Para o Trono - Hannah Whitten

20 de dezembro de 2023

Título:
 Para o Trono - Wilderwood #2
Autora: Hannah Whitten
Editora: Suma
Gênero: Dark Fantasy
Ano: 2023
Páginas: 416
Nota:★★★☆☆
Sinopse: Cumprindo seu destino como a Segunda Filha do reino de Valleyda, Red se entregou à floresta de Wilderwood, onde descobriu a verdade por trás das lendas. Com a ajuda do Lobo, ela conteve a ameaça dos Cinco Reis, mas o custo foi alto demais, e sua irmã Neve ficou presa na Terra das Sombras.
Perdida em um território desconhecido, Neve encontra um aliado improvável: Solmir, alguém com quem a Primeira Filha preferiria nunca mais ter contato. Juntos, os dois partem numa jornada perigosa em busca da Árvore do Coração, para enfim reivindicar os poderes sombrios dos deuses.

Resenha: Depois de cumprir com seu destino, Red, a Segunda Filha, descobriu a verdade por trás das lendas ao se entregar à floresta de Wilderwood. Com a ajuda do Lobo, ela conseguiu controlar e conter a ameada dos Cinco Reis, porém o custo foi sua irmã, Neve, ter ficado presa na Terra das Sombras.
Agora, presa, perdida e contra sua vontade, Neve precisa unir forças a Solmir, o vilão do livro anterior, para partirem numa jornada cheia de perigos numa tentativa de caçar deuses e reinvindicarem seus poderes sombrios para, enfim, impedirem o retorno dos Reis.

Enquanto isso, em Wilderwood, Red e o Lobo estão conectados com a floresta, e a Segunda Filha está determinada a salvar a irmã, mesmo que não saiba como fazer isso. De um lado Red tenta descobrir o que as visões que ela tem significam e como ela pode encontrar a irmã, e do outro lado, Neve, em companhia de Solmir, corre contra o tempo para reinvindicar os poderes dos deuses.

Diferente do volume anterior, mesmo que haja os capítulos intercalados com Red assumindo a narração, Para o Trono traz como questão principal a perspectiva do ponto de vista de Neverah, e isso mostra um aprofundamento maior com relação à personalidade, as decisões e a situação em que se encontra a Primeira Filha. Neve ainda é assombrada pelos erros que cometeu mas, mesmo sentido culpa, ela não cede de jeito nenhum, quer ter a última palavra sempre e não poderia ser mais irritante. Não digo que Neve é uma vilã pelas coisas que fez, ela me soa mais como uma anti-heroína que está numa jornada de aprendizado, auto conhecimento e descobertas. Ela teve um amadurecimento considerável e uma evolução boa se comparada a quem ela era no começo.
Solmir foi uma grata surpresa e arrisco a dizer que ele acabou sendo o personagem que mais gostei. Ao mesmo tempo que ele estava sempre melancólico ele demonstrava ironia, e os diálogos dele com Neve, onde eles viviam trocando farpas, foram os mais divertidos de se acompanhar. A convivência entre os dois também é responsável por uní-los cada vez mais, e é legal acompanhar o carinho que eles vão nutrindo um pelo outro, mas não nego que a construção gradual - e muito lenta -  desse "relacionamento" me soou forçada e acho que a história ficaria mais interessante e menos clichê se o romance não existisse.
Apesar de ter esse problema sério com o ritmo e com a fluidez, o livro entrega interações muito divertidas entre inimigos que se tornam aliados em nome de um bem maior enquanto rola tensão sexual, olhares sedutores e paixonites um tanto óbvias e debochadas.

A construção de mundo fica mais complexa com a inclusão da Terra das Sombras e da Árvore do Coração, e como a autora dá muitas voltas nos detalhes, senti que perdi muita coisa e deixei de entender (e me importar) com outras.

Embora tenha os momentos divertidos e os outros de pura tensão, a autora não mudou o estilo de escrita com muitos detalhes excessivos e capítulos que pareciam não ter fim. Tudo é descrito de forma tão lenta e demorada que a leitura acaba se tornando arrastada em alguns pontos e até repetitiva, e o que deveria ser uma experiência interessantíssima acaba se tornando cansativa. A forma como os capítulos destinados a Red cortam os de Neverah e ficam repetindo as mesmas informações e diálogos, dão a impressão de que há um espaço onde nada acontece e nada sái do lugar, e isso acabou quebrando o ritmo da leitura a ponto de me fazer abandonar o livro por diversas vezes enquanto eu lia outros no intervalo. A autora também destina alguns capítulos sob o ponto de vista de Raffe, mas é mais uma coisa que não acrescenta em nada e não tráz nada de interessante.
Como Red e Eammon já foram explorados à exaustão no livro anterior, achei que aqui eles não tinham quase nada a oferecer. Se a autora fosse direta, focasse exclusivamente no ponto de vista de Neve e não tivesse ficado repetindo as coisas e dando voltas e mais voltas, penso que a leitura teria fluído muito melhor.

Releituras de contos de fadas com essa pegada sombria sempre são interessantes e chamam a atenção, e acredito que aqui, com todos esses rodeios e detalhes infinitos, a autora quis promover um tipo de imersão obscura no leitor além de fazer esse contraste de luz e trevas quando comparamos as duas irmãs. Mesmo que não seja perfeita, ainda acho que a história é bastante interessante pelos elementos diferentes e pelos assuntos abordados que combinaram bem com todo esse universo. Magia, amor, perdas e sacrifícios são ingredientes que na maioria das vezes funcionam bem dentro do gênero, mas no caso da duologia Wilderwood, é preciso ter paciência e bastante tempo pra se dedicar à leitura e poder aproveitar. É aquele tipo de leitura demorada, mas que no final vale a pena.

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