o tempo, tentando alcançar o inalcançável, ou simplesmente desistindo do que não se pode ter mais... Nem sempre o dinheiro compra a felicidade, nem sempre a falta dele é sinônimo de tristeza. Pessoas podem viver de aparências, podem ter tudo mas ao mesmo tempo não ter nada, enquanto outras estão alí só pra trazer cor a uma vida totalmente cinza...
Um dos dramas mais bonitos que já li, que me fez ficar com os olhos cheios de lágrimas e que faz com que o leitor reflita sobre o que mais tem valor nessa vida tão curta que temos...