Autora: Louisa Reid
Editora: Novo Conceito
Gênero: Drama/Romance/Jovem Adulto
Ano: 2017
Páginas: 474
Nota:★★★★★
Sinopse: Audrey sabe que sua mãe está certa quando tenta salvá-la de si mesma. Ela sabe que tem sido injusta, por isso precisa, por seu irmão mais novo e por sua mãe, seguir em frente. Audrey tenta manter todos felizes. Juntos, eles estão em busca de dias melhores.
A mãe de Audrey, à sua maneira, tenta ajudar a filha a controlar a doença para que ela possa encontrar um recomeço seguro. Então Audrey conhece Leo, mas ele torna a vida dela realmente complicada, pois essa amizade faz com que ela deseje ousar ser ela mesma, enfrentar a vida. Agora, Audrey precisará decidir: cuidar de sua família, especialmente de seu irmão, ou continuar sonhando com a vida que tanto deseja?
Resenha: A maior vontade de Audrey, uma jovem de dezesseis anos, é ser uma adolescente normal, mas, desde os treze, sofre de uma depressão horrível que, além de levá-la a se automutilar e ter pavor de contato social, faz com que ela dependa de remédios e visitas médicas constantemente. Este comportamento é tão grave que Audrey parece inclusive sofrer de esquizofrenia, principalmente quando alega que algo que ela chama de "A Coisa" é o que a machuca. Conviver com crises e ter a vida controlada pela mãe, Lorraine, o tempo todo levou a garota a viver reclusa, por isso, além de muito introvertida, a garota não tem amigos e sua vida social se resume a nada.
Mas, um terrível incêndio acabou destruindo a casa da família, e Audrey, prestes a se mudar para uma cidade rural na Inglaterra, vai precisar de força e de coragem para se adaptar a um lugar totalmente novo em busca de um recomeço, e ainda cuidar de Peter, seu irmãozinho de cinco anos de idade, já que sua mãe, sendo enfermeira, trabalha fora.
O que Audrey não esperava era conhecer Leo, um garoto que, após ter sofrido um colapso de tanto ser cobrado na escola, foi morar com sua tia, Sue, na propriedade vizinha, e até estuda no mesmo colégio que ela. E assim, o contato com o novo amigo vai render a Audrey novas experiências, e algumas bastante complicadas, afinal, ter alguém por perto é sua chance de escapar daquela vida confinada e cheia de responsabilidades a qual foi obrigada a assumir. E o conflito entre cuidar da família e correr atrás de uma vida que ela tanto sonhou será inevitável...
O livro é narrado de forma alternada por Audrey (em primeira pessoa) e Leo (em terceira), através de uma escrita fluída, envolvente e cheia de sentimentos. A autora soube explorar temas delicados com realidade e equilíbrio, mostrando a gravidade do bullying, a seriedade de se levar uma vida cheia de transtornos psicológicos, e as consequências da hipocrisia como forma de justificar os próprios erros.
Em suma, a trama gira em torno de um tipo de doença mental e suas camadas, trazendo informações relevantes de uma forma bastante inteligente e de fácil compreensão, e isso acaba transportando o leitor para um universo rico e cheio de aprendizado onde é possível inclusive se identificar com alguns personagens devido a construção crível e humana de cada um deles.
Audrey é aquele tipo de personagem que sente que só serve pra alguma coisa quando um saco de pancadas é necessário, do contrário, se sente inútil e invisível. Mas eis que surge Leo para mostrar que, por mais diferente que ela seja, Audrey é interessante à sua própria maneira, e que juntos eles podem vencer alguns obstáculos duros impostos pela vida. Eles não são perfeitos, mas o que vale é a tentativa de serem melhores pros outros e, acima de tudo, pra eles mesmos.
No caso de Audrey, a relação familiar é explorada de uma forma amarga e perturbadora, e está ligada diretamente aos problemas emocionais e psicológicos abordados na trama, principalmente no que diz respeito à sua mãe. É doloroso e revoltante acompanhar as revelações feitas aqui.
Já a relação de Leo com sua tia, mostra laços que são carregados de ternura e dedicação. Sue perdeu o marido, não teve filhos e criar o sobrinho ao mesmo tempo em que não se impõe como mãe, visto que o garoto ficou marcado por traumas devido a cobrança dos pais, é algo que ela faz com amor.
Assim, as relações familiares são construídas e trabalhadas de várias formas, e é esse tipo de coisa que molda a história e a torna tocante e verdadeira enquanto apresenta personagens marcantes e que nos surpreendem a cada gesto.
Enfim, Mentiras Como o Amor é um livro que, a medida que lemos, desperta sentimentos e esperanças para um final feliz. Não posso dizer que tudo são flores quando a própria história se encarrega de trazer à tona situações e momentos pesados que são responsáveis por causar danos irreparáveis a ponto de partir nossos corações, mas é impossível não terminar a leitura com aquele gostinho agridoce de que cada página valeu a pena.