Título: A Falta que me Faz - Desaparecidos #5 Autora: Meg Cabot
Editora: Galera Record
Gênero: Fantasia/Jovem adulto
Ano: 2018
Páginas: 272
Nota:
★★★★★
Compre: Amazon Sinopse: Meg Cabot traz ainda mais ação, personagens intrigantes e a conclusão eletrizante da série Desaparecidos. Jess Mastriani não é mais a Garota Relâmpago. Pelo menos é o que ela acha. Aos 19 anos, após um raio cair em sua cabeça, passar por muitas brigas e viver uma temporada no Afeganistão, a garota está até um pouco aliviada por seu poder extrassensorial ter parado de funcionar. Agora ela só quer aproveitar Nova York, frequentar suas aulas na Julliard, praticar flauta e ensinar música para crianças carentes. Mas tudo muda quando seu ex-namorado, Rob, bate em sua porta pedindo que ela o ajude a encontrar sua irmã desaparecida. Uma irmã que nenhum dos dois sabia que existia.
Resenha: A série
Desaparecidos (
1-800-Where-R-You), da autora
Meg Cabot, originalmente, teve os cinco volumes publicados entre 2001 e 2006 no exterior. No Brasil, os livros começaram a ser publicados em 2011, mas a série "chegou ao fim" em 2014 após o lançamento do quarto volume,
Santuário, e parou por aí. Só em 2018, até que enfim, a
Galera Record retomou a publicação e lançou o último volume para finalizar a saga de Jessica Mastriani, nossa querida e
badass Garota Relâmpago.
Resumindo a história, Jess é uma garota de dezesseis anos que, após ter sido atingida por um raio e escapar ilesa, recebeu o dom de saber o local exato de alguém desaparecido. Ela começou a ajudar a polícia em diversas buscas, mesmo que não quisesse ser "propriedade do governo", até chegar num ponto onde ela mentia sobre ter perdido os poderes pra poder levar uma vida normal. No meio de tantas confusões e perigos envolvendo gente desaparecida ou morta, ela ainda encontrava tempo pra lidar com os dilemas adolescentes de estar envolvida emocionalmente com um Rob, um motoqueiro em "liberdade condicional"; de lidar com os Mastriani, sua família maluca; com Ruth, sua melhor amiga; e outras coisas do tipo. Até que, em prol da humanidade, Jess foi pro Afeganistão trabalhar pro governo procurando terroristas perigosos, e por lá ficou até completar seus dezenove anos, que é quando ela volta - sem seus poderes - e uma nova aventura começa...
Dessa vez, Jess está aliviada por seu poder de encontrar pessoas ter parado de funcionar. Depois de uma longa temporada de trabalho árduo em outro continente, ela finalmente vai pra Nova York, onde vai dividir um apartamento com Ruth, vai poder ir pra faculdade de Julliard em paz, e ainda dar aulas de música pras crianças carentes. Mas isso só iria durar poucos minutos, até Rob, agora seu ex, bater em sua porta pedindo pra Jess ajudá-lo a encontrar Hanna, sua irmã de quinze anos que ele acabou de descobrir que existia em circunstâncias de desaparecimento. Assim, o jeito seria fazer um trabalho investigativo para descobrir o paradeiro dessa abençoada. E, mesmo super chateada por ela ter pego Rob beijando uma moça que ela chama de "Peitos-Tão-Grandes-Como-Minha-Cabeça" na oficina em que ele trabalha, ela decide ajudá-lo por simplesmente não conseguir deixar ninguém na mão.
Eu confesso que só fui descobrir no mês passado - e por um total acaso - que esse volume existia. Depois de anos sem notícias, pensei que a editora não iria finalizar a série (até mesmo porque o volume quatro já tem aquele ar de fim, talvez), e eu simplesmente acabei esquecendo e nunca mais pesquisei sobre. Mas antes tarde do que nunca, não é mesmo?
Mantendo o padrão dos livros anteriores, a narrativa é feita em primeira pessoa e vamos acompanhando uma Jess mais madura, mesmo que ainda continue nutrindo alguns ressentimentos bobos por causa da "traição" de Rob. Enquanto os dois estão investigando o sumiço da irmã dele, Jess começa a refletir sobre o fim do namoro; sobre sua estadia no Afeganistão; sobre tudo o que aprendeu durante esse tempo que ficou longe de Rob, de Ruth, e de sua família; sobre a pressão e as expectativas impostas sobre ela pela família; e sobre o futuro num geral, o que fez com que Jess, embora não tenha perdido seu sarcasmo e seu jeito de lidar com as coisas da forma mais despretensiosa e doida possível, tenha deixado de usar a violência pra resolver seus assuntos, e isso faz toda a diferença na hora dela resolver esse caso absurdo envolvendo Hanna e outras garotas menores de idade. Se antes Jess metia a porrada primeiro pra perguntar depois, agora ela pensa antes de agir, traça uma estratégia, considera todas as possibilidades e consequências, tem muito mais paciência, e isso mostra o quanto ela cresceu, evoluiu e está mais foda do que nunca. E mesmo que Jess esteja nessa fase "zen", ela não mudou tanto a ponto de deixar de se impor ou de sair ameaçando quem ousar sair da linha. A única observação que faço é a de achar que Jess deveria estar um pouco mais velha pra fazer jus a esse amadurecimento e a forma como ela resolve as questões da história. Eu lia e imaginava uma Jess já com seus vinte e cinco anos, pelo menos, mas entendo que por ser uma história mais juvenil é meio difícil ter uma protagonista mais adulta.
No livro anterior, Santuário, a autora já tinha inserido um tema pesado e bastante delicado de ser abordado, mas achei um tanto deslocado devido a irreverência e o bom humor da história. Nesse volume ela repetiu o feito, o de inserir um tema difícil no meio do bom humor adolescente, mas em vez de falar sobre racismo, ela abordou a pedofilia e a indústria amadora da pornografia. Obviamente é um tema pesado, mas pela história ter sofrido uma evolução, por Jess já ter seus dezenove anos e estar mais madura para lidar com questões mais difíceis, as coisas acabaram se encaixando muito melhor, principalmente porque tudo é abordado sem que haja exposição de maiores detalhes, mas de uma forma bem direta, onde cenas rápidas, diálogos inteligentes ou pequenas situações são criadas para que os leitores saibam exatamente o absurdo que está acontecendo, mostrando como as garotas em situação de carência e vulnerabilidade são enganadas e se tornam vítimas de um criminoso, e como Jess entra em cena para não só salvar as meninas, como também enfiar o criminoso na cadeia. Quem acompanha a série já conhece Jess e sabe do que ela é capaz, então a gente sabe e pode esperar que, além de ajudar a resolver o problema, ela vai fazer justiça e ser motivo de orgulho pra todo mundo.
Ok, é mais uma série que, por mais interessante, engraçada e empolgante que seja, tem um final previsível, logo falar que o lance com Rob, que está super mal resolvido, é só um detalhe. A gente começa a ler sabendo que no final as coisas se acertam, só resta saber como e o que acontece nesse meio tempo até lá. E Rob... O que falar desse rapaz? Se ele já era motivo de paixão nos livros anteriores, preparem os corações pra acompanhar os feitos do moço por aqui... A família de Jess também está ótima, principalmente seu pai, e até que enfim acompanhamos o desencalhamento de Ruth.
A Falta que me Faz encerra a série de uma forma super satisfatória, madura, fofa e suspirável. Com certeza é uma das melhores que a diva Meg Cabot já escreveu.