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Jardim do Pesadelo - Caitlin Kittredge

7 de junho de 2014

Lido em: Junho de 2014
Título: Jardim do Pesadelo - Código de Ferro #2
Autora: Caitlin Kittredge
Editora: Jovens Leitores/Rocco
Gênero: Steampunk/Fantasia/Jovem adulto
Ano: 2014
Páginas: 432
Nota: ★★★★☆
Sinopse (com muitos spoilers do primeiro livro!): Tudo que Aoife Grayson achou que conhecia sobre o mundo é uma mentira. Seu irmão não está na Casa dos Corvos. Seu melhor amigo não é quem ela pensou que fosse. E não existe coisa alguma chamada necrovírus. Sua mãe não enlouqueceu - ela é simplesmente alérgica ao ferro. Tal como Aoife. Porque Aoife não é uma garota comum. Como o irmão, Conrad, ela é meio humana, meio Raça, da Terra do Espinho.
E agora é uma fugitiva prestes a perceber que a destruição do Engenho de Lovecraft foi apenas o início de um cataclismo.
Seu mundo está se despedaçando... E então os sonhos começam. Neles, uma figura misteriosa lhe diz para ir para o norte, para as geladas desolações do Círculo Ártico, encontrar a Irmandade do Ferro. A Irmandade guarda o segredo que pode trazer a ordem ao mundo novamente: um aparelho conhecido como Relógio do Pesadelo, que só pode ser alcançado em sonhos.
Mas ele pode realmente consertar o que Aoife destruiu? Ou alguém a está usando para reconstruir um mundo de acordo com sua visão sinistra?
Para descobrir, Aoife precisará embarcar numa jornada que certamente seria o fim de qualquer garota comum - e completá-la antes que a terra que ela chama de lar envenene sua mente como envenenou a de sua mãe.

Resenha: Esta resenha tem spoilers do livro anterior!!
Jardim do Pesadelo é o segundo volume da trilogia Código de Ferro escrita pela autora Caitlin Kittredge e lançada pela Editora Rocco. Partindo de onde parou o primeiro volume, Espinho de Ferro, acompanhamos a abertura de um Portal e a fuga de Aoife Grayson pelas Névoas enquanto enfrenta muitos perigos junto com seus amigos Cal, Bethina, Dean e seu irmão Conrad por estarem como "clandestinos" em terras hostis. Agora que ela descobriu que tudo o que acreditava não passava de uma grande mentira, e que ela junto com toda a cidade de Lovecraft estavam sendo enganados e manipulados, as coisas parecem ter saído de controle e estão prestes a ruir.

Aoife está preocupada em ter deixado sua mãe para trás e resolve que deve voltar para Lovecraft para buscá-la e salvá-la de todo aquele caos que a cidade se tornou. E em meio a busca, o grupo é levado a quem ela menos esperava encontrar: Archie, seu pai que passou a vida inteira ausente. Aoife precisa lidar com a ideia de uma figura paterna e até com a companheira dele, Valentina. Ela também começa a ter sonhos em que recebe orientações misteriosas sobre qual caminho seguir para encontrar a Irmandade do Ferro e a única coisa que poderia salvar o mundo da destruição seria um aparelho misterioso que só pode ser obtido através de sonhos. Se lamentando e tomando a culpa de todos os erros para si, e sem pensar nas consequências de suas decisões, como sempre, Aoife se deixa levar nessa aventura cheia de perigos, reviravoltas e surpresas nada agradáveis...

Narrada em primeira pessoa pelo ponto de vista de Aoife, a história segue no mesmo ritmo do primeiro volume no que diz respeito a descrição de cenários e dos personagens. Como a trama se passa praticamente durante a fuga, os cenários mudam com frequência devido a viagem (adorei as cenas que se passaram no dirigível) e senti falta de descrições que envolvem toda aquela sujeira, graxa e os mecanismos das engenhocas de Lovecraft. Dessa vez tudo é muito frio e cinzento mas ainda assim com uma riqueza de detalhes de tirar o fôlego.

Podemos conhecer melhor o irmão de Aoife e vou assumir que não gostei nada do rapaz. Irritante, arrogante e dono da razão, Conrad está longe da ideia que faço de um irmão. Como Dean enxergava esse caráter no rapaz, os dois viviam discutindo, afinal, Dean estava alí ao lado de Aoife para o que desse e viesse, não importando se ela estivesse certa ou errada. Fiquei um pouco impaciente com Aoife pois a leitura consegue prender e ser bastante fluída, mas quando ela começava a se lamentar... OMG... Batia aquela preguiça...

Draven... O que falar desse vilão sem escrúpulos? Ele é um dos piores vilões que já me deparei...
Bethina e Cal estão progredindo aos poucos na questão da afinidade e de um possível relacionamento e achei a evolução deles bem bacana apesar de não terem sido muito aprofundados.
Uma coisa que não curti foi o motivo pelo qual Archie se afastou dos filhos e o sentimento de vazio que deixou em Aoife. Não pela descrição e situação criadas pela autora que pode fazer com que várias pessoas se coloquem no lugar de Aoife, mas pelo comportamento, pela escolha injusta, pelo caráter de quem deveria estar presente mas preferiu outra pessoa e outro caminho...

Muito da história se resume a um amontoado de perseguições, capturas e fugas de uma forma repetitiva até que o final foi se aproximando, as coisas foram ficando cada vez mais tensas, e o improvável acontece deixando o leitor desesperado pela continuação e torcendo para que Aoife tenha sucesso na nova "missão" que tomou para si. O final é simplesmente surpreendente e a continuação para saber o desfecho de tudo, pra mim, será leitura obrigatória.

Se comparado a Espinho de Ferro, pude perceber que a autora deu uma importância muito maior para sentimentos e emoções dos personagens os tornando bastante próximos da realidade. Mas considerando a trama, achei que, devido ao modo como tudo começou, a mudança me deixou com a impressão de que a autora teve uma ideia que não foi tão bem desenvolvida pra ir em frente e mudou o rumo das coisas fazendo com que tudo que pensávamos que existia não passou de ilusão e a vontade de sabermos um pouco mais daquele primeiro cenário realmente ficou só como vontade. Não sei se o terceiro livro as coisas vão voltar, quem sabe foi proposital, vai saber...

A capa, seguindo o estilo do livro anterior é linda, diagramação, revisão, tamanho da fonte e parte impressa no geral são perfeitas.
Pra todos aqueles que curtem uma história cheia de ação, personagens fortes, cenários steampunk bastante misteriosos e sombrios e fantasia com um toque distópico vão adorar embarcar nesse mundo incrível!

Espinho de Ferro - Caitlin Kittredge

26 de maio de 2014

Lido em: Maio de 2014
Título: Espinho de Ferro - Código de Ferro #1
Autora: Caitlin Kittredge
Editora: Jovens Leitores/Rocco
Tradutor: Chico Lopes
Gênero: Steampunk/Fantasia/YA
Ano: 2012
Páginas: 516
Nota: ★★★★☆
Sinopse: Na cidade de Lovecraft, os fiscais governam e um grande engenho gira sobre suas ruas, esmagando qualquer resistência a sua ordem para tudo moer. O necrovírus é responsabilizado pela epidemia de loucura em Lovecraft, pelas estranhas lúgubres criaturas que vagam pelas ruas dentro da noite e por tudo o que os fiscais julgam herético ou nascido na crença, na magia e na feitiçaria. E, para Aoife Grayson, o tempo está se esgotando dia após dia.
A família de Aoife é única, no pior sentido. A mãe e o irmão mais velho, Conrad, ficaram loucos ao completar dezesseis anos. E agora, tutelada pelo Estado na proximidade dos próprios dezesseis anos, Aoife está tentando fingir que seu destino pode ser diferente.
Seu futuro parece triste. Até que um dia ela recebe uma carta que diz apenas:
Encontre o alfabeto da bruxa.
Salve sua vida.
Aoife sabe que a carta é de Conrad, mas a última vez que viu seu irmão foi no dia em que ele perdeu a razão e atacou-a antes de fugir dos fiscais. Será que ele está curado em algum lugar e avisando-a para fugir enquanto lhe for possível - ou é apenas a mensagem de um louco perambulando a esmo?
Para salvar a própria vida, Aoife precisa encontrar o irmão. E, para fazer isso, ela deve deixar Lovecraft e se aventurar num mundo de heréticos e piratas do ar, criaturas da noite e sombrios segredos de família... Antes que o ponteiro do relógio gire para baixo e ela também sucumba aos necrovírus.

Resenha: Espinho de Ferro é o primeiro volume da trilogia Código de Ferro, escrita pela autora Caitlin Kittredge e publicado no Brasil pela Editora Rocco.

A história parece se passar nos anos 50, na cidade movida a vapor e éter de Lovecraft. O necrovírus é algo que ameaça as pessoas, pois é responsável pela existência de monstros sobrenaturais e outros seres terríveis, como vampiros que habitam os esgotos, noitibós, fantasmas, corvos mecânicos e outros piores que existem alí. E, nesse cenário bastante dark e pós guerra, conhecemos Aoife Grayson (esse é um nome irlandês cuja pronúncia é "Ee-fah" ou "Ifa"), uma jovem de 15 anos numa visita que faz à mãe. O problema é que o histórico da família dela não é um dos melhores... Sua mãe se encontra internada num manicômio, seu irmão num surto de loucura fugiu após atacá-la, seu pai é um completo desconhecido... Esses fatores foram suficientes para que o Estado se tornasse tutor de Aoife e a colocasse em uma escola de engenharia mecânica. Assim, caso não ficasse louca, quem sabe poderia ter uma carreira na área que tanto se interessa... E enquanto leva a vida receosa pelo necrovirus, mas cercada por máquinas e engrenagens, aprendendo e se dedicando a consertar engenhocas e pondo a mão na graxa, algo imprevisível acontece...

Aoife recebe uma carta e tudo indica que é de seu irmão... Sem saber se a carta foi escrita num momento de insanidade de Conrad ou se é alguma pista que ele deixou para que ela siga, Aoife decide sair de Lovecraft em direção a Arkham para descobrir o que puder sobre sua família. Seu melhor amigo, Cal, a acompanha a fim de protegê-la e ajudá-la no que for preciso. Dean entra em cena para guiá-los até Arkham, e a mansão de Graystone, a casa do pai da garota, está cheia de segredos dos quais ela irá se surpreender. Lá ela conhece Bethina, a empregada que se encontra apavorada depois de acontecimentos assustadores alí que envolveram Conrad. Os perigos e as criaturas apavorantes que existem nos arredores ameaçam a vida de Aoife e de seus amigos, e ela deve encontrar respostas antes de completar 16 anos. E as descobertas que ela faz em Graystone, é algo que Aoife jamais esperava...

Durante a leitura, os detalhes ricamente construídos do cenário e dos elementos dão a impressão de que é tudo muito sujo e velho, como se tudo fosse contaminado e as pessoas vivessem em condições precárias sempre sendo vigiados por algo a espreita. Esse ar sombrio é simplesmente fantástico. O mundo dividido entre racionalistas e heréticos também foi muito bem trabalhado, principalmente porque heréticos são considerados um problemas por acreditarem em magia, como se isso fosse sinal de loucura ou coisa do tipo.

Aoife é a típica adolescente que não se agrada da situação em que se encontra, e mesmo se sentindo frustrada e se lamentar pela sua condição, se mantém estagnada naquela vida, esperando a loucura chegar. Até que a tal carta aparece e ela resolve arregaçar as mangas e ir embora, de repente. Ela é corajosa, não se deixa influenciar por nada nem ninguém e o que me fez admirá-la muito é ela ter uma imensa paixão por livros! Então no meio de tantos mistérios e intrigas, ela descobre que tem o "Dom".

Cal é o melhor amigo dela, único que parece não se importar que a loucura pode afetá-la mas sempre a contradiz quando ela diz que descobre algo novo. Ele é protetor mas muito irritante e tem um papel especial e bastante surpreendente na trama, o que explica seu comportamento. E a partir da descoberta do segredo que ele guarda, ele se torna um personagem muito mais interessante...
Dean faz o estilo bad boy, misterioso, cheio de charme carregando aquele isqueiro por aí, e um tipo de interesse amoroso começa a surgir entre ele e Aoife. Com certeza foi o personagem que mais gostei na história. O romance surge como faíscas, mas apesar de estar visível, não é o foco principal da história.

Os demais personagens também foram muito bem construídos, desde Bethina até o prefeito Draven, que não mede esforços para conseguir o que quer, influenciando as pessoas a denunciarem quem quer que seja que possa estar fazendo algo considerado errado ou ilegal, mandando matar quem considera uma ameaça pelo motivo mais fútil que seja, e ainda perseguindo Aoife e sua família de forma obsessiva e sem uma explicação maior para isso.

Espinho de Ferro é um livro bem sombrio e bem complexo no que diz respeito aos elementos inseridos e a mitologia que a autora criou. Apesar de a leitura ser bastante fluida e empolgante, não é um livro para se ler de uma vez, correndo, pois são muitos, muitos detalhes que devem ser absorvidos aos poucos para serem melhor compreendidos. E justamente pela mistura de tantos elementos, senti que a história tomou um rumo beeeeem diferente de onde partiu, como se todo aquele steampunk tão aprofundado no começo fosse deixado de lado para dar lugar a fantasia envolvendo magia e bruxaria e tudo o que antes parecia seguir por um caminho, foi para outro totalmente nada a ver, o que me deixou confusa quanto a intenção da autora, pois pra mim, foi como se ela tivesse unido duas histórias diferentes. A história ainda tem um toque de distopia com a ideia de um governo que condena e castiga todos aqueles que acreditam e/ou praticam magia.

A edição da editora está ótima. A capa remete bem à história, mostrando corvos, dando destaque a cor marrom lembrando a sujeira do cenário e as características físicas da protagonista. A diagramação é simples, os capítulos tem em média 20 páginas e as folhas são amareladas.

O final deixa um gancho pro próximo livro, Jardim do Pesadelo, e surpreende muito deixando o leitor ansioso para continuar acompanhando os próximos acontecimentos. Lovecraft está para cair, nem tudo é o que parece, e para Aoife, o que resta é saber se seu Dom irá ajudá-la em sua nova tarefa num mundo novo e mais perigoso e fantástico do que nunca...