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O Mundo das Vozes Silenciadas - Carolina Munhóz e Sophia Abrahão

27 de outubro de 2015

Título: O Mundo das Vozes Silenciadas - O Reino das Vozes #2
Autoras: Carolina Munhóz e Sophia Abrahão
Editora: Fantástica/Rocco
Gênero: Fantasia/Juvenil/Nacional
Ano: 2015
Páginas: 288
Nota: ★★★★☆
Onde comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Anos após ter deixado o Reino das vozes que não se calam para trás, Sophie começou a trabalhar como assistente de uma famosa banda de rock. Enquanto tenta lidar com os desafios de sua nova vida, a jovem não imagina que em breve será chamada de volta para o seu mundo mágico, o único lugar onde já se sentiu acolhida. E muito menos o quanto sua longa ausência foi prejudicial para o Reino. Será que ela vai precisar decidir outra vez entre a realidade e a fantasia? Uma nova jornada repleta de descobertas e escolhas difíceis espera por Sophie e pelos leitores em O mundo das vozes silenciadas.

Resenha: O Mundo das Vozes Silenciadas é o segundo volume da série O Reino das Vozes, escrita pela autora nacional Carolina Munhóz em parceria com Sophia Abrahão.
Por se tratar da continuação, a resenha pode ter spoilers do livro anterior, sorry.

Em O Reino das Vozes que não se Calam, conhecemos a protagonista Sophie, uma jovem depressiva, cheio de medos e dúvidas, que não enxergava o próprio valor e acreditava que a felicidade era algo que jamais iria encontrar. Até que ela descobre um lugar fantástico, o Reino, onde foi aceita como a pessoa que é e, enfim, encontrou a felicidade, além de descobrir que lá ela é alguém muito importante para os Tirus, o povo do mundo mágico.
Mas depois de todos os acontecimentos que se passaram, no final das contas, Sophie deixou o Reino pra trás e mais de cinco anos se passaram desde então. Ela fez faculdade de música e agora, sendo adulta, lida com a vida real. Agora Sophie trabalha para uma banda de rock famosa, a Maguifires, como assistente de produção e, em segredo, namora Nicholas, o vocalista.

Seu relacionamento com Léo foi fadado ao fracasso já que o sucesso subiu à cabeça dele quando a Unique, sua banda, fez sucesso e ele deixou de dar importância às coisas que não tivessem ligação com ela, incluindo Sophie, que ficou de lado.
Até que Sophie revive a experiência de ir até o Reino, mas além de não entender o motivo, ela fica diante de um enigma que deve ser desvendado e agora deve buscar as respostas, principalmente por que sua ausência é prejudicial aos Tirus. Seus dramas passados vem à tona e ela precisa lidar com problemas dos quais não esperou, principalmente a dor de um coração partido. Agora Sophie deve decidir mais uma vez entre fantasia e realidade e o que vai definir seu destino serão suas escolhas baseadas em sua busca por respostas nos dois mundos que conhece.

A narrativa segue o mesmo padrão do livro anterior, em terceira pessoa, poética e, neste livro, além de ser mais fluída, senti um aprofundamento muito maior na questão dos sentimentos dos personagens e a forma como cada um deles foi apresentado, diferente do primeiro que foi mais raso em suas construções. Esse aprofundamento faz com que o leitor acabe tendo uma ligação maior com eles, talvez consiga se identificar, ter empatia e torcer por cada um, seja de forma positiva ou negativa.
As descrições para cenários são simplesmente perfeitas e nesse ponto só tenho elogios. É possível imaginar cada pedacinho por onde os personagens passam, como se o próprio leitor estivesse lá na Itália, presenciando os acontecimentos e apreciando o lugar, mas confesso que ainda me incomodo com a insistência irritante da autora em se referir aos personagens através de alguma característica física que eles tem, como "a ruiva isso" ou "a ruiva aquilo" (como foi com o livro Por um Toque de Ouro, por exemplo, em que apontei isso como algo que não me agradou).

Um dos pontos legais da história é a nova fase em que Sophie se encontra. Diferente de como foi apresentada no primeiro livro, talvez pelo tempo que se passou e pelo pouco mais de idade que ela tem, ela agora está mais madura, menos sarcástica, mais confiante e em vez de se entregar aos problemas, ela prefere encará-los de frente para resolver as coisas além de usar sua experiência para ajudar os outros que sofrem e não se dão o devido valor. Sophie está longe de sua família e de seus amigos, ainda lida com a depressão, mas o que parece é que ela aprendeu a contornar os problemas para não se deixar levar por eles, mas ainda se envolve em discussões ou brigas bobas que poderiam ser facilmente evitadas, como é o caso das brigas com Nicholas.
Nicholas é aquele tipo de personagem que arranca suspiros, gato, sarado e é o namorado perfeito. Entre ele e Léo, escolho ele sem pensar duas vezes, mas Sophie ainda carrega uma mágoa dentro de si e ainda nutre sentimentos pelo seu ex e isso faz com que ela fique, de certa forma, dividida entre os dois.

Como eu havia dito na resenha do livro anterior, continuo acreditando que o Reino seja uma metáfora, algo criado por Sophie para que sirva como um tipo de válvula de escape, um meio que ela encontrou para poder fugir de problemas e de momentos difíceis e que, ainda que ela acredite nisso com toda a convicção do mundo, tudo isso só exista na cabeça dela. É uma teoria que pra mim faz bastante sentido, mas resta aguardar o próximo volume para maiores esclarecimentos.

Mas sendo bem sincera, por mais que a história pareça ter alcançado um nível maior no que diz respeito a escrita e a narrativa e até a forma como problemas delicados de cada um são abordados, o que não anda me agradando muito nas histórias nos últimos livros da autora é que temas como fama, música, sucesso, dinheiro e afins estão sempre ali entranhados fazendo parte do desenrolar da trama e nunca camuflados ou tratados com sutileza, e isso acaba me deixando saturada. A sensação é de já saber os elementos que vou encontrar no livro antes mesmo de abri-lo e sinto falta uma história dela que vai me surpreender de verdade justamente por não abordar música e celebridades. Usar isso em um livro, ok... mas em dois, três e etc se torna algo repetitivo, cansativo e cai no clichê. Ainda que existam temas delicados, fortes e dignos de reflexão, é como se existisse um tipo de fórmula que se sobressai à trama em si: Algo como "fantasia + música + celebridades = livros da Carolina Munhóz".

Seguindo o padrão do primeiro livro, a capa é a coisa mais linda ever. O tom de azul dá um ar mágico e misterioso à obra e os detalhes em verniz e alto relevo dão um charme a mais. As páginas são amarelas e há ornamentos em cada início de capítulo.

Enfim, O Mundo das Vozes Silenciadas é uma sequência super satisfatória, que mostra uma personagem com problemas reais e críveis com quem muitos podem se identificar e com um final que foge de clichês e deixa o leitor ansiando pelo próximo volume.
Pra quem gosta de fantasia com toques de drama e várias referências musicais, não pode deixar de acompanhar a série.

O Reino das Vozes que Não se Calam - Carolina Munhóz e Sophia Abrahão

23 de novembro de 2014

Lido em: Novembro de 2014
Título: O Reino das Vozes que Não se Calam - O Reino das Vozes #1
Autoras: Carolina Munhóz e Sophia Abrahão
Editora: Fantástica/Rocco
Gênero: Juvenil/Fantasia/Nacional
Ano: 2014
Páginas: 288
Nota: ★★★☆☆
Sinopse: Se você encontrasse um lugar onde todos o aceitassem... Seria capaz de abandoná-lo?
Sophie se esconde de todos e de si mesma: insegura, não consegue enxergar sua beleza e talento, e sente dificuldade em se relacionar com os outros. Seu dia a dia se perde entre os caminhos tortuosos dos que convivem com a depressão e o bullying, e a jovem aos poucos vai se fechando na escuridão de seus pensamentos. Desamparada e sem coragem de lidar com seus problemas, ela acaba descobrindo um lugar mágico: um Reino onde as vozes não se calam e as criaturas encantadas se tornam reais. Um local colorido onde ela finalmente poderá se encontrar. Dividida entre a realidade e a fantasia, Sophie contará com a ajuda preciosa de um rapaz comum e uma guardiã encantada, que lhe mostrarão os segredos da alma e a farão decidir se vale a pena enfrentar seus medos ou viver em um eterno conto de fadas.

Resenha: O Reino das Vozes que Não se Calam foi um dos livros de estreia do selo Fantástica da Editora Rocco, e seu lançamento foi em Agosto/2014. Escrito por Carolina Munhóz em parceria com a atriz Sophia Abrahão, o livro conta a história de Sophie, uma garota de 17 anos tímida, com baixa autoestima, depressiva e que acredita que ser feliz é algo inalcançável. Por ser muito magra, sofre bullying constantemente e nem ao menos tem o apoio de Anna, sua melhor amiga, nem dos seus pais, nem de ninguém.

Numa noite, Anna acaba colocando Sophie numa situação muito delicada e constrangedora numa festa e a humilhação foi tanta que Sophie, que já se isolava, criou barreiras das quais ninguém poderia atravessar. Sophie se tornou ainda mais reclusa, sem ter com quem contar e sem coragem de continuar seguindo em frente. Incompreendida, a garota acaba perdendo as esperanças.
Até que Sophie descobre um Reino através de seus sonhos e acaba sendo transportada para lá, e para sua agradável surpresa, se trata de um lugar onde ela é querida e respeitada do jeito que é, ninguém a ofende, ninguém a humilha e ela, enfim, sente que a felicidade que parecia estar perdida, finalmente foi encontrada. E a escolha entre enfrentar seus medos e problemas ou viver num mundo encantado está diante de si.

Narrada em terceira pessoa de forma direta e até um pouco poética, e com várias referências literárias e musicais, a história se desenrola fazendo uma mistura de fantasia com drama de uma adolescente deslocada e desamparada que encontrou no Reino tudo o que mais desejava pra sua vida.
Ainda que os personagens de forma geral tenham sido apresentados de um jeito superficial, foi possível ter uma visão maior acerca de todos eles, que contribuíram para a construção da história e o próprio desenvolvimento e amadurecimento da protagonista devido ao tipo de narrativa, e um ponto que me agradou bastante é que como tudo vai direto ao ponto, não há enrolação. Sophie não é apresentada como uma mocinha indefesa e inocente apesar de sofrer (e as vezes sendo bem chata com tanta autodepreciação), pois  há outros temas em torno da vida adolescente que são trabalhados fazendo com que a história fique mais próxima da realidade, e ao meu ver, o toque fantástico, o Reino no caso, soou mais como uma metáfora para ilustrar o impulso que Sophie precisava para ter forças e mudar o que estava lhe fazendo tanto mal.

Sophie é o tipo de personagem que tem a vida sofrida, e ela mesma consegue se colocar ainda mais pra baixo, não enxergando suas qualidades tampouco a ajuda dos que se importam em querer vê-la feliz. O tema delicado que é o bullying, por mais que já tenha sido abordado em outras histórias, não trouxe nada de novo ao mostrar uma personagem infeliz que tem a chance de dar a volta por cima, mas foi trabalhado com bastante delicadeza e sensibilidade, mostrando que as pessoas podem ser frágeis e estarem a beira da desistência, mas com coragem e força de vontade é possível sair dessa, principalmente quando elas percebem que não estão sozinhas.

Ainda não decidi se gostei ou não da ideia do mundo encantado, com muitas referências a elementos já conhecidos de clássicos como Alice no País das Maravilhas ou O Mágico de Oz, mas posso afirmar que houve um bom equilíbrio. Em meio a um mundo caótico muitos se sentem infelizes com a situação de vida em que se encontram e só precisam se redescobrir, encontrando a própria voz e seu lugar no mundo, dando um pouco de cor a uma vida completamente cinzenta e sem graça.

Com relação a parte física, só tenho elogios para a capa muito bonita e bem trabalhada, com aplicações em verniz e o título em alto relevo. As páginas são amareladas, e a diagramação é um luxo só, com ornamentos ilustrando cada início de capítulos. A revisão está impecável.

Leitura indicada a todos que queiram ter o prazer de se deparar com uma grande lição de autoconhecimento e até de vida.