Novidades de Novembro - Geração Editorial

16 de novembro de 2015

À Sombra da Figueira - Vaddey Ratner
Para a menina Raami, de sete anos de idade, o fim abrupto e trágico da infância começa com os passos de seu pai voltando para casa na madrugada, trazendo detalhes da guerra civil que invadiu as ruas de Phnom Pehn, a capital do Cambódia. Logo o mundo privilegiado da família real é misturado ao caos da revolução e ao êxodus forçado. Nos quatro anos seguintes, enquanto o Khmer Rouge tenta tirar da população qualquer traço de sua identidade individual, Raami se apega aos únicos vestígios de sua infância — lendas míticas e poemas contados a ela pelo seu pai. Em um clima de violência sistemática em que a lembrança é uma doença e a justificativa para execução sumária, Raami luta pela sua sobrevivência improvável. Apoiada no dom extraordinário da autora pela linguagem, Sombras da Figueira é uma história brilhantemente intricada sobre a resiliência humana.
Finalista do Prêmio PEN Hemingway este livro vai levá-lo às profundezas do desespero e mostrar horrores abomináveis. Vai revelar uma cultura maravilhosamente rica, lutando para sobreviver através de pequenos gestos,. Vai fazer com que jamais sejam esquecidas as atrocidades cometidas pelo regime Khmer Rouge. Vai lhe encher de esperança e confirmar o poder que há ao se contar uma história de nos elevar e nos ajudar não somente a sobreviver, mas à transcendência do sofrimento, da crueldade e da perda.

Zen Socialismo - Cynara Menezes
Zen Socialismo, de Cynara Menezes, reúne o que de melhor esta jornalista que prega a necessidade de uma nova esquerda no país escreveu em sua peregrinação ao mesmo tempo lúcida, denunciadora e bem-humorada pelos problemas, paranoias, fobias, absurdos ideológicos, retrocessos e baixezas da direita brasileira (e de seus adeptos mal informados) pelas redes sociais brasileiras. Reunidos em blocos temáticos como Socialismo, Brasil, Camaradas, Mundo, Maconha, Jornalismo, Vida, Sexualidade e Entrevistas, os posts são uma leitura em que o prazer do texto se confunde com o prazer de ser bem informado e de se deparar com uma inteligência lúcida que nos diz um pouco do que precisamos saber sobre o socialismo do século XXI sem as cortinas de fumaça da mídia tradicional. É isso, ainda é possível fazer o bom e velho jornalismo.

Novidades Literárias - Novembro

15 de novembro de 2015

Intrínseca
Caçadores de Trolls - Caçadores de Trolls #1 - Guillermo Del Toro e Daniel Kraus
Uma história de terror criada por um dos artistas mais visionários da atualidade
O estilo inconfundível e marcante de Guillermo del Toro, sempre envolvendo universos mágicos, criaturas fantásticas e histórias espantosas, está presente em toda a sua obra como cineasta, roteirista, produtor e autor. Em Caçadores de trolls, ele presenteia os leitores com uma história sombria e de dar arrepios, com ilustrações capazes de nos transportar para um mundo paralelo apavorante.
Jim Sturges é o típico adolescente na cidade de San Bernardino: tem um pai superprotetor, um melhor amigo meio desajeitado e uma paixão platônica por uma menina que nem sabe que ele existe. Mas isso tudo muda quando um mistério de décadas ressurge, ameaçando a vida de todos os moradores da entediante cidadezinha. Junto com um grupo de heróis improváveis, Jim terá que enfrentar monstros com um gosto especial por carne humana.
Um livro sobre os medos e criaturas que se ocultam onde menos se espera.

Diário Extraordinário - R. J. Palacio
Diário extraordinário é um convite a encontrarmos o escritor que existe em cada um de nós – um caderno pautado e ilustrado, com frases inspiradoras e espaço de sobra para colocarmos no papel tudo o que vier à cabeça.
Assim como em 365 dias extraordinários, R. J. Palacio recorre a seus romances e contos anteriores para pinçar dos textos o melhor de cada personagem, e combina essas máximas com aforismos de grandes nomes do pensamento mundial, como Rousseau, Pascal e o Dalai Lama. Tudo isso com o intuito de oferecer inspiração para que o leitor encontre a própria voz, preenchendo as páginas com seus pensamentos, ideias, planos e recordações especiais.
Enquanto registra seus momentos no diário, talvez o novo escritor se depare com Charlotte lembrando-o de que “um sonho é como um desenho em sua mente que vai ganhando vida”, ou talvez Anne Frank lhe diga que “ninguém precisa esperar um momento específico para melhorar o mundo” e Julian lhe dê o empurrãozinho que faltava, argumentando que “nunca é tarde para recomeçar”. Porque, como diz Auggie, “todas as pessoas do mundo tinham que ser aplaudidas de pé pelo menos uma vez na vida”. O Diário extraordinário pode ser um primeiro passo em direção a isso.

Auggie & Eu - R. J. Palacio
A história de Auggie Pullman, o menino de aparência incomum que tem encantado milhares de leitores desde o lançamento do romance Extraordinário, em 2013, ganha agora novas perspectivas: Julian, Christopher e Charlotte, personagens da vida de Auggie, narram nos três contos reunidos no livro Auggie e eu seus encontros e desencontros com o amigo extraordinário.
O capítulo do Julian dá voz a um personagem controverso: o menino que liderava o bullying contra Auggie na escola. Enfim temos a oportunidade de entender o que o levou a agir dessa forma e o que Julian pensa das próprias ações. Em Plutão, o narrador é Christopher, o primeiro amigo de Auggie. Os dois meninos compartilham lembranças da infância e, apesar de terem se distanciado, aprendem que boas amizades sempre valerão um esforcinho a mais. Shingaling mostra Auggie pelos olhos de Charlotte, a única menina entre as três crianças escolhidas para apresentar a Auggie sua nova escola. Com ela entramos no universo das garotas e vemos como a chegada de Auggie afetou as relações entre elas.
Para quem sente saudades do menino cativante de feições e personalidade extraordinárias e tem curiosidade em saber mais sobre sua história, Auggie & eu é um verdadeiro presente.

Aleph
Os Molambolengos - Evangeline Lilly
Selma é uma garotinha esperta, mas muito mimada. Um dia Selma encontra, por acaso, uma colorida banda de marionetes, Os Molambolengos, que vão ensiná-la que nem sempre as coisas acontecem do jeito que ela quer. Evangeline Lilly é mais conhecida por seu trabalho como atriz, mas sua paixão mais antiga é a escrita. Os Molambolengos é seu primeiro livro. Ilustrado por Johnny Fraser-Allen, essa excêntrica e visualmente encantadora fábula vai agradar tanto crianças quanto adultos.






Arqueiro
Mundo Sem Fim - Ken Follett
Uma guerra que dura cem anos. Uma praga que devasta um continente. Uma rivalidade que pode destruir tudo.
Na Inglaterra do século XIV, quatro crianças se esgueiram da multidão que sai da catedral de Kingsbridge e vão para a floresta. Lá, elas presenciam a morte de dois homens. Já adultas, suas vidas se unem numa trama feita de determinação, desejo, cobiça e retaliação. Elas verão a prosperidade e a fome, a peste e a guerra. Apesar disso, viverão sempre à sombra do inexplicável assassinato ocorrido naquele dia fatídico.
Ken Follett encantou milhões de leitores com Os Pilares da Terra, um épico magistral e envolvente com drama, guerra, paixão e conflitos familiares sobre a construção de uma catedral na Idade Média. Agora Mundo Sem Fim leva o leitor à Kingsbridge de dois séculos depois, quando homens, mulheres e crianças da cidade mais uma vez se digladiam com mudanças devastadoras no rumo da História.

Magia do Sangue - Primos O'Dwyer #3 - Nora Roberts
Há muitos anos, Branna O’Dwyer entregou seu amor a Finbar Burke. No entanto, o romance durou pouco. Uma maldição ligada ao sangue de suas famílias os proibiu de ficar juntos.
Branna tentou preencher esse vazio com amigos e familiares, mas sabe que, sem Fin, sua vida nunca estará completa. Ele, por sua vez, passou os últimos doze anos viajando pelo mundo, focado exclusivamente no trabalho.
Atormentados pela forte atração que nem a distância pôde aplacar, nenhum dos dois acha que um dia se entregará de novo ao amor.
Entretanto, em meio às sombras que ameaçam destruir tudo o que eles consideram mais precioso, esse relacionamento sem futuro pode ser também a última esperança que lhes resta.


Universo dos Livros
Play - Stage Dive #2 - Kylie Scott
Ele precisava de uma namorada de mentira. Ela precisava de ajuda financeira. Mas será que eles vão conseguir não misturar os sentimentos com os negócios? Mal Ericson, o baterista da mundialmente famosa banda de rock Stage Dive, precisa melhorar sua imagem, e rápido. Ter uma boa garota ao seu lado parece ser o suficiente. Mal não planejara que este artifício temporário se tornasse permanente; no entanto, ele não esperava encontrar o amor de sua vida. Anne Rollings jamais pensou que conheceria o rockstar que inundava as paredes de seu quarto na adolescência - especialmente não naquelas circunstâncias. Anne está com problemas financeiros, e dos grandes. Porém, ser paga para ser a namorada de mentira de um selvagem e festeiro baterista não poderia terminar bem, não importa se ele é muito gostoso. Será que um final feliz é possível nesse caso?

Darkside Books
A Guerra da Rainha Vermelha - Prince of Fools #1 -Mark Lawrence
“Sou um mentiroso, um trapaceiro e um covarde, mas nunca, jamais, irei decepcionar um amigo. A menos que, para não decepcioná-lo, seja preciso demonstrar honestidade, jogo limpo ou bravura.” Assim se apresenta Jalan Kendeth, o neto da Rainha Vermelha e décimo na linha de sucessão ao trono. Um verdadeiro hedonista sem pretensões políticas, que se vê obrigado a abandonar sua boa vida após sofrer uma tentativa de assassinato. Para escapar, precisa se aliar a um perigoso guerreiro.
Mark Lawrence novamente cria um anti-herói irresistível. Por que mesmo estamos torcendo por eles? – é uma pergunta comum entre os cada vez mais numerosos leitores de suas aventuras. A resposta, certamente, está no talento com que o autor conduz seus personagens e narrativas. E desta vez, a violência e o rancor de Jorg Ancrath, da Trilogia dos Espinhos, é substituída pela astúcia e charme do Príncipe dos Tolos.
Em comum, as duas trilogias dividem o mesmo cenário, um universo pós-apocalíptico e de inspiração medieval. Se você não via a hora de voltar ao Império Destruído, esta é sua chance, com esta nova saga do universo expandido da Trilogia dos Espinhos.


Matrix
Puxa Conversa Casal - 100 cartas para falar de amor e sexo - Denise Miranda e Marina Simas
Puxa Conversa é uma linha de livros em forma de caixinha da Matrix Editora de bastante sucesso e que tem gerado nossos desdobramentos.
O mais recente é o Puxa Conversa Casal – 100 cartas para falar de amor e sexo. Nesta obra estão 100 cartas com perguntas reflexivas sobre a relação do casal. Elas abordam temas afetivos/sexuais, suas histórias e seus padrões de relacionamento.
Um jeito gostoso e envolvente para falar de amor, sexo, erotismo, paixão, e de toda a complexidade de que se constitui uma relação. Foi escrito de forma lúdica para ajudar os casais a desmistificar mitos e tabus, facilitando a comunicação e resgatando suas histórias.
Alguns exemplos:
Qual foi o nosso melhor momento juntos?
Qual é a nossa maior força como casal?
O que mudou em sua vida depois que me conheceu?
O que pode ser aprimorado na nossa relação sexual?
Quais fantasias ainda não realizamos juntos e que gostaria de realizar?
Qual carícia mais excita você?



Alice no País das Armadilhas - Mainak Dhar

14 de novembro de 2015

Título: Alice no País das Armadilhas - Alice no País das Armadilhas #1
Autor: Mainak Dhar
Editora: Única
Gênero: Releitura/Fantasia/Sci-fi
Ano: 2015
Páginas: 256
Nota: ★★★★☆
Onde comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: O planeta Terra foi devastado por um ataque nuclear, e boa parte de sua população se transformou em Mordedores, mortos-vivos que se alimentam de sangue e, com sua mordida, fazem dos humanos seres como eles.
Alice é uma jovem humana de 15 anos que mora no País das Armadilhas, nos arredores da cidade que um dia foi Nova Déli, na Índia. Ela nasceu nessa nova realidade aterrorizante e teve de aprender a se defender sozinha desde cedo.
As coisas mudam quando Alice decide seguir um Mordedor por um buraco no chão: ela descobre a estarrecedora verdade por trás da origem das criaturas e se dá conta da profecia que ela mesma está destinada a consumar — uma profecia que se baseia nos restos chamuscados do último livro encontrado no País das Armadilhas, uma obra chamada Alice no País das Maravilhas.
Uma mistura incomum de mitos, teorias conspiratórias e Lewis Caroll, Alice no País das Armadilhas pode parecer mais uma história de zumbi, mas é uma metáfora instigante de como tendemos a demonizar aquilo que não compreendemos.

Resenha: Alice no País das Armadilhas é o primeiro volume da série homônima escrita pelo autor indiano Mainak Dhar e publicado no Brasil pela Única.
O mundo já não é mais o mesmo. Com a eclosão de mortos vivos, a chamada Insurreição, os governos de grandes potências mundiais atacaram os principais centros de surgimento com armas nucleares a fim de acabarem com esta ameaça. Os Mordedores tentavam aumentar sua população mordendo os humanos, pois através da mordida eles se transformavam. Mas toda a destruição causada pelos homens não foi o suficiente para acabar com essas criaturas, e desse apocalipse surgiu uma luta pela sobrevivência entre humanos e errantes numa terra devastada, estéril e triste que agora ficou conhecida como o País das Armadilhas.

E neste cenário somos apresentados à Alice, uma garota loira de quinze anos que vive nas cercanias do que antes era Nova Déli, num assentamento com os pais e a irmã mais velha, e mais um grupo de outros humanos sobreviventes e resistentes. Ela nasceu depois da Insurreição e não conhece nada do que o mundo foi antes. Alice passou a infância brincando com armas, explosivos e aprendendo como matar e destruir os mortos-vivos. Ela aprendeu a atirar e se tornou umas das melhores atiradoras do acampamento. Por ser veloz, observadora e ter uma excelente pontaria, Alice colaborava com a defesa do local, esperando em pontos estratégicos para acertar Morderores que pudessem ter escapado da força dominante. Seu pai, o líder do assentamento, não permitia que ela se distanciasse e ela acabava se entediando por ter que ficar em constante observação, só ouvindo de longe o estampidos dos tiros sem saber o que estava acontecendo.

Mas, curiosa, Alice resolveu se arrastar para poder ver além, e, para sua surpresa, avistou um Mordedor. O fato de ele estar usando orelhas de coelho não foi o que lhe causou estranhês, afinal, quando as pessoas se tornam errantes elas continuam vestindo as roupas que usavam antes da morte, mas sim que ele não estava vagando aleatoriamente. Ele parecia procurar algo, e pra alguém desprovido de raciocínio e inteligência, isso não é algo comum. Até que ele foi literalmente engolido por um buraco no chão e Alice, perplexa, o seguiu. Ela já havia ouvido rumores de que bases subterrâneas onde os errantes viviam existiam, e de lá eles surgiam para continuarem devastando tudo pela frente. Saber o local de uma dessas bases daria uma grande vantagem ao acampamento durante um ataque. O que Alice não esperava era ter encontrado uma delas e muito menos escorregar buraco abaixo para ser encurralada por um grupo pútrido de mortos-vivos, incluindo o Orelhudo que lhe despertou curiosidade. Na base, ela conhece uma mulher misteriosa que se denomina Rainha dos Mordedores, e Alice descobre mais sobre eventos que irão entrar em contradição com tudo o que ela aprendeu e acreditou ser verdade, principalmente quando ela é informada de que faz parte de uma profecia tirada dos restos de um livro intitulado Alice no País das Maravilhas, e que a salvação do mundo está em suas mãos. Será que a guerra entre errantes e humanos é realmente necessária? Como e por que exatamente ocorreu essa eclosão de Mordedores? O que pode estar por trás dessa história e qual é o verdadeiro papel de Alice alí?

Narrado em terceira pessoa, o livro discorre numa leitura fácil, rápida e fluída, com descrições detalhadas e bem explicativas sobre situaçãos, personagens e cenários de forma a introduzir o leitor ao ambiente pós-apocaliptico e ao que aconteceu para que o mundo chegasse aquele ponto. Alguns trechos são um pouco repetitivos mas Alice no País das Armadilhas é aquele tipo de história em que as coisas acontecem muito rápido, personagens vem e vão sem que tenhamos tempo de nos apegarmos a eles, e isso acabou me fazendo sentir falta de um aprofundamento maior já que envolve questões delicadas que vão muito além do faz-de-conta.
Pra quem gosta de histórias que envolvem o universo zumbi, com lutas, tiros, carnificina e sangue vai gostar, mas o livro não é feito somente desses elementos. No enredo há questões políticas e conspiratórias construídas de forma bem inteligente, pois nos deparamos com a ideia do esforço de uma força maior, munidos de alto poder de fogo e soldados treinados, para manter o povo alheio ao que realmente aconteceu no passado para continuarem ditando as regras conforme convém. Então além da ação, ainda há um quê de mistério, despertando nossa curiosidade sobre os reais propósitos de quem detém o poder.

E como se essa combinação já não fosse o bastante para despertar nossa curiosidade, ainda temos os elementos criados por Lewis Carroll no clássico Alice no País das Maravilhas adaptados à obra de forma superficial, mas genial, afinal, a história fala basicamente sobre guerra e interesses políticos.
Ficção científica, fantasia, ação e toques de distopia se misturam e formam uma trama de caráter único, apresentando uma personagem jovem e inteligente que, ainda que sem intenção inicial, acaba descobrindo o que há por detrás dos interesses das potências governamentais e é peça chave para que a verdade seja levada à tona, logo o livro também faz uma crítica à política mostrando que, independente do lugar, sempre haverá sujeira e ganância, mas que somente a força do povo é capaz de derrubar o sistema, desde que trabalhem unidos e focados em prol de seus objetivos.


A capa é linda e bastante sugestiva ao mostrar silhuetas de árvores secas e criaturas "demoníacas" que penso ilustrarem o demônio interior de cada um ou a forma como vêem as coisas ou são vistos por outros. A diagramação é simples, os capítulos são numerados por extenso e possuem pequenos ornamentos que dividem as cenas. As páginas são amarelas e encontrei alguns poucos erros na revisão. Não é nada que comprometa a leitura, mas são frases que eu li e reli pra conferir se estavam mesmo certas por estarem estranhas como "Alice achou que ele estivesse prestes atacá-la." (pág. 96) Faltou um "a" alí depois do "prestes", não? Me deparei com um trecho (no fim da pág. 49) onde Alice saía correndo pra pegar um transmissor de rádio que havia sido jogado e caído a centímetros dela. Se estava a centímetros ela não poderia ter dado um único passo? Como é possível alguém sair correndo por centímetros de distância? Não sei se isso foi erro na tradução ou na adaptação, mas coisas assim, mesmo que bobas, me incomodam durante a leitura porque fico só pensando naquilo enquanto leio e acabo me distraindo.

Alice no País das Armadilhas é um misto de Resident Evil The Walking Dead e eu gostei bastante da história, tanto pelo tema abordado quanto pela mensagem que passa sobre criarmos uma resistência e termos preconceitos sobre coisas que estão além da nossa compreensão, afinal, nem sempre o que pensamos corresponde à realidade e nem sempre quem acreditamos ser o vilão, realmente é, da mesma forma que nem sempre quem diz nos proteger quer o nosso bem...
Pra quem quer acompanhar uma heroína destemida em busca de algo que dará esperança de uma vida melhor ao povo, recomendo.
                   

Novidades de Novembro - Companhia das Letras

13 de novembro de 2015

Percatempos - Tudo que faço quando não sei o que fazer - Gregorio Duvivier
Depois de surpreender a todos com sua verve poética, em Ligue os pontos, e de se consolidar como um dos mais inventivos cronistas brasileiros da nova geração, com Put some farofa, o aclamado ator e roteirista do Porta dos Fundos revela mais uma face de seu talento.
Com influência de Millôr, Sempé, Steinberg e de sua avó Ivna, Gregorio Duvivier nos oferece dezenas de desenhos inéditos de nanquim e aquarela, que conciliam o lirismo, a irreverência e o engenho já familiares a seus fãs.
Em um passeio pelo repertório cultural do autor, vemos reinventadas vida e língua cotidianas. A originalidade e o frescor de Gregorio estão de volta, desta vez para enriquecer a tradição de nosso humor gráfico.

Uma Menina está Perdida no Século à Procura do Pai - Gonçalo M. Tavares
Na Europa após a Segunda Guerra, em meio a uma paisagem de escombros, figuras esqueléticas e quase absoluto desamparo social e psicológico, uma menina e um homem perambulam por entre as ruínas. A menina é Hanna, tem catorze anos, é portadora de uma doença congênita e está em busca do pai; o homem é Marius, sujeito enigmático que parece
se esconder do próprio passado. Essa improvável dupla protagoniza Uma menina está perdida no seu século à procura do pai.
Desprotegida, com dificuldades de comunicação, Hanna carrega uma caixa repleta de fichas com uma espécie de curso, com atividades e perguntas, e é a partir delas que se lança num questionamento sobre o que é o ser humano - muitos dos objetivos de aprendizagem são difíceis de serem atingidos até por pessoas sem deficiência mental. Junto com Marius ela vai parar em um estranho hotel em Berlim: os quartos não têm números, mas carregam os nomes dos campos de concentração que, pouco tempo antes, foram o palco do inferno para milhões de pessoas. Quando Marius pergunta por que fazem aquilo, a dona do hotel responde: “Porque podemos. Somos judeus”.
Este novo romance de Gonçalo M. Tavares ganha contornos fantasmagóricos e irônicos típicos do autor português, que, avesso às convenções do gênero, constrói aqui um retrato a um só tempo abstrato e absolutamente tocante sobre as verdadeiras vítimas da guerra: as pessoas comuns, aquelas mais fragilizadas, que de repente se veem à margem de todos os acontecimentos. Há algo de calculado mistério ao longo de todo o romance, porém a ousadia não é pretexto para estéreis jogos formais. Com maestria, o autor apresenta a vida de seus personagens com intensidade, empatia e um gosto quase inesgotável para capturar os detalhes mais inesperados da vida de cada um.

Mulheres de Cinzas - Mia Couto
Primeiro livro da trilogia As Areias do Imperador, Mulheres de cinzas é um romance histórico sobre a época em que o sul de Moçambique era governado por Ngungunyane (ou Gungunhane, como ficou conhecido pelos portugueses), o último dos líderes do Estado de Gaza - segundo maior império no continente comandado por um africano.
Em fins do século XIX, o sargento português Germano de Melo foi enviado ao vilarejo de Nkokolani para a batalha contra o imperador que ameaçava o domínio colonial. Ali o militar encontra Imani, uma garota de quinze anos que aprendeu a língua dos europeus e será sua intérprete. Ela pertence à tribo dos VaChopi, uma das poucas que ousou se opor à invasão de Ngungunyane. Mas, enquanto um de seus irmãos lutava pela Coroa de Portugal, o outro se unia ao exército dos guerreiros do imperador africano.
O envolvimento entre Germano e Imani passa a ser cada vez maior, malgrado todas as diferenças entre seus mundos. Porém, ela sabe que num país assombrado pela guerra dos homens, a única saída para uma mulher é passar despercebida, como se fosse feita de sombras ou de cinzas.
Ao unir sua prosa lírica característica a uma extensa pesquisa histórica, Mia Couto construiu um romance belo e vívido, narrado alternadamente entre a voz da jovem africana e as cartas escritas pelo sargento português.

Confissões de um Homem Livre - Luiz Alberto Mendes
Quando tinha doze anos, Luiz Alberto Mendes fugiu de casa pela primeira vez. Filho de pai alcoólatra e de dona Eida, vivia num ambiente de brigas intermináveis e de opressão. Aos dezenove foi preso, acusado de assalto e homicídio. Primeiro passou pela Febem, atual Fundação Casa, depois, já adulto, cumpriu pena em várias casas de detenção. Em 1984, fugiu e foi recapturado. Quase dez anos depois, vivendo em regime semiaberto, com um pé na liberdade e outro no sistema prisional, foi detido em flagrante por roubo. Em um dos pontos altos deste livro, o autor narra a fuga repleta de tensão, imprevistos e erros, que culminaram no cerco da polícia.
Faltando pouco para alcançar a liberdade definitiva, teria que amargar mais alguns anos na cadeia. Mas dessa vez o anti-herói deste relato autobiográfico tinha um bom motivo para viver à margem das confusões e dos grupos radicais: agora era pai de Renato, fruto do casamento com Irismar. Enquanto esteve preso, trabalhou no setor jurídico, em um grupo espírita, nos Correios, foi professor e até produziu bichinhos de pelúcia. Passou por muitas celas, foi transferido para diferentes presídios, e cada mudança representava um recomeço: impor-se diante dos colegas, conhecer as regras, conquistar privilégios e arrumar um emprego para sustentar a família.
Confissões de um homem livre encerra a trilogia que começou com e foi seguida de Às cegas. Assim como nos outros livros, o seu relato do mundo do crime é um dos poucos que não doura a pílula. O discurso é seco, nervoso e direto. Sua honestidade, desconcertante. E são essas qualidades que aparecem de modo mais contundente nesta história sobre os anos que antecederam a sua liberdade.

A Noite do Meu Bem - A história e as histórias do samba-canção - Ruy Castro
Até 1946, quando o presidente Eurico Gaspar Dutra proibiu os jogos de azar no Brasil, a noite carioca girava em torno dos grandes cassinos: o da Urca, o do Copacabana Palace, o Atlântico, ou mesmo, subindo a serra, o Quitandinha, em Petrópolis. Eram verdadeiros impérios da boemia, onde a roleta e o pano verde serviam de pretexto para espetáculos luxuosos, atrações internacionais e muito champanhe.
A canetada presidencial gerou uma legião de desempregados - músicos, cantores, dançarinas, coristas, barmen, crupiês - e um contingente ainda maior de notívagos carentes. Os cassinos fecharam para sempre, mas os indestrutíveis profissionais da noite, sem falar nos boêmios de plantão, logo encontraram um novo habitat: as boates de Copacabana.
Eram casas em tudo diversas dos cassinos. Em vez das apresentações grandiosas, dos espaçosos salões de baile e das orquestras em formação completa - que estimulavam uma noite ruidosa -, as boates, com seus pianos e candelabros, favoreciam a penumbra e a conversa a dois.
Isso não quer dizer que tenham deixado de ser o centro da vida social. Ao contrário, não havia lugar melhor para saber, em primeira mão, da queda de um ministro, de um choque na cotação do café ou de um escândalo financeiro do que nas principais boates, como o mítico Vogue, frequentado por exuberantes luminares da República e por grã-finos discretos e atentos.
Mas a noite era outra: assim como a ambiance, a música baixou de tom. Os instrumentistas e cantores voltaram aos palcos em formações menores, andamento médio e volume baixo, quase um sussurro. Tomava corpo um novo gênero, um samba suavizado pela canção, que encontrou nas boates o lugar ideal para se desenvolver plenamente.
Essa nova música, com seus compositores, letristas e cantores; as boates, com seus criadores, funcionários e frequentadores, e o excitante contexto social e histórico que fez tudo isso possível são o tema do novo livro de Ruy Castro, que mais uma vez nos delicia com sua prosa arrebatadora.

Flores, Votos e Balas - O movimento abolicionista brasileiro (1868-88) - Angela Alonso
É vasta a bibliografia sobre a abolição. Já foram discutidas suas causas econômicas, as resistências judiciais e cotidianas de que foi alvo, as revoltas e as fugas de escravos. Ainda não foi plenamente reconhecida, contudo, a relevância do movimento abolicionista.
Joaquim Nabuco, um de seus líderes, atribuiu a libertação dos escravos à magnanimidade da casa imperial. No centenário da Lei Áurea, em 1988, estudiosos e ativistas do movimento negro contestaram essa versão e ressaltaram a resistência dos cativos, operando apenas uma inversão de sinal: em vez da liderança da dinastia, o protagonismo dos escravos; em vez da princesa Isabel, Zumbi.
Esse deslocamento deixou à sombra um fenômeno que não foi nem obra de escravos, nem graça da princesa: o movimento pela abolição da escravidão. Este livro conta sua história. Reconstrói a trajetória da rede de ativistas, associações e manifestações públicas antiescravistas que, a exemplo de outros países, conformou um movimento social nacional - o primeiro no Brasil do gênero.
O movimento elegeu retóricas, estratégias e arenas, operando sucessivamente com flores (no espaço público), votos (na esfera político-institucional) e balas (na clandestinidade), num jogo que se estendeu por duas décadas, de 1868 a 1888.
Tudo isso é narrado por meio da trajetória de ativistas nacionais decisivos para o desfecho da empreitada: André Rebouças, Abílio Borges, Luís Gama, José do Patrocínio e Joaquim Nabuco - três deles negros.
A abolição não se faria por si, pelo desenvolvimento da economia ou por decisão solitária do sistema político, como não se fez por canetada da princesa. É a relevância do movimento abolicionista para o fim da escravidão que este livro mostra de forma brilhante.
A luta pela libertação dos escravos dividiu águas na história do país - investigar sua natureza é também compreender um processo que ainda reverbera nas formas contemporâneas da desigualdade no Brasil.

O Finado Sr. Gallet - Georges Simenon
Todas as circunstâncias da morte do sr. Gallet parecem falsas: o nome que usava durante sua última viagem, sua presumida profissão, abandonada em segredo há dezoito anos e, sobretudo, a dor de sua família.
O desdém dos familiares revela sentimentos ambíguos sobre o desafortunado. E a investigação transforma em principal suspeito ninguém menos que seu filho, Henry Gallet.
Nessa história assombrosa, diversas vezes adaptada para o cinema e a televisão, Maigret descobre a verdade desconcertante e o crime oculto sob um manto de mentiras.