Novidades Agosto - Companhia das Letras

5 de agosto de 2022

Bom Dia, Verônica - Raphael Montes e Ilana Casoy (22/08/2022 - nova edição)
Verônica Torres trabalha no Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa, da Polícia Civil em São Paulo. É secretária de Carvana, um delegado pouco confiável, e filha de um respeitado policial, que teve um fim trágico e não totalmente esclarecido.
Verônica está afastada de qualquer tipo de investigação, mas, ao presenciar o suicídio de uma mulher em seu trabalho, a fragilidade da vítima e as estranhas circunstâncias que a levaram à delegacia a colocam na trilha de um abusador com requintes de crueldade. Quando recebe uma ligação anônima de uma mulher desesperada, ela seguirá as pistas de uma série de crimes ainda mais sombrios.
Janete é uma dona de casa devotada, que obedece Brandão, seu marido, pelo absoluto terror que nutre por ele. Policial militar, ele está acima do bem e do mal e pratica crimes sexuais de extrema violência e sadismo, em que ela é obrigada a participar – primeiro, aliciando mulheres; depois, acompanhando o desenrolar de suas mortes.
As vidas de Verônica e Janete se entrecruzam e as levam aos limites da violência e da loucura. Ao narrar suas histórias, Ilana Casoy e Raphael Montes criam um thriller sem paralelos na literatura policial brasileira, com uma trama complexa – e uma investigadora inesquecível.

Fim de Verão - Paulo Henriques Britto (19/08/2022)
"Pensar é coisa trabalhosa. A ignorância/ é o sumo bem dos cidadãos de bem,/ é a verdadeira marca dos eleitos./ Ter sucesso é não ter que saber. Saber cansa", escreve Paulo Henriques Britto no poema "Vers de circonstance (Brasil, 2020)". Com ceticismo e sarcasmo, o poeta alia verve ao rigor da forma fixa em um de seus livros mais mordazes – e em muitos momentos retrata diretamente os dias que correm, pautados pela fé cega e pelo desprezo pela racionalidade.




Noite no Paraíso - Mais contos - Lucia Berlin (18/08/2022)
Uma rifa sendo vendida durante a Segunda Guerra. Um Natal em cima de um telhado. Um acidente de moto. Uma primeira experiência sexual desastrosa. Em tramas passadas no Texas, no Novo México, em Nova York ou no Chile – lugares onde Lucia Berlin morou – os contos de Noite no paraíso parecem contrariar o título sob o qual foram reunidos. Aqui tudo é solar nas descrições dos ambientes, nos desvios anedóticos que os textos fazem para marcar o próprio ritmo, e ao mesmo tempo há algo de inadequado, às vezes de trágico, na psicologia dos personagens. Trata-se da mistura que consagrou a autora, capaz de equilibrar leveza e densidade no modo como lida com temas recorrentes e também autobiográficos – alcoolismo, solidão, traumas familiares. Noite no paraíso traz essa sabedoria múltipla, fundada na mais fina técnica narrativa e numa experiência distante do mundo intelectual: conhecida por um pequeno público literário durante o tempo em que viveu, Berlin teve uma trajetória ricamente atribulada, trabalhando como enfermeira, telefonista e assistente num consultório médico enquanto criava quatro filhos de três casamentos.
Na esteira do sucesso de Manual da faxineira, coletânea póstuma que firmou o nome de Berlin na moderna tradição do conto americano, Noite no paraíso nos mostra como a familiaridade é sempre uma aparência. Basta olhar para tudo com atenção e um novo mundo se revela. Nele, a urgência da vida é uma "massa trêmula" cheia de "beleza e amor", mas que cobra um preço quando se caminha no escuro produzindo "ecos altos, nostálgicos", como "num velho ginásio vazio ou numa estação de trem tarde da noite".

Diorama - Carol Bensimon (30/08/2022)
Uma caçada em família no pampa gaúcho. Uma taxidermista restaurando animais em um museu de história natural. Um deputado morto com um tiro de espingarda na retomada da democracia brasileira. Um romance que precisa ser mantido em segredo devido ao preconceito. Essas cenas tão vívidas são apenas algumas das que se entrelaçam em um livro sensível e envolvente, o primeiro desde que Carol Bensimon venceu o prêmio Jabuti de melhor romance com O clube dos jardineiros de fumaça.
Narrado por Cecília Matzenbacher, Diorama percorre os meandros de uma existência marcada por um crime brutal. Enquanto a protagonista adulta tenta manter de pé a vida refeita nos Estados Unidos, sua versão criança leva o leitor de volta à Porto Alegre dos anos 1980, revelando pouco a pouco os detalhes íntimos e políticos de um assassinato que marcou o Rio Grande do Sul. Somam-se a isso múltiplas vozes de testemunhas e envolvidos, que erguem um universo agridoce de relações estilhaçadas, segredos e violência sempre à espreita.
Em uma prosa cinematográfica, embalada a rock e entremeada por reflexões sobre a natureza e sobre as fraturas que carregamos, Bensimon constrói em Diorama uma comovente história familiar.

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