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Pobre Não Tem Sorte - Leila Rego

12 de agosto de 2012

Lido em: Agosto de 2012
Título: Pobre Não Tem Sorte
Autor: Leila Rego
Editora: All Print
Gênero: Chick Lit/Literatura Nacional
Ano: 2010
Páginas: 248
Nota: ★★★★☆
Sinopse: Toda garota do interior sonha em se casar com o cara de seus sonhos, ter uma casinha, filhos e ser feliz até que a morte os separe, certo?
E se esse cara for lindo, rico, super fashion e divertido?
E se tal "casinha dos sonhos" for um mega apartamento no melhor bairro da cidade?
Uau! Mariana encontrou o cara perfeito e vai se casar com ele!
E nada de casinha! Isso é coisa de gente que pensa pequeno. Mariana vai ter o apartamento dos sonhos que já vem incluso no pacote: case com um homem rico e vá morar em grande estilo.
E quanto a filhos e ser feliz até que a morte os separe... Bem, ela ainda não pensou nesses detalhes. Afinal as prioridades vão para as coisas bem mais interessantes como, por exemplo, o vestido de noiva perfeito, o que o colunista vai dizer sobre o seu casamento no tablóide de domingo, o que as amigas e inimigas irão comentar, quem entrará na lista de convidados para sua despedida de solteira, etc.
Mas isso só dura até um dia em que Mariana... Bom, leiam o livro e descubram.

Resenha: Mariana é uma típica patricinha. Tem 26 anos e nos conta sobre sua jornada após ter ficado noiva de Eduardo, um cara super gato, inteligente, médico e o mais importante de tudo: muito rico! Sua vida gira em torno de status e agora que "acertou essa bolada" e vai se casar, está preocupada em se dedicar à reforma do apartamento recém comprado e aos preparativos do casamento e da festa, que devem ser perfeitos aos olhos da sociedade.

Só que como o próprio título do livro diz, "pobre não tem sorte"... Mariana não é rica, muito pelo contrário. Ela mora com os pais e a irmã mais nova na cidade de Prudente, interior de São Paulo, num apartamento minúsculo e sem graça. E isso pra ela é motivo de vergonha eterna.
Suas amigas ricas não podem nem sonhar onde ela mora ou que sua bolsa caríssima lhe custou meses de trabalho e um cartão de crédito estourado.
Mariana sempre tem desculpas para livrar a cara desse tipo de constrangimento e manter as aparências diante das amigas. E a proposta de casamento após um namoro de 7 longos anos, veio a calhar, pois assim não precisará mais fingir ou mentir.

Mariana então parte numa saga para deixar tudo do jeitinho que ela sonhou, sempre deixando claro que bom gosto, glamour, luxo e requinte são as coisas mais importantes da vida, e que se for preciso que pessoas saiam magoadas dessa história, tudo bem, desde que ela própria não perca a reputação que levou tanto tempo pra construir nem passe vergonha com revelações de sua origem.

Sim, é isso mesmo! Não é só impressão, não! Mariana não é má pessoa, mas é um dos maiores exemplos de futilidade e egoísmo que encontramos por aí! Ela é consumista, esbanja horrores, se endivida até o pescoço mas não perde a foto! E para minha imensa alegria, o livro não se resume a só isso! É aquele tipo de história que por mais antipatia que tomamos da personagem e por mais vontade que temos de lhe enfiar a mão na cara pra ver se ela acorda, queremos continuar lendo desesperadamente, torcendo para saber quando e como ela vai finalmente cair na real. Nunca torci tanto pela mudança de um personagem (para o próprio bem dela, claro) como torci por Mariana.

Muitas passagens do livro são bem hilárias, como as cenas onde Mariana bebe e esquece o que aconteceu e morre de desespero por não saber se deu algum bafão, e principalmente as cenas em que a sogra dela aparece. As duas tem aquela relação de ódio e rivalidade, mas tudo em silêncio para que Eduardo não fique entre a cruz e a espada. Ao mesmo tempo em que Mariana odeia a jararaca, que desde o início do namoro a despreza pois sabe que ela veio de uma família simples, ela a idolatra por ser uma mulher com ótimo gosto, super rica e glamourosa.
Ela também tem umas tiradas bem bacanas que me lembrou o personagem Caco Antíbes de Sái de Baixo, interpretado por Miguel Falabella. "Eu odeio pobre!" rsrsrsrs

Enfim, a leitura é em primeira pessoa e é bem leve e simples. É como se Mariana fosse uma conhecida nos contando o que ela acha ser certo enquanto ouvimos abestalhadas e incrédulas todos aqueles absurdos. E são tantos que não temos como não rir. Quem aqui não conhece alguém que se acha e vive de aparências quando na verdade não tem nem onde cair morto? Hahahahaha

Gostei do rumo que a história levou e Mariana é um grande exemplo de personagem que ensina os leitores a terem tolerância, pois ela é impossível com toda essa futilidade até cair na real. E o maior exemplo de todos, é que podemos aprender com nossos erros, desde que a vontade de mudar parta de nós mesmos.

Muito bacana e recomendo a leitura de Pobre Não Tem Sorte, o primeiro Chick Lit nacional que li! E as trapalhadas de Mariana continuam em Pobre Não Tem Sorte 2 - Alguma Coisa Acontece no Meu Coração.