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Escola Noturna: O Legado - C.J. Daugherty

13 de julho de 2015

Lido em: Junho de 2015
Título: Escola Noturna: O Legado -  Escola Noturna #2
Autora: C.J. Daugherty
Editora: Suma de Letras
Gênero: YA/Suspense
Ano: 2015
Páginas: 232
Nota: ★★☆☆☆
Sinopse: No ano anterior, Allie Sheridan viu sua família se dissolver e foi presa três vezes. Ir para um colégio interno parecia um pesadelo, mas a Academia Cimmeria acabou se tornando um lar — o primeiro lugar onde ela se sentiu realmente bem-vinda. No entanto, os salões da escola eram mais sombrios do que Allie poderia imaginar, e um ataque brutal quase lhe tirou a vida.
Um grupo misterioso está disposto a destruir a Escola Noturna e tudo que ela representa. Agora, os estudantes correm perigos que ainda não compreendem. E, para piorar, a família de Allie — especialmente sua poderosa avó e seu irmão desaparecido — está bem no meio de tudo isso.
Allie precisa de respostas. Mas, para consegui-las, terá que escolher se confia na família ou nos amigos. Porque segredos podem ser mortais e destruir até o mais forte dos relacionamentos. E, dessa vez, Allie está sozinha. 

Resenha: O Legado é o segundo volume da série Escola Noturna, escrita pela autora C.J. Daugherty e lançado no Brasil pela Suma de Letras.
Por se tratar do segundo volume, esta resenha pode ter spoilers do livro anterior!
No livro anterior acompanhamos Allie, uma adolescente que viu sua família desmoronar após o irmão dela ter desaparecido. Ela passou a se comportar como uma adolescente rebelde causando problemas, dando dor de cabeça para os pais e se metendo em confusões. Até que seus pais decidem mandá-la para Cimmeria, uma escola estilo colégio interno que teria a finalidade de corrigir a garota.
Lá ela se mete em situações complexas e perigosas envolvendo assassinatos enquanto precisa lidar com pessoas das quais não se pode confiar. E partindo dessa premissa, a história se desenrola girando em torno do mistério que envolve a Escola Noturna, um tipo de "sociedade secreta" de que é proibido falar, enquanto Allie tenta descobrir o que está acontecendo.

Neste segundo volume um incêndio desestruturou a escola e, devido a tudo o que sofreu, Allie precisa voltar para casa cercada de seguranças, o que não impediu que ela fosse perseguida pelos agentes de Nathaniel... Mas o pai de Rachel, sua melhor amiga, acaba salvando Allie e depois de um tempo hospedada na casa deles, percebe que Cimmeria é o lugar onde deveria estar pois lá se sente segura, acredita ser sua verdadeira casa. Mesmo que Cimmeria esteja em ruínas após o desastre, Allie e seus amigos decidem ficar lá durante as férias para ajudarem na reconstrução.
Mas um grupo oculto e misterioso quer destruir Cimmeria, inclusive o que ela representa, e, para piorar, a família de Allie, incluindo seu irmão desaparecido, Christopher, estão envolvidos. Allie continua em busca de respostas mas deve escolher em quem deve confiar, amigos ou família, pois os segredos são arrebatadores, podem destruir tudo o que já foi construído e colocar a vida de Allie em risco como nunca.

Narrada em terceira pessoa de forma bem direta, O Legado não é um livro que traz respostas. Se o primeiro livro foi introdutório, o segundo parece ter se mantido no mesmo ritmo já que nada de novo aconteceu. Em vez de seguir em frente, senti que a história deu um passo pra trás pois não houve sequer menções ao que havia ficado em aberto. O que senti foi que a autora preferiu trabalhar o sentimento dos personagens abordando a mágoa que ficou e a história sobre a escola em si não evoluiu e meu interesse pela série diminuiu consideravelmente. A ideia de ler mais um volume vazio não me agrada. Passei o livro inteiro andando em círculos, sentindo que não sai do lugar, para só no último instante a autora jogar um acontecimento bombástico - que ainda corre o risco de não ser solucionado no volume seguinte - e a sensação é de uma completa enganação. No início as coisas parecem fluir bem. Allie e Carter são adoráveis até que tudo começa a sair do controle. Mal entendidos, segredos não revelados e a completa falta de comunicação permeiam o livro todo...

Por mais que o volume anterior tenha sugerido o famoso triângulo amoroso, neste livro ele continua de forma rasa, mostrando personagens imaturos que tomam decisões impensadas sem considerar as consequências de suas escolhas e atos. Não gosto de triângulos, muito menos quando os envolvidos são colocados contra a parede quando dão outra chance para atitudes covardes que qualquer pessoa normal consideraria imperdoável. Allie se tornou uma personagem um pouco mais forte devido a tudo o que aprendeu e passou, incluindo os atentados contra sua vida, coitada. Ela se mostra alguém esforçada mas ainda é imatura, principalmente nas questões sentimentais. Personagens que vivem em constante indecisão diante do óbvio tendem a me irritar. Carter, cauteloso com o que houve entre Allie e Sylvain (prefiro não mencionar para evitar spoiler), se transforma em alguém super protetor, controlando todos os passos da garota e até proibindo que ela veja Sylvain. É como se os problemas amorosos fossem mais importantes do que a vida do povo em perigo. Talvez até seja se levarmos em consideração que Nathaniel por mais perigoso que pareça me soou um tanto caricato.

O único ponto que posso ressaltar que não envolve essas questões adolescentes é sobre Allie ter sido aceita na Escola Noturna e que lá dentro tudo aponta para a ideia de que há um espião. Mas o aprofundamento nisso foi tanto que não despertou nada da minha curiosidade. A sensação que tive foi até cômica, pois sabem quando o ator Ryan Reynolds faz umas aparições que não duram nem 3 segundos em alguns filmes aleatórios e ninguém entende o que diabos é aquilo e se pergunta "o que que esse cara tá fazendo aí, gente"? Pois foi exatamente essa a minha reação. A coisa aparece, não faz diferença nenhuma e pronto, fica por isso mesmo. Posso dizer isso até da morte da menina no primeiro livro.
A capa segue o mesmo padrão da anterior no que diz respeito aos traços e silhuetas, as páginas são amarelas, a diagramação é simples e a fonte é pequena. A revisão está ótima e gostei do trabalho gráfico de forma geral.

É uma leitura que vale a pena pela escrita e pelas descrições, o que eu já havia mencionado na outra resenha sobre o primeiro livro, mas em suma, O Legado é um livro que parece apostar mais no aprofundamento dos sentimentos dos personagens, e na personalidade de outros para que possamos conhecê-los um pouco mais, enquanto o suspense e a tensão acerca dos perigos mortais que rondam a academia mantém um ritmo lento e até desgastante. A história traz mais perguntas do que respostas, dá pistas muito pequenas e sutis e não posso afirmar que há um desenvolvimento maior. Parece que o leitor que quiser saber algo mais será obrigado a ler o próximo livro porque não há aquele enredo fechado. Simplesmente não me agrada muito a ideia de finalizar uma leitura e ficar com sentimento que de foi tudo em vão e que nada de mais foi acrescentado.

Escola Noturna - C.J. Daugherty

6 de julho de 2015

Lido em: Abril de 2015
Título: Escola Noturna -  Escola Noturna #1
Autora: C.J. Daugherty
Editora: Suma de Letras
Gênero: YA/Suspense
Ano: 2015
Páginas: 336
Nota: ★★★☆☆
Sinopse: O mundo de Allie está desmoronando. Sua família está destroçada, ela foi expulsa de várias escolas por mau comportamento e acabou de ser presa. De novo. Quando os pais a mandam para um colégio interno longe de casa e de seus amigos, Allie espera encontrar um presídio.
Apesar das regras rígidas, que incluem proibição de celular e laptop, ela descobre que a Academia Cimmeria é um lugar bastante peculiar. Os alunos são ricos e talentosos — diferentemente dela — e um grupo de elite participa de uma organização secreta: a Escola Noturna. Logo ela faz algumas amizades e se vê envolvida entre o atencioso Sylvain e o misterioso Carter.
Mas Allie não demora muito a perceber que a Cimmeria é um lugar cheio de segredos e mentiras que envolvem não só seus colegas, mas também alguns professores. E, quando uma aluna é encontrada morta, ela precisa descobrir em quem confiar se quiser desvendar o que está acontecendo. 

Resenha: Escola Noturna é o primeiro volume da série de mesmo nome escrita pela autora  C.J. Daugherty e publicado no Brasil pela Suma de Letras.
O livro conta a história de Allie Sheridan, uma jovem de dezesseis anos que transformou a própria vida após Christopher, seu irmão, ter desaparecido misteriosamente sem deixar rastros. Sem saber o que houve com ele, Allie se rebelou e saiu completamente da linha fazendo com que seus pais tomassem medidas drásticas para o que estava acontecendo. Invadir e vandalizar a escola que estudava até ser pega pela polícia foi a gota d'água para que ela fosse enviada à Academia Cimmeria, uma escola distante, pouco conhecida e com regras muito rígidas para onde pessoas ricas e influentes enviam seus filhos. Mas a família de Allie não é rica e nem influente, e ela não parece ter nada demais que justifique sua aceitação lá. Mesmo com a impressão de estar numa prisão, Allie se depara com uma realidade bem diferente do que havia imaginado. Cimmeria é um lugar peculiar, misterioso, que esconde segredos e é cercado por mentiras evolvendo pessoas de quem ela se aproxima e outras que parecem estar acima de suspeitas.

Allie quer descobrir porque está alí já que não se encaixa nos parâmetros para ser aceita, e o que é a misteriosa Escola Noturna, um tipo de grupo secreto do qual sua simples menção é proibida.
Até que algumas coisas estranhas e acidentes começam a acontecer e uma aluna é encontrada morta. Resta a Allie descobrir em quem pode confiar se quiser descobrir o que está se passando na escola, mas ninguém parece ser capaz de lhe dar respostas...

Narrado em terceira pessoa com foco no ponto de vista de Allie, Escola Noturna tem um ritmo mediano para os acontecimentos. A escrita da autora é simples, sugestiva e muito boa, a atmosfera assustadora do ambiente é muito bem descrita e é possível visualizar o lugar a partir dessas descrições. Os diálogos dos personagens são naturais e as pistas que o leitor encontra são sempre bem sutis em vez de óbvias, e unindo esses pontos com as intrigas e o suspense presentes no enredo a história se torna bem satisfatória e até instigante.

O cenário sombrio de Cimmeria é o melhor pois faz com que a história passe a impressão de algo assustador e até sobrenatural, mas se trata de uma trama recheada de suspense, mistério e várias reviravoltas. O que não me agradou foi o fato de que o livro é muito, muito longo para o pouco de história que ele contém, além de Allie não ser uma protagonista muito carismática e nada simpática, muito pelo contrário. Ela é rebelde mas muito imatura e demonstra ser inocente num nível catastrófico, o que me faz pensar que ela não abandonou totalmente as raízes e essa rebeldia toda é pura encheção de linguiça. Antes ela era uma boa aluna, tinha respeito pelos pais, era amorosa, obediente e era um exemplo de filha, mas pelo irmão ter desaparecido, ela parece ter optado por dificultar a própria vida quando resolve odiar tudo, principalmente a autoridade. Ela parece não enxergar o sofrimento que é para seus pais lidar com o sumiço de Christopher e ainda ter que vê-la dessa forma. Confesso que senti pena deles pois eles refletem exatamente o que os pais querem para os filhos e que se for necessário fazer sacrifícios para o bem deles, não se deve pensar duas vezes. Mandar Allie para a Academia é a última esperança que lhes resta.

Talvez a construção da protagonista com essa personalidade estúpida tenha sido feita pela autora de forma proposital, para que a medida que a história evoluísse, Allie amadurecesse e desenvolvesse o próprio caráter, mas ela nunca cresce, pelo menos não nesse livro. As regras rígidas de Cimmeria ajudam no comportamento dela, tanto que ela está alí e não hesita em ajudar seus novos amigos quando necessário e não tem medo de nada, mas mentalmente ela continua imatura e inocente da mesma forma, até mesmo porque ela vive frustrada por não ter respostas para o segredo que ronda o lugar além de acreditar no primeiro maluco que surge do nada.

Sylvain e Carter são os garotos com quem Allie se envolve a ponto de surgir um triângulo amoroso e por estar mais próxima a eles, a maioria de seus questionamentos são feitas a eles. O problema é que ela questiona mas não exige as respostas, então é impossível que ela as tenha, e isso se prolonga pelo livro inteiro, como num círculo, e não há respostas definitivas para coisa alguma.
Então, diante disso, confesso que por mais que Allie se sinta um peixe fora d'água onde está, de destacando em meio aos outros alunos de uma forma negativa, não tive dó dela.
Sylvain é desejado pelas garotas por ser popular e muito bonito mas só Allie foi capaz de despertar seu interesse ao chegar na escola. Já Carter é o oposto, pois ele faz o estilo misterioso com má reputação e humor terrível. Ele é o tipo de cara mulherengo, que consegue o que quer e logo em seguida já não tem interesse pelo que acabou de conseguir. O pior é que tudo o que ele diz para Allie é de uma forma enigmática e obscura em vez de ser claro e direto, e ele ainda se sente no direito de ficar irritado por ela não escutá-lo. Ninguém gosta dele, eu não gostei dele e acho bem clichê quando a protagonista se aproxima ou se relaciona com um tipo desses. E assim como há o bad boy, há também o cara gato e popular, no caso Sylvain, que nunca se interessou por ninguém até a mocinha chegar... É clichê, e muito. Dos dois caras mais populares, tanto positiva quanto negativamente, os dois resolvem dar atenção a recém chegada ao mesmo tempo, mesmo que a escola esteja cheia de garotas por aí.

Carter ainda tenta colocar Allie contra Sylvain mas a disputa parecia algo como dois alfas brigando para defender o território.
Os demais personagens possuem personalidades complexas e nunca sabemos se podemos confiar em algum deles ou saber quais são suas verdadeiras intenções, mas, pra mim, os laços que foram criados me soaram um tanto falsos e superficiais, e esse foi um dos motivos de eu não ter conseguido me apegar a nenhum deles.
É como se o óbvio estivesse alí por todo o tempo mas foram necessárias muitas páginas para iludir os curiosos. É possível chegar do ponto A ao B indo em linha reta, o que seria mais fácil e prático na teoria, mas essa linha pode ser um completo emaranhado levando o leitor pra baixo e pra cima e em várias direções, e foi isso que senti enquanto lia Escola Notuna. Por um lado é bom que tenha essa dificuldade para que o mistério seja revelado, mas a autora segurou demais e chegou a ser um pouco irritante. O excesso nem sempre é algo positivo. Não digo que o livro seja ruim. não. Mesmo com altos e baixos é um bom livro e tem uma premissa muito boa. O cenário também consegue instigar a curiosidade e a imaginação de quem lê. Há tensão suficiente para deixar o leitor agoniado e curioso pelo que vem a seguir mas talvez por ser o primeiro volume, muitas perguntas ficaram sem respostas, muitas pontas ficaram soltas e me pergunto se era realmente necessário que o leitor ficasse tão no escuro dessa forma.

A dita Escola Noturna é o mistério principal da história mas é quase impossível adivinhar o motivo de sua existência, principalmente porque a autora dá pistas falsas de propósito para que nada seja entregue de forma fácil.

Sobre a parte física, a capa é bastante misteriosa pois a silhueta de Allie e as árvores secas dão um toque muito sombrio fazendo com que seja possível imaginar o que nos aguarda. As páginas são amarelas e a diagramação é simples. Cada início de capítulo tem um ornamento como enfeite e a fonte é pequena.

No mais, é um livro divertido e acredito que deva ser lido para que cada um absorva à sua maneira e possa chegar a própria conclusão. Apesar de não ter superado totalmente as minhas expectativas, foi uma leitura que valeu a pena investir e que venha o segundo volume: Escola Noturna - O Legado.