O Torneio - Lena Valenti

10 de dezembro de 2016

Título: O Torneio - Amos e Masmorras #2
Autora: Lena Valenti
Editora: Universo dos Livros
Gênero: Romance/Erótico
Ano: 2016
Páginas: 464
Nota: ★★★★★
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Chegou a hora de encarar o tão aguardado torneio Dragões e Masmorras DS. Entregue-se aos combates. Liberte seus desejos. Na busca pela irmã desaparecida, a agente Cleo Connelly conseguiu se infiltrar no ultrassecreto torneio de práticas BDSM, o Dragões e Masmorras DS. Tudo o que ela sabe é que está prestes a mergulhar numa experiência única que vai afetar todos os seus sentidos e mexer com seus mais profundos desejos e medos. Após o excitante treinamento como submissa do agente Lion Romano, parceiro de sua irmã no FBI e sua paixão de infância, Cleo está pronta para enfrentar os desafios que a esperam ou pelo menos é o que ela pensa.

Resenha: O Torneio é o segundo volume da série Amos e Masmorras, da autora espanhola Lena Valenti, publicado pela Universo dos Livros no Brasil.
Os acontecimentos desse volume seguem do ponto de onde o primeiro parou e esta resenha pode ter spoilers de A Submissão.

Após a sucessão de eventos do primeiro livro, Lion desiste de levar Cleo ao torneio para dar continuidade à missão em que resolveriam o caso do tráfico humano e do desaparecimento de Les, mas, mesmo tendo sido tirada do caso "para sua própria segurança", Cleo decide agir sem a ajuda do parceiro. Disposta a descobrir o paradeiro da irmã a qualquer custo, ela encarna seu papel de Lady Nala e consegue um novo parceiro que ela não conhecia, Nick, porém com papéis invertidos: Cleo, dessa vez, seria a "ama". Essa tarefa não seria nada fácil visto que o treinamento que ela teve foi para que aprendesse a ser uma submissa, e não uma dominadora. Mas estamos falando de Cleo, que sempre é teimosa e determinada em seus objetivos, e inveter o jogo ao seu favor fazia parte dos seus planos... Lion fica enlouquecido quando a vê no torneio como ama, e claro, não aceitaria aquilo tão facilmente...

O livro é narrado em terceira pessoa alternando entre Cleo e Lion, mantendo o mesmo estilo do primeiro livro. Os capítulos são longos mas o envolvimento com a história é tanto que isso se torna mero detalhe e mal faz diferença. As páginas são amarelas, a diagramação é bem feita e além do texto corrido da narrativa (muito bem revisado, por sinal), ainda podemos ver os mapas de onde a história se passa e um glossário explicando os termos da prática BDSM.
Neste livro, a autora não mostra apenas o desenrolar do torneio, mas também o que aconteceu com Les, a irmã de Cleo. Como o leitor já havia sido apresentado a esse universo BDSM com o treinamento da protagonista, com o torneio acontecendo a história tem mais ação, perigos, elementos novos que entraram no caso, e o mistério sobre quem está por trás do sumiço de Les

Os personagens continuam sendo muito bem desenvolvidos, já que a construção deles já estava bastante sólida desde o primeiro volume, e as caracterizações que possuem continuaram ótimas. Eles são admiráveis e seus diálogos são inteligentes, mesmo que Cleo não tenha papas na língua.
Percebi uma boa evolução em Cleo e o fato de ela não se permitir abalar ganha mais forças com as atitudes que ela toma.
Perdi um pouco da minha paciência com Lion e sua ideia descabida de que seus reais sentimentos não podem ser demonstrados, mas alguns outros momentos são tão perfeitos que só posso alogiar a autora por ter conseguido equilibrar as duas medidas. Cleo e Lion não só progridem como pessoas e como casal, mas também podem ser considerados os protagonistas que tem mais química e funcionam melhor do que qualquer outro casal em livros do gênero. São sensuais e provocantes na medida certa e passam por momentos de pura adrenalina, além de precisarem enfrentar vários obstáculos, alguns deles no que diz respeito ao próprio torneio pois as provas que eles precisam realizar os farão conseguir seguir adiante ou os farão serem castigados... E sem contar de que o que sentem um pelo outro acaba sendo a maior fraqueza deles nesse meio já que outros participantes podem usar isso contra os dois.
Alguns personagens secundários foram mais trabalhados para que suas histórias viessem à tona de forma a podermos conhecê-los melhor, e acredito que alguns deles vão protagonizar os próximos livros (já quero).

A série já possui seis livros publicados lá fora, porém só esses dois primeiros aqui no Brasil. Com esses dois livros a história principal de Cleo e Lion é fechada e os seguintes vão abordar as histórias de outros personagens (o próximo será o de Leslie, se não me engano). Algumas pontas ficaram soltas então espero ver um pouco mais desse casal nos próximos volumes, nem que seja pequenas participações para matar a saudade. ♥

Novidade de Dezembro - Globo Livros

9 de dezembro de 2016

Aqui Estão os Sonhadores - Imbolo Mbue

Jende Jonga, um camaronês que vive no bairro nova-iorquino do Harlem, imigrou para os Estados Unidos em busca de uma vida melhor para sua esposa, Neni, e o filho de seis anos. Jende mal pode acreditar na sua sorte quando consegue um emprego como motorista particular de Clark Edwards, importante executivo do banco Lehman Brothers. Clark exige pontualidade, discrição e lealdade — e Jende está pronto para preencher todos esses requisitos. A esposa de Clark, Cindy, ainda oferece a Neni um trabalho temporário na casa de veraneio dos Edwards, nos Hamptons. Com isso, Jende e Neni têm a oportunidade de finalmente crescer nos Estados Unidos e imaginar um futuro mais próspero para a família. No entanto, o mundo de poder e privilégios dos Edwards esconde segredos perturbadores, e logo Jende e Neni notam rachaduras na fachada de seus patrões. Quando o mercado financeiro mundial vem abaixo com o colapso do Lehman Brothers, os Jonga ficam desesperados para manter o emprego de Jende — mesmo que isso coloque sua união em risco e os obrigue a encarar um dilema até então impensável. Pintando um retrato vibrante de duas culturas e dois casamentos, Imbolo Mbue criou personagens inesquecíveis, cujos desejos, tristezas e alegrias se descortinam com uma veracidade impressionante diante dos olhos do leitor. Aqui estão os sonhadores explora questões sobre amor, classe, raça e família enquanto expõe a fragilidade do sonho americano.

A Submissão - Lena Valenti

8 de dezembro de 2016

Título: A Submissão - Amos e Masmorras #1
Autora: Lena Valenti
Editora: Universo dos Livros
Gênero: Romance/Erótico
Ano: 2015
Páginas: 416
Nota: ★★★★★
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: A agente Cleo Connelly, integrante do corpo de polícia em Nova Orleans, é uma mulher atraente e destemida, que não mede esforços e impulsos na resolução dos casos que assume. Certo dia, entretanto, ela é designada para investigar, junto ao FBI, uma lucrativa rede de tráfico humano. Para cumprir a missão, ela precisará se inserir em um contexto inusitado: visitar a cena BDSM do país e participar das práticas de sodomia e dominação instituídas no torneio Dragões e Masmorras DS. Agindo como agente infiltrada, Cleo terá de pesar os limites de sua própria luxúria nesta implacável caçada, considerando também a arrebatadora atração que sente por Lion Romano, seu parceiro no caso. Mas será que, no meio do caminho, ela vai gostar de ser submissa? Renda-se aos deleites desta intrigante e sensual narrativa!

Resenha: A Submissão é o primeiro volume da série Amos e Masmorras da autora espanhola Lena Valenti, publicado pela Universo dos Livros no Brasil.

Cleo Connelly é uma ruiva estonteante, cheia de personalidade e dona da língua mais ferina que já existiu. Ela faz parte da polícia de Nova Orleans, e seu objetivo é entrar para o FBI, assim como sua irmã mais velha, Leslie, e o amigo lindo de infância de Les, Lion Romano, entraram. Porém, uma quadrilha de tráfico humano estava tirando o sono da polícia, e, quando Leslie desaparece em serviço, Cleo é designada a se infiltrar e a fazer as investigações para o FBI sob disfarce, substituindo a irmã para resgatá-la. O que ela não esperava era o cenário no qual a quadrilha atua: um torneio chamado Dragões e Masmorras DS (Dominação/Submissão) onde os casais alí inseridos devem cumprir tarefas envolvendo as práticas BDSM. E sim, o torneio foi inspirado no RPG Dungeons & Dragons e em suas regras.

Então, Cleo precisa fazer um treinamento intensivo com duração de cinco dias a fim de ser iniciada no universo BDSM para ser inserida no torneio, portando-se como a "submissa", e seu parceiro - e "amo" - nesse caso, é Lion, por quem ela sente uma atração arrabatadora desde a adolescência. O que Cleo não sabe é que Lion também se sente atraído por ela desde os primórdios e pediu pra ser o encarregado chefe do caso logo quando ele soube que ela seria a agente infiltrada. Se sentindo atraído por ela, ele não deixaria que outro homem assumisse seu treinamento, e Lion não precisava fingir ser um personagem, visto que ele já conhecia e praticava o BDSM...

O livro é narrado em primeira pessoa pelos pontos de vista de Cleo e Lion, e alguns trechos são narrados em terceira pessoa. Não há indicação nos capítulos de quem é a voz da vez, logo é um pouco confuso saber quem é o personagem, ainda mais se levarmos em consideração que eles são até bem parecidos já que Lion é um dominador e Cleo não tem nada de submissa e é muito competitiva.
Por mais que os dois juntos peguem fogo, o cenário intrigante baseado em RPG e o sarcasmo de Cleo equilibram bem o enredo de forma que, mesmo tendo conteúdo erótico, não fique focado somente em sexo. Quando Cleo abre a boca pra soltar as verdades dela ou representar um papel do qual ela não se encaixa é impossível não morrer de rir.
O desenvolvimento dos personagens e da história é feito de maneira rápida, mas já adianto que esse primeiro volume é dedicado ao treinamento de Cleo e o ingresso dela no torneio propriamente dito só acontece no segundo livro.
O que me chamou atenção nessa história foi o fato de que Cleo teve um motivo que justificasse sua inserção nesse mundo, e não foi por idolatrar alguém a ponto de submeter a qualquer coisa em nome do sentimento pelo macho, longe disso. Ela não tem a menor vocação para ser uma submissa mas teve que ceder para ser disciplinada, mesmo que tenha precisado extrapolar alguns limites em certos momentos. Para solucionar o caso de tráfico humano e resgatar a irmã, ela não tem outro caminho a não ser vencer o torneio junto com Lion, então precisou entrar de corpo e alma nesse universo, mas sem engolir desaforos, claro.

A autora dá uma perspectiva totalmente nova sobre o BDSM, principalmente ao inserir elementos bem criativos, que tornam a história mais convidativa por ter algum conteúdo relevante abordando preconceitos e críticas que as pessoas sofrem por ingressarem nesse universo. Então, em momento algum a trama fica focada num romance doentio e melação que não acaba mais. Os personagens são bem construídos e tem características marcantes que são dignas de admiração, e as cenas de sexo não são tão frequentes assim a ponto de saturar a leitura.

Resumindo, A Submissão foi o melhor livro erótico que li até então, mesmo que não seja meu gênero literário preferido. Não que eu vá praticar BSDM por aí pois não me interesso nem um pouco por tais práticas, mas super recomendo a leitura pra quem gosta do tema, pra quem quer conhecer, ou ainda pra quem formou um conceito baseado em uma certa trilogia cinza que precisa ser desconstruído urgentemente.

Nós Dois - Andy Jones

7 de dezembro de 2016

Título: Nós Dois
Autora: Andy Jones
Editora: Suma de Letras
Gênero: Romance
Ano: 2016
Páginas: 288
Nota: ★★★★☆
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Durante dezenove dias, Fisher e Ivy vivem uma relação idílica e são praticamente inseparáveis. É claro que os dois sabem que estão destinados a ficar juntos para sempre, e o fato de se conhecerem tão pouco é apenas um detalhe. Nos doze meses seguintes, período em que suas vidas mudam radicalmente, Fisher e Ivy percebem que se apaixonar é uma coisa, mas manter uma relação é algo completamente diferente. ''Nós dois'' é um romance honesto e emocionante sobre a vida, o amor e a importância de dar valor a ambos.

Resenha: Fisher e Ivy acabaram de se conhecer e resistir a intensidade daquela paixão foi impossível. Durante dezenove dias eles são consumidos pelos impulsos desse novo relacionamento e, mesmo que não se conheçam tão bem assim, acreditam que esse tempo foi suficiente para terem certeza de que são almas gêmeas e estão destinados um ao outro pra sempre. A forma como tudo começou não tinha importância, mas sim o presente, os momentos que vivem juntos, o que sentem um pelo outro. Mas com o passar do tempo, Fisher e Ivy percebem que se apaixonar é muito fácil mas manter um relacionamento vai além do que eles imaginaram inicialmente...

Narrado em primeira pessoa pelo ponto de vista de Fisher, vamos acompanhando os momentos que vem depois do casal ter se envolvido, mostrando os detalhes do que acontece quando são tocados pelo amor. O livro funciona como uma abordagem à rotina conturbada de um casal, descrevendo os sentimentos que envolvem preocupações e inseguranças diante dos problemas que os relacionamentos estão sujeitos a enfrentar, deixando claro que não é possível viver de amor e que pra enfrentar as dificuldades é preciso olhar além para que os obstáculos impostos pela vida possam ser superados com sabedoria e paciência.

Confesso não ter sentido muita simpatia por Ivy ou Fisher, mesmo que eu saiba que muitos casais são como eles. Com o passar do tempo a convivência passa a fazer parte da rotina, logo é difícil manter as chamas daquela paixão arrebatadora acesas, mesmo que o amor não tenha acabado.
Ivy é controladora, impulsiva e insuportável, e ter a personalidade forte não é nenhum elogio quando o assunto é ela. Fica claro que o relacionamento não é nada saudável e muito menos equilibrado devido as coisas que ela faz e fala e acompanhar Fisher se submetendo a esses caprichos me fez querer sacudí-lo feito um boneco pra ver se ele acorda pra vida e se dê o devido valor. Por mais que ela o trate mal, Fisher idolatra essa mulher mais do que tudo como se ela fosse perfeita, e talvez isso seja um impulso pra ela continuar agindo feito uma maluca, mostrando que ainda falta a eles percorrer um caminho muito longo para amadurecerem e fazerem a coisa realmente dar certo como deveria.
Paralelamente a história principal, acompanhamos a subtrama envolvendo Phil e El, um casal homossexual que enfrenta um drama bastante delicado. El enfrenta uma doença terminal mas o amor incondicional que eles nutrem um pelo outro se torna um exemplo muito bonito e inspira os protagonistas a levarem aquilo pra eles mesmos. Enquanto Phil e El são marcados pelo fim de um relacionamento (mesmo que de forma trágica e muito triste), Fisher e Ivy mostram o início, e esse contraste acabou dando à trama um ar bastante original à história, evidenciando os altos e baixos de relacionamentos em geral e seus inevitáveis fins, independente de como venham.
Os demais personagens secundários deram um tom de muito bom humor à trama e mostram que as pessoas que fazem parte da vida de um casal interferem ou influenciam em determinadas escolhas que são feitas.

Nós Dois teve um efeito nostálgico em mim, me fazendo recordar de alguns relacionamentos (mesmo que eu tenha tido poucos até então) e suas fases boas e ruins. Ele retrata a vida a dois de forma honesta, sincera e realista, e mostra como esse sentimento tão forte que é o amor é capaz de transformar pessoas, seja para uní-las, para colocar suas vidas de cabeça pra baixo ou para realçar suas imperfeições que acabaram fazendo dessa história algo bonito e verdadeiro.