Caixa de Correio #63 - Maio

31 de maio de 2017

Hoje é dia de mostrar o que o correio trouxe pra mim ao longo do mês que passou.
Vem conferir que essa caixa tá cheia de coisa boa!

Miga, Sua Louca! - Julianna Costa e Luiza Costa

26 de maio de 2017

Título: Miga, Sua Louca!
Autoras: Julianna Costa e Luiza Costa
Editora: Universo dos Livros
Gênero: Infantojuvenil/Literatura Nacional
Ano: 2017
Páginas: 240
Nota:★★★★☆
Sinopse: Deixe eu te apresentar a Yara.
Ela parece meio certinha e meio louca. Um pouco de tudo. Ou talvez nada disso.
Na verdade, ela é só mais uma adolescente buscando descobrir sua própria identidade. O problema da Yara é que, nessa busca, ela vai encontrar o André, o Danilo, o Diego, o Rodrigo…
Pois é, pessoal. A Yara é meio nervosa. E meio desesperada. E meio tímida. E meio inexperiente.
Mas não precisa se preocupar com ela, porque a Yara pode ser meio tudo isso, mas ela não está sozinha: ela tem a Alexia.
Alexia é a metade que falta da Yara: sua melhor amiga, com experiências, dicas e surtos para compartilhar. E enquanto Yara enfrenta todo tipo de complicação – seja a indecisão sobre qual universidade cursar, os problemas com a mãe ou o interesse recém-descoberto pelo melhor amigo – Alexia vai ficar por perto, guiando sua amiga maluca (com sugestões nem sempre convencionais) em um dos momentos mais delicados de sua vida.

Resenha: Miga, Sua Louca! escrito por Julianna e Luiza Costa, traz a história de duas melhores amigas que sempre estão lá uma pela outra, Yara e Alexia.
Yara, ou Yaya, vive um dilema seríssimo em sua vida. Ela é a garota certinha que não aguenta mais ser a última em tudo a ponto de virar motivo de piada ou até pena entre as amigas. Como ela nunca arrumou um namorado nem fez nada realmente cool, ela está simplesmente maluca para ter experiências mais "radicais" antes de se tornar adulta. E o problema não é apenas ela ser a última nas coisas, mas sua timidez e insegurança não permitem que ela se comporte de forma "normal" quando algum garoto se aproxima dela ou quando ela precisa enfrentar algum tipo de complicação em que seja necessário tomar alguma decisão. E pra piorar a situaçao, Alexia se mudou pra longe e Yara já não pode contar com a presença da melhor amiga com toda a sabedoria que ela tem e com todos os super conselhos que ela costumava dar. Mas ainda bem que os correios existem!

Através de uma linguagem atual e bastante descontraída, acompanhamos uma narrativa epistolar em que Yara e Alexia, por morarem longe uma da outra, decidem manter contato através de cartas por mais que a era digital esteja em seu auge.
Yara e Alexia são personagens opostas mas que se completam, quase como o Yin e Yang. Enquanto Yara é apresentada como alguém toda certinha, inocente e sem experiências interessantes, que está prestes a se aventurar pela vida afora, Alexia é aquela amiga maluca que já viu e viveu muitas coisas e, por ter mais experiência em alguns assuntos, é perfeitamente capaz de dar conselhos e conduzir a amiga desorientada e neurótica. Só que Yara, no calor do momento, nem sempre considera a opinião ou as dicas importantes que a amiga dá, dicas estas que podem servir para as mais diversas situações que muitas meninas que estão fora da ficção estão sujeitas a enfrentar, então, muita confusão pode rolar...

Temas como amizade, família, relacionamentos, traição, sexualidade e afins são abordados de forma super natural e bem humorada, e como fazem parte da adolescência por ser uma fase feia complicada e cheia de descobertas com relação aquilo que é difícil de se compreender ou aceitar, principalmente quando a insegurança e a indecisão tomam conta, tudo é muito bem encaixado de acordo com a situação das meninas, mostrando que é possível aprender com os próprios erros, que é importante considerarmos uma segunda opinião de quem tem experiência no assunto, ou que há consequências desagradaveis quando não há limites ou quando escolhas ruins são feitas.
"Acho que nunca paramos de crescer, de aprender coisas sobre nós mesmos e de descobrir que estávamos errados sobre tantas coisas."
- Pág. 7
O único ponto do livro que não me agradou muito é o fato de que pela narrativa ser feita em forma de cartas, sempre em primeira pessoa pelos pontos de vista das meninas, reproduzir diálogos de forma fiel, com travessão e tudo mais, em meio a um texto corrido onde, na teoria, as personagens deveriam contar o que se passa, dando ou recebendo conselhos e etc, não me soa muito natural nem convincente. Acredito que faria mais sentido se as personagens contassem de forma espontânea que "fulano me disse que... e eu respondi pra ele que.." do que incluir diálogos prontos como foi feito.

Com relação a parte gráfica, só tenho elogios. A capa é bastante chamativa e bonita, as ilustrações e a tipografia tem tudo a ver com o ar adolescente da história e a diagramação é uma fofura só, com detalhes de cartinhas, estrelas e assinaturas com letras cursivas diferentes pra cada uma das meninas.

Miga, Sua Louca! não é só mais um livro infantojuvenil que fala sobre os dilemas e os dramas intermitentes da adolescência. As autoras conseguiram mostrar, através de uma história divertida e descontraída, o quanto devemos valorizar a família, as amizades verdadeiras, como devemos aprender com nossos erros, e como a sororidade é superimportante para nós, mulheres.

A Bela e a Fera - Elizabeth Rudnick

25 de maio de 2017

Título: A Bela e a Fera
Autora: Elizabeth Rudnick
Editora: Universo dos Livros
Gênero: Fantasia/Romance/Conto de Fadas
Ano: 2017
Páginas: 204
Nota:★★★★★
Sinopse: Bela deseja para sua vida muito mais do que a pequena cidade provinciana de Villeneuve pode oferecer. Lá, ela se destaca da multidão com um ponto de vista único, uma independência vigorosa e um notável amor pelos livros. Ela anseia por viagens e aventuras, e por uma vida tão empolgante quanto as histórias que lê, mas, quando seu amado pai é aprisionado por uma fera em um castelo encantado, o destino de Bela muda para sempre. Ao arriscar sua liberdade e seu futuro, ela assume o lugar do pai, jurando-lhe que escaparia em segredo. No entanto, conforme aprende mais sobre a Fera e seu misterioso castelo, Bela descobre que pode haver mais sobre a história dele – e sobre a sua própria – do que ela jamais poderia ter imaginado.

Resenha: Era uma vez, num país distante, um jovem príncipe que vivia num reluzente castelo... Quem já assistiu A Bela e a Fera milhões de vezes, assim como eu, além de ter decorado todas as falas, sabe que essa frase dá início a uma das histórias mais marcantes da história dos desenhos animados, convenhamos...



Diferente do conto original e da animação, a história aqui começa com o rei do camarote príncipe dando uma festa luxuosa em seu castelo com a presença de pessoas ricas, bonitas e glamourosas. Ele sempre fora conhecido por sua arrogância e egoísmo, até que, durante a festa, ele negou ajuda a uma senhora que apareceu em sua porta, expulsando-a dalí. Mal sabia ele que aquela velhinha coberta de andrajos era uma feiticeira que, percebendo que o príncipe não tinha amor ou compaixão em seu coração, e a fim de fazer com que ele aprendesse uma grande lição para que não julgasse os outros pela aparência e fosse mais humilde, o amaldiçoou, transformando-o em uma fera horrenda. A maldição não atingiu somente o príncipe, mas o próprio castelo e todos os seus criados, que foram transformados nos mais variados objetos. A única forma de reverter o feitiço era o amor. Antes que a última pétala da rosa encantada que lhe foi dada caísse, o príncipe deveria aprender a amar alguém de verdade, e este amor deveria ser correspondido, caso contrário, ele permaneceria fera para sempre.
Com o passar dos anos, esquecido por todos e confinado no castelo por causa de sua aparência bizarra, o príncipe estava prestes a desistir de tentar quebrar o feitiço, até que um visitante, Maurice, vindo do vilarejo provinciano de Villeneuve, invadiu o castelo a fim de conseguir uma rosa para presentear Bela, sua filha... Capturado pela Fera, Maurice pensou que sua vida tinha chegado ao fim, mas seu cavalo conseguiu fugir e voltar para casa. Ao vê-lo sozinho, Bela parte para o castelo em busca do pai e, para salvar a vida dele, ela se oferece para ficar em seu lugar.
A partir daí, uma jornada de descobertas, segredos e muita magia se inicia, e quando Bela começa a conhecer mais sobre a Fera, ela descobre que contos de fadas podem estar além das páginas dos livros que ela adora ler...

É difícil falar sobre uma história que todos conhecem e conquistou fãs a nível global, mas bora tentar.
A história possui uma narrativa leve e fluída, e descreve, com bastante fidelidade, a grande maioria dos acontecimentos que aparecem no filme (e vale ressaltar que ele não funciona como um roteiro) com exceção das canções. Já o filme, que apesar de ter algumas pequenas mudanças e algumas cenas a mais para que a história se aprofunde em alguns pontos, é praticamente uma cópia muito parecido com a animação da Disney de 1991.

O príncipe Adam, ou Fera, costumava acreditar que ele era o centro do próprio universo. Mimado e sem noção, ele humilhava e escorraçava qualquer um que não estivesse em seu "alto nível". Mesmo após ter se transformado numa criatura horrível, que era praticamente o reflexo do seu eu interior, ele não aprendeu a ser humilde e nem a pensar nos outros, tanto que aprisionou Maurice sem nenhuma piedade. De início ele também não trata Bela muito bem, talvez por ter ficado recluso por tantos anos e ter perdido a capacidade de conviver socialmente de forma "normal", mas ele teria que ceder caso quisesse aproveitar sua única e última oportunidade de reverter o feitiço.

Bela é uma jovem linda e inteligente que se destaca em meio aos moradores do vilarejo onde mora. Diferente das mulheres de lá, Bela sabe ler e escrever, tem uma paixão incomum por livros e seu maior sonho é ir além, o que não era nada comum para a época já que as mulheres viviam para seus maridos e deviam se submeter a tudo o que eles quisessem. Ela quer muito mais do que aquela vidinha do interior tem a oferecer e não perderia as esperanças de realizar seu sonho. Só por aí já é possível perceber o quanto Bela foi (e ainda é) um grande exemplo de empoderamento feminino no universo literário.
Talvez por estar a frente das pessoas de seu tempo, Bela consegue enxergar a força de vontade de Fera em mudar seu jeito arrogante e violento de ser por sua causa, e percebe que ele, aos poucos, se redime e se revela alguém amoroso e dedicado, com um coração bom e por quem vale a pena lutar, embora vários obstáculos possam surgir em seus caminhos.



Os demais personagens, sejam eles encantados ou não, também movimentam a história dando mais profundidade às questões abordadas, como Maurice, o pai que cria a filha sozinho depois da perda da esposa com aquele amor incondicional, Gaston, um homem rude que quer ter Bela como esposa a qualquer custo e acha certo que assediá-la é o melhor jeito de se conseguir o que quer, ou os personagens do castelo que além de amigos são de suma importância para que a Bela e a Fera deixem o orgulho ferido de lado e se aproximem, fazendo papel inclusive de "voz da razão" para que Fera não cometa mais besteiras e estrague tudo.

A Bela e a Fera é um dos contos de fadas mais bonitos e marcantes de todos os tempos, e a Disney, como sempre, é capaz de transformar entretenimento em nostalgia e muita emoção. Elizabeth Rudnick captou essa essência repleta de magia e adaptou a história do filme neste livro com maestria e perfeição. Pra quem é fã, é leitura mais do que recomendada, e pra quem ainda não leu ou não assistiu ao filme, leia e assista! A magia desse universo adorável e encantador não traz apenas uma história inesquecível sobre redenção e coragem, mas também sobre a beleza ir além das aparências, estando no interior das pessoas, e que a esperança jamais deve ser perdida. Simplesmente maravilhoso!

O Mais Desejado dos Highlanders - Maya Banks

23 de maio de 2017

Título: O Mais Desejado dos Highlanders - Montgomery e Armstrong #2
Autora: Maya Banks
Editora: Universo dos Livros
Gênero: Romance de época
Ano: 2016
Páginas: 400
Nota:★★★★★
Sinopse: Genevieve McInnis está presa no castelo McHugh, no cativeiro de um líder cruel que tem grande prazer em mantê-la distante de qualquer outro homem. Mas, quando Bowen Montgomery invade os portões em uma missão de guerra, Genevieve redescobre a vontade de viver. A sensualidade robusta de Bowen atiça nela uma sensação profunda que anseia por ser prolongada mediante carícias pacientes e gentis. Algo quente, louco e tentador. Bowen toma conta do castelo de seu inimigo, despreparado para a misteriosa e reclusa mulher que captura seu coração. Ele está encantado com sua determinação feroz, sua beleza incomum e sua força silenciosa e infalível. Contudo, para cortejá-la, será necessário mais do que a habilidade de um sedutor experiente. Ele descobre que amar Genevieve significa devolver a liberdade que lhe foi roubada, mesmo isso que signifique perdê-la para sempre.

Resenha: O Mais Desejado dos Highlanders é o segundo volume da série Montgomery e Armstrong escrita por Maya Banks.
A história traz outros personagens como protagonistas mas não acho que o livro deva ser lido de forma independente pois muitas das situações que aparecem neste livro decorrem de acontecimentos do primeiro livro com os personagens que já foram apresentados por lá, então a ideia de ler fora de ordem pode causar uma grande confusão.
Neste volume, vamos conhecer a história de Bowen, irmão de Graeme Montgomery, e Genevieve McInnis, uma jovem que teve a vida destruída por Ian McHugh, do clã McHugh. Ele a sequestrou e a manteve em cativeiro em seu castelo fazendo com que ela sofresse os piores abusos e maus tratos, físicos e psicológicos, que alguém poderia sofrer.
Quando os Montgomery invadem o castelo numa missão de resgate, Genevieve os guia e Ian sofre as consequências, mas Patrick, seu pai e Liard do clã McHugh, demonstrando ser um completo covarde, foge deixando as terras e o próprio povo abandonados à própria sorte. Bowen se torna temporariamente o líder do clã até que se decida o que será feito, mas Genevieve, a moça que havia os ajudado anteriormente e que vive sob um capuz escondendo o rosto arruinado, acaba despertando sua atenção a ponto de ele ficar cada vez mais intrigado com os mistérios que a cercam. Bowen vai descobrindo aos poucos o que aconteceu com ela e se sensibiliza com os horrores pelos quais a jovem passou e ainda passa quando ainda sofre com ofensas e acusações terríveis e injustas. Embora o sofrimento tenha sido enorme, Genevieve ainda tem esperanças de que os Montgomery e os Armstrong permitam que ela vá embora viver numa abadia, pois prefere que sua família continue acreditando que ela esteja morta do que voltar pra casa desonrada, mas o plano de Bowen é cuidar para que o clã McHugh possa se reerguer e volte a se tornar próspero além de encontrar Patrick para cumprir sua vingança, mas o que ele não esperava era que Genevieve tocasse seu coração...

A história é narrada em terceira pessoa onde os pontos de vista de Bowen e Genevieve se alternam para uma visão mais ampla dos fatos e, assim como o livro anterior (e os demais livros da autora), a leitura é muito fluída e gostosa de se acompanhar.
Genevieve é uma personagem cheia de segredos, marcada pela dor e por experiências terrivelmente amargas e não consegue confiar em homem algum, por mais atraente que ele possa ser. Embora ela tenha sido brutalizada por tanto tempo, ela suportou e ainda manteve a mente sã para que não perdesse a força, a coragem e nem sua dignidade. Sua determinação a manteve de pé para que pudesse ter esperanças de que um dia ficaria livre e ainda conseguir lidar com todos aqueles que a humilhavam de cabeça erguida, e quando Bowen chega, ele se revela um verdadeiro cavalheiro, a tratando com respeito e carinho, mostrando que é possível recuperar a vida e voltar a ser feliz, desde que ela se permita.
Obviamente para uma mulher que sofre tantos abusos, como Genevieve sofreu nas mãos de um maníaco como Ian, as marcas acabam se tornando indeléveis, mas Bowen é tão protetor e compreendeu tão bem toda a injustiça que ela enfrentou, sem julgamentos ou preconceitos, que seria impossível ela não dar a ele uma chance de se aproximar, e é justamente a forma como essa aproximaçao é feita que tornou essa relação tão bonita e verdadeira.
A autora ainda teve o cuidado de mencionar os abusos sofridos pela protagonista de forma sutíl e implícita, mas mesmo sem maiores detalhes ou descrições a situação, por ser crua e pesada, ainda incomoda e deixa qualquer leitor indignado apenas de imaginar que alguém possa ser tão doentio.
Talvez devido a situação delicada de Genevieve, a autora se focou mais em desenvolver o drama e os conflitos entre os clãs, logo, as cenas eróticas são aceitáveis por serem bem raras e pontuais.

O Mais Desejado dos Highlanders traz uma história marcante sobre honra, vingança e coragem, mas também explora elementos pesados e difíceis de se lidar, mas ainda assim mostra que o amor puro e verdadeiro pode curar uma alma quebrada e um coraçao partido, e dá forças para que alguém possa voltar a sonhar, ter esperanças e recomeçar uma vida que parecia perdida.